Escolha-me escrita por IaraEulb


Capítulo 8
Responsável


Notas iniciais do capítulo

Melhor capítulo, na minha opinião. :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/222392/chapter/8

 Depois de terminar o jantar, Kaoru não podia conter sua felicidade. Sentia que estava progredindo bem, que seu plano estava dando certo. Até conseguiu ligar para Hikaru! Acordou muito disposto, mesmo cinco dias longe do irmão. Ele estava completando sua lista de personalidades de Haruhi, faltava mais um pouco para alcançar seu objetivo.

 O problema é...

“Eu não sei o que sinto pelo Hikaru. “

 Estava completamente perdido. Logo ele, sempre tão decidido e direto, que sempre abriu as portas para Hikaru passar, estava se sentindo para trás. Não suportava o fato de não enxergar nitidamente seus sentimentos. Por conta dessa confusão, estava com um novo pensamento em mente, não muito bom.

“Estou me sentindo tão egoísta...”

Agora está tão longe ver,
A linha do horizonte me distrai
Dos nossos planos é que tenho mais saudade
Quando olhávamos juntos na mesma direção

Aonde está você agora
Além de aqui, 

Dentro de mim?

 A alegria com que acordou logo se foi. Se sentia mal por querer o irmão de volta agora, o aperto no peito fica mais forte. Ao mesmo tempo em que gostaria de soltar a corda que o prendia ao irmão, quer dar um nó cego. Estava sufocante...

“P-Preciso de um banho. É, um banho! E depois vou fazer uma ligação para os hosts perguntando quem pode me ajudar! “

*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#

 Haruhi acordou confusa. Em um dia, Hikaru queria caminhar na praia. No outro, queria ir embora. Não o entendia, e talvez nunca vá entender. Na verdade, essa viagem concretizou muito seus confusos pensamentos.

—Hikaru, tem certeza que quer ir embora?

—Tenho, Haruhi.

 Não tinha jeito. Era sempre assim, quando ela decidia tomar atitude, o Hitachiin de cabelos negros mudava sua opinião. Ela não acompanhava a mudança repentina de Hikaru, estava tão perdida no relacionamento quanto ele. Ela pensou que a viagem poderia esclarecer sua mente a respeito do futuro dos dois, e ela enxergou o que já imaginava. Quando disse sim à proposta de Hikaru, não pensou em si. Gostaria de fazer algo pelo amigo, mas sabia que não corresponderia os seus sentimentos.

—É por conta da ligação de Kaoru?

 Dessa vez, Hikaru parou de arrumar a mala e a encarou.

—...Não. Eu realmente gostaria de voltar para casa.

 É infrutífero. Haruhi o conhece bem a ponto de notar que Kaoru tem algo a ver com a atitude de Hikaru. Eles nem dormiram na mesma cama porque Hikaru disse que “Ranka-san ficaria muito chateado com tal aproximação. “ Mas ela sabe muito bem que a ausência de Kaoru na vida de Hikaru ainda era novidade. E sentia... que não poderia continuar um namoro por pena.

 Queria deixar Hikaru feliz quando recebeu a proposta. Mas, agora que observou a situação em que está, não poderia continuar nutrindo esperanças no relacionamento. E sabia, também, que o Hitachiin não tomaria a iniciativa de uma boa conversa.

—Hikaru.

—Hm?

—Antes de irmos, gostaria de esclarecer algumas coisas com você.

#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#

—Ah, bem-vindo Kyouya-senpai!

—Bom dia Kaoru.

 Kyouya apareceu na residência dos Hitachiins antes de receber a ligação. Kaoru ficou surpreso, e não sabia o que o rei das sombras estava pensando, mas se permitiu ser ajudado pelo amigo.

—Podemos conversar no meu quarto?

—Claro. – O rei da sombra entrou e se deixou ser guiado pelo ruivo. - Pensou em algo a respeito do seu “plano”?

—Ah, sim! Eu e o Tono criamos uma lista com as qualidades da Haruhi. Fiz uma série de atividades para seguir a lista fielmente.

—Ótimo. E as suas?

—Minhas?

—Suas qualidades.

 Kaoru ficou indignado e virou o rosto. Ninguém percebia que ele estava tentando mudar? Que não gostaria de continuar com suas qualidades se elas significavam um Hikaru mais distante?

—Melhor subirmos Kouya-senpai.

—Tudo bem. – Kyouya finalizou com um suspiro.

 Chegando no quarto, Kaoru pegou a lista com as qualidades de Haruhi que fez com Tamaki.

Lista:

 

Simpática

 

Cozinheira

 

Valente

 

Responsável

 

Humilde

—Eu risquei as qualidades que considero já ter alcançado! Basta aperfeiçoá-las.

—Kaoru, serei honesto.

 Kaoru encarou Kyouya com um olhar espantado. O senpai ainda não expressou alguma emoção ou reação desde que entrou na casa dos Hitachiins, e agora aparenta estar cansado, sentado de pernas cruzadas na cadeira de estudos de Kaoru. Com a lista em mãos, Kyouya começou a falar.

—Você está se desgastando com isso. Você é persistente, e sei que não vai parar por uma opinião amiga. Mas, eu vejo suas próprias qualidades Kaoru. Porque você não consegue vê-las?

—Porque Hikaru não quer vê-las.

 Kaoru estava cansado de levar esse tipo de sermão. Sabia que estava sendo precipitado com esse plano, sabia que estava sendo imaturo com esse tipo de atitude. Mas se o plano funcionar... se funcionar, Hikaru vai...

—Se esse plano funcionar, Kaoru, Hikaru voltará para você e poderão fazer o que sempre fizeram juntos. E depois? O que você vai fazer? Vai continuar fingindo ser alguém que não é?

 Kaoru o encarou com olhos arregalados. Não pensou no depois. Não pensou que, se conseguir que Hikaru volte a passar mais tempo com ele, vai precisar continuar investindo no interesse do irmão.

 Que injustiça... e pensar que na casa de Mori-senpai Kaoru encontrou tantas outras dúvidas, mas que lhe deram coragem de ligar para o irmão e tirar um pouco da saudade. Os pensamentos da manhã voltaram à sua mente, e sentiu que iria chorar.

—Kaoru.

 Kaoru se esforça para olhar para Kyouya sem água nos olhos.

—Eu vou lhe ajudar. Mas por favor, não se machuque com essa ideia.

 Um brilho invadiu os olhos do Hitachiin. Ele só conseguia abraçar o senpai em gratidão.

—Obrigado Kyouya-senpai!

—Kaoru, não precisa interpretar o Tamaki, por favor.

 Kaoru pegou a lista novamente e pensou se Kyouya poderia ajuda-lo com “Responsabilidade. “ Ainda está chocado com as palavras do senpai, mas quer pensar nisso depois, já que está recebendo ajuda e conseguiu deixar sua confusão de lado. Precisa manter o foco.

—Eu gostaria de ser responsável como a Haruhi. O Mori-senpai me deu uma dica interessante: misturar minhas qualidades com as qualidades da Haruhi! E como sou responsável no quesito “se preocupar com o bem-estar do meu irmão”, preciso ser responsável no quesito “plebeu como a Haruhi”. Por onde começo? -Kaoru fazia algumas poses parecidas com as do Tamaki enquanto falava, ficando de um jeito engraçado.

—Bem, a Haruhi tem tarefas nas quais não precisamos realizar, como fazer compras, limpar a casa ou preparar comida. Você pode se dedicar à estudos, nesse caso.

—Certo, estudos! Mas, sem prejudica-la! Não quero que ela saia de Ouran.

 Kyouya não conseguia acreditar no que ouvia. Ao mesmo tempo que Kaoru pensava em chamar atenção de Hikaru, pensava no bem-estar de Haruhi. Como entender uma mente tão confusa? Mas Kyouya não era cego, não como certos hosts. Ele via os sentimentos de Kaoru, que transpareciam claros como a água, mesmo turvos algumas vezes. Ele adora a garota, não é capaz de magoá-la por Hikaru. Talvez não seja capaz de magoar ninguém como magoava quando mais novo, aprendeu a ter compaixão e empatia. Como ele mudou..., mas ainda não consegue admitir algumas coisas. Pensando bem, Kyouya não admitiria que ama muito – muito mesmo - um de seus irmãos, talvez porque nunca sentiu isso. Será que precisa mesmo dizer na cara do ruivo o que ele sente?

—Qual matéria começo a estudar? Como um plebeu estuda? A Haruhi nem notebook tem. Hm...

“Como é idiota... não consigo evitar, preciso perguntar a ele. ”

—Kaoru.

—Hm?

—Sabe o que sente por Hikaru?

 “Muito obrigado por me fazer lembrar que não sei o que sinto, Kyouya-senpai” Kaoru pensou com ironia enquanto encara o moreno.

—S-Sei. Gosto muito do Hikaru, e o quero feliz.

—O quer feliz ou quer fazê-lo feliz?

—Hm? -Kaoru corou um pouco ao ouvir isso.

“Acho que estou indo longe demais. Mas...”

—Sabe o que quero dizer. Você fala de Hikaru, mas também não compreende a si mesmo. Sei o que fez por ele, sei que já sacrificou muitas coisas por seu irmão. Kaoru... pode ser que você não entenda o que vá te dizer agora, mas reflita, por favor.

 Kaoru ficou apreensivo. Como Kyouya-senpai notou isso? Como consegue falar as coisas com tanta convicção? Ficou sem ar. Ansioso pelo que está por vir.

Kyouya respira fundo.

—Kaoru, você am-

BLAM

 Antes que Kyouya pudesse terminar sua fala, um loiro esvoaçante apareceu no quarto dos Hitachiins

—KAORU! COMO VOCÊ FICA SEM FALAR COMIGO ESSE TEMPO TODO?

—Tono?

—Kao-chan! Viemos te visitar!

 Tamaki, Honey e Mori entraram no quarto para se juntarem ao assunto tão polêmico: o plano de Kaoru.

—Papai ficou preocupado! Mori-senpai disse que você saiu muito pensativo da casa dele ontem.

—S-Saí?

—Sim – Mori respondeu rapidamente.

 Kaoru não sabia onde esconder o rosto avermelhado. Sabia que tinha deixado a casa dos Morinozuka com uma cara de desespero, mas não tão desesperado assim. Mas espera... por que vieram todos em um só dia?

—E então? Como está sua lista?

—Ah, Kyouya-senpai está me ajudando com o quesito “Responsabilidade”. Depois, vai faltar apenas um item!

—Que bom, Kao-chan! Sabíamos que conseguiria!

—O que todos estão fazendo aqui? Não liguei para ninguém.

—Imaginamos que precisava de nós. Somos seus amigos, Kaoru.

 Kaoru sorriu ao comentário de Tamaki, mas suavizou a expressão para falar o que estava em sua mente agora. A apreensão das palavras de Kyouya o fazendo pensar, tanto em si quanto em seus sentimentos. Está tentando encaixar cada peça, para não permitir que seu coração continue indeciso.

—Senpais... Muito obrigada pelo que estão fazendo por mim. Mesmo eu notando que vocês não são a favor, ainda me apoiam. Eu estou... muito feliz. Juro que se der certo ou errado, ainda sou muito grato a vocês.

—Kaoru...

 Todos não aguentam de fofura e acabam abraçando/afagando a cabeleira do Hitachiin mais novo. Que, claro, ficou muito vermelho.

—Aaawww!

—P-Parem! Me larguem! – Disse um Kaoru muito vermelho.

—Kao-chan! Já que está testando seu quesito “Responsabilidade”, vamos verificar se é um cozinheiro responsável! Vamos para a cozinha de novo fazer um novo Bentô!

—Sim! E você pode colocar uma roupa mais amigável, Kaoru! Algo que desperte a simpatia dentro de você! Vamos até seu armário!

—O-O QUÊ? Não, esperem, eu preciso estudar igual à Haru-

—Depois! VAMOS! – Tamaki e Honey puxaram Kaoru pela casa sem se preocupar com os xingos que saíam da boca do ruivo.

Kyouya sorriu ao ver a cena.

“Kaoru com certeza vai notar seus sentimentos logo. “

#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#

 Hikaru estava esgotado. O clima no avião nada agradável ao lado de Haruhi, com quem teve... bem, ele ainda não conseguiu entender o que aconteceu. Vamos relembrar...

Haruhi esperou Hikaru terminar de arrumar as malas para irem embora, e o convidou para ir caminhar na praia, antes do sol se pôr. Não lhe deu a mão, apenas o instruiu para segui-la. Pararam na beira do mar, olhando para o horizonte.

 

—Hikaru, imagino o que pensa com essa viagem.

 

—Como...?

 

—Sei que quis viajar para melhorar nosso relacionamento. Sei que gostaria que fossemos mais íntimos.

 

Hikaru a encara nervosamente. Era exatamente esse o intuito da viagem, e ficou feliz que Haruhi percebeu. Mas ela parece apreensiva... o que a pequena está pensando?

 

—Mas Hikaru... essa viagem nos trouxe outra resposta, e é a que você não esperava.

 

Dessa vez o Hitachiin tremeu. Ainda não captou bem o que Haruhi queria dizer, mas não sabia se era porque não queria acreditar ou porque ela queria insinuar outra coisa.

 

—Não há como sermos mais íntimos porque... não há como sermos um casal. Desculpe.

 

—Haruhi, não diga isso... – Ele pega a mão de Haruhi, esperando que ela o compreenda – Você me conhece, sabe o que sinto por você, sabe que eu-

 

—Sei Hikaru. Eu sei o que sente por mim. Sei que gosta de mim, e sei que não quer que te veja só como um amigo. Mas é isso o que somos Hikaru, amigos, e nada vai mudar isso. Não nos sintonizamos, temos planos e ideias completamente diferentes, não há como um relacionamento se concretizar.

 

—Haruhi, me deixe dizer que-

 

—Você está confuso, está forçando algo que não é pra ser. Essa viagem trouxe respostas para mim, e tenho certeza que trouxe para você, mas não quer ver. Não somos, nem nunca seremos, um casal.

 

 E então, estão no avião de volta para casa. Haruhi simplesmente terminou com ele. Estava arrasado, sentiu que fez tanto para tudo dar certo, mas ele não - como é mesmo que ela falou? - “Sintonizou” com ela. O que dizer para alguém que se sente obrigado a estar em um relacionamento?

Sabia que, depois dessa conversa, Haruhi aceitou seu pedido de namoro por pena. Sabia que, mesmo declarando seus sentimentos, o sentimento dela não seria o mesmo.

“Kaoru... o que eu faço...? “

 E deixou as lágrimas caírem, no escuro do avião, onde ninguém poderia notar.

#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*

 

—Kao-chan, fez muito bem! Viu outras dicas na revista que te emprestei?

—Vi sim, Honey-senpai! Usei ingredientes diferentes dessa vez!

—Ficou lindo Kaoru! – Disse um Tamaki completamente choroso com a beleza do bento feito com tanto cuidado.

—Na verdade... fiz pensando no Hikaru. Ele gosta tanto desses sabores mais picantes. Gostaria de preparar um desse quando ele retornar, mesmo que... ele não goste muito.

 Os hosts ficaram tocados com o jovem Hitachiin se expondo tanto. Era comum Kaoru expressar o que está pensando, mas não expressar o que está sentindo.

—Kao-chan, você é tão fofo!

 Eles atacam Kaoru novamente, o abraçado e afagando.

—Já disse para pararem com isso! Estou sendo sincero com vocês! Isso é saudade da Haruhi, é?

—Kaoru, já que Hikaru volta em dois dias, já pensou em como recebe-lo de volta em casa?

—Bem, na verdade...

 Todos olham atentamente para o Hitachiin.

—Eu pensei bem no que estou sentindo agora enquanto preparava o bento. Sabem, eu gosto muito do Hikaru... O amo muito, na verdade. Mas, eu gostaria que ele tomasse sua própria decisão. Eu vou mostrar a ele que estou aqui para sempre por ele, e que sou capaz de mudar por ele. Mas, caso escolha um caminho mais distante, e queira soltar minha mão, eu vou aceitar. Sempre irei recebe-lo de braços abertos.

 Eles olham emocionados para Kaoru. Tinha um sentimento sincero por Hikaru, um sentimento que nunca viram. Não há como achar esquisito ou um tabu um sentimento tão sincero. Eles até...

—KAORU! DÁ UM ABRAÇO NO PAPAI!

—Waaah me abraça Kao-chan! – Honey o agarra chorando.

—Muito bem, Kaoru. – Kyouya afaga a cabeça do Hitachiin.

—Sim. – Disse Mori, sorrindo e batendo nas costas de Kaoru.

—E-E-Eu já disse para pararem! Eu não sou fofo, sabiam?

 Tamaki teve uma tremenda de uma ideia (estúpida).

—Kaoru! Vamos pensar na roupa que vai vestir para quando o Hikaru voltar! Vi algumas fantasias no seu armário! Precisa vestir algo que remeta a sua simpatia!

—Verdade, Kao-chan! Você pode colocar o avental rosa de novo, e mostrar o quão cozinheiro responsável se tornou!

 

—Algo que mostre o quão valente ficou.

—Não é necessário! Hikaru não vai se importar com o que eu visto!

—Vai sim! – Disseram em uníssono, e arrastaram Kaoru para a sala.

—NÃAAAAOOOO.

#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#*#

 Deixou Haruhi na porta de casa. Não conseguia olhar para a pequena direto nos olhos, mas gostaria de dizer algo para ela. Chegou na porta, e segurou a mão dela.

—Haruhi...

 Ela vira e o encara.

—Eu... gostaria de dizer que, mesmo que você não veja um futuro para nós, eu me esforcei para criar um.

—Entendo, Hikaru. O agradeço por isso, mas só iríamos nos magoar.

—Eu...

—Hikaru. Você é um excelente amigo. Não pense que por não estarmos juntos, não somos amigos. Ainda é muito querido para mim, assim como Kaoru.

—Kaoru...?

—Sim. Você e Kaoru são queridos para mim, e todos do host club. Não quero quebrar nossos laços.

—Vai ser difícil, já que eu aind-

—Não, Hikaru. Por favor, dê seu melhor para esquecer isso. Cuide de Kaoru, que com certeza sente sua falta.

 O Hitachiin a encarou. Será que ela ouviu o que Kaoru disse? Será que percebeu que ele ligou diversas vezes para o irmão, ansioso para que nada tenha acontecido? Ficou chateado ao saber que ele estava se divertindo com os hosts, mas ficou tão cheio de amor quando o irmão admitiu saudades...

—Como sabe que ele sente minha falta?

—Porque você sentiu extremas saudades dele.

 A encarou. Era tão evidente a maneira que se sentia incompleto sem o irmão? Tentou ignorar o vazio, mas doía tanto quando tentava tampar essa solidão com qualquer outra coisa.

—Você pensava nele, sonhava com ele e falava dele. Se tem uma pessoa que você pode dizer com convicção que ama, é Kaoru. Não deixe seu irmão esperando, vá vê-lo, e matem essa saudade.

 Hikaru estava espantado com as palavras de Haruhi. Agora que ela mencionou o nome de seu irmão, sentiu uma dor no peito. Estava com tantas saudades... queria abraça-lo, e dormir junto. Como explicar isso? Não consegue entender os próprios sentimentos.

—Haruhi, estou tentando criar independência de Kaoru. Não posso nutrir essa dependência para sempre. – Disse de maneira automática. Estava muito confuso.

—Não é dependência Hikaru, é um laço. Não deixe de amá-lo por achar que é dependência. Ele é seu irmão.

 Hikaru sentiu mais uma pontada de saudade. Queria ver o irmão exatamente agora, quer abraça-lo e dizer o quanto sentiu falta da sua outra metade.

—Vai Hikaru, está esperando o quê? Vou dormir, meu pai com certeza está preocupado.

—Certo...! Boa noite, Haruhi.

—Boa noite, Hikaru. Até depois.

 Hikaru desceu as escadas correndo, pronto para entrar na limusine e chegar em casa, e ver Kaoru. Ver Kaoru. Abraçar Kaoru. Matar a saudade, dizer que sentiu a ausência do irmão na viagem inteira. Dizer que a saudade que sentiu não se compara a nada.

—Ah, Haruhi!

—Sim? – Disse a garota, pronta para fechar a porta.

—Obrigado, por me fazer acordar! E com certeza seremos amigos ainda.

 A Fujioka sorriu, feliz por ajudar Hikaru mesmo com o término do relacionamento esquisito.

—De nada!

 Com isso, Hikaru fechou a porta da limusine, pronto para partir.

 Estava ansioso para ver Kaoru. Se o que Haruhi disse é verdade, não é dependência nenhuma. Quer andar do lado do irmão, quer caminhar junto a ele no caminho da vida. Quer dizer que sentiu muitas saudades. E mesmo que o término do namoro tenha deixado seu peito apertado, começou a sorrir, pensando no irmão feliz em vê-lo.

 Viraram a esquina para a casa Hitachiin, com Hikaru segurando sua bagagem de mão, pronto para sair do carro.

—Senhor Hitachiin, chegam-

—Obrigado! Pode deixar minhas malas no salão de entrada!

 Correu para dentro de casa. Entrou com um sorriso enorme, pronto para encontrar o irmão surpreso por voltar mais cedo.

—Kao, cheguei!

 Como não ouviu a resposta do irmão, seguiu os ruídos que vinham da sala, e ao ouvir a voz de Kaoru soar um estranho “isso fica ridículo em mim, Tono! ”, entrou desesperado para abraçar o irmão.

—Kaoru, voltei mais cedo da viag-

 Paralisou na porta. Não conseguia raciocinar direito a cena.

 Um Kyouya segurando uma lista com o nome de Haruhi em letras grandes, Mori segurando uma bandeja de bentos, Honey amarrando um avental cor de rosa na cintura de Kaoru e Tamaki arrumando a barra de um vestido de empregada... que estava em Kaoru. Um Kaoru... com roupa de empregada e... um avental rosa por cima, completamente vermelho e confuso por ver o irmão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu posto o restante depois! Preciso dormir, hahaha.
Me sinto mal pelos leitores que deixei pra trás... :(



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Escolha-me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.