Harry Potter e o Estigma da Serpente escrita por JMFlamel


Capítulo 55
Zan-Ma-Ken-Ni-No-Tachi


Notas iniciais do capítulo

Descoberto o modo de liberar os espíritos aprisionados, era chegado o momento de Harry se preparar para colocá-lo em prática. Todos agora mereciam desfrutar de um bom período de paz e tranquilidade.



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CAPÍTULO 54

 

ZAN-MA-KEN-NI-NO-TACHI

OBS: Os amigos de Harry que viajaram de Hinata para Hogwarts (Urashima Keitarô, Urashima Naru, Seta Noriyasu, Seta Haruka, Sarah Mc Dougal, Kaolla Su, Konno Mitsune, Maehara Shinobu, Aoyama Motoko, Otohime Mutsumi, Urashima Kanako, Sakurazaki Setsuna e Tama-chan) e Maeda Ema, que não pôde ir, pertencem ao grande Mangaká Akamatsu Ken-san e seus direitos de publicação à Editora Kodansha, do Japão.

—Utilizar o “Zan-Ma-Ken-Ni-No-Tachi”? _ Harry olhou para os amigos à sua volta _ Tem certeza, Motoko-san? Você me treinou nessa técnica e eu já cheguei a utilizá-la, com sucesso, algumas vezes. Mas a situação aqui é mais complicada.

—Creio que não, Harry-san. _ disse Setsuna _ Basicamente, é a finalidade da técnica. O que você lembra a respeito dela, de quando treinava conosco no Shinmeiryuu?

—Bem, acho que lembro tudo, Sakurazaki-san. A começar pela tradução do nome. _ disse Harry _ “Zan-Ma-Ken-Ni-No-Tachi” significa “Espada Cortadora do Mal, Segunda Talhadura”. A técnica foi criada pelos patriarcas que fundaram o Shinmeiryuu, a Escola da Lâmina do Som Divino. Os Fundadores pertenciam aos clãs Konoe e Aoyama. Na geração atual, os detentores oficialmente conhecidos dessa técnica são três. Aoyama Eishun-san, Aoyama Tsuruko-san e Aoyama Motoko-san. Eishun-san casou-se com a filha de Konoe Konoemon-san, adotou seu sobrenome e tiveram uma filha, mas ela não seguiu o caminho da espada. Preferiu ser uma Maga de Cura, uma Medi-Bruxa. Aliás, como está ela, Sakurazaki-san?

—Muito bem, Harry-san. _ respondeu Setsuna _ Sempre apoiando nosso amigo.

—Certo. A finalidade da técnica é cortar o mal, o perigo ou a ameaça, sem ferir a pessoa por eles afetada. _ continuou Harry _ Normalmente, pode ser realizado com uma espada sem poderes especiais. Mas se houver uma lâmina poderosa, esse poder irá se somar ao do espadachim. É como no seu caso, Sakurazaki-san. Embora não pertença ao clã Aoyama ou ao Konoe, possui poder suficiente para tal, ainda mais se utilizar a Hina.

—Como sabe? _ espantou-se Setsuna.

—Quando fui aluno do Shinmeiryuu, senti o seu poder e eu soube que você a recuperou, tempos depois, após um duro combate contra Tsukuyomi-san. E quando tivemos aquela batalha para salvar Iwamura Shingen-sama, Motoko-san a estava utilizando. É difícil alguém não notar aquela lâmina negra. Aliás, vocês duas estão de parabéns, por conseguirem utilizar aquela espada sem que ela as possuísse. Nem mesmo sua irmã, Tsuruko-san, conseguiu resistir, Motoko-san.

—E você pode conseguir isso, Harry-san, ainda mais se utilizar a “Espírito do Artífice”. _ disse Seta, distraidamente tentando tirar, mais uma vez, um cigarro do bolso da jaqueta e tomando mais um sonoro tapa na mão, desta vez dado por sua filha, Sarah McDougal _ Veja bem, ela é uma lâmina Masamune, forjada em parceria com os duendes. Isso significa que ela é imune à corrosão e não pode ser destruída, pelo contrário, ela assimila as propriedades daquilo com que ela tem contato.

—Exato. No segundo ano, eu a utilizei para matar o basilisco de Salazar Slytherin. Ela absorveu o sangue, sem ficar com uma marca sequer. No sexto ano, eu duelei com Voldemort, durante a batalha de Azkaban e venci. No sétimo ano, destruí uma Horcrux com ela e ainda quebrei a espada de Voldemort, uma lâmina Muramasa, que foi recuperada e reforjada por “Escuridão”, para ser novamente despedaçada durante a batalha da “Cidadela de Bóreas”. Ou seja, seu poder intrínseco já era grande e foi aumentando, a cada batalha vencida. Talvez ela possua até mesmo Mirtheil na sua liga, quem sabe?

—É bem possível. _ disse Hermione _ Se ela foi forjada por duendes, pertencia a Godric Gryffindor e, após sua morte, aos seus descendentes até chegar a você, é bastante provável que o Mirtheil faça parte da liga, pois os duendes utilizavam o Mirtheil extraído dos poços de Drachenslafcht em seus trabalhos.

—Creio não haver melhor combinação do que essa. Uma espada que aprende e evolui a cada batalha da qual participa, associada a um bruxo bastante poderoso e do bem. _ disse Keitarô _ Seria muito importante tentar.

Todos os outros concordaram.

—Então você deve se preparar para executar essa tarefa como se deve. Não é algo que se faça às pressas. _ disse Sirius _ Vamos dar uma volta, para que vocês conheçam Hogwarts e combinarmos uma ida a Hogsmeade, depois que terminarmos. Nesse meio tempo, os elfos irão preparar acomodações para todos.

Nos dias que se seguiram, Harry começou a se preparar para aquela importantíssima missão. Treinamento de manejo da espada, técnicas de concentração de força, Katas, relaxamento e, principalmente, muita meditação para afastar quaisquer dúvidas ou incertezas de sua mente. Ao final de cada sessão seu corpo levitava e brilhava, em posição de lótus. Os amigos de Hinata conheceram Hogwarts e Hogsmeade, ficando encantados com o lugar. Kaolla Su rapidamente se deu bem com Fred e Jorge, que haviam ido para Hogwarts a fim de ajudarem naquilo que pudessem. Sendo especialistas em Tecnomagia, era natural que surgisse uma afinidade entre eles e a princesa de Moru-Moru, um verdadeiro gênio em tecnologia.

Começava a surgir aí um novo estágio na recuperação da harmonia entre bruxos e trouxas, graças aos avanços na fusão entre tecnologia e magia.

—Harry está levando bastante a sério a preparação para utilizar a técnica e separar os espíritos. _ comentou Naru.

—É preciso, Naru-san. _ disse Gina _ O menor erro e poderemos perder os gêmeos.

—Harry não vai falhar, Naru-san. _ disse Draco, que havia ido de Londres para Hogwarts, especialmente para apoiar os amigos e estava com eles no Três Vassouras, abraçado a Janine.

Embora a morte de Lucius fosse um fato relativamente recente o loiro estava tranquilo pois sabia que seu pai, de alguma forma, havia iniciado uma jornada em busca da paz que não tivera em vida. Aquilo fazia com que ele, cada vez mais, tivesse certeza de que o sorriso no rosto de Lucius Malfoy era apenas um sorriso e não uma contração pelo infarto, ao contrário do que o médico dissera.

—Também estou certa de que Harry terá sucesso. _ disse Mutsumi, tomando um gole de uísque de fogo (“Essa garota deve ter um fígado de Adamantium para tomar essa bebida sem ao menos fazer careta, tendo essa aparência delicada”, pensaram os bruxos, que não conheciam a resistência de Otohime Mutsumi a tragos até mais fortes) _ Eu me lembro de quando ele enfrentou o Círculo em Hinata, para salvar a vida de Iwamura Shingen-sama.

—E eu realmente pensei que ele fosse um primo distante do nii-chan, que havia ido visitá-lo. _ disse Kanako _ Vocês dois planejaram tudo direitinho. Eu soube que até Iwamura Shingen-sama acreditou.

—Eu já conhecia Harry há algum tempo, desde que participamos de uma exploração na África e descobri que Seta e Haruka eram agentes da InterSec. Foi quando enfrentamos aqueles ladrões de artefatos, que pertenciam ao Círculo... BRRLBMOGWOHL!!!— Keitarô quicou no teto e retornou ao seu lugar, depois de um soco de Naru, diante do olhar surpreso de Madame Rosmerta _ Ai, Naru! Você já me bateu antes por causa disso e a lei impede que a gente seja condenado duas vezes pelo mesmo crime! Como eu dizia, Harry entrou em contato comigo e bolamos aquele plano.

—Hã? Ah, desculpe, Keitarô. Foi um reflexo. _ disse Naru, de um jeito que não convencia ninguém.

—Ainda bem que Keitarô é relativamente imortal. _ disse Seta, sorrindo, mas com o sorriso morrendo nos seus lábios ao ver que Haruka tinha um dos punhos cerrado. Todos podiam jurar que o punho da esposa de Seta Noriyasu brilhava.

—Mas ninguém pôde reclamar da festa da vitória que fizemos depois daquela batalha. _ disse Kaolla _ Shinobu caprichou no cardápio.

—Vocês mereciam. _ disse Shinobu _ Eu e Maeda Ema-kun procuramos fazer o nosso melhor. Pena que ela não pôde vir.

Mew!— concordou Tama-chan.

Em um dos períodos de meditação, especialmente profundo e intenso Harry se viu novamente no Limbo, mas de uma forma semelhante à que experimentara aos dezesseis anos, quando as divindades do Panteão Hindu o haviam orientado sobre como invocar o “Olho de Shiva”, o feitiço perdido que o salvara de uma “Avada Kedavra”, durante a Batalha de Azkaban.

Um som de cítaras e címbalos se fez ouvir e, de repente, Harry viu à sua frente a figura de Shiva, o Dançarino Cósmico e protetor dos Inseparáveis cuja figura, executando a Dança Nataraja, estava tatuada em todos eles e em seus filhos.

Interrompendo sua dança, Shiva sorriu e cumprimentou o bruxo.

—Harry Potter, nós não conversamos desde os seus dezesseis anos, embora eu jamais o tenha perdido de vista. _ disse Shiva enquanto, com um gesto, conjurava confortáveis almofadas e convidava Harry a sentar.

—Shiva, que bom revê-lo. _ disse Harry _ Eu queria agradecê-lo por sua inestimável ajuda. Graças ao feitiço do seu Olho, sobrevivemos à Batalha de Azkaban e a várias outras.

—Sim, vocês sobreviveram e se tornaram grandes heróis, tanto no mundo bruxo quanto no não-bruxo. E isso é muito importante, pois agora você tem a missão de ajudar a manter o equilíbrio do Universo, corrigindo o mal que Lucius Malfoy fez ao celebrar o contrato com nossos “primos” do Egito.

—Ainda que Voldemort tenha sido o que foi em vida, ele estava em evolução e teve esse processo interrompido, causando o desequilíbrio. Eu devo isso a ele, também pelo fato de tê-lo ajudado a partir do Plano Material de forma honrada.

—E sua preparação para essa tarefa está prosseguindo da melhor maneira que se possa imaginar. _ ouviu-se uma voz feminina e Harry viu quem era a bela mulher que se sentou ao lado dos dois.

—Parvati, agradeço a confiança que depositam em mim e espero estar à altura da missão que me aguarda.

—Modesto. _ ouviu-se outra voz.

—Mas ainda lhe resta alguma dúvida. _ ouviu-se uma terceira.

—Calma, para gerar a vida, o ovo deve quebrar de dentro para fora. E ele está a ponto de quebrar. _ uma quarta voz se ouviu e agora eram quatro mulheres fazendo companhia a Shiva e Harry.

—Kali, Durga e Gauri. _ disse Harry _ Então devo justificar a confiança de vocês.

Então, um casal também tomou assento nas macias almofadas.

—Eu jamais tive dúvidas, Harry. Conheço você desde que era um bebê e nunca me decepcionei.

—Você e os Inseparáveis nos deixaram com os cabelos ainda mais brancos, mas sempre tiveram sucesso, graças à coragem, inteligência, bondade e muitas outras qualidades de todos.

—Prof. Dumbledore! Profª McGonnagall! _ exclamou Harry _ Estavam nos observando, por todo esse tempo?

—Sim, Harry. _ disse Dumbledore _ E posso garantir que você é plenamente capaz.

—Concordo com Alvo. _ disse Minerva _ Desde o início, você sempre demonstrou as habilidades e virtudes necessárias para vencer os perigos.

—Sinto saudades de vocês, dos seus conselhos e de sua companhia, embora perceba sua presença espiritual. _ disse Harry _ Têm certeza de que posso levar a cabo essa missão?

—Sim. _ responderam os sete.

—Então eu peço que confiem em mim e me mandem suas energias mais positivas. _ disse Harry, enquanto a aura dourada que envolvia seu corpo brilhava com uma intensidade ainda maior _ É hora de retornar. Um dia nos encontraremos, quando chegar o momento de todos sermos um só.

Harry retornou para seu corpo, na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas, que levitava em posição de lótus e brilhava. Naquele momento, Gina entrou silenciosamente na sala e ficou admirada com o que viu. A aura dourada do esposo não se limitava apenas a brilhar ao redor do seu corpo, mas iluminava toda a sala. Então Harry retornou ao chão, sobre o tapete que estivera usando e desfez a posição de lótus, abrindo seus olhos e vendo Gina ali, à sua frente. Levantou-se e beijou a bela ruiva, o brilho da aura envolvendo agora não somente o seu, mas os dois corpos que partilhavam os acontecimentos do Limbo, através do elo mental que os unia.

—Harry, você está diferente. Sua aura está bem mais intensa.

—Sim, minha querida. _ disse ele _ Todas as dúvidas e incertezas foram totalmente varridas da minha mente e do meu espírito e agora eu sinto que estou plenamente apto para desempenhar esta missão que me aguarda. Como pode ver, fui bem orientado e eles confiam em mim. Não irei decepcionar ninguém.

O ovo finalmente se quebrara. E de dentro para fora, como Gauri havia dito antes, no Limbo.

O momento havia chegado. Todos estavam reunidos no grande pátio que ficava logo depois dos portões, ao final da ponte. Todos mesmo, pois alguns haviam vindo de Londres, dos EUA, do Japão, Hong Kong, Austrália, Roanapur, enfim, de praticamente todos os lugares onde havia alguém que tivesse participado de alguma aventura com os Inseparáveis, quer fosse bruxo ou trouxa.

Então, a grande porta do Átrio se abriu e por ela passaram Gina e Harry, ela carregando a “Espírito do Artífice”, a espada de Godric Gryffindor, em sua forma verdadeira de Masamune Dai-Katana. Harry trajava um quimono formal completo, em preto, cinza e branco, usando um chapéu cônico que mantinha seu rosto meio oculto pela sombra. Todos os presentes sentiam a enorme força que irradiava do bruxo, ainda que sua expressão fosse a mais serena que pudessem imaginar.

Naquele momento, Harry Potter tirou o chapéu e Gina entregou a ele a espada. O “Avatar das Trevas” deu um passo à frente e olhou Harry nos olhos, um elo de confiança unindo os dois bruxos. Ambos se postaram em frente aos amigos, um pouco afastados para que Harry pudesse realizar os movimentos da dificílima e arriscada técnica.

—Prontos? _ perguntou Mason. O experiente Auror sabia dos riscos envolvidos, mas bastou uma rápida olhada no rosto de Harry para que ele tivesse a certeza de que o seu aluno seria capaz.

—Sim. _ responderam juntos Harry e o “Avatar das Trevas”.

Os presentes puderam sentir a energia, capaz de eriçar os cabelos e arrepiar a pele de todos. E também viram algo que só havia ocorrido por duas vezes.

Um brilho intenso começou a envolver o corpo de Harry, seus cabelos mudaram de cor, ficando castanho-avermelhados e o tom de verde dos seus olhos passou do esmeralda, herdado de sua mãe, para uma tonalidade mais acastanhada, semelhante aos de seu pai, como se seu corpo tivesse sido possuído pelo seu ancestral, Godric Gryffindor. Empunhando com firmeza e segurança a espada de seu ancestral, o bruxo começou a executar os movimentos da técnica e, quando bradou o nome dela, era a voz trovejante que ele havia usado na ilha sagrada de Avalon, quando Voldemort atingira Gina com um “Magnum Impacto” e tempos depois, quando “Escuridão” havia feito com que ela perdesse a criança que esperava.

— “ザンマケンニノタチ (“ZAN-MA-KEN-NI-NO-TACHI”, “Espada Cortadora do Mal, Segunda Talhadura”)!!!” _ bradou Harry Potter, com a voz trovejante que havia usado em Avalon e descrevendo um arco perfeito com a espada, o qual terminou no alto da cabeça do “Avatar das Trevas”, culminando com um estrondo e um brilho ofuscante que envolveu os dois, impedindo os outros conseguissem vê-los.

Quando os últimos ecos do estrondo se perderam nas montanhas da Escócia e todos os que assistiram a execução da técnica tiveram sua visão normalizada, recuperando-se do intenso brilho, a cena que viram à sua frente era espantosa.

Harry Potter estava em pé, empunhando a “Espírito do Artífice”, seus cabelos e olhos retornando à cor normal.

Os gêmeos Mirela e Mariel Dort Moldov Nero ajoelhados à sua frente, um pouco tontos, mas completamente ilesos, provando que a técnica havia sido executada com perfeição, mas o mais espantoso ainda não era isso.

Uma quarta figura estava em pé, junto aos três. Alto, magro, calvo, pele branca, dedos longos e finos, face viperina e todo vestido de preto, ali estava Lord Voldemort, com a mesma aparência de que todos se lembravam, mas com algumas diferenças: Seu corpo estava com aspecto translúcido, diáfano e com um detalhe marcante.

O outrora Lorde das Trevas sorria, mas não com seu antigo sorriso maligno. Era a expressão calma de alguém que, finalmente, estava em paz. E então ele falou, com sua voz sibilante, mas tranquila.

—Obrigado por, novamente, me permitir uma partida honrosa, Harry Potter. E o melhor de tudo é poder prosseguir tendo a oportunidade de ver meus filhos ainda uma última vez. _ disse Voldemort, se desvanecendo _ Vou feliz e em paz por duas razões. Por saber que, por pior que eu tenha sido em vida, algo de bom restou, Mirela e Mariel. E a outra razão é que Bella está à minha espera, para prosseguirmos juntos.

—Era o meu dever, Voldemort. Eu não podia deixar de tentar reparar o mal que “Escuridão” fez. Tenha uma boa evolução.

—Assim espero, Harry Potter. Você foi o mais honrado inimigo que eu poderia ter. Adeus, meus filhos, Mirela e Mariel. Adeus a todos vocês que, pelo menos uma vez, cruzaram o meu caminho, quer como inimigos, como neutros ou por quaisquer outros motivos. Vivam bem e com honra. Saraba, Harry Potter-san. _ disse Voldemort, fazendo uma reverência e terminando de desaparecer.

Saraba, Voldemort-san. _ despediu-se Harry, em resposta, também com uma reverência.

—Adeus, papai. _ disseram Mirela e Mariel _ Evolua em paz, com mamãe.

KEIREI!!!— de forma espontânea, todos se perfilaram e bradaram, despedindo-se de um poderoso outrora inimigo que, finalmente, parecia ter encontrado a paz.

Assim que tudo terminou e Voldemort retornou para o Plano Espiritual para se encontrar com Bellatrix, os amigos abraçaram os gêmeos Nero e Lílian abraçou Mariel, beijando-o.

—Lílian, eu acho melhor a gente não se empolgar demais, afinal estamos na frente de todos, principalmente de seus pais. _ disse Mariel, enquanto Harry e Gina olhavam para o casal, entre surpresos, divertidos e meio que se fingindo de bravos.

Então a jovem Lílian Janine Weasley Potter se deu por conta de onde e na frente de quem eles estavam, ficando os dois vermelhos como pimentões, sob os olhares de seus pais e seus amigos. Se houvesse um apagão em Hogwarts, as caras dos dois poderiam iluminar até mesmo além de Hogsmeade. Logicamente, o mesmo acontecia com Mirela e Shiro. O olhar de Camille era divertido e amoroso, a bruxa belga, esposa do bruxo japonês Tetsuken Musashi não havia perdido o filho, mas sim ganhara uma filha.

Alguns dias depois, o pessoal do Japão retornou para Hinata. Haruka, Seta, Naru, Keitarô, Mutsumi, Kaolla, Kitsune, Motoko, Shinobu, Kanako, Sarah, Setsuna e Tama-chan deixaram e levaram muitas saudades. Inclusive, Shinobu acrescentou diversas receitas ao seu repertório. E a vida continuava, afinal as aulas em Hogwarts tinham que prosseguir.

Uma bem-vinda novidade foi a posse do novo Ministro da Magia, Kingsley Shacklebolt, sucedendo a Arthur Weasley. A solenidade foi no Grande Anfiteatro do Ministério, o mesmo lugar onde os Inseparáveis haviam impedido Venom (Valérie St. Clair Malfoy) de envenenar Arthur e Amélia Bones. Graças a Deus e a Merlin que não tiveram nenhum sobressalto e o brinde foi realizado com um espumante Rosé da vinícola de René Malfoy, que fugia um pouco do lugar-comum de Chardonnay e Pinot Noir, as castas mais frequentes. Aquele era fruto de uma parceria com uma vinícola brasileira, uma Assemblage de Alicante Bouschet e Riesling, resultando em um sabor um pouco diferente, mas delicioso.

Mais um ano letivo se aproximava do seu final e todos estavam bem contentes, pois haviam sido aprovados com excelentes notas. Os Novos Marotos e todos os novos amigos do grupo estavam fazendo um piquenique à beira do Lago Negro, recordando-se dos acontecimentos daqueles anos iniciais em Hogwarts e que culminaram no fim da maligna organização do Círculo Sombrio.

—Gente, parece que tudo aconteceu há muito tempo, mas foram só alguns meses. _ comentou Albert, de mãos dadas com Leilane.

—Pois é. E isso vai ficar para a posteridade. _ disse Tiago _ Parece que já estão escrevendo um capítulo sobre os fatos, para o próximo volume de “Hogwarts, uma História”.

—Eu também soube disso. E vão citar nominalmente todos os que participaram, inclusive... _ Nereida não conseguiu continuar, pois a garganta apertou e uma lágrima desceu pelo seu rosto, que Adriano prontamente secou.

—... Seu pai, eu sei. _ disse o namorado, abraçando-a e confortando-a, durante aquela lembrança _ Seria impossível não destacar a participação de Severo Snape, um bruxo poderoso, corajoso e também um excelente marido e pai, que correu enormes riscos durante grande parte da sua vida, infiltrado na Ordem das Trevas.

—Ele deve, com toda certeza que de um bom lugar, estar aprovando tudo isso, Nereida. _ disse Larissa Bulstrode.

—A trajetória dele se confunde com os fatos mais relevantes das últimas décadas de Hogwarts. _ comentou Simone _ Os Dias Negros, a Segunda Ascensão de Voldemort, as lutas contra o Círculo Sombrio...

—Além da participação de nossos pais. _ disse Whitney, com uma cara meio triste, ao lado do irmão _ Mesmo que o papel do meu pai não tenha sido dos mais louváveis.

—Tio Percy era humano, como todos nós, prima. _ disse Mafalda, abraçando a garota _ Falível e sujeito às tentações. Ninguém está livre de sucumbir a elas. Mas ele nos deixou de forma honrada, salvando a vida da Tia Luna.

—É verdade, gente. Ela me contou tudo, depois. _ disse Julius.

—Será que passaremos algum tempo em paz? _ perguntou Sun-Li, abraçada a ele.

—Espero que sim. _ disse Tiago, abrindo o cesto e usando a varinha para armar uma mesa, com a ajuda de Vicenzo _ Bem, pelo que sabemos, parece que grandes bruxos das Trevas não surgem assim, a cada fim de semana.

—Realmente. _ comentou Adriano, armando outra mesa, enquanto Nereida e Narcisa distribuíam cadeiras à volta delas _ Sibelius, o Ardiloso, durante a Idade Média...

—... O próprio Salazar Slytherin... _ continuou Randolph.

—... Ramaib Al-Khalassi, nos Séculos XVI e XVII... _ Lílian lembrou do perverso bruxo árabe que só não prejudicou mais o comércio entre a Europa e o Japão porque um grupo de valorosos bruxos japoneses passou décadas a combatê-lo e a seus seguidores.

—... No início do Século XIX tivemos Estebán de Maldonado, conhecido como “Flagelo da Península Ibérica”... _ continuou Clifford _ Parece que até mesmo Napoleão o temia.

—... Depois veio Grindelwald, que semeou o terror durante a I Guerra e que, na ascenção do Partido Nazista e na II Guerra, sempre esteve ao lado de Hitler, como seu conselheiro... _ disse Soraya.

—... E depois veio papai, que começou a consolidar seu poder depois de 1943 e iniciou o período dos Dias Negros, que se estendeu por décadas, até sua derrota ao tentar matar o Prof. Potter... _ disse Mirela.

—... E sua Segunda Ascensão, durante o Torneio Tribruxo, no quarto ano dos Inseparáveis. _ concluiu Mariel _ Eles não surgem com tanta frequência mas, quando aparecem, é um estrago.

—Sem contar o Círculo Sombrio, com vovô Lucius no comando, sob o nome de “Escuridão”. _ disse Narcisa _ Mas todos derrotados pela Ordem da Fênix. Será que nunca vão aprender?

—O poder pode corromper e o poder absoluto pode corromper totalmente, Ciça. _ disse Tiago, abraçado a ela _ Por isso eu sempre gosto de me lembrar de uma prece que meu pai sempre repetia: “Senhor, permita que, por mais poderes que eu adquira, jamais me deixe corromper, mantendo puros meu coração e meus objetivos. Que assim seja.

—Um exemplo a ser seguido. _ disse Yuki _ Mas uma coisa é certa, o nome de Harry Potter já está escrito na História. Cabe a nós, agora, deixar a nossa marca, da melhor maneira possível.

—Embora jovens, creio que todos nós já temos nossos planos e metas para o futuro. _ disse Sabrina.

—Sim temos. _ disse Albert _ E posso afirmar que todos visam restabelecer a antiga harmonia entre bruxos e trouxas.

—Com certeza. _ disse Clifford _ Isso é importantíssimo e era um dos sonhos do vovô Arthur.

—Sonho esse que a nossa geração tem a missão de tornar realidade. E uma das melhores maneiras é ir, aos poucos, fazendo com que os trouxas deixem de lado o medo e o preconceito em relação aos bruxos. _ disse Mafalda.

—Eles acabarão por reconhecer que não há tanta diferença entre nós e eles, que todo ser humano possui potencial para ela. _ disse Tiago _ E também que a magia não é boa nem má. Bom ou mau é o uso que se faz dela.

—Você está certo. _ disse Leilane _ Devem existir diversas maneiras de se chegar a esse resultado. Só precisamos descobrir quais.

—Eu estive pensando em algo que mamãe me contou, no ano em que veio para Hogwarts. _ disse Narcisa _ O Prof. Dumbledore expôs uma teoria de que todas as pessoas têm potencial para a magia, sendo que em alguns ela permanece latente por toda a vida. Mas há exceções, a começar por ela mesma, que manifestou magia aos dezesseis anos, bem depois da idade que é considerada como limite para a primeira manifestação, por volta dos dez anos.

—Outra exceção foi nos Anos 20, Credence Barebone. Ele reprimiu sua magia ao ponto de se tornar hospedeiro de um Obscurus, enquanto todos pensavam que ele fosse um “Aborto”, inclusive Grindelwald _ disse Soraya _ E depois descobriram que ele era um Dumbledore.

—Como é? _ perguntaram Mirela e Mariel, que não sabiam da história.

—O verdadeiro nome de Credence era “Aurelius Dumbledore”, filho de Aberforth. Foi aliado de Grindelwald por um tempo mas, no final, acabou ajudando a quebrar o feitiço do Pacto de Não-Agressão que ele e Dumbledore haviam feito quando jovens, ainda alunos de Hogwarts. _ explicou a filha de Sirius _ Graças a isso, Dumbledore conseguiu duelar com ele e vencê-lo, em 1945, quando Grindelwald se matou com a própria varinha, para não ser feito prisioneiro pelos Aliados.

—Seria muito interessante pesquisar meios de despertar os dons de magia latentes nos trouxas. _ disse Simone _ Embora haja a possibilidade de despertar os de gente não muito boa.

—É um risco que teremos que correr, se quisermos provar a teoria do Prof. Dumbledore, gente. _ disse Tiago _ Embora sempre haja meios de detê-los, primeiramente sendo preciso estar alerta.

— “Vigilância constante”, citando o grande “Olho-Tonto” Moody. Que Deus e Merlin o tenham em bom lugar. _ comentou Fernanda.

Serviram-se dos quitutes preparados pelos elfos domésticos, com grande satisfação. Dali a pouco Harry, Gina, Hermione, Janine, Sirius e Ayesha chegaram e foram convidados a fazer parte daquela animada confraternização. Então, Tiago expôs suas ideias.

—Mesmo existindo o risco, é uma ideia interessante e ainda serviria para homenagear o Prof. Dumbledore. _ disse Hermione.

—Acredito que poderão ter sucesso. _ disse Ayesha _ Algo me diz que há uma grande chance disso acontecer.

—As palavras de uma Vidente sempre devem ser levadas a sério, minha gente. _ disse Sirius, abraçando a esposa.

—Pode levar tempo, talvez alguns de nós não mais estejam aqui para ver isso acontecer. _ disse Gina.

—Mas alguém precisa dar o pontapé inicial. _ disse Janine, servindo-se de um copo de suco _ E não posso pensar em ninguém melhor que essa nova geração de bruxos para dar início a essa tarefa.

—E também deverá ser dada uma grande ênfase ao correto uso de tais poderes por parte dos que os despertarem. _ disse Harry _ Quando esse objetivo for atingido, haverá uma matéria que terá grande importância e certamente deverá ser incluída na grade curricular de Hogwarts.

—Qual seria? _ perguntaram os outros.

—Orientações sobre os poderes, seu correto uso e as consequências que poderão recair sobre aqueles que se voltarem para o mal. Creio que poderia ter o nome de “Ética e Disciplina em Magia”. _ respondeu Harry.

—Seria muito importante que já se pensasse em uma formação nessa área, para graduar os bruxos que iriam ministrá-la no futuro. _ disse Albert e todos concordaram.

Aquele piquenique seguiu animado, até que as sombras começaram a se alongar, indicando que logo iria anoitecer. Os bruxos desmontaram as mesas e cadeiras, utilizaram Feitiços “Evanesco” no lixo produzido e subiram de volta para o castelo. Aproximava-se o dia de retornarem para casa, depois de mais um ano bastante movimentado e perigoso, com diversas perdas importantes.

Mas, mesmo com tudo o que ocorrera, a Bruxidade e o mundo trouxa poderiam respirar aliviados por um bom tempo. Uma das maiores ameaças, o Círculo Sombrio, havia sido não somente derrotado, mas desmantelado, assim deixando de constituir um perigo para todos.

Afinal de contas, como já havia sido dito pelo jovem Tiago Sirius Weasley Potter, “grandes bruxos das Trevas não surgem a cada fim de semana”.

Chegara, enfim, a hora de um merecido descanso e de desfrutarem daquela paz, tão duramente conquistada.

E era exatamente isso que eles precisavam, mereciam, pretendiam e procurariam fazer.


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