– Maddy, a gente já pode voltar? – Perguntei, fazendo a minha namorada rir.

– Relaxa, Vick. É só um baile. Não é o fim do mundo.

Sorri e revirei os olhos.

– Mas é chato.

– Vai ser divertido! – Maddy sorriu, me encorajando. – E, além do mais, a gente prometeu para a Sienna.

– Ok, Maddy, ok. – Sorri de canto, saindo do carro.

Dei a volta e me coloquei ao lado de Maddy.

– Você ficou sexy vestida assim. – Ela disse, mordendo o lábio inferior e sorrindo.

Maddy não conseguira me convencer a usar um vestido, então eu acabara vestindo jeans escuros, uma camisa branca de botões e um par de all star pretos.

– Fiquei, é? – Perguntei, abraçando a sua cintura de lado.

– Demais.

Sorri de canto.

– E você ficou incrivelmente linda com esse vestido. – Respondi, descendo a mão da sua cintura e entrelaçando os dedos nos dela.

Desde que Maddy descera as escadas do mezanino com um sorriso suave nos lábios, minutos atrás, eu não conseguira parar de me surpreender com a sua beleza. Naquele dia, os seus cachos negros caíam sobre um ombro pálido, exposto graças ao vestido sem alças. No colo, ela trazia o colar em forma de coração que eu lhe dera. O vestido era preto até a cintura, decorado por faixas transversais, e então descia em uma saia bege-clara que chegava até pouco acima dos joelhos. Nos pés, Maddy usava sapatos pretos de salto com laços delicados, que a deixavam mais alta que eu.

– Vick! – Ela exclamou, com o rosto adquirindo um tom avermelhado.

Sorri e acariciei o seu rosto, deixando um beijo demorado em sua bochecha.

– Tão linda...

Ela corou novamente e revirou os olhos, segurando a minha mão.

– Vamos logo para a festa.

Dei um sorriso de canto e me deixei ser levada pelo estacionamento até chegarmos ao grande ginásio, onde o baile acontecia.

– Olha quem chegou! – Yuri sorriu do modo radiante de sempre logo que nos aproximamos da mesa onde ele, Tom e Kori estavam.

Os três se vestiam de forma parecida. Yuri e Tom com camisas pretas de botão dobradas até os cotovelos, gravatas também pretas, jeans escuros e tênis e Kori com uma camisa branca, e o resto exatamente igual.

Eu e Maddy os cumprimentamos em meio a elogios e sorrisos.

– Onde está Sienna? – A minha namorada perguntou, olhando em volta.

– Me chamou? – No segundo seguinte, uma voz feminina surgiu atrás de nós, me trazendo um sobressalto.

– Oi, Sienna. – Maddy sorriu e a garota morena sorriu de volta enquanto abraçava Kori, que já se colocava ao seu lado.

Ela usava um vestido azul claro de alças finas, que causava um contraste bonito com a pele morena e os cabelos negros que estavam soltos e ondulados.

– Oi, Tori, Maddy... – Ela nos cumprimentou com um sorriso contagiante, até um pouco parecido com o do irmão. – Gostaram?

Sorri.

– A decoração ficou incrível, Sienna.

– Eu sei. A nossa comissão é a melhor. – Ela sorriu novamente e fez todos rirem.

Logo uma música agitada começou a tocar e Sienna arrastou Kori para a pista de dança. Yuri e Tom seguiram, de mãos dadas, para a mesa das bebidas, e assim eu e Maddy ficamos sozinhas ali.

– Vick, dança comigo? – Ela pediu, olhando para mim de esguelha.

Eu não era uma das pessoas mais adeptas a danças, mas era quase impossível negar algo para Maddy. E, assim, entrelacei os dedos nos dela e acompanhei-lhe até a pista de dança.

Quando a música finalmente terminou, Maddy sorriu e me deu um beijo demorado no rosto. Voltei a segurar a sua mão e voltamos assim, lado a lado, até a mesa onde Yuri e Tom também acabavam de chegar.

Mal tive tempo de puxar uma cadeira quando uma voz masculina nos tomou a atenção.

– Madison?

Me virei e trinquei os dentes ao ver o garoto que colocava sua mão sobre o ombro nu de Maddy.

– Sim? – Ela perguntou, afastando-se um pouco do garoto, do qual eu não lembrava o nome.

– Você está realmente bonita hoje. – Ele disse com um sorriso, olhando para ela de cima a baixo.

– Obrigada, Jake. – Ela respondeu simplesmente; uma cortesia seca.

– E... Eu estava pensando se você gostaria de dançar comigo.

Cerrei os punhos, puro ciúme. Olhos meus e dele sobre Madison, apenas aguardando a sua resposta.

– Agradeço o convite, Jake, mas eu já tenho um par. – Ela disse delicadamente, levando a mão até a minha e entrelaçando os dedos nos meus. – Mas eu tenho certeza que muitas garotas vão gostar de dançar com você.

– Ah. Tudo bem. – Ele disse simplesmente, e eu pude ver um leve tom de chateação na sua voz. Eu até ficaria com pena, se ele não estivesse chamando a minha namorada para dançar.

Maddy deu um sorriso pequeno e Jake se afastou dali rapidamente, indo até a mesa de bebidas.

– Vick... – Maddy chamou-me e eu me virei para ela.

– Sim?

Ela sorriu.

– Você estava com ciúmes, não estava? – Perguntou, me puxando pela frente da camisa e aproximando o rosto do meu.

– Claro que não, Maddy. – Menti, abraçando a sua cintura.

– Vick... Nós namoramos há quase quatro anos. A gente está num patamar de relacionamento que só de te olhar eu sei o que está na sua cabeça.

Dei uma risada baixa.

– Ok, Maddy. – Me rendi, ficando na ponta dos pés e puxando Madison para mim.

Seus lábios tocaram os meus e ela abraçou o meu pescoço, os dedos roçando levemente meu cabelo enquanto eu a abraçava e beijava sem pressa.

– Você sabe que não precisa ter ciúmes de mim. – Maddy sussurrou logo que seus lábios se separaram dos meus.

– Eu sei. Mas é irracional. – Respondi, mirando seus olhos cor de prata e tempestade e acariciando levemente seu rosto.

Ela sorriu e me deu um beijo rápido.

– Tudo bem.

O resto da noite passou sem grandes problemas. Eu e Maddy dançamos outras vezes – uma delas com uma música lenta e romântica, que terminou entre beijos.

Ela recebeu diversos elogios e convites para dançar, mas aceitou apenas um: o de Tom.

Enquanto os dois dançavam, me dirigi à mesa de bebidas, a fim de um copo de um ponche levemente batizado por algo que me lembrava vodka.

– Olá. – Uma voz feminina me chamou a atenção e eu olhei para o lado, vendo uma garota vestida de jeans, camiseta branca e camisa xadrez vermelha. Seus cabelos eram negros, curtos e bagunçados, e ela usava óculos retangulares que combinavam com o rosto arredondado.

– Oi. – Sorri, reconhecendo a garota que viera de intercâmbio para estudar no colégio há pouco tempo.

– O seu nome é Victoria, não é? – Ela perguntou-me com um delicado sotaque britânico que, por um instante, me fez sentir de volta à Liverpool.

– É. – Respondi, sorrindo. – E o seu? Desculpa, eu me esqueci.

– Tudo bem. – Ela deu uma risada. – É Jamie.

– Já que nós não fomos devidamente apresentadas, muito prazer. – Estendi a mão, que foi prontamente apertada.

– Victoria, você é do Reino Unido, não é? Provavelmente Stoke, Bradford, Sheffield, Liverpool...

Sorri.

– Acertou em cheio. Nasci em Londres, mas vivi até os dez anos em Liverpool.

Ela deu um sorriso de canto.

– Eu sabia. Esse sotaque é inconfundível.

– E você? Bristol? – Arrisquei e ela sorriu.

– Quase. Nascida e criada em Plymouth.

– Faz muito tempo que eu não volto ao Reino Unido. Preciso de um desconto. – Brinquei e Jamie riu.

– Oi, Vick. – Maddy chegou ao meu lado e me abraçou de lado, fixando um olhar bastante frio sobre Jamie. Eu não precisava olhar duas vezes para ver sua irritação. – Olá.

Jamie, que parecia alheia à tensão que emanava ali, sorriu simpaticamente.

– Oi, Madison, não é? – Ela perguntou. – Você é amiga da Victoria?

– Namorada. – Madison respondeu secamente, me fazendo morder o lábio inferior.

– Jamie, essa é a Madison, minha namorada. E Maddy, ela é a Jamie. Ela veio de Plymouth. – Dei um sorriso pequeno, que desapareceu assim que eu vi os lábios de Maddy se franzindo.

– Victoria, eu vou para a mesa. – Ela disse com um tom frio, saindo sem dizer mais nada.

Mordi o lábio e olhei para Jamie.

– Me desculpa. Acho que ela ficou com ciúmes.

Ela deu uma risada baixa.

– Tudo bem. Vai se resolver com a sua namorada, é melhor. Outra hora nós conversamos.

– Ok. Até outra hora. – Eu disse simplesmente, deixando Jamie diante da mesa de bebidas e quase correndo em direção à mesa.

. . .

– Até agora eu não acredito que você fez isso, Victoria! – Madison gritou, jogando a sua bolsa sobre o sofá da sala.

– O que exatamente eu fiz, você pode me explicar? –Perguntei calmamente, cruzando os braços.

– Pelo amor de Deus, Victoria! Não se faz de desentendida! Aquela tal de Jamie estava praticamente se jogando em cima de você, e você toda sorrisos com ela! E nem teve a decência de dizer que tinha namorada!

– Maddy, isso é ridículo. Ela não estava se jogando em cima de mim e eu não estava “toda sorrisos” com ela! Nós estávamos conversando e nada mais.

– Conversando, claro. Aí eu chego perto de você e ela pergunta se eu sou sua amiga?

– Maddy, não precisa desse ciúme todo! Você é a garota que eu amo, você e ninguém mais, entendeu? – Perguntei, me aproximando e tentando segurar seus braços.

Ela me empurrou.

– Não vem com essa, Victoria. Se eu sou a única garota que você ama, pelo menos me apresente como sua namorada, sei lá. A gente está junta há três anos, a gente mora junta aqui! – Ela indicou o local com os braços esticados.

– Maddy, por favor. Você está sendo incoerente. Não precisa desse ciúme, eu já falei. – Exclamei, dando um passo para frente e esticando os braços em sua direção novamente.

– Na verdade precisa, Victoria. Porque a gente tem ciúmes de quem ama, caso você não saiba. E é capaz de realmente não saber. As vezes parece que você só ama esse seu skate.

– É sério isso? – Perguntei, arqueando as sobrancelhas e vendo Maddy me olhar com uma expressão assustada. Sua boca estava aberta, mas não parecia que ela ia dizer alguma coisa. Era como se ela estivesse realmente chocada por ouvir o que ela mesma acabara de dizer. – Ah, eu vou tomar um banho.

Andei com passos rápidos até o banheiro e tranquei a porta, tirando a minha roupa com a mesma velocidade. Não tomei um banho rápido, mas também não foi demorado. Saí do box secando o corpo e o cabelo, e ao parar à frente da pia, percebi que não havia trazido nenhuma roupa para vestir.

– Droga! – Murmurei e soltei um suspiro, me enrolando na toalha e destrancando e abrindo a porta do banheiro.

Saí dali e olhei em volta, vendo que não havia ninguém na sala ou na cozinha. Madison só poderia estar no quarto, concluí. E com um suspiro de resignação subi as escadas.

Ao chegar ao mezanino, vi Maddy sentada na cama, com as costas contra a cabeceira da cama, abraçando as pernas e com a cabeça sobre os joelhos. Tentei ser o mais silenciosa possível atravessando o mezanino e indo até o armário a fim de pegar algo para vestir.

– Vick, me desculpa. – Ouvi seu murmúrio baixo atrás de mim. – Eu... eu não...

Vesti a blusa e os shorts que estavam mais próximos de mim e saí do mezanino antes que Maddy pudesse terminar sua frase. Desci as escadas rapidamente e andei até a varanda, me apoiando no parapeito observar a cidade.

Eu sabia que fugir de Madison era um ato imaturo da minha parte. Eu tinha completa consciência disso, tanto quanto eu tinha consciência de que ela só falara aquilo por impulso. Mas aquelas palavras haviam me machucado. Algo dentro de mim não conseguia aceitar o fato de que ela duvidara do meu amor por ela.

Soltei um bocejo e levei uma mão ao cabelo, bagunçando os fios enquanto me levantava preguiçosamente dali e ia andando em direção ao mezanino.

Ao passar pela porta do banheiro, pude ouvir o som do chuveiro do lado de dentro. Subi as escadas rapidamente e adentrei o quarto, vendo o vestido e a bolsa de Maddy sobre a cama. Seus sapatos de salto estavam jogados no chão e os brincos e o colar sobre a penteadeira. Dei um sorriso pequeno e não resisti ao impulso de arrumar tudo aquilo.

Arrumei a cama sem demora, para logo depois me deitar ali. Virei de lado e comecei a mirar a parede branca com diversas fotos, até que ouvi os passos de Madison na escada. Percebi o momento em que ela entrou no mezanino, mas não tirei os olhos da parede. Ela também não disse nada enquanto mexia em algo que eu não pude ver.

Senti o peso do seu corpo na cama minutos depois, assim como sua presença bem próxima de mim.

– Vick, me desculpa. Eu realmente não queria ter dito aquilo. – Ela começou e eu continuei na mesma posição, ouvindo. – Foi... foi sem querer, foi por impulso. Você sabe que não é verdade. E-eu não duvido do seu amor... É-é que eu te amo tanto e...

– Maddy, – Eu murmurei, virando-me e vendo Maddy sentada sobre as pernas. Sentei-me com as minhas pernas cruzadas. – está tudo bem, ok? Não precisa se preocupar, eu sei que você não disse aquilo por mal nem nada.

Ela deu um sorriso pequeno e colocou uma mão no meu rosto, aproximando-se bem lentamente de mim. Aproximei-me da mesma forma e então nossos lábios se tocaram. Senti suas mãos na minha nuca e nas minhas costas, agarrando a minha camiseta e sorri, colocando as duas mãos na sua cintura. Ela se afastou um pouco de mim e tirou a própria blusa, me fazendo correr os dedos e os olhos pela sua pele branca e macia antes de fazer o mesmo que ela.

Inclinei-me para frente e comecei a deixar beijos demorados sobre seus lábios e pela mandíbula, descendo pelo pescoço até a sua clavícula. Ali me deti para deixar uma ou duas mordidas leves, fazendo-a gemer baixo e colocar as mãos nos meus ombros, me empurrando até me fazer deitar de costas na cama.