76th Hunger Games escrita por Liz Ambrose


Capítulo 10
E o Idiota me Ama




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As entrevistas aconteceriam em um palco em frente ao centro de treinamento. Dolarias e eu nos encontramos com o resto do pessoal do distrito 4. Vejo que Jev usa um terno azul marinho, onde seus detalhe se mexem dando impressão de ondinhas. O cabelo penteado para trás, de um jeito elegante e estranhamente Sexy. Não reconheceria ele se estivesse andando assim pelo nosso distrito. Vejo também Annie, que está elegante em um vestido simples azul cor do céu e o cabelo esvoaçante preso em uma fita bem feita.

Deluvius elogia o trabalho da equipe de preparação em minha maquiagem, e fala maravilhas sobre o meus vestido. No elevador as palavras unicas palavras de Jev sobre o meu visual são poucas:

— Está luminosa, Peixinha. — E volta a ficar serio.

Quando a porta do elevador se abre, os outros tributos estão sendo enfileirados para subir ao palco. Todos os vinte e quatro nos sentaremos em um grande arco durante toda a duração das entrevistas. Desejo ser a primeira a começar tudo aquilo, me livrar logo do peso das perguntas.

Antes de desfilarmos até o palco, Annie chega por trás de mim e de Jev e diz com um tom de voz medonho:

— Não se esqueçam, vocês não podem se comprometer com nada.

Não aguento mais ouvir aquilo. Não consigo entender o medo de Annie sobre nos comprometermos. Não sabia nem o que isso poderia significar direito! De qualquer maneira, não posso mais discutir sobre o assunto. Todos os tributos se encaminham para os assentos e logo todos já estão em seus lugares.

Pisar naquele palco me fez ficar extremamente nervosa. Senti minha respiração se acelerar e minhas mãos começarem a suar. É um alivio chegar até minha cadeira. Mas logo esse alivio acaba, quando vejo quanta gente estava ali para nos ver. Vejo câmeras focalizadas para nos o tempo inteiro, pessoas gritando nossos nomes. Vejo os idealizadores dos jogos em uma varanda ao lado esquerdo em um edificio. Alguns olhando diretamente para mim, sussurrando coisas entre si. Isso só aumenta meus nervosismo.

Caesar Flickerman, o homem que apresentava as entrevistas nos jogos vorazes, sobe ao palco. Está com o cabelo tingido de um azul esverdeado. Com um traje cerimonial azul-marinho com milhares de pequenas lampadas que me lembram estrelas. Logo que entra no palco já chama Mika.

A garota está realmente deslumbrante. O cabelo em duas tranças perfeitas caindo pelos ombros. O vestido rosa escuro a deixa bonita demais. Ela é muito boa em dar entrevistas. Sabe fazer piadinhas com tudo. De uma maneira consegue ser carismatica.

Cada entrevista dura três minutos. Então uma campainha irritante soa e o próximo tributo aparece.

Quando Shanni sobe ao palco, fico atenta na sua entrevista. Ela é uma das adversarias mais perigosas dentro da arena, pelo menos para mim. Já que ela parece me odiar completamente. A garota não se esforça para parecer simpática, mas sim forte o suficiente para botar medo nos tributos a minha volta. Suas respostas são curtas, o que dificulta a minha analise sobre ela.

As entrevistas dos outros tributos passaram voando, e quando me dou conta, já estão chamando por Rosy Ambrose. Vejo que minhas pernas se mexem automaticamente, me levando para o centro do palco. Aperto a mão estendida de Caesar.

— Então, Rosy, você morando no distrito 4 deve saber muito sobre o oceano. Pode nos explicar sobre essa maravilha de vestido? — Pergunta dando um risinho.

Minha boca está seca. Estou desesperada, como deveria responder? Sarcasticamente ou fazendo algum tipo de piada? Olho para Dolarias, que está na primeira fileira, ela apenas sorri.

— Bom… — Gaguejo um pouco — Explicar é difícil. Mas…Tudo isso graças a minha maravilhosa estilista, Dolarias. Acho que sem ela, nunca poderia colocar um pouco do meu distrito nele.

Caesar assenti devagar, com um sorriso alegre demais no rosto.

— Maravilhosa mesmo — Diz Caesar olhando para minha estilista. Vejo todas as câmeras apontadas para ela. Dolarias da um riso nervoso e agradece com um gesto de mãos. — Bom, demonstrou muito no seu vestido da abertura também. Como não se molhou?

Mordo os lábios. Nem eu sabia como me molhei.

— Não sei como não me molhei. Só fiquei aliviada por não ter ficado encharcada com toda aquela água em volta. Eu parecia um peixe fora d’água não é?

Muitos risos. Inclusive da plateia.

— Ora essa! Magina, mais parecia uma bela sereia. — A plateia aplaude. Caesar consegue fazer com que situações que seriam um desastre, se transformem em motivo para aplausos. — Vamos para um assunto mais serio, como foi ver que seu irmão tinha sido sorteado na colheita?

Meu coração para. Não queria falar de Hugo, não queria dizer a sensação de total desespero que senti quando ouvi o nome do meu irmão. Me segurei para não chorar, suspirando pesadamente.

— Eu me senti… — Engulo em seco — Perdida. Pensei que naquela hora meu mundo ia desabar. Nunca imaginou, Seu irmão nos jogos? Ver ele sendo morto ao vivo. E você não ter nenhuma chance de poder ajuda-lo, a não ser morrer junto? Foi… A pior sensação que tive.

Ouço a plateia dar suspiros de compreensão. Até Caesar suspira, pegando minha mão.

— Só que pelo visto Jev se voluntariou. Porque?

Olho para as telas que estão a frente de mim, todas focalizando no rosto de Jev. Ele parece estar suando, totalmente nervoso. Com a boca em uma linha severa.

— Jev é meu amigo desde muito tempo — Falo — Ele conhece Hugo e os dois sempre foram amigos. Quando ouvi ele se voluntariando não acreditei. Me vi perdendo um segundo irmão. Ainda não agradeci a ele direito. Acho que devo minha vida pelo que fez, pelo que arriscou pelo meu irmão. Jev, obrigada por ter que sacrificar tanta coisa da minha família…

A campainha soa. Me despeço de Caesar e volto para meu lugar. Ouço os aplausos e gritos com o meu nome. Ainda estou segurando as lágrimas que ameaçam a cair quando chegou ao meu assento.

Jev já esta no palco. Cumprimenta Caesar com um aperto de mãos e um sorriso largo e espontâneo.

Não presto atenção na entrevista dele. Só consigo pensar em Hugo, que provavelmente assistia a isso. Em como foi a sua reação. Se ele chorou, se está sofrendo ou até mesmo se culpando. Penso na minha familia, o que deveriam ter achado dessa entrevista? Uma idiotice? Uma perda de tempo para os telespectadores? As perguntas passeiam pela minha cabeça, me deixando doida.

Volto a realidade quando ouço meu nome em uma das perguntas de Caesar.

— Você realmente é só um amigo de Rosy? — Ele mexe as sobrancelhas de forma maliciosa e brincalhona. A plateia cai na gargalhada, menos Jev. Que fica serio

— Sou. — Ele diz — Sempre fui. Ela nunca foi de prestar atenção em mim de verdade. Eu gosto dela, se é que me entende…

A plateia solta um tipo de barulho entre o assobio e o espanto. Estou completamente em choque com o que ouvi.

— Foi por gostar dela que você se ofereceu como tributo?

Jev muda de posição constantemente na cadeira, parecendo desconfortável.

— Em parte sim, mas também por gostar do irmão dela. Não poderia deixar os dois lutarem até a morte. — Ele suspira — Mas também me voluntariei por querer protege-la na arena.

A plateia cai em um coro de lamento.

— Isso me lembra um tributo que se declarou aqui no palco, Peeta Mellark. Você se acha um pouco inspirado no que o garoto fez?

A resposta de Jev é cheia de significado.

— Não, não digo isso aqui inspirado nele, ou na declaração dele. Estou fazendo isso pois, não sei se vou estar vivo depois de amanha para dizer isso a ela. — Jev enrubece — Eu gosto dela, só que não entendo direito esses sentimentos.

Caesar parece abalado com tudo. Realmente abalado e com certa pena de Jev.

— Porque não falou isso a ela quando estavam no distrito de vocês?

Jev mexe no cabelo, parecendo cada vez mais desconfortável.

— Eu não queria estragar a nossa amizade, sei lá. Talvez por ela nunca deixar uma brecha para isso. Sempre estávamos mais concentrados na pesca ou em como ajudar nossas famílias. Pelo menos ela.

— Acha que ela sente o mesmo por você? — A pergunta de Caesar deixa todos em silencio. Um silencio que me incomoda.

— Não sei, mas espero que sim.

Agora entendo o porque de Annie ter falado aquilo, para não nos comprometermos. Tinha um duplo sentido. Ela temia que pudéssemos ser comparados a Katniss Everdeen e Peeta Mellark. E acho, que de algum modo ela também sabia desses sentimentos a mais de Jev por mim. As câmeras focalizam meu rosto paralisado, e logo depois a campainha soa.



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Notas finais do capítulo

Mais informações: the-hunger-fanfics.tumblr.com