Tricks of Fate escrita por Sali


Capítulo 8
"E agora mais estruturas estavam ruindo em mim."


Notas iniciais do capítulo

Haay!
Não, eu não consigo ficar sem postar essa fic! E além do mais, o Rafael (JohnTyree) ficou todos esses dias me enchendo o saco pra postar. kkk
Enfim, aproveitem o cap!



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Ao chegar em casa, surpreendi-me. Jordan não estava lá, como eu imaginei. O carro incomum não era dele. De repente senti o ferimento formigar.

– Ah, Victo... Robert se interrompeu ao me ver. – O que houve? Caiu de novo? – Logo sua voz era um misto de real preocupação e brincadeira.

– Pois é. Acho que estava distraída. – Sorri levemente.

– A gente tem que cuidar disso antes de sair. – Ele disse, aproximando-se e pegando meu cotovelo para olhar melhor.

Geralmente, “cuidar disso” significava uma série de limpezas e remédios nada agradáveis.

– Ah, não! – Gemi.

– Victoria! Você está parecendo uma criança! – Ele exclamou e eu ri.

– Mas arde! – Reclamei. Robert apenas riu enquanto balançava a cabeça e me puxava para o andar de cima.

Depois de limpar e cobrir com gaze o ferimento, Robert decidiu chamar o taxi para irmos ao restaurante, vendo que já passavam das onze e quarenta. Realmente o tempo havia passado relativamente rápido.

O taxi chegou em pouco menos de dez minutos, e talvez depois de mais uns vinte ou vinte cinco, estávamos em frente a um pequeno e delicado bistrô. Com toda certeza era inteiramente agradável, mas as circunstâncias não ajudavam muito para que eu realmente gostasse dali.

– Está reservado para quem? – A hostess do local interrompeu meus pensamentos com sua vozinha esganiçada. Ela olhava para mim, talvez censurando minha vestimenta. Eu não me importei. Estava acostumada com esse tipo de censura no olhar das pessoas sobre mim.

– Viemos encontrar Jordan Richards. – Robert respondeu.

– Ah, sim. Ele avisou. Acompanhem-me, por favor. – Ela pediu e começou a andar por entre as mesas, levando-nos para uma área um pouco mais reservada. Assim que avistei Jordan, senti meu estômago revirar e peguei-me imaginando se ia conseguir almoçar.

Depois de alguns cumprimentos, sentamo-nos à mesa e a mulher saiu dali, talvez voltando a tomar seu posto na entrada.

– Oh, Victoria! Vejo que se machucou. – Jordan disse-me com aquela simpatia nauseante enquanto olhava a bandagem em meu braço.

– É. Eu caí de skate. – Respondi com desinteresse, me segurando para não completar com “por sua culpa”.

– Ah. Você anda de skate, Victoria? Que interessante! – Se eu tivesse que conviver com aquela simpatia nauseante, ia começar a pensar seriamente em fugir de Fort Lauderdale.

– Pois é. Mais uma coisa que você não sabia sobre sua filha. – Não perdi a chance de alfinetar, despejando ironia destilada de meus lábios.

Jordan riu - como era de se esperar – e Robert me lançou um olhar de repreensão, que eu ignorei como se nunca tivesse o recebido.

– Então. Vocês preferem tratar desses assuntos antes do almoço ou depois? – Ele perguntou depois de algum tempo.

As opções eram realmente muito boas. Se conversássemos antes, eu ficaria tão enjoada a ponto de não aguentar comer. Mas se conversássemos depois, talvez o almoço voltasse.

A opção menos pior era passar fome.

– Hm... Podemos falar disso agora. – Respondi em uma autoridade que não era minha. A resposta deveria vir de Robert, mas quem se importava? Eu não.

– Se você deseja, Victoria. – Jordan respondeu-me com um sorrisinho de canto, exatamente aquele que eu vira quando ele entrou na sala da diretora.

As falas que se seguiram foram maçantes e nem um pouco dignas de serem narradas, e a única coisa que realmente me interessou foi uma pequena frase que saiu de Jordan. Frase essa que resolveu transformar em ruínas um pouco mais de mim.

– Victoria, espero que esteja de acordo. Eu tenho sua guarda, e por isso, você virá morar comigo.

Você virá morar comigo.”

Você virá morar comigo.”

Você virá morar comigo.”

Essa maldita frase martelou em minha cabeça por três vezes antes que eu pudesse expressar reação. E quando eu o fiz, mirei Robert com um misto de choque e terror, apenas para ver sua expressão bem parecida com a minha. Ele também não sabia de nada até o momento.

Realmente a escolha de não comer foi sensata. Meu estômago estava revirando e querendo liberar o que não tinha. A vinda de Jordan já havia me abalado, assim como seu jeito arrogante e cínico. E agora mais estruturas estavam ruindo em mim.

– Deixa eu adivinhar... não tenho escolha. – Consegui responder depois de um tempo, percebendo minha voz estranhamente rouca.

– Não. Robert apenas tinha sua guarda por que...

– Eu já sei da história. – Cortei Jordan. – Com licença. – Levantei-me e comecei a andar em direção à saída do restaurante.

Ouvi Robert me chamar, mas não parei. Continuei andando pela calçada e logo ouvi seus passos atrás de mim.

– O que você quer? – Virei bruscamente e gritei. – Dizer que eu devo mudar de escola também? De amigos? Arrumar um garoto pra namorar? – As palavras escorregaram dos meus lábios sem que eu pudesse as conter. Eu não devia ter descontado tudo em Robert.

– Não, Victoria. Eu nunca faria isso. – Ele respondeu-me numa voz complacente que me fez ter ainda mais remorso. – E tenho certeza que Jordan também não. Ele se importa com você.

Eu ri com escárnio.

– Você tá errado, Robert. Jordan me odeia. – Respondi e ele resolveu não contrariar.

– Ok. Vem, vamos para casa. – Ele começou a me guiar.

– Não! – Parei. – Eu não posso bater em retirada para o meu quarto a cada vez que Jordan fizer algo. Temos que voltar. – Completei.

– Mas... você tem certeza, Victoria? – Robert olhou para mim.

– Absoluta. – Passei uma mão nos cabelos. – Vamos.

...

Eram quase sete horas quando eu e Robert chegamos em casa. Por quê? Jordan. Ele nos prendeu por todo esse tempo. Mas era melhor assim.

Sentei-me com Robert para assistir TV, até que quando vi, eram dez e meia. O cansaço moía meus ossos e músculos, e tudo que eu queria era dormir. Dessa forma, subi as escadas, tomei outro banho e me joguei na cama.

Agora era só dormir certo?

Certo. Ou pelo menos meu corpo dizia isso. Meu cérebro decidiu discordar e se envolveu em pensamentos nem um pouco legais.

Pensei em pegar um livro para me distrair, mas o cansaço agia como um par de correntes prendendo meus braços e pernas na cama. Forcei meu corpo a reagir para esticar o braço até o criado-mudo e alcançar um livro qualquer na gaveta.

Assim que consegui, fitei a imagem que ilustrava a capa. A parte de trás de um espartilho amarrada por uma fita cor de rosa. Eu gostava daquele livro. O modo em que a autora nos fazia achar a o fim previsível o tornava interessante.

Li duas primeiras páginas do prólogo e desisti. Virei-me na cama uma, duas três vezes. Joguei a camiseta do pijama longe. E os shorts. Me cobri com um lençol. Virei de novo. E de novo. Mirei o relógio. Me virei mais uma vez. Senti meu machucado latejar quando esbarrei-o na cama.

Eu não dormiria nunca?!

Me levantei e peguei os fones de ouvido sobre a escrivaninha, e apenas consegui adormecer depois de algum tempo, ao som de System of a Down.


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Notas finais do capítulo

Acho que nem vou falar nada pra não estragar a tensão do momento.
Quem comentou no último cap (7. Positive... or negative?!)
»Lorena Uzumaki (voltou! êêê!)
»LeLeSaSa (também tava sumida!)
»Joy (antiga Bruna Biersack né?)
»Samyni
»Yuuko (seja bem vinda! xD)
É isso. Bjoos >.