Pov's Houston

“Parte de trás do colégio, no intervalo, te espero lá... por favor”

O bilhete chegou as minhas mãos sem remetente, mas com um destinatário: eu. Não precisava de uma “assinatura”, eu sabia de quem era, reconheceria a letra, o cheiro, reconheceria Justin de longe, a quilômetros de distância.

 Dobrei o pequeno pedaço de papel amassado, e fiquei olhando para cara do professor fingindo prestar atenção, quando na verdade tentava tomar uma decisão: ir ou não.

- Lua? – Murmurei um “hum?”. – Você está bem? – Depende do que você considera bem. – Está tão pensativa.

- Não, to bem sim.

 Tay voltou a encarar a frente e a realmente prestar atenção, ele precisa de se manter com nota boa na escola – media “B-“ – por causa do time de natação, se os atletas tiverem um baixo rendimento eles não competem.

 Ele sabia o que acontecia comigo, bom, tentava saber, mas tinha uma boa noção. Ele deveria saber que, não importa o que fosse, teria que “suportar” se quiser ficar comigo, afinal – como a boa parte da escola –, sabia como Justin era – ou é, não sei, to confusa – importante para mim e pelo que sei do Tay, ele não é de desistir, provavelmente vai estar ao meu lado em tudo o que eu precisar, ele é um fofo, definitivamente um bom partido, é do tipo de garoto, que toda garota baba, lindo – muito gostoso, tenho que admitir – e simpático, todas as garotas queriam ter o coração dele assim como eu tenho. Todas as garotas queriam ter os dois corações que eu tenho, e eu não queria ter os dois, sou uma só, tenho que escolher o verdadeiro dono do meu coração e sinceramente agora eu não sei mais, talvez eu deva dar uma chance para o Tay, mas e o Jus?

 Tenho que ir a esse “encontro”, essa é a minha conclusão.

 O Sinal tocou e Justin foi o primeiro a sair da sala, dei um tempo e saí atrás com Tay, fui caminhando e conversando coisas completamente sem noção com ele até o refeitório, chegando lá, me chamou para sentar com ele, mas resolvi ir falar com os meus amigos. Justin não estaria lá.

- Achei que ficaria com Taylor, que nem na hora da entrada – Karol fez um bico enorme.

- Ah Karol! Para de show ta? Você sabe muito bem porque não falei com você, se não sabe ao menos imagina.

- Imagino – ela diminuiu o bico.

- Sei que não é a melhor pergunta no momento para você, mas, cadê o Justin? – Hayley perguntou.

- Eu... eu...

- Vai atrás dele Lua – Luka se pronunciou.

- Mas...

- Não tem mais nem menos, ele precisa que você vá – assenti, era engraçado ver Luka falando isso, ver ele tão sério, mas não era momento para ri.

 Fui chegando perto da saída de incêndio, que foi por onde ele me arrastou no dia anterior. Minhas pernas bambearam, minha respiração ficou falha, não consegui estender a mão para empurrar a porta, sem contar que todos do refeitório veriam, sendo que metade já estava olhando para mim, parada que nem idiota na frente da porta. Dei meia volta e apressei o passo, quando passei pela a mesa da Karol, sorri e todos os três devolveram o sorriso. Andei pelos corredores vazios do colégio, na verdade praticamente corri, empurrei a porta com uma das mãos e fui direto para a parte de trás da escola, corri um pedaço do caminho e cheguei lá sorrindo, talvez por, provavelmente, resolver as coisas com o Justin, talvez.   

 Cabelos dourados, bem lisos e com uma mecha rosa pink recém feita, impossível de confundir, principalmente com aquela saia curta e blusa mais do que colada, e prensado contra a parede estava ele. Foi para isso que Justin me pediu para vir? Para ver ele é Louise se agarrando? Era o que faltava para eu o odiar. Ele pede para eu vir, gasto o meu tempo, fico feliz por, por, arght! Idiota! Parabéns Justin, você acaba de terminar com tudo, o que foi passado não existe mais, nós dois juntos agora é em branco e é melhor não pedir uma segunda chance porque... porque... droga!

 Pernas tremulas, respiração falha e um enorme nó na garganta, mas dessa vez lágrimas não saiam descontroladamente de mim, eu estava com raiva, com muita raiva, o tanto para esconder todo sentimento. Obrigada Justin, obrigada mesmo, é melhor não se surpreender com o que eu me tornar, lembre-se sempre, que foi por sua culpa.     

 Voltei para o refeitório pelo mesmo caminho que saí, passei pela mesa dos meus amigos e nem disse nada, foi injusto e errado mentir dizendo que Justin precisava que eu fosse atrás dele e o pior foi eu, que fui que nem idiota! Arght! Fui, então, até o Taylor, Megan e “derivados”.

- Você sumiu, o que houve? – Tay me pegou pela cintura e me deu um beijo na bochecha e enquanto eu pensava no que responder, toda aquela enorme mesa me encarava.

- Nada não, não se preocupa.

- Taylor não se preocupar? Missão impossível Lua! Não sabe?

- Ah é Megan! Tinha me esquecido disso! – Rimos.

- Para! Nem sou tão “preocupado” assim.

- Nem um pouco Tay! Nadinha! – Rimos.

- E ai Lua? Ta fim de entrar nas Cheerleaders?

- Eu? Uma líder de torcida? Faz me ri Lindy! – Lindsay era uma das mais antigas cheerleaders, ela á a “beta” do grupo, o braço direito das lideres, ela só não é líder porque não era muito boa com isso de criar coreografias.  

- É sério Lua! Mesmo com essa roupa dá para perceber que você tem um corpo bonito – ela continuou.

- E eu sei que você dança bem.

- Ah valeu por ajudar Tay! – Ironizei.

- De nada – ele riu.

- É sério Lua! Topa? – Agora foi a vez da Megan.

- Não gente, isso não é para mim.

- De qualquer maneira, o convite fica em aberto, promete que pensa?

- Ta Megan! Ta bom, vou pensar – fui vencida pelo cansaço.

 O sinal bateu, e o refeitório demorou mais para esvaziar do que demorou para encher, todos querem se livrar das aulas, mas ninguém quer voltar para elas. Taylor voltou comigo, sempre do meu lado, interesseiro não? Esperto! 

- Lua, er...

- Desenrola Taylor.

- Eu to com medo de você em matar.

- Eu te matar? Por quê? Sou uma garota tão calma!

- Uhum! Sei, calminha – ri.

- Sério, fala, não vou te matar.

- Promete? – Assenti. – Quer sair comigo hoje?

- Sabe, vou reconsiderar de te matar – cerrei os olhos.

- Viu! Eu disse! Me mata não por favor! Meus pais me amam e a minha família sentiria falta de mim, imagina a Makena? Tadinha! – Ele disse num to brincalhão, ri né!?

- To zoando. Não te matarei – ele solto um “ufa” – e sim, eu aceito – dei ênfase no “aceito”, afinal, não era uma coisa que eu realmente queria – sair com você!

 - Sério? – Assenti, ele ficou todo feliz.

Todos entraram na sala e eu era a última, bom, eu pensava que era a última.

- Lua! – Ele pegou no meu braço me forçando a voltar. – Por que você não foi?

- Eu fui – falava séria.

- Ah, você viu né?

- Vi, feliz agora?

- Não Lua! Foi ela que... Não, olha me deixa explicar tudo.

- Não Justin! Eu já te dei uma segunda chance e você a desperdiçou.

- Não Lua, por favor, deixa eu explicar.

- Não Justin! Não!

- Por favor, Lua! Não faz isso comigo.

- Mas e o que você fez comigo Justin?

- Não! Foi a...

- Ah! Quer saber? Não me importa!

- Por favor, Lua! Lembra de tudo, do que passamos juntos! Por favor, me deixa explicar.

- Lembra Justin? O passado agora não interessa mais – tentei entrar na sala, mas ele me impediu.

- Lua! Deixa explicar! E me desculpa.

- É tarde de mais para desculpas – me virei e entrei na sala, fui direto para o meu lugar, Justin chegou logo em seguida, o encarei e depois voltei atenção para os livros que estavam em cima da mesa.

- Tudo bem?

- Sim – menti. Taylor sabia que não estava nada bem, mas ele estava disposto a me ajudar e a ficar ao meu lado, talvez era isso que eu precisava agora, talvez.