Flamma Amoris escrita por Karla Vieira


Capítulo 20
Quebrando


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde amores! Curiosas com o destino de Marie? Não vou prolongar muito isso aqui, então... Espero que gostem.



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Ethan Williams POV – Noite de 30 de Abril


– MARIE! MARIE! – Gritei, em vão. Ninguém me respondeu e eu percebi que eu não estava escutando mais absolutamente nada. Fiquei preocupadíssimo. Estaria Marie bem? Duvido muito.

Fiz a única coisa que me restava: caminhei para frente. Na verdade, eu corri. Corri desesperado para encontrá-la e tirá-la dali, levá-la para bem longe e mantê-la a salvo. Estava correndo tanto e tão motivado, concentrado, que não notei duas pessoas até trombar com elas.

– AI! – Gritamos em uníssono, indo ao chão.

– Ethan?

– Fred? Andrew? Vocês estão bem? O que houve?

– Estamos bem. Isso é claramente um feitiço para nos separar dela. – Disse Fred.

– Precisamos encontrá-la. Deus, se você realmente existe, não a deixe morrer. Por favor. – Eu disse desesperado, olhando para o céu.

– Ethan. Seja sincero conosco. Estamos percebendo que essa preocupação não é somente de caçador preocupado com sua própria vida. – Disse Fred. – O que está acontecendo?

Eu suspirei desesperado. Não queria contar isso a eles. Eles não entenderiam.

– Desembucha, Ethan. – Pressionou Andrew.

– Eu a amo, tá legal? A amo! Amo a pessoa que eu menos poderia amar! Eu sequer podia ter sentimentos! Mas eu a amo! Eu amo Marie Jean! Eu...

– Ei, calma aí. – Disse Andrew. – Você está me dizendo que a ama?

– Eu sabia que não entenderiam!

– Você não poderia amá-la! – Exclamou Fred. – Você tem que matá-la! Se não você morre! Você não pode a estar amando. Você está iludido. É isso.

– Não, Fred, não é isso! Eu a amo! Você não entende! Eu daria a minha vida por ela, mas ela não pode morrer! – Exclamei com mais do que evidente desespero. Eu estava perdendo o apoio dos meus únicos amigos enquanto minha garota poderia estar morrendo. Ótimo.

– Ethan. Você tem noção do que você está dizendo? Em como isso soa absurdo? – Perguntou Andrew, calmamente.

– SIM! EU SEI! – Exclamei alto demais. Respirei fundo. – Estou contando a minha maior verdade para vocês, aqui, agora, perdendo tempo com pessoas que não acreditam nas minhas palavras enquanto minha garota pode estar morrendo. Eu não vou mais falar nada para vocês. Se quiserem me ajudar, ótimo. Se não quiserem, é só voltar.

– Nós vamos com você. Depois conversaremos a respeito disso tudo. Mas nós não vamos te deixar sozinho. – Disse Andrew. Fred assentiu em concordância. Sorri fraco, começando a andar em frente, com raiva dos dois atrás de mim que não me compreendiam e também angustiado, desesperado para encontrá-la. Ouvi um barulho atrás de nós, e nós nos viramos para não encontrarmos nada. Quando viro para frente, eu pulo para trás.

Mason.

– Olha o que temos por aqui... Williams! – Disse ele cínico, sorrindo com escárnio e me olhando com maldade antes de levar seu punho extremamente pesado de lobisomem até minha cabeça. Senti um intenso impacto do lado direito e então tudo escureceu.


Marie Jean POV – Noite de 30 de Abril.


– Vejo que você já interagiu com meus bichinhos. – Disse ele, enfatizando a palavra “bichinhos” de uma forma carinhosa. Um carinho doentio. Aquele homem era um completo psicopata. – São cães infernais. Bonitos não? Conseguem se camuflar na escuridão e viajam pelas sombras. O que eles podem fazer ao ser humano é tão horrível que fará o humano se sentir no próprio inferno. O fará implorar pela morte.

Eu engoli em seco. Tomlinson percebeu.

– Mas não se preocupe querida. – Disse ele. – Eles não tocarão em você. Tenho outros planos para ti, e com certeza não envolvem meus meninos.

– O que você quer de mim? – Perguntei com voz agressiva, contrariando meu estado interior que era puro pânico.

– O que eu quero de você? Hm... Seus poderes, é claro. Se bem que posso conseguir algo mais de você. – Ele se aproximou examinando-me de cima abaixo, fazendo-me descer um pouco, mas ainda sem tocar o chão, continuando a levitar. A sensação de não poder me mexer estava me deixando agoniada. Fletcher levou uma mão a minha face, e fiz força para desviar de seu toque; entretanto, o poder de seu feitiço sobre mim era maior do que minha vontade em fugir desse homem. Sua mão tocou minha bochecha, alisando-a, enquanto ele sorria com algo parecido com ternura, desmentida pelo seu olhar psicótico. – Sabe, Marie, você é uma garota muito bonita. Poderíamos ter algo juntos...

– Eu nunca teria nada de boa vontade com você. – Respondi, com vontade de cuspir em seu rosto, mas minha boca estava seca demais para isso.

– E quem disse que seria de boa vontade? – Retrucou sussurrando em meu ouvido. Engoli em seco, e ele riu, afastando-se. – E sabe o que eu posso fazer, ainda? Quebrá-la por dentro. Posso matar esses dois na sua frente, e vê-la sofrer, impotente e incapaz. E depois, te matarei lentamente, fazer você implorar para que eu pare, que eu termine logo. Para que você morra logo. Não acha essa ideia fascinante?

– Claro, é fascinante. – Eu disse irônica.

– Gosto da sua petulância. É divertido. Deixa-me mais instigado a fazer tudo o que eu te disse...

Ele começou a andar em círculos pela clareira e os cães infernais estavam obedientemente sentados um ao lado do outro, apoiando-se nas patas dianteiras. Um deles estava com a língua para fora da boca, respirando barulhentamente. Um barulho se deu atrás de mim e eu não consegui ver o que era.

– Olha só, Marie... Temos mais visitas!

Ethan! Não!” foi a única coisa que pensei. Ouvi passos e o barulho de algo pesado sendo arrastado no chão. Logo entraram no meu campo de visão sete pessoas: quatro homens desconhecidos carregando Ethan, Andrew e Fred. Ethan estava desacordado e um filete de sangue escorria pela sua face, sendo arrastado por um homem grande e peludo que me lembrava um imenso armário. Andrew e Fred estavam amarrados com as mãos nas costas, sendo arrastados pelos outros homens, menores que o homem que carregava Ethan. Este parecia não ser exatamente humano; já os outros, eram normais. “Fletcher nunca trabalha sozinho”. As palavras de Ethan ecoaram em minha cabeça, enquanto eu estava preocupada demais com ele e com os outros, amedrontada, assustada. Os homens deixaram eles no chão, largando-os de qualquer jeito. Fred e Andrew ficaram ajoelhados, enquanto Ethan permaneceu estirado no chão.

– Vejo que vocês encontraram nossos amigos. – Disse Fletcher ironicamente. – Que falta de educação do Williams, ficar dormindo enquanto falo. Vamos acordá-lo.

Fletcher focou seus olhos verdes em Ethan, e ele começou a se mexer, despertando. O loiro se ajoelhou e levantou a cabeça, aparentemente perdido em um primeiro momento, virando-a para mim e me encontrando.

– Marie! – Exclamou.

– Amarrem-no. – Disse Fletcher. O homem grande aproximou-se e segurou Ethan com violência, e ele protestou, debatendo-se. Entretanto, o homem era mais forte e conseguiu imobilizá-lo. – Williams! Que prazer em revê-lo! Quanto tempo, não? Fazem o quê, dois anos? Naquela vez em Dublin?

– Fletcher. O prazer é todo seu. – Disse Ethan, com voz e olhar desafiadores.

– Ah, que saudade que eu estava da arrogância do meu colega de trabalho.

– Colega de trabalho? – Vi-me perguntando.

– Ah, você não sabe? – Disse Fletcher, com voz de falsa surpresa. – Ethan e eu nos conhecemos faz um bom tempo, querida, e posso afirmar que ele não é quem você pensa que ele é.

– Não escute ele, Marie. Ele quer voltar você contra mim. Acredite apenas em mim. – Disse Ethan.

– Cale-se, Ethan. É feio interromper a conversa dos outros. – Repreendeu Fletcher. – Continuando, querida Marie. É isso mesmo, colegas de trabalho. Ou você não sabe quem é realmente Ethan Williams? Acho que ele não te contou, certo? É, faz parte do trabalho, as mentiras e omissões.

– Do que você está falando, afinal? – Perguntei irritada.

– Ethan é um caçador de bruxas, querida. Fred e Andrew também.

– NÃO O ESCUTE, MARIE! – Gritou Ethan. O homem grande deu um soco na lateral machucada de sua cabeça, e Ethan caiu, gemendo de dor. Eu tentava assimilar. Não podia ser verdade. Não mesmo.

– Ligue os pontos, Marie. A vinda repentina dele e o início de todas as suas anormalidades. Como ele sempre soube de magia, sempre soube que você era... Você.

Pensei. Lembrei-me então que, realmente, as coisas estranhas que mais tarde descobri ser magia só começaram depois que Ethan chegou à cidade. No mesmo dia em que ele apareceu na minha vida, perdi minha mãe.

– Como ele sempre esteve por perto de você. Sempre. E como era estranho o fato dele morar sozinho. Ou o que ele te disse? Que morava com o tio, um parente? Mas esse parente nunca esteve em casa, certo?

Realmente. O que Fletcher dizia fazia sentido. Eu quis chorar.

– Você não suspeitou em como, de repente, duas pessoas surgiram do nada e foram morar com ele? Você é extremamente ingênua, Marie. Imagino como deve ter sido fácil para o Williams ter te enganado esse tempo todo. Ele te conquistou, não foi? Te prometeu coisas, não foi?

Eu nunca vou te abandonar” “Eu te amo”. Frases dele passavam pela minha mente. A tarde que passamos juntos no teatro do colégio... Não podia ser verdade. Ethan não poderia ter me usado desta forma.

Tome cuidado. Proteja-se. Há alguém enganando você. Cuidado. Seja forte”. A voz de minha mãe ecoou pela minha mente, e tudo realmente fez sentido. Era de Ethan que ela estava falando.

– É verdade, Ethan? – Perguntei. Ele não respondeu, não me olhou, não fez nada. Apenas fechou os olhos com força, deixando o ar escapar de seus pulmões. Fred e Andrew não esboçavam reações. – É verdade, Ethan?

– É. – A voz grossa dele ecoou pela clareira. Meu mundo ruiu. Tudo o que eu havia vivido até ali era uma mentira. Meu coração ficou apertado de dor, sofrendo por Ethan. Eu nutria sentimentos por alguém que não sentia nada por mim. Alguém que queria me matar.

Fletcher riu maquiavélico.

– Dói, não é? – Perguntou. – Pior de tudo é que você o ama. Ama esse desgraçado infeliz com todas as suas forças. E agora você está sem chão. Considerando o momento, literalmente. Você se vê perdida, confusa, traída, sem saber o que mais na sua vida é uma mentira.

– Fletcher, acabe com isso logo. – Eu disse, olhando-o nos olhos, com voz determinada.

– Ah, não, querida... Nós temos a noite toda e ela acabou de começar.



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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? O que tem a me dizer sobre isso? Alguém quer sei lá, me dar uma recomendação? AHAHAHAHA Parei.