Tricks of Fate escrita por Sali


Capítulo 2
"Era uma vida praticamente perfeita..."


Notas iniciais do capítulo

Oi! (:
Espero que gostem! ^^



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Entrei, acendendo as luzes da sala de estar. Ela estava do mesmo jeito que eu deixara.

Segui até a cozinha para lavar o copo que estava ali e passar um pano úmido na bancada.

Minha casa era bem simples, mas grande. No primeiro andar havia uma sala de estar bem ampla, que dava para a porta de entrada, uma suíte, a cozinha, um toilette e escadas para o andar de cima. Na sala, um sofá, duas poltronas e uma TV grande. No andar de cima, havia um corredor, duas suítes, um quarto e um banheiro. E um sótão, se continuássemos subindo.

Subi as escadas e fui direto para o meu quarto. Fechei a porta e já joguei o skate e os tênis no chão. De frente para o espelho grande, tirei a camisa xadrez aberta que eu usava. A camiseta azul foi logo depois, assim cimo os jeans e a roupa íntima. Olhei-me novamente no espelho.

Sem as roupas displicentes, os acessórios meio masculinos e deixando meus cabelos caírem pelas coisas, eu poderia parecer uma garota normal. E meu sonho era ser uma. Ter um pai e uma mãe, ser popular, ter muitas amigas, arrumar um namorado legal e apresentá-lo aos meus pais no dia do baile da escola. Ah... Como eu queria.

Mas não. No lugar disso, eu sou uma menina nada feminina, sem pai nem mãe, que moro com o tio e, para completar, sou homossexual. Nada melhor, não?

Bom, provavelmente você não entendeu o motivo por eu querer ter pais. Mas isso pode ser explicado com uma breve historinha.

Até os dez anos, eu vivia com a minha mãe em Liverpool, Inglaterra. Era uma vida praticamente perfeita. Eu era a melhor aluna da escola, ela tinha um super emprego em um restaurante famoso da cidade, além de ser o modelo de mãe perfeita, que xingava na hora certa, mas também me ouvia sempre, e sempre tinha tempo para mim.

Já pai eu nunca tive. Pelo que minha mãe me contara, eles se apaixonaram e mudaram-se para Londres. Minha mãe engravidou, e meu pai desapareceu, deixando-a sozinha comigo. Logo depois ela conseguiu voltar para Liverpool, comprou uma casa e vivemos lá.

Até que ela descobriu que tinha uma doença grave, e não conseguiu esconder isso de mim por muito tempo. Quando eu tinha onze anos, ela faleceu. Não tínhamos outra família, e meu pai nunca fora localizado. Então eu fui mandada para um orfanato. Lá me tornei mais independente, e aos doze anos, Robert, um tio meu, foi localizado na Flórida. Me enviaram para Fort Lauderdale e agora eu vivo aqui. Não posso dizer que é de todo ruim, já que eu tenho amigos verdadeiros, gente que se importa comigo de verdade, mesmo apesar de tudo.

E Robert é um cara legal. Ele sempre me dá tudo que eu quero, e nossa relação é boa. Mas nas raras vezes em que ele está em casa. Ele trabalha em algo que eu não sei ao certo o que é, mas que dá dinheiro o suficiente para bancar uma casa e uma adolescente de quinze anos.

Passei os dedos pelo meu cabelo e andei até o banheiro, abrindo o chuveiro. Me joguei sob a água gelada, sentindo cada pedaço da minha pele se arrepiar. Lavei meu cabelo e corpo, passei um óleo hidratante e vesti shorts, uma camiseta da banda Muse, ficando descalça.

Logo que saí do quarto, ouvi meu celular tocar.

– Alô?

Ei, meu amor. Tá a fim de sair?– Maddy.

– Muito, mas tenho prova daqui a três dias, e não sei nada da matéria. Acho que vou ficar estudando aqui mesmo... – Suspirei.

Ah... Ok, então. Vem pra cá. – Ela sugeriu.

– Hm... Pode ser. Mas eu tenho que estudar, hein?

Ouvi sua risada do outro lado da linha.

– Eu não vou te atrapalhar. É só pra você não ficar sozinha... E se quiser, eu te ajudo na matéria.

– Ok. Eu vou aceitar sua ajuda,a nerdzinha. – Brinquei e ela riu. – Até daqui a pouco.

Até, Vick.

Desliguei o celular e mordi o lábio. Uma ideia se formando na minha cabeça.

Voltei ao quarto, pegando meu fichário e a bolsa. Joguei alguns livros ali e calcei um par de tênis. Desci as escadas, saindo de casa e ganhando a rua. Enquanto caminhava, observava o sol alto no céu.

Em pouco tempo, cheguei à casa amarela e toquei a campainha. Aguardei a porta ser aberta, me deparando depois com a garota de cabelos presos de modo displicente, camiseta de alças, bermuda branca e sandálias baixas.

– Entra, Vick. – Ela sorriu, dando espaço para que eu entrasse. Assim que o fiz, suas mãos foram para minha cintura, seu corpo pressionando o meu contra a parede da sala, seus lábios buscando os meus. Antes que aquilo se aprofundasse, separei-me dela.

Mal abri a boca para perguntar se havia alguém em casa e o irmão pequeno de Madison, Will, entrou na sala com um copo de leite na mão.

– Ei, Will. – Sorri para ele.

– Oi, Victoria. – Ele falou. – Licença, vou jogar. Completou antes de entrar no corredor.

– Ele viu alguma coisa? – Perguntei.

– Espero que não. – Rimos.

– Vem, vamos pro quarto. – Ela pegou minha mão e me puxou pelo corredor. Passamos pela porta da cozinha e encontramos a sra. e o sr. Dale lá.

– Madison! – A mulher morena de meia idade e traços italianos chamou.

– Sim, mãe. – Maddy entrou na cozinha e eu a acompanhei timidamente.

– Ah, olá, Victoria! – Ela sorriu para mim e o sr. Dale levantou os olhos do jornal que lia.

– Oi, sra. Dale. – Sorri de volta e dei um leve aceno de cabeça para o homem.

– Deixa de cerimônias, menina. Me chame de Eva. – Assenti. – E Madison, não quero aquela bagunça no seu quarto, certo?

– Ok, mãe. – Ela revirou os olhos. – Vem, Vick.

Os pais de Madison sabiam que ela gostava de garotas, e muito provavelmente também sabiam de nós duas. Mas faziam vista grossa e preferiam fingir que não era verdade.

Entramos no quarto amplo da minha namorada, decorado com pôsteres de bandas nas paredes, uma cama de solteiro encostada na parede, um armário, uma cômoda e uma escrivaninha. Tirei as sapatilhas e sentei na cama de pernas cruzadas. Maddy fez o mesmo e nós tiramos os livros e cadernos da mochila, intercalando estudo e beijos inocentes. Quando eram nove e meia, Eva bateu na porta.

– Madison, Victoria. Venham tomar um lanche, Vocês estudaram muito hoje. – Ela falou em tom simpático.

Lanchamos rapidamente, para voltarmos logo depois para o quarto.

Enquanto guardávamos os livros na mochila, Maddy começou a conversar.

– Ah é, Vick! Esses dias eu ouvi uma conversa do meu irmão com os amigos. – Ela riu. – Sabia que você é a paixonite dele?!

Arregalei os olhos e ela riu mais.

– É sério isso?

– Seríssimo. Ele disse assim: – Ela imitou a voz do irmão – “a Victoria é linda demais. Eu queria namorar com ela. Mas eu sou muito azarado. Ela tá pegando a minha irmã!” – Dessa vez eu ri.

– Ouch! Quer dizer que eu to conquistando a família toda, é? – Brinquei.

– Bom, isso eu não sei. Mas a mim você já conquistou. – Ela sorriu e eu pulei sobre ela com meu jeito meio desastrado.

Acabamos caindo uma sobre a outra enquanto ríamos. Aproximei meu rosto do dela. Nossas respirações se mesclavam, quando um trovão explodiu, assustando-me.

Dei um pulo e sentei na cama, coloquei a mão sobre o peito, respirando entrecortado. Maddy olhou para mim assustada.

– O que foi isso, Vick? – Ela perguntou.

– Um susto. Você sabe, eu não gosto muito de trovões. – Dei de ombros.

– Awn, que fofa! Você tá com medo! – Ela riu, sentando-se ao meu lado e me abraçando. Encostei-me em seu corpo e ficamos assim por um tempo, enquanto ouvíamos a chuva forte começar.

Saímos do quarto e encontramos Eva e o sr. Dale na sala de estar.

– Eu acho que vou embora agora. – Avisei.

– Não, Victoria! De jeito nenhum! – Eva levantou-se do sofá que estava e se aproximou de mim, colocando um braço sobre meus ombros. – Você vai dormir aqui! - Ela exclamou.

– Que isso, sra. Eva! Não quero incomodar! – Respondi.

– Você não vai incomodar, querida! E além disso, você não pode ficar sozinha naquela casa nessa chuva! – Ela exclamou. – Madison pode te emprestar algumas roupas para dormir.

– Se insiste... – Dei de ombros, colocando as mãos nos bolsos.

– Com toda certeza! – Ela exclamou. – Bom, vou arrumar o quarto de hóspedes. - Ela seguiu até o corredor e eu troquei um olhar discreto com Maddy, sorrindo levemente.

Nossa ideia era a mesma.


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Notas finais do capítulo

O contador tá apontando 3 leitores, e só tem um comentário (que por acaso é da minha amiga, então nem vale direito)! O Nyah! tá me enganando ou são vcs que estão com vergonha de comentar?
Eu não sou expansiva daquele jeito normalmente não, tá? Não precisa ficar com medo, nem nada disso. Eu juro que te respondo com amor e simpatia! *-*
Ok, comentem. (: