Tricks of Fate escrita por Sali


Capítulo 9
"...tudo que eu estava deixando para trás..."


Notas iniciais do capítulo

Olá terráqueos!
Como vão vocês, meus queridos? Ansiosos pra o dia dos namorados? Eu sim! Me pediram em namoro domingo, acredita? *momento awwwn* to tão feliz por isso! Acho que vai rolar até mais criatividade pra escrever. kkkkkk
Enfim. Leiam, okay?



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Os dias passaram. E passaram como todos os outros. A única diferença visível era a tristeza que me acompanhava sempre e piorava quando eu atravessava a porta do meu quarto.

Eu não queria sair da minha casa para um lugar que eu mal conhecia, e com um homem que havia me dado motivos o suficiente para não confiar. Mas eu era apenas uma adolescente de quinze anos que mal tinha noção de si mesma. Ou era assim que todos me viam.

O prazo havia acabado. Era sexta-feira de manhã, e até a noite eu já deveria estar devidamente instalada no duplex de luxo de Jordan.

Tive de me concentrar para não entrar em desespero, mas tudo isso foi para o espaço assim que cheguei da escola e joguei a bolsa no chão do quarto.

Soltei um grito abafado enquanto sentia as lágrimas rolarem por meu rosto. Andei com passos estranhos pelo quarto. Era como se eu estivesse em um campo minado e tivesse de calcular perfeitamente cada movimento. A única diferença é que eu não calculava nada.

Sentei-me no chão e apoiei as costas na cama enquanto observava cada pedacinho daquele quarto que eu havia entrado pela primeira vez há mais de quatro anos.

Inicialmente eu o havia odiado, por mais que fosse simplesmente o quarto que eu sempre sonhara. Mas depois finalmente comecei a aceitar melhor. Aquele quarto havia recebido tantas mudanças e bagunças, presenciado algumas brigas e diversas cenas de amor.

Se alguém me visse naquele estado, me debulhando em lágrimas por causa de um simples quadrado de paredes poderia julgar-me louca. Mas não era isso. Aquele quarto simbolizava tudo que eu estava deixando para trás por culpa de Jordan.

Robert, minha casa, minhas coisas e, por que não, uma parte importante da minha vida.

Ouch. Isso doía.

Algum tempo depois meu celular vibrou e apitou, mostrando que já eram cinco e quinze. Levantei-me e suspirei resignada.

Eu tinha que começar a arrumar as coisas.

Abri meu armário e mirei as pilhas meio emboladas de roupa ali. Coloquei tudo em uma mala grande e uma média. Peguei uma mochila grande na parte de cima do armário e coloquei mais algumas coisas que faltavam, como livros e objetos pessoais.

Endireitei a colcha da cama e limpei meticulosamente cada um dos móveis. Varri o chão e depois de algum tempo me peguei observando uma das paredes do quarto, onde haviam diversas fotos coladas por fita adesiva colorida, formando um tipo de mural.

Eu sempre gostei de ver todas as fotos coladas naquela parede daquela forma, mas eu não queria deixá-las para trás. Decidi por tirar algumas fotos do mural para tentar refazê-lo na – argh – casa nova.

– Victoria? – A voz de Robert ecoou no andar debaixo.

– Já estou descendo. – Respondi.

Andei até o banheiro, lavando o rosto e tentando apagar as evidências do choro vivas em meu rosto antes de pegar minha mochila e as malas e descer as escadas.

Assim que estava no meio do caminho, Robert pegou as duas malas da minha mão e terminou de descê-las para mim.

– É só isso? – Ele perguntou com uma voz bastante estranha, como se estivesse tentando ser mais grave.

– Sim. – Respondi em um sussurro.

– Jordan deve chegar a qualquer momento. – Ele continuou. Dessa vez sua voz estava seca.

– Robert... – Comecei, mas depois me corrigi. – Tio... eu não quero sair daqui. - Completei e corri até ele, abraçando-o. Senti-o beijar meu cabelo e apertei ainda mais o abraço.

– Eu vou sentir falta de morar com você. E dessa casa também. – Murmurei.

– Eu também, Victoria. Eu também. – Ele respondeu em voz baixa e eu ouvi o som de um carro estacionando na porta da casa.

– Ele chegou. – Robert disse-me.

– Pois é. – Respondi.

Começamos a andar em direção a porta. Robert pegou minhas malas e eu acertei a mochila nas costas.

Antes de sairmos, observei pela última vez aquela casa, a qual eu não pertencia mais.

Depois de colocarmos as malas no porta-malas, abracei novamente Robert e entrei no Camaro, jogando minha mochila no chão.

Jordan tentou estabelecer uma conversa comigo, mas minhas respostas curtas e objetivas acabaram com qualquer tipo de assunto.

Depois de um tempo, finalmente chegamos em frente a um prédio que parecia ter quase vinte andares. Jordan abriu o porta-malas e pegou as malas que estavam ali, andando até a entrada do edifício.

Acompanhei-o sem muita vontade, com passos pesados e preguiçosos. Não me demorei analisando a decoração requintada do hall de entrada, e muito menos tentando entabular uma conversa no elevador.

Subimos até o décimo quarto andar do prédio e depois chegamos a um corredor. Jordan abriu a porta do apartamento 3N e nós entramos.

O apartamento era realmente luxuoso. Havia uma sala ampla com um sofá e uma TV Led. Próxima à parede posterior havia uma mesa de jantar e uma porta que parecia ser da cozinha ou da área de serviço. Uma janela grande e escadas que provavelmente levavam aos quartos.

– O que achou, Victoria? – Jordan perguntou.

– É... é legal. – Respondi simplesmente.

– Fico feliz que tenha gostado. – Ele sorriu para mim. Venha. Me acompanhe. – Ele pediu enquanto subia as escadas.

Obedeci e chegamos a um local com quatro portas. Ele indicou uma como meu quarto.

– Eu vou te deixar se arrumar aí. – Ele disse, deixando as duas malas no chão e descendo as escadas.

Respirei fundo e abri a porta do cômodo.

O quarto era bonito em partes, mas pela decoração eu tinha dúvidas se ele havia sido feito por alguém que não sabia de meus gostos ou se era apenas uma decoração padrão de quartos extras em apartamentos.

As paredes eram azuis – a cor predominante no local – e os móveis e portas brancos.

Meus olhos voaram em cada canto do quarto. Mirei a parede do fundo, onde havia uma porta de vidro que levava a uma pequena sacada. A segunda coisa que vi foi a cama. Ela era grande, de casal, com a cabeceira encostada na parede direita e um pequeno criado mudo de cada lado dela. Logo vi uma TV de Led de 42 polegadas na parede esquerda, e, ao lado dela, duas portas de um armário embutido. Assim que as vi, comecei a imaginar que deveria fazer uma mágica para que todas as minhas roupas coubessem ali. Mas quando as abri, dei de cara com um pequeno closet em uma e um banheiro bastante grande na outra. Na parede da porta de entrada ainda haviam duas poltronas e uma mesinha de centro com um vaso de sempre-vivas secas azuis e brancas.

Eu não podia dizer que odiara o quarto – por mais que essa fosse a minha vontade – afinal, ele era bonito. Mas realmente parecia-se com um quarto de hotel.

Arrastei minhas duas malas até o closet e consegui comportar todas as minhas roupas em apenas três dos nove espaços de roupas, e meus sapatos em duas das seis prateleiras. No banheiro, coloquei toalhas, sabonetes, shampoo, escova de dente, perfumes e outras coisas que poderiam ser comportadas lá. Também acomodei meus livros em um móvel e o resto das coisas, tentando tornar o local um pouco mais convidativo para mim.

Me joguei na cama e pensei em alguma forma de tirar uma parte do azul, que já se tornava cansativo. Mas quando a preguiça se apossou de mim, apenas fiquei ali, mirando o teto e deixando minha mente vagar.

Toc, toc, toc.

As três batidas na porta me despertaram. Preparei uma expressão antipática esperando Jordan, mas ao dizer “pode entrar”, vi uma figura feminina surgir.

A mulher parecia beirar os cinquenta e poucos anos. Tinha os cabelos muito loiros presos em um coque, olhos verde-escuros, era magra e estava vestida com um tipo de uniforme.

– Com licença, srta. Mitchell. – Ela murmurou ao abrir a porta.

– Olá... – Respondi. – Qual é o seu nome?

– Maise. – Ela respondeu.

– Então olá, Maise! Me chame de Victoria, por favor. – Pedi.

– Tudo bem. – Ela assentiu. – O seu pai saiu e pediu para que eu lhe chamasse para o jantar. - Completou. Eu não gostei dela chamando Jordan de meu pai, mas não podia corrigir a coitada de novo.

– Ah, claro. – Sorri. – Você sabe quando ele volta? – Perguntei, apenas fingindo interesse.

– Ele disse que estaria aqui as dez. – Ela respondeu.

– Hm... ok. – Uma pausa. – Bem, vamos ao jantar. – Completei e me levantei, seguindo Maise até o andar debaixo.

Ela indicou-me uma cadeira na mesa de jantar e eu, sem escolha, me sentei ali. Eu não estava com muita fome, mas depois de sentir o cheiro da comida, mudei de ideia.

Ela me serviu o prato e colocou-o a minha frente. Comecei a comer, e no final já estava contando-lhe minha história.

– Bom, e é por isso que eu... não gosto muito de Jordan. – Eu contava para a atenta ouvinte, que parecia gostar.

– Desculpe a indelicadeza, mas quem é Madison? – Ela perguntou e eu gelei. Havia esquecido de manter a discrição quanto a isso. E Maise poderia não aceitar.

– M-madison é... bem... ela é... – Engasguei e Maise soltou uma risada baixa.

– Victoria, pela sua narração eu já entendi. – Ela começou e eu arqueei uma sobrancelha. - Madison é sua namorada, não é? – Completou e eu engasguei novamente com o suco.

– É... – Gaguejei e a vi sorrir. – Bom, fico feliz. Pelo menos você não começou a me xingar nem nada disso. – Brinquei.

– Eu nunca faria isso, Victoria. Respeito a todos, e as escolhas de todos também. – Ela continuou e eu sorri.

– Isso é legal. Mas... como você sabia? Eu deixei tão óbvio assim? – erguntei em tom de brincadeira.

– Era só ver o brilho nos seus olhos ao pronunciar o nome dela. – Maise sorriu e eu fiz o mesmo.

– É verdade. – Dei de ombros.

Definitivamente Maise era uma pessoa legal.

Diferente de Jordan.



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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? A Maise é fofa né? *-*
Espero seus reviews, amores!
E quem comentou no último capítulo (8. Collapsing)
»debicullen
»Lorena Uzumaki
»Gabs (beem vinda darling!)
»Samyni
E só. Quero mais reviews, gente!
Bjoos >.