O Arco Perdido escrita por Jubilee, Adrielli de Almeida


Capítulo 5
Kathleen - Metade peixe, metade homem


Notas iniciais do capítulo

mais uma vez nossos titulos compridos demais não couberam:
"Metade peixe, metade homem traz presentes"



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— Não foi minha culpa, ok?— protestei. Travis franze a testa.

—Kath… Eu… não estou culpando você. Só… Bem eu quero agradecer.

—Humm — Bem, isso foi…Uau.—Agradecer?

—Por salvar Mari. —explica ele.

—Hã, ok. Quer dizer, de nada. Eu acho. —Ele dá um sorriso seco.Apesar de tudo,acho que Travis fica um pouquinho menos perverso e travesso com um sorriso nos lábios.

—Sinceramente, acha que nós filhos de Hermes, somos tão… frios?

—Não acho nada — falo. Olho para a porta. —Sinceramente, está quente aqui… Não acha?

Ele me olha. Então faz que sim e gesticula para a porta. Olha para Mari, que me observa com seus olhos curiosos. Então ela levanta uma sobrancelha e um leve sorriso escapa de seus lábios.

—Tome cuidado — ela move os lábios formando as palavras,sem emitir som.Isso me faz ficar vermelha.Eu saio.Travis já está longe.Indo em direção a praia de Long Island.Eu corro até ele.

Eu já posso ouvir as ondas quebrando na praia,e o cheiro de maresia.É tão…reconfortante.Como estar em casa,depois de uma longa viagem.Eu coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha.

—Eu… —começo —Travis, certo?

Ele assente. 

—Bem… Sua irmã é legal. — Ele dá um sorriso aberto. O sol brinca nos olhos dele, e ele olha pra mim.

—Sim, sim. Mari é realmente irritante, na verdade. Depois que você a conhece, fica pior. — Eu dou uma risada alta e escandalosa.

—Isso é maldade, sabe.

Ele dá de ombros.

—Eu até que me dou bem com a baixinha, mas ela e o Connor vivem brigando. Às vezes, parecem mais filhos de Ares.

Eu dou um sorriso amplo.

A areia entra nas minhas sandálias de couro entrelaçado e faz cócegas. A praia está tão perto… Eu suspiro.

Ergo a mão e paro. Tapo o sol dos meus olhos com ela, depois abro um pouco os dedos. As ondas estavam brilhantes, a superfície parecia incrustada de diamantes.

—É tão… Impossível. Deuses… Isso era um faz de conta dos gregos.— Um trovão ecoou no céu claro.

—Hum — fez Travis — Talvez devesse tomar cuidado com o que diz…Quer dizer,chamar os deuses de faz de conta,incluindo Zeus,não é uma coisa inteligente de se fazer.Principalmente,você sendo filha de…Poseidon e tudo o mais…

—É impossível alguém controlar todos os mares.Os oceanos.Governar…lá embaixo.Cada animal marinho.E os terremotos?Impossível. — As ondas bateram na praia com um pouquinho de violência. —Ainda mais impossível…é ele ser meu pai.

Eu dou um passo na direção das ondas.

—Hã,Kathleen…

Eu não ouço.Vou andando até ficar com a água na cintura.

—Porque? —Pergunto pro oceano vazio—Sinceramente,me responda o porque.De tudo isso.Eu…Porque eu.Então eu afundo.Alarmada vejo que estou sendo arrastada para o fundo;Solto o ar e bolhas sobem.Desesperada,imagino imediatamente que vou me afogar…mas continuo bem.E vejo que minhas roubas — já estraçalhadas e queimadas —estão secas.

—UOU!—solto.

E então,vejo quem me puxou.

—Desculpe — diz ele.

Ele é…é…

—Um tritão.—digo surpresa

—O Tritão.—diz ele.—Sou filho de Poseidon e Anfitrite.O mensageiro de meu pai.

—NOSSO pai —digo irritada —Por que me procurou?

—Deuses,você é sempre assim?Irritante?

Reviro os olhos.

—Na verdade,você não mudou nada.—Diz ele.

—Já nos conhecemos?-Pergunto levemente interessada;Ele sorri.

—Ah,esqueci.Você perdeu sua preciosa memória.Escute meio-sangue…Nosso pai,me mandou para lhe entregar algo.E uma mensagem.
Meus olhos se estreitaram.

—Poseidon?

Ele rola os olhos.

—Claro garota!Pensou que fosse quem?Zeus?

Eu ia socar a cara dele…ia mesmo,mas uma lembrança —quase um aviso-me impede.Ele é imortal.Ele é um deus.Só o irritaria.

—Muito bem —digo,com divina paciência-Me passa os pacotes.
Ele pega —sabe-se lá de onde- uma caixa de tom pérola.

—Você o fez sentir-se culpado,sabe — diz ele me entregando a caixa.-Só abra quando sair do mar.É…uma ótima arma,posso dizer.Pertenceu ao último filho dele.Há milhares de anos atrás.

Pego a caixa com cuidado.

—E a mensagem?-pergunto,segurando a curiosidade de abrir a caixa.

—Ele disse:”Lamento,criança.Lhe trouxe um destino de Heroína.Desculpe-me.”

—Só?-pergunto,um pouco desapontada.

—E,bem…Algo sobre você ficar longe de um filho de Hermes…e que não brigue com seu irmão meio-sangue.

—Irmão?Eu tenho um irmão?

Tritão deu um sorriso seco.

— Foi o que ouviu menina.Até logo.Se cuide.E não morra naquela missão,sim?Há anos,milhares de anos,não temos uma menina de Poseidon.Nosso pai está feliz,e um pouco preocupado,com sua chegada.
Ah,que ótimo.Agora sou uma preocupação para meu pai,o todo imortal,governador dos mares.

—Diga a ele… Diga a ele,que está quase perdoado.Diga-me…porque ele não veio falar comigo?

Tritão dá umas palmadinhas no ombro.

—Arrase com eles, garota. A corte de Poseidon está torcendo por você.
—O que…?Mas…

Uma corrente súbita me empurra para cima,e eu submergi.Nadei até a praia.E afundei na areia.Travis estava lá,com uma cara de preocupado.

—O que você estava pensando… O que é isso?—Ele para com a bronca e aponta para a caixa.

—Eu não sei — admito. —Mas estou com fome. Como se arranja comida por aqui?Roubando?
Ele sorri.

—Benzinho, roubar é minha especialidade, mas não. Está quase na hora do jantar.E você está meio amarela.Engoliu água salgada,foi? Venha. Vamos arranjar umas roupas pra você… E, aí, jantar. Depois — ele dá um sorriso maldoso. —vamos jogar caça a bandeira.


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