O Arco Perdido escrita por Jubilee, Adrielli de Almeida


Capítulo 6
MARINA - Annabeth está no meu time


Notas iniciais do capítulo

titulo original: Quando Annabeth está no seu time tudo vai dar certo



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As caçadoras chegaram um pouco depois de Kath sair com Travis. Ele estava todo mimimi com ela. Cômico.

Artemis entrou no chalé e sussurrou algo para Thalia, ela assentiu e seguiu a deusa para fora, aos poucos os outros foram saindo e restaram Will e eu.

Agora estou lendo o caderno do Will enquanto ele lava as mãos no banheiro.

Ele escreve com leveza: o que facilita a leitura, apesar da minha dislexia. Na maior parte do tempo são anotações curtas, de apenas uma linha, mas que me fazem suspirar.

Sua letra é um garrancho, mas de alguma forma consigo entendê-la.

— Mari?— ele diz, saindo do banheiro— Acho que devíamos ir ao pavilhão do refeitório.

Fecho o caderno rapidamente e me viro.

— Então vamos.

Ele sorri.

— Ainda dói?

Eu mordo o lábio.

— Sim.

— Então você não poderá ir a caça bandeira?!— ele diz, me provocando— Que pena, garota de Hermes! Nada de imobilizar caçadoras.

— Cale a boca, Will. A não ser que você queira me algemar, eu vou sim a caça bandeira.

— Ah, mas eu posso ficar cuidando de você. Meus olhos não moverão um centímetro, eu prometo.

Piso no pé dele com força e saio batendo pé: sou EU que provoco nessa relação. Não o contrário.

Ele corre atrás de mim e abraça pelos ombros, andando ao meu lado.

Eu tento me desvencilhar, mas ele é maior e mais forte.

— Você é minha baixinha, okay?— ele sussurra, rindo — E você vai detonar essas caçadoras castas com seus superpoderes. Você vai sair toda machucada e cheia de roxos, mas aí eu uso meus superpoderes.

Não consigo me segurar e rio, ele fala como se pudéssemos voar ou soltar lasers pela testa.

— Ah, você quer saber quando a gente vai MESMO detoná-las? Hoje à noite. Tenho um trote preparado bem aqui. — digo apontando para minha cabeça.

— Deuses, você não aguenta uma noite sem se meter em encrenca?

— Ah! Mas foram as filhas de Afrodite que pediram ajuda. Você sabe, desde aquela vez que uma caçadora deu o maior discurso sobre autodepreciação feminina e recrutou uma pequena renca, elas estão putas. Menos casais se formando... Menos corações partidos.

— Hm.

Reviro os olhos e sorrio.

— Eu volto a tempo pra festa. Se você quiser, quero dizer.

— O chalé é seu.

— MAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII! — ouço alguém gritar

É Bel que acena loucamente da mesa de Hermes.

— Tchau, Will!— digo e corro para junto dela — O que foi, Belita?

— Você estava com Will esse tempo todo?— ela questiona, franzindo a testa.

— Era isso? — pergunto de volta

— Ah, não. Essa Kath, ela é confiável?

— Hm. Suponho que seja.

— Eu a vi entrando no nosso chalé com o Travis agora a pouco, mas eu estava ocupada com o arco e não pude conferir.

Lanço um olhar para Travis e ele retribui com um levíssimo dar de ombros.

— Eu gosto dela, Belita. Acho que é tão confiável quanto Will ou a Poly.

Ela ri.

— Ah, eu confio mesmo na Poly. Só tenho um probleminha na hora de acreditar que Will entrando livremente no nosso chalé seja confiável.

Reviro os olhos e começo a comer.

— Acho que a Poly é uma das únicas filhas decentes de Afrodite... — murmura Bel, mal-humorada.

— O que elas fizeram dessa vez? — pergunto, meio rindo, afinal é quase impossível permanecer séria quando um bando de garotas perfumadas tenta nos pegar.

— Tingiram as colchas de cor-de-rosa! Você não viu?

— Hm. Não. Cheguei dormindo no chalé.

— É, Bel, você não ouviu o Will botando ela na cama?— grita Connor do outro lado da mesa. — Ela estava babando tanto que ele secou as mãos na calça e ficou todo: “ai que nojinho!”.

Eu pego a faca e atiro nele, mas Bel a intercepta.

— Cale a boca, Connor!— grito e me levanto, indo em direção a fogueira.

Jogo um pouco de comida para o meu pai, mas grande parte da oferenda é destinada a Atena. Toda a ajuda é bem-vinda na caça bandeira.

Não volto para a mesa de Hermes, mas vou até a mesa do chalé 3 onde Kath come sozinha.

— Você pode sentar aqui? — ela pergunta, meio em dúvida.

Olho para o Quíron, e vejo que ele dá de ombros.

Desde que soube do que estou passando em casa, ele faz vista grossa em relação às coisas menores.

Meus ombros caem um pouco ao lembrar daquilo.

— Claro que sim. — respondo categórica.

Ela mastiga um pedaço da sua pizza e depois de engolir, pergunta:

— Você está melhor?

— Mais ou menos. O que exatamente aconteceu?

— O... como é o nome?

— Autômato.

— O autômato explodiu e você caiu de costas num pedregulho, você desmaiou por isso eu te carreguei pra longe da floresta até topar com Will. Depois ele te levou até o chalé sete e cuidou de você por algumas horas até que você acordasse.

— hm, obrigada. — murmuro.

— Não foi nada, eu acho.

— Foi sim! Foi muito.

Ela sorri encabulada.

— Você se sente preparada pra essa missão, Mari?— ela pergunta de repente, interrompendo o silencio amigável.

— Sim. — respondo— Somos semideuses, é pra isso que servimos, para ajudar os deuses a salvar o mundo.

— Você não tem medo de morrer?

— Não, se eu morrer será por um motivo, como Luke. Prefiro morrer a parecer fraca.

Alguém toca meu ombro.

— Isso é nobre, Mari, mas se depender de mim você sai dessa missão viva, okay?— diz Will, rindo. — Quiron pediu pra gente ir falar com a Rachel antes do caça-bandeira.

— Vamos, então. — digo, puxando Kath pelo pulso.

— Travis vai? — ela pergunta, deixando um pouco de ansiedade transparecer.

Lanço um olhar para Will do tipo: ELA GOSTA DO TRAVIS!

Ele devolve olhar, com reprovação, algo com: Isso não é engraçado!

Respondo com um olhar de: Não, não é. É HILÁRIO.

Ele revira os olhos, como se dissesse: Deixe de ser tonta. O Travis não é tão mal assim.

Balanço a cabeça negativamente.

E digo com os olhos: ELA GOSTA DO TRAVIS, WILL! DO TRAVIS, MEU IRMÃO TROUXA! ISSO É TÃO BIZARRO!

Ele responde mordendo o lábio e erguendo uma sobrancelha. Ele está querendo me mandar calar a boca, mas sabe que a Kath não está realmente ouvindo.

Kath aponta para nós dois, acusadoramente:

— Isso é assustador.

Eu rio e tento desviar o assunto.

— Sim, Travis vai.

Vamos em direção a caverna do oráculo, conversando.

— Vocês fazem isso sempre?— Kath pergunta

— Não sei do que você está falando... — digo

— Sim, Kath. Desde que a Mari chegou ao acampamento ela me olha que nem uma louca chupando manga.

— Mas vocês estavam conversando, dava pra sentir.

— Estávamos? Kath, nós não abrimos a boca. — Will disse sério.

Eu ergo uma sobrancelha e finjo medir a temperatura dela, arregalando os olhos.

— Acho que está doente. Ou melhor, acho que está louca, doutor!

— Tem certeza, enfermeira, tem certeza? Essa é uma afirmação perigosíssima. — Will continua, franzindo as sobrancelhas.

— Tenho sim, doutor, ela precisará uma injeção.

Kath olha para nós completamente perdida, mas depois seu rosto ilumina.

— Ali está Travis!

— Vamos logo ver Rachel antes que percamos a caça bandeira.

¨

A profecia só me deixou mais nervosa. Okay, para ser sincera, eu estou entrando em pânico, um pânico tão grande que poderia me afogar nele.

Quatro semideuses, filhos do Sol, dos Viajantes e do Mar,

A chuva e a fatiga vão aguentar

Para encontrar o arco da deusa donzela

Uma se descobre no caminho, com a ajuda do menino ladrão,

Do filho de Apolo, cairão lágrimas.

Pois da filha do mensageiro, muito sangue perderá,

Mais do que qualquer um pode aguentar.

Eu vou morrer. Parece que o que eu disse para Kath há dez minutos era uma mentira enorme. Eu tenho muito medo da morte, principalmente dessa minha dolorosa e sangrenta morte.

Afundo-me no abraço de Will e respiro pesadamente.

Eu. Vou. Morrer.

Em menos de uma semana mais uma mortalha arderá nas chamas da fogueira, e dessa vez será a minha.

Eu vou mesmo morrer. Dessa vez Will não pode me salvar. Nem a ambrosia. Nem o néctar. Nem nada nem ninguém.

Will me aperta bem forte.

— Você não vai morrer, eu prometi, lembra?— ele sussurra

— Sim— digo com a voz estrangulada

— Promessa é divida, garota do 11. E você prometeu detonar essas caçadoras castas.

Eu consigo soltar uma risada chorona.

— Vamos detoná-las. — cochicho.

¨

A caça a bandeira começa do mesmo jeito de sempre: Quíron proibindo-nos de decepar uns aos outros e coisas do tipo.

Mas, a estratégia de Annabeth me deixou um pouco preocupada: muita gente na defesa e apenas eu (por causa dessa coisa toda com a velocidade), Nyssa, Will e ela na linha de ataque.

O plano é que eles três distraiam as caçadoras atraindo-as para nossa bandeira, onde serão atacadas pela defesa, enquanto eu pego a bandeira delas.

Travis e Kath ainda não chegaram e percebo que não é só com a estratégia que devo me preocupar, afinal é Annabeth. E quando se trata de suas estratégias, não temos nada a temer.


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