CAPÍTULO 55

A NOVA ERA

O tempo, esse senhor inexorável e inevitável é visto, por aqueles que não sabem aproveitar a vida, como um adversário, um inimigo. Porém, para quem está de bem com a vida, ele pode ser um aliado, aproveitado em toda a sua plenitude para finalidades construtivas.

E foi a isso que nossos amigos bruxos se dedicaram, a cada instante de suas vidas.

Algumas décadas se passaram, em uma paz quase que constante, sendo somente interrompida por alguns poucos períodos de conflito, provocados por um que outro bruxo das Trevas que se julgava com poder suficiente para se tornar um novo Grindelwald, Lord Voldemort ou “Escuridão”. Mas, como os jovens Novos Marotos haviam dito mais especificamente Tiago Sirius Weasley Potter, “grandes Bruxos das Trevas não surgem a cada fim de semana”. Então, os Aurores e outros bruxos do Departamento de Execução das Leis da Magia tratavam de colocá-los no seu devido lugar, no caso Azkaban, Fuji, Aldeia dos Caiporas, Oz, Nurmengard, Сибирское наказание (“Sibirskoye Nakazaniye”, “Castigo da Sibéria”) ou alguma outra prisão bruxa ao redor do mundo.

Em todos esses anos, os Inseparáveis e os Novos Marotos sempre procuraram colocar em prática o seu projeto, um meio de despertar os dons latentes de magia nos trouxas que tivessem interesse em desenvolvê-los, algo que começava a ficar mais frequente à medida que os trouxas iam perdendo o medo e o preconceito contra a magia e os bruxos, mesmo os de sangue puro mais radicais, passavam a reconhecer o valor dos trouxas, mesmo que com séculos de atraso em chegarem à conclusão de que se um trouxa podia manifestar os dons de magia todos poderiam, em teoria, possuir esse potencial.

Tanto foi que várias escolas de magia passaram a aceitar alunos que tiveram seus dons mágicos estimulados, tendo sido descoberto que o estímulo atingia seu auge entre os dezoito e os vinte e cinco anos, tornando-se menos eficaz depois dos quarenta. E a instituição responsável por esse feito era dirigida por Nereida McTaggert Snape Malfoy, muito apropriadamente tendo o nome de “Instituto Severo Snape para Desenvolvimento da Magia”.

Hogwarts foi a escola pioneira, depois seguida por Beauxbatons, Sepé Tiaraju, Ilvermorny, Durmstrang, Fief de Cathares, Shinobi, Mahoutokoro, Mãe Dágua, Bênção de Oxalá, Castelobruxo, Swan Lake, Desert Stone, California Dreamin’, Stella D’Oro e diversas outras pelo mundo, adotando um sistema que permitia aos trouxas acompanharem o currículo, depois de um período de adaptação. Após algum tempo, ninguém mais estranhava ver adultos, agora conhecidos como “Novos-Bruxos”, dividindo os bancos escolares com jovens a partir de onze anos e graças à introdução de novas disciplinas, tipo “Ética e Disciplina em Magia”, as gerações de Bruxos e de Novos-Bruxos iam constituindo-se em cidadãos de bem da Bruxidade. Para os Novos-Bruxos, os olhos se abriam para muitos fatos ocorridos paralelamente com importantes eventos históricos, com influência mútua entre eles.

Depois de muito tempo lecionando Defesa Contra as Artes das Trevas e depois assumindo a chefia da Seção de Aurores, Harry Potter concluiu uma honrada carreira e aposentou-se do Ministério com dignidade, transmitindo o cargo para uma sucessora também digna e capaz, Heiko Musashi Townsend, cujos estudos e carreira ele teve a grande satisfação de acompanhar.

Ronald Weasley também encerrou dignamente suas atividades na Divisão de Quadribol do Departamento de Esportes Mágicos e iniciou uma carreira na iniciativa privada, estabelecendo-se como um bem-sucedido empresário de diversos ases daquele esporte bruxo, recebendo generosas comissões nas contratações e transferências de jogadores, jamais deixando de utilizar suas habilidades Ninja e seus talentos de “Camaleão-Fantasma” para identificar e ajudar a levar à Justiça empresários desonestos, que se utilizavam de meios ilícitos para tais operações e também grupos que tentavam manipular resultados de jogos. Dessa maneira, procurava sempre proporcionar à sua família as condições de vida que achava que mereciam. Desnecessário dizer que continuava tão apaixonado por Hermione quanto nos tempos de alunos de Hogwarts.

Falando em Hermione, a talentosíssima bruxa nascida trouxa era nada menos que a atual Ministra da Magia, tendo se candidatado ao cargo após a aposentadoria de Kingsley Shacklebolt (que a indicara) e vencido a eleição por uma significativa diferença de votos, mesmo que a candidata da chapa de oposição fosse muito competente, sua amiga Susana Bones, filha da Vice-Ministra de Arthur Weasley, Amélia Bones. Jamais uma bruxa nascida trouxa havia chegado a esse cargo e ela havia se mostrado, desde o início, uma Ministra extremamente justa e que levava o Ministério pelo caminho da consolidação da harmonia entre bruxos e trouxas, o objetivo há muito tempo almejado por todos os bruxos de bem e que a Ordem das Trevas sempre havia tentado impedir.

Luna Longbottom permanecera dedicada à família, aos amigos e ao trabalho, depois da morte de Neville. Jamais se envolvera em outro relacionamento, mesmo que outros bruxos tivessem manifestado interesse pela loira, depois compreendendo seu respeito à memória do marido. Um deles era Rolf Scamander, neto e sucessor do famoso Magizoologista Newton Scamander, o autor do clássico “Animais Fantásticos e Onde Habitam” e que também fora um herói da Bruxidade, tendo ajudado a combater Grindelwald por diversas vezes. Por fim, o bruxo acabou por se tornar grande amigo dela e dos demais Inseparáveis, encontrando a felicidade nos braços de outra loira (o que logo será explicado). Quanto a Neville, mesmo que sua morte tivesse ocorrido em circunstâncias violentas não havia restado pendência alguma, já que sua assassina havia tido seu encontro com a Justiça Divina, mantendo o equilíbrio e permitindo ao jovem bruxo prosseguir.

Janine e Draco Malfoy continuavam tão apaixonados quanto no dia em que o loiro a vira naquele Shopping Center de Londres, aos dezesseis anos. A bruxa brasileira já não era mais a professora de Feitiços em Hogwarts, agora administrando as Empresas Malfoy, juntamente com Draco. Seus filhos já eram adultos e estavam casados, Adriano com Nereida e Narcisa com Tiago. Pouco depois da batalha da “Cidadela de Bóreas”, Janine descobriu estar grávida e foi com alegria que deu essa notícia a Draco e aos filhos. Mas ninguém podia prepará-los para a maior das surpresas.

A progressão da gravidez da bruxa foi algo que pareceu uma das maiores manifestações de magia da Bruxidade. Em vez das cerca de quarenta semanas de uma gestação usual, a velocidade do desenvolvimento do filho que ela esperava parecia ser mais que o dobro do normal, para espanto e admiração de todos, pois a barriguinha crescia quase que a olhos vistos, já estando bem evidente durante os eventos do julgamento dos membros do Círculo Sombrio. O fato é que, cerca de dois meses depois do final do julgamento e dos funerais de Lucius, um bruxinho loiro nascia no St. Mungus, sendo amorosamente recebido por sua família e pelos amigos, tendo o fato sido amplamente noticiado pela mídia bruxa, pois aquilo era algo inédito, mesmo sendo filho da “Trouxa-que-Virou Bruxa”.

O garoto recebeu o nome incomum (para trouxas) “Scorpius Hyperion Sandoval Malfoy” embora, pela gestação-relâmpago de sua mãe, já começara a ser chamado desde seu nascimento de... “Flash”. Ele e Alvo Potter eram grandes amigos, inclusive tendo ido juntos para Hogwarts (parece que havia uma predestinação para que a amizade Malfoy/Potter se mantivesse, ao menos por mais uma geração). Draco e Janine haviam escolhido como madrinha alguém que havia sido silenciosamente apaixonada por Draco e confidenciara isso a Janine, de quem gostava muito. Dessa forma, Astoria Greengrass estaria próxima daquela família a quem estimava, mesmo que não tivesse sido possível a ela acompanhar os anos escolares do afilhado, devido a uma maldição que se manifestava na forma de uma doença sanguínea que acometia algumas das mulheres da família Greengrass em gerações aleatórias e que acabou por vitimar Astoria, em idade relativamente jovem. Sua perda foi bastante sentida por todos.

Como Dumbledore já havia dito, décadas antes, “É a nossa finitude que nos faz valorizar cada momento e querer repartir nossas experiências, para que elas não se percam” (* Ler o Capítulo 22 de “Harry Potter e o Legado de Avalon”, intitulado “O Legado de Avalon” *). Então, nada mais lógico que muitos de nossos amigos já não estivessem mais entre nós, quer por morte natural ou em combates e que outros já estivessem bastante idosos.

Com bem mais de cem anos de idade e com suas missões plenamente cumpridas, Arthur e Molly Weasley desencarnaram placidamente durante o sono, com uma diferença de poucas semanas entre suas respectivas passagens para o Plano Espiritual, parecendo que um não queria ficar sem o outro. Embora sua ausência tivesse sido lamentada e todos sentissem sua falta, permanecia a certeza de que haviam desfrutado de vidas excelentes e plenas, com a oportunidade de terem conhecido seus netos e bisnetos.

Remus John Lupin desempenhou diversas missões sigilosas para a Corporação dos Aurores e a Ordem da Fênix, ao lado de sua querida esposa, Nymphadora Tonks Lupin, até que uma emboscada durante uma missão veio a abreviar suas vidas. No encalço de um grupo que se intitulava “uma nova geração da Ordem das Trevas”, o bruxo Lobisomem foi flechado pelas costas, perfurando um dos pulmões e indo direto ao coração. A ponteira de prata da flecha causou morte instantânea. Dora estuporou o assassino, mas se expôs a uma “Avada Kedavra” lançada por outro bruxo, que foi nocauteado em seguida por um golpe de um macaco japonês de pelo branco e cara vermelha, na verdade Derek Mason, o “Quinto Maroto”, que havia participado daquela missão, mesmo com a idade mais avançada e tendo utilizado seus pouco conhecidos dons de Animagia Os assassinos foram levados a julgamento e sentenciados à prisão perpétua em Azkaban.

Petúnia e Valter Dursley também já haviam deixado este plano, em paz com seu sobrinho e com a Bruxidade como um todo, tendo sido reconhecidos com o título de “Amigos da Magia”, graças à sua mudança de pensamento, desde os anos de intolerância até a época de aceitação e colaboração. Sua neta, Simone Brown Dursley, trabalhava com Nereida e Adriano, sempre envolvida em iniciativas pela aproximação da Bruxidade com os trouxas, sendo motivo de orgulho para seus pais, Duda e Lilá.

Todos devem lembrar-se que, logo após a Batalha de Avalon, Sibila Trelawney havia profetizado que “todas as linhagens bruxas viverão tempos de paz e união, a partir do momento no qual o sangue de Salazar Slytherin e o de Godric Gryffindor tornarem-se um só”. E aquilo estava, gradativamente, se tornando uma realidade que havia começado a se formar desde que o jovem casal formado por Lílian Janine Weasley Potter e Mariel Dort Moldov Nero havia começado a namorar quando ainda eram alunos de Hogwarts e haviam descoberto que o jovem e sua irmã gêmea eram as duas metades do “Avatar das Trevas”. Seus filhos haviam crescido a ouvir as histórias de como seus pais e seus avós maternos lutaram para deter a Ordem das Trevas e de como seus avós paternos, Voldemort e Bellatrix, haviam evoluído em espírito, finalmente resgatando suas culpas e seguindo rumo à redenção, provando que era possível aproveitar a oportunidade de uma segunda chance, ainda que rara. Aliás, o filho mais velho de Lílian e Mariel recebera o nome de “Tom Potter Nero Riddle”, resgatando o sobrenome de seu avô e sendo o primeiro a unir as linhagens de Gryffindor e Slytherin.

Isso não significava que, como já dissemos, não tivessem ocorrido tentativas de retorno e reerguimento da Ordem das Trevas, inclusive com levantes e rebeliões em diversas prisões bruxas ao redor do mundo, principalmente em Azkaban, todas elas contidas pelas forças de segurança. No caso específico do presídio de Azkaban, a liderança máxima dessas rebeliões tinha nome e sobrenome: Daphne Cornwall. A jovem bruxa responsável pelo levante frustrado em Hogwarts e que havia friamente assassinado Severo Snape (depois sendo quase moída de pancadas pela filha do importante bruxo) dera início a uma escalada de poder paralelo dentro da prisão, tornando-se a líder de uma facção que acabou por dominar todas as outras e que estava sendo responsável por tornar o local um inferno, com rebeliões e tentativas de fuga, algumas com sucesso, dando vazão a um perfil psicopata que ficara oculto durante seus anos escolares.

De nada adiantou deixarem a garota presa na solitária, ela sempre dava um jeito de manter a comunicação com seus subordinados, por várias vezes conseguindo neutralizar os colares e braceletes de segurança, graças à sua grande inteligência. Tendo ela sido considerada um caso perdido, o Ministério da Magia teve que tomar uma dificílima e radical decisão, excepcionalmente determinando que ela fosse, a pedido dos pais, submetida à alternativa bruxa para uma lobotomia, o beijo de um Dementador, depois tendo sido internada na Ala de Danos Permanentes do St. Mungus. Aquele foi o último ato oficial de Kingsley Shacklebolt como Ministro antes de anunciar sua aposentadoria de maneira irrevogável, de nada adiantando os apelos dos próprios pais de Daphne, que afirmaram publicamente ter solicitado que Shacklebolt assim o determinasse, a fim de poupar a Bruxidade e mesmo o mundo trouxa do mal que sua filha estava causando, mesmo encarcerada.

Enquanto uma saía de Azkaban e era internada no St. Mungus, outro retornava ao hospital não como paciente, mas para divertir as crianças da Ala Pediátrica. Já idoso e muito mais humilde, Gilderoy Lockhart havia recebido alta há muitos anos, pouco tempo depois de Alice e Frank Longbottom e descobrira uma coisa na qual era muito bom e que não era contar vantagem. O ainda elegante bruxo havia se tornado um grande autor de livros infantis e, periodicamente, visitava as crianças internadas conversando com elas, realizando sessões motivacionais, leituras coletivas e interpretações teatrais de suas histórias, que eram bastante numerosas e variadas graças à sua grande imaginação, sendo muito querido pelas crianças e seus pais.

Falando em Azkaban, não podemos nos esquecer de Valérie St. Clair Malfoy e Svetlana Dolohov. A primeira havia cumprido rigorosamente os requisitos para obter sua liberdade condicional, conquistando-a após ter cumprido cinco anos de sua pena, retornando para a França e administrando os vinhedos juntamente com seu pai, René Malfoy, assumindo-os por direito, após o falecimento dele. Graças aos serviços prestados à Bruxidade espionando o Círculo Sombrio por anos, com risco de sua própria vida, o que era de amplo conhecimento ao redor do mundo, a loira atualmente gozava de excelente reputação, dando continuidade à magnífica qualidade dos vinhos Malfoy. Cerca de dois anos após sua condicional, o Ministro Shacklebolt lhe concedeu um perdão total e não somente a ela, mas também a Svetlana Dolohov. Essa atitude foi aplaudida por todos, principalmente considerando que a jovem russa havia sido coautora do plano que tivera como resultado a invasão da “Cidadela de Bóreas” e a total derrota do Círculo Sombrio.

Graças aos esforços de todos eles, os dois mundos podiam desfrutar de um bem merecido período de paz embora sempre se mantivessem alerta, pois como muitas vezes já dissera o saudoso Alastor “Olho-Tonto” Moody, “Vigilância constante”. Afinal, era esse o preço da liberdade.

Naquela semana, a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts estava em festa, com mais um ano da derrota do Círculo Sombrio e unindo essa comemoração à do final de outro ano letivo sob a bem-sucedida direção de... Harry Potter. O bruxo, após a aposentadoria de Sirius, havia sido nomeado para o comando daquela prestigiada instituição de ensino não pela Ministra da Magia, mas pela Confederação Internacional e pela Suprema Corte dos Bruxos, cabendo a Hermione apenas ratificar aquela decisão. E é lá que vamos encontrá-lo, na companhia de seus filhos e netos, além de todos os amigos e suas famílias, na solenidade de encerramento daquela semana de festividades, merecidamente ocupando o assento que já pertencera a Alvo Dumbledore, Minerva McGonnagall e Sirius Black.

Sua aparência pouco havia mudado após todos aqueles anos, apenas as linhas de expressão, algumas mechas grisalhas nas têmporas e alguns fios grisalhos esparsos nos cabelos arrepiados. Bigode e barba bem aparados, além dos óculos redondos e da conhecidíssima cicatriz, completavam o conjunto. Fora aquilo, ainda era possível perceber o jovem bruxo que, juntamente com seus amigos, havia derrotado tanto Lord Voldemort quanto o Círculo Sombrio e, por que não, ainda ver o bruxinho tímido que havia ido para Hogwarts aos onze anos sem conhecer nada de magia e que, aos dezessete, infligira a Lord Voldemort sua derrota final. Então, com um Feitiço Sonorus, fez uso da palavra.

—Muito boa noite a todos. É uma satisfação e mesmo uma honra tê-los aqui, nesta data tão significativa. Já há alguns anos, fixamos a comemoração da derrota do Círculo Sombrio e o final do ano letivo na mesma data, com a finalidade de simbolizar o final de um ciclo e o início de outro. Assim, sempre nos lembraremos de cumprimentar os amigos vivos e homenagear aqueles que tombaram, dando suas vidas na luta contra o mal. Vejo aqui amigos que nos acompanham desde a Segunda Ascensão de Lord Voldemort e outros que já combatiam contra as Trevas, desde os Dias Negros. Agradecemos a presença de todos, reafirmando o nosso compromisso de que a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts sempre será uma aliada e um porto seguro para todo bruxo ou trouxa de bem que de nós vier a necessitar, pois como dizia o saudoso Prof. Dumbledore, “Hogwarts sempre auxiliará os que necessitarem e os que forem merecedores”. Ergo minha taça, conclamando todos a fazerem o mesmo, à saúde dos vivos e à memória dos que já nos deixaram. Aos membros da Ordem da Fênix, entre os quais meus pais, Lílian e Tiago Potter incluíam-se. A Alvo Dumbledore, Minerva McGonnagall, Alastor “Olho-Tonto” Moody, Nymphadora e Remus Lupin, Severo Snape, Alice e Frank Longbottom e outros mais. Homenageamos Neville Longbottom, que tombou em combate, assim como Percy Weasley, que deu sua vida para salvar Luna. Entre os vivos, Sirius Black, que esteve no mundo do Além e conseguiu retornar, Derek Mason, Heiko e Stuart Townsend, Camille e Tetsuken Musashi, Jemail, Amanda, Claudiomir, além de muitos outros, tanto trouxas quanto bruxos, que bravamente cumpriram e cumprem com sua missão. A TODOS ELES! À ORDEM DA FÊNIX! À CAUSA DA LUZ! AOS QUATRO GRANDES!— disse Harry, erguendo sua taça e formalizando o brinde.

— “A TODOS ELES! À ORDEM DA FÊNIX! À CAUSA DA LUZ! AOS QUATRO GRANDES!” _ repetiram todos os presentes, o brado do brinde ecoando no Salão Principal de Hogwarts.

Em seguida, foi servido um delicioso banquete, preparado com esmero pelos elfos domésticos que, em Hogwarts, eram livres e assalariados, caso assim o desejassem. Depois do banquete, um intervalo e o baile de encerramento do ano letivo, aberto por Harry e Gina, seguidos pelos formandos e convidados, com o melhor de diversos estilos musicais bruxos e trouxas. Depois de dançarem algumas músicas, Harry e Gina sentaram-se a uma mesa, vários amigos juntando-se a eles.

—Parabéns por mais um ano de sucesso como Diretor de Hogwarts, Harry. O padrão da escola não caiu, bem pelo contrário. _ disse Draco, sentando-se, acompanhado por Janine. O amigo não mudara muito, apenas algumas entradas nos cabelos loiros. Janine continuava linda, também pouco tendo mudado desde os tempos das aventuras do grupo. Estavam acompanhados por seus netos, que prosseguiam seus estudos em Hogwarts. Christopher era filho de Adriano e Nereida, tendo recebido o nome do bisavô dela, avô de Severo. Cabelos castanhos como os do pai e olhos azuis como os da tia de sua mãe, que herdara seu nome. Odisseus e Morgana eram filhos de Tiago e Narcisa. Alvo também estava ali, com Lara Szardos, colega de escola que se tornara sua esposa e cuja irmã, Jimaine, era casada com Scorpius.

Dali a pouco, chegaram Hermione e Rony, também tomando assento à mesa e sendo recebidos com o protocolo do cargo (os amigos não deixavam de brincar), começando por todos se levantarem.

—É uma satisfação podermos receber a esta mesa a Excelentíssima Senhora Ministra da Magia e seu esposo. _ disse Harry, fazendo uma reverência para a esposa de seu cunhado _ Queiram, por gentileza, ocupar os assentos de honra.

—A honra é toda nossa em partilhar a mesa com um dos maiores heróis da Bruxidade. _ respondeu Hermione, também fazendo uma reverência e sentando-se, acompanhada por Rony. No instante seguinte, todos explodiram em gargalhadas. Sempre faziam aquilo quando não era uma cerimônia oficial.

—A festa está linda. _ comentou Alvo _ A cada ano surge uma novidade.

—Essa galera sempre se destacou pelas surpresas e novidades, meu caro Alvo. _ disse Ayesha, que acabara de chegar com Sirius _ No nosso casamento, conseguiram reunir o Queen, com Freddie Mercury vindo do Mundo do Além para uma apresentação.

—Sem contar que Montserrat Caballé também foi convidada e cantou “How Can I Go On”, com ele. _ disse Sirius, lembrando-se do casamento _ E também o The Cure.

—Nossa, só o melhor daquele tempo. _ espantou-se Christopher.

Dali a pouco, os mais jovens foram dançar e seus pais permaneceram à mesa, trocando lembranças dos tempos de luta contra as Trevas, acrescidos de Albert e Leilane, que haviam chegado.

—É tão bom desfrutar de um período de tranquilidade. _ de mãos dadas com Leilane, Albert recordou seus tempos de aluno, sua rixa sem sentido com Tiago, que se transformou em uma grande amizade e na Batalha de Hogwarts.

—Mas isso tem um preço, mes amis. _ ouviu-se uma voz e os amigos trataram de juntar mais uma mesa, a fim de acomodar os recém-chegados.

Abraçando Draco e Janine, Valérie St. Clair Malfoy tomou assento, acompanhada de Rolf Scamander (eu disse que logo haveria uma explicação). Dali a pouco, Svetlana Dolohov juntou-se a eles. A russa havia permanecido solteira, atuando como Auror da equipe de elite dos “Camaleões-Fantasmas”, após ter passado pelo curso de formação, revendo os amigos sempre que possível.

—Tem razão, Valérie. _ disse Svetlana _ O esforço para manter a paz é constante e permanente.

—De outra forma, seria uma desonra a todos aqueles que sempre confiaram em nós. _ disse Rony _ Mas parece que foi ontem que travamos as batalhas contra o Círculo Sombrio.

—Um bom sinal é que as batalhas têm sido cada vez menos frequentes e menos intensas. _ Claudiomir e Milena chegaram e também sentaram.

—Tanto aqui, quanto no Rio. _ disse Luke, chegando em companhia de Cho. Sun-Li e Julius logo apareceram _ Creio que, em grande parte, graças ao Secretário de Segurança (Claudiomir apenas deu aquele seu sorriso sacana).

Aos poucos, os amigos iam chegando, juntando-se aos já presentes, alguns indo dançar e retornando. Blaise e Marino, Milly e Daniel, Pansy e Fabian, Mirela e Shiro, além de outros. Enquanto isso, a noite corria, animada.

Certa hora, percebendo que Harry estava muito silencioso, Gina quis saber o que passava pela mente do esposo.

— “Você está tão quieto, minha vassourinha despenteada. Está preocupado com alguma coisa?” _ o elo telepático entre os dois permanecia tão forte quanto no ano em que ele havia surgido, o mesmo da Batalha de Azkaban.

— “Nada de mais, minha pequena leoa. Apenas meio nostálgico, lembrando-me da nossa trajetória por essas décadas.” _ respondeu ele, também por telepatia. Mas os amigos conheciam aquela cara e logo se manifestaram.

—Um nuque por seus pensamentos, Harry Potter. _ disse Milly.

—Eles não valem tanto assim, Milly. _ o bruxo sorriu, tomou um gole de água, olhou para os amigos e falou _ Na verdade, eu estava perdido em reminiscências, décadas de aventuras, amizades, perigos, batalhas, tristezas e alegrias, momentos em que tudo parecia perdido, até nossa vitória final, tão nítidos como se tivessem ocorrido ontem.

—Realmente. _ disse Hermione _ Conhecemo-nos aos onze anos, no Expresso de Hogwarts e logo parecia que éramos amigos há anos.

—Com direito a muitos puxões de orelha, Mione. _ disse Rony, abraçando a esposa.

—Eu só pensava em estudos na época. Na verdade, o que me abriu os olhos foi aquele incidente com o trasgo, no banheiro feminino, quando vocês me salvaram.

—Aliás, foi graças à sua orientação que o meu “Wingardium Leviosa” saiu tão bem feito. _ comentou o ruivo.

—Ele durou o suficiente para a clava do trasgo levitar e depois cair no meio da testa dele. _ disse Harry.

—Não, Harry. _ esclareceu Rony _ Na verdade, lembrando das dicas da Mione e do Prof. Flitwick, que Deus e Merlin o tenham em bom lugar, junto com Rita, eu suspendi o feitiço. Disse o “Finite Incantatem” tão baixo que ninguém percebeu.

—Aquele lá só acordou no dia seguinte, acredito que com uma baita dor de cabeça. _ disse Hermione _ Ninguém esperava que o responsável fosse Quirrell.

—E naquele ano vocês salvaram a Pedra Filosofal, principalmente Harry que ainda enfrentou Voldemort, no corpo de Quirrell. _ disse Claudiomir, abraçado a Milena enquanto seus netos, Moira e Alexander, chegavam em companhia dos pais, Magnus e Samantha. O filho de Milena e Claudiomir era Comandante do “Pelotão Vassoura Negra”, a Subunidade Bruxa do BOPE (aliás, a associação entre as palavras “vassoura” e “BOPE” já vinha de longe).

—Muitas aventuras, muitos perigos, tristezas e, felizmente, vitórias. Já pensaram se aquela escritora, nossa amiga, continuasse a relatar as aventuras como nós as vivemos? _ comentou Sirius.

—Certamente a coleção não teria parado no volume sete. Teríamos mais livros e adaptações cinematográficas. _ disse Janine _ Aliás, os atores representaram vocês muito bem.

—São todos bastante talentosos e não ficaram estigmatizados pelos personagens. _ disse Hermione _ Aliás, se nossas aventuras depois de Teotihuacán tivessem que receber um título, qual seria?

—Você mencionou “estigmatizados”, Tia Mione. Então, levando em consideração que o plano principal de “Escuridão” incluía fazer com que Lord Voldemort retornasse, através dos seus filhos Mirela e do meu amado esposo Mariel, que formavam o “Avatar das Trevas”, como a figura agregadora que perpetuaria seu legado, seu... “estigma”, eu acredito que um título bastante apropriado seria “O ESTIGMA DA SERPENTE”. _ comentou Lílian _ O que acham?

—Sim, bastante apropriado, filha. _ disse Gina _ Será que nossa amiga ainda poderia escrevê-las?

—Bem, a idade está pegando, mas estou certo de que ela desempenharia muito bem a missão. _ respondeu Harry. _ Vale a pena mandar uma coruja para ela. Só que ela já fechou os sete volumes, então as histórias abrangendo nossas vidas depois do sexto ano teriam que ser com outros personagens ou então uma releitura ou até mesmo, quem sabe, aquelas histórias alternativas da Marvel tipo “O Que Aconteceria Se...” O que vocês acham?

—Bem, eu acho que ficaria muito bom. _ disse Sirius, depois de tomar um gole de vinho _ Inclusive mantendo o segredo sobre aqueles três Aurores de elite dos “Cameleões-Fantasmas”. “Hawkeye”, “Banshee” e “Tigershark”.

—É mesmo. _ comentou Rony _ Até hoje ninguém jamais soube quem eram eles.

—E creio que jamais saberão. _ disse Harry, enquanto os três riam por dentro. Mesmo depois de todos aqueles anos, a informação sobre suas identidades jamais havia vazado.

O baile seguiu, animado, até que Harry fez uma pequena interrupção.

—Senhoras e senhores, famílias de bruxos, Novos-Bruxos e trouxas aqui presentes, quero agradecer por sua presença aqui em Hogwarts por mais este ano, consolidando cada vez mais a harmonia entre trouxas e bruxos, a fim de construir um mundo melhor para todos. Sei que a paz é sempre relativa e que nós, quase sem exceção, tivemos perdas. Mas estamos aqui juntos e olhando para frente, caminhando na mesma direção, com o que certamente alcançaremos a materialização dos sonhos de diversas figuras do passado e do presente, principalmente nossos amados mentores, Minerva McGonnagall e Alvo Dumbledore. Acredito que, se aqui estivessem, concordariam conosco. Ainda temos muito tempo antes que este esplêndido baile termine, portanto vamos dançar e nos divertir. Que a festa continue. Obrigado.

Trovejantes aplausos seguiram-se às palavras do bruxo. A música recomeçou e os pares continuaram dançando.

Ao final da noite, o baile terminou. Aqueles que não ficariam hospedados em Hogwarts já tomavam os coches, em direção a Hogsmeade, de onde partiriam para Londres pela manhã. Outros permaneceram no castelo e depois se dirigiram aos aposentos preparados para eles.

Harry e Gina foram para seus aposentos, anexos ao Gabinete do Diretor, subindo a escada em espiral após a gárgula lhes franquear a passagem. Antes de irem dormir, permaneceram por algum tempo no terraço, sentados em uma confortável poltrona de Chintz, sob medida para que os dois coubessem.

—A festa foi linda, Harry. _ disse Gina.

—E fica melhor a cada ano, minha querida. _ disse o bruxo, abraçando a sua esposa _ Sabe, jamais me cansarei desta vista, principalmente em sua companhia.

—Hmm, galanteador, desde a adolescência. _ disse Gina, beijando-o.

—Só não me conformo de ter demorado tanto para tomar consciência do quanto te amava. Acho que eu tinha medo de que vocês considerassem um desrespeito.

—Que nada, Harry. _ disse Gina _ Acho que as coisas aconteceram como e quando deveriam acontecer. E eu sempre disse que jamais te consideraríamos desrespeitoso ou atrevido. Eu te amo, desde aquela manhã na qual você, Hermione e Rony embarcaram no Expresso de Hogwarts e sempre te amei. Você se declarou quando julgava estar preparado. Vamos entrar? Falar daqueles tempos me dá uma saudade...

Saíram do terraço e entraram, fechando a porta. Dali a pouco, estavam se amando como se o tempo jamais tivesse passado, com a mesma paixão da adolescência.

—Oh, Harry, sempre é bom. Mas hoje estava especial, eu me senti de volta aos tempos do nosso noivado, quando compartilhamos nossas virgindades naquela piscina termal do meu Jardim Secreto, lembra?

—Não haveria como esquecer, provocamos uma chuva de estrelas e, desde então, te amo mais e mais. _ disse Harry, beijando-a e logo o casal dando início a mais um round daquela batalha onde ambos eram vencedores.

Algum tempo depois, quando Gina já estava adormecida, Harry levantou-se e, de forma silenciosa, saiu do quarto.

No escritório, abriu uma gaveta secreta e de lá tirou uma caixa lacrada, na qual estava preso um bilhete que dizia:

“_Não consigo pensar em ninguém além de você para ter o conteúdo desta caixa sob sua custódia. Tenho a certeza de que fará o melhor uso dele.

Henry Armitage”

Aquela caixa havia chegado de Arkham, Massachusetts, no dia anterior, da parte do Diretor da Biblioteca Orne, cujo subterrâneo abrigava a Biblioteca Secreta da Miskatonic University, além de um museu com um acervo de segredos dos quais a Humanidade ainda não podia conhecer e outros dos quais jamais deveria saber. Harry Potter abriu a caixa e olhou para seu conteúdo, o brilho iluminando seu rosto. Era exatamente aquilo que ele imaginava, desde que Rony dissera ter percebido uma energia especial vinda dela, que fizera o Ki do ruivo vibrar.

Satisfeito, fechou a caixa. Então sentou-se na confortável cadeira em frente à escrivaninha, pegou uma pena e um pergaminho. Molhou a ponta da pena no tinteiro e começou a escrever uma carta para Gina.