Flamma Amoris escrita por Karla Vieira


Capítulo 19
Medo


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde amores! Tudo bem com vocês? Espero que sim... Então, este é o primeiro capítulo cheio de ação e suspense como prometido... Espero que gostem! Quero agradecer a EveryNiall que me recomendou, e todas as outras que me recomendaram! Vocês me fizeram extremamente feliz.



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Marie Jean POV – Noite de 30 de Abril.


Não. Isso não podia estar acontecendo. Só podia ser mais um pesadelo. Um terrível pesadelo. Daqui a pouco eu acordarei deitada no sofá da sala, na minha cama ou na cama do Ethan.

Eu não acordei.

Porque eu simplesmente não podia, já que era real.

– O que houve Marie? – Perguntou Ethan.

– Sequestraram Peter e Lisa. – Eu encontrei voz para dizer.

– QUÊ?! – Exclamaram os três em uníssono.

– Eu ouvi a voz dos dois gritando no fundo. E ele quer que eu vá até a floresta encontrá-lo, caso contrário ele vai matar os dois. Eu não posso deixá-los morrer! Eu vou até lá.

– Espere, Jean! – Disse Fred. – Ele disse quem era?

– Não.

– Eu sei quem é. – Disse Ethan, sombrio. – Gregory Fletcher.

– Esse não é aquele que se aliou ao lobisomem Mason? – Perguntou Fred. Ethan assentiu, ainda sombrio. Eu estremeci, lembrando-me do que Harry dissera. “Os caçadores roubam os poderes e os lobisomens comem a carne da bruxa”. Meu medo cresceu.

– Precisamos do Holmes. Agora. – Disse Ethan. – Alguém sabe se ele veio para essa merda desse baile?

– Ele me disse que viria. – Eu disse, com voz fraca.

– Vamos encontrá-lo. A gente se encontra no carro daqui quinze minutos. – Disse Ethan. – Marie, você fica comigo. Não quero te perder de vista.

Assenti, segurando a mão dele. Logo nós nos separamos e fui com Ethan atrás de Harry. Não o encontramos em lugar algum. Retornamos ao estacionamento, onde Fred já esperava de pé apoiado no capô.

– Nenhum sinal de Holmes? – Perguntou assim que nos aproximamos.

– Não. – Ethan disse. – Espero que Andrew o encontre.

– E encontrou. – Respondeu Fred, apontando com a cabeça para frente. Viramo-nos e encontramos Andrew vindo correndo com Harry ao seu encalço.

– O que houve? – Perguntou Harry assim que chegou.

– Explicamos no caminho. Agora entra nesse carro. – Disse Ethan.

– Calma, Williams. Não precisa ter pressa.

– PRECISA SIM! – Exclamei alto demais, e todos se sobressaltaram. – A VIDA DOS MEUS AMIGOS ESTÁ EM JOGO, E VOCÊ ESTÁ AÍ PARADO!

– Calma, Marie. Eu não sabia que era tão sério.

– TÁ, AGORA CALA A BOCA E ENTRA!

Harry arregalou os olhos e entrou no carro. Amontoamo-nos e Ethan deu a partida, rumando para a orla da floresta, lá perto de casa. No caminho, eu não parava de pensar no que poderia estar acontecendo com Peter e Lisa e no que poderia acontecer. Fred explicou brevemente para Harry o que havia acontecido, e o resto da viagem ficamos em silêncio. Eu estava em pânico.

Chegamos à orla da floresta e descemos do carro em silêncio. Meu vestido farfalhou quando me mexi e eu fiquei com raiva dele. Tirei meus sapatos e os deixei dentro do carro, sabendo que não conseguiria andar dentro da floresta e se precisasse correr, eu não conseguiria.

– Agora prestem atenção. – Disse Harry. – Se ele de fato estiver com o lobisomem, vai ser extremamente perigoso para nós. Vou ficar na retaguarda de vocês e vou identificar o lobisomem e matá-lo pelas costas. Ninguém pode me atrapalhar, se não todos nós podemos morrer.

– Ah, é Holmes, sério que nós todos podemos morrer? – Perguntou Ethan, irônico.

– Não temos tempo para ironias, Williams. – Retrucou.

– E os caçadores de bruxas?

– Nós conseguimos lidar com eles. – Disse Andrew, com o olhar brilhando de desafio, maldade e expectativa psicótica.

– Entretanto não sabemos quantos são, ou se é apenas o Fletcher. – Disse Fred.

– Com certeza não é apenas ele. Fletcher nunca trabalha sozinho. – Disse Ethan, e depois sorriu maquiavélico. – Já encontrei com ele uma vez, antes. E ele quase me matou. Todavia consegui fazer uma grande cicatriz em seu abdômen.

– Eu lembro quando você contou. – Disse Fred.

– Parece que todos tem motivos para te matar, não é, Ethan? – Perguntou Holmes, irônico.

– Não temos tempo para ironias, Holmes. – Retrucou Ethan. Andrew sorriu.

– E se algo der errado? – Perguntei. Todos olharam para mim e ficaram o que pareceu uma eternidade em silêncio.

– Nós morremos. – Disse Fred, por fim. Eu estremeci, e não era de frio.

– Agora vamos. Não temos mais muito tempo. – Disse Andrew.

Entramos na floresta e Ethan segurava a minha mão. Eu tremia da cabeça aos pés. Assim que nos aprofundamos na floresta e eu não consegui mais ver a orla, um vento forte nos cercou, e me jogou para longe de Ethan e dos outros; uma escuridão tomou conta do vento e eu não pude mais vê-los.

– ETHAN! – Gritei, me levantando e sentindo meu braço arder. Eu havia me machucado batendo conta uma árvore.

– MARIE! VOCÊ ESTÁ BEM?

– ESTOU! E VOCÊ?

– TAMBÉM! FRED, ANDREW?

– ESTAMOS VIVOS! – Gritou Fred em algum lugar. De repente, não consegui mais escutá-los. A parede negra pareceu se solidificar ao meu redor e impedir-me de enxergá-los ou ouvi-los. Eu estava sozinha. A escuridão pareceu se estender ao meu redor e eu me vi perdida, sem saber para onde andar; amedrontada, também. Continuei andando em frente. Os meus pés arranhavam e se machucavam em pedras e galhos secos no chão, mas eu me fazia continuar andando. Algo como instinto fazia-me não ficar parada em um lugar só.

Um ruído atrás de mim me sobressaltou. Eu não estava conseguindo ouvir nada e aquilo havia me assustado. Virei-me e encontrei um par de olhos amarelos encarando-me na escuridão. Fiz o que qualquer um faria.

Corri.

A coisa veio atrás de mim, e pareceu que outra havia se juntado a ela, pelo barulho de patas e rosnados. Sinceramente, eu não sabia. Não havia olhado para trás. Arrisquei uma rápida olhadela e vi três pares de olhos amarelados olhando-me e caninos enormes e afiados, brancos, brilhando na escuridão; eu não consegui ver mais nada. Era como se os monstros se misturassem com a parede de escuridão. Continuei correndo, até chegar em um intervalo de árvores que parecia com uma clareira – não dava de enxergar muita coisa. Tropecei em uma raiz de árvore presa ao solo e fui ao chão. Ouvi o barulho de tecido se rasgando e me virei de barriga para cima, tentando recuar enquanto via as três bestas aproximarem-se de mim. Consegui vê-las com mais clareza.

Eram enormes. Não se assemelhavam a um lobo, a um cachorro, ou a um leão ou uma pantera. Eram uma mistura destes animais. Eram assustadores. A primeira besta, a que estava mais a frente, saltou e eu fechei os olhos, sentindo a morte se aproximar. Bati com a cabeça no chão, fortemente, quando a besta pousou em cima de mim.

– HADES! ANÚBIS! ARES! – Uma voz gritou. – Recuar!

A besta que estava acima de mim saiu. Minha cabeça latejava fortemente, e meu peito batia tão rápido que eu achava que ele sairia de meu peito. Meu pulmão estava prestes a virar pó, ardendo enquanto recebia o ar gélido e tentava recuperar o fôlego. Não encontrei forças para me levantar. Não foi necessário, tampouco. Uma força me ergueu no ar, e eu soube que estava levitando. Fiquei suspensa, e pude enxergar quem havia falado.

Era um homem. Não parecia ser muito mais velho do que eu. Tinha cabelos castanhos bagunçados e olhos esverdeados – que não eram nada amigáveis. Eram perigosos. Amedrontavam-me só de olhar. Uma das bestas aproximou-se dele, ficando na altura de sua cintura e ele afagou a cabeça da criatura, que emitiu um som horripilante que me lembrava vagamente o ronronar de um gato. Um gato enorme que provavelmente pesava toneladas.

– Vejam quem resolveu aparecer... Marie Jean Lookwood. – Disse ele. – Veio salvar seus amigos?

Então notei que em uma árvore mais atrás, Peter e Lisa estavam amarrados e amordaçados, olhando-me com os olhos arregalados de medo. Lisa chorava.

– Ah, é. Que falta de educação a minha. Esqueci de me apresentar. Sou Gregory Fletcher, my lady.

O homem fez uma reverência e sorriu com escárnio. E pela primeira vez na minha vida, eu senti medo de verdade. Aquele tipo de medo que gela seu sangue, embrulha seu estômago, faz doer seu coração e trava seus pensamentos. Aquele que aperta seu coração, diminuindo-o e o faz sangrar por dentro.

Eu soube o que era medo.

E eu estava terrivelmente amedrontada.



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Notas finais do capítulo

E então? O que vocês acham que irá acontecer?