Horas, horas e mais horas se passaram e eu dormi, dormi e dormi mais! Acordei eram sete da noite e ainda estava com sono, prometi aos meninos que iria sair, então tive que acordar, ou melhor, fui acordada, tenho que lembrar de desligar o celular, para evitar interrupções de Christian Beadles durante o sono.

“My one love, My one heart, My one life for sure”

- Alô?

- Está dormindo ainda?

- O que você acha?

- Que fantasminha mais ignorante essa.

- Obrigada.

- Mas por que ainda está dormindo?

- Qual a parte do “Virei à noite” você não entendeu?

- Credo!

- Eu te avisei – ouvi a voz do Justin no fundo e ouvi também a gargalhada inconfundível dele.

- Mas alguém tinha que fazer isso – Chris respondeu.

- Eu estou aqui ainda, não esqueçam de mim agora que já me acordaram.

- Ah! Desculpa, aqui, a saída de hoje ainda está de pé?

- Claro, você já me acordou e eu prometi – ele começou a gritar feliz.

- Que horas? Daqui à uma hora para você está bom?

- Chris, você não me conhece mesmo! Daqui a uns 30, 40 minutos apareço aí.

- Duvido! Não acredito que você se arrume em 30 minutos.

- Vou ganhar o que com isso?

- Chantagista.

- Obrigada de novo.

- Pago tudo o que você quiser!

- Cuidado Chris! Assim você vai à falência – Justin ria atrás dele.

- Apostado então – levantei e peguei a roupa, joguei na cama e peguei a toalha –, mas se eu perder?

- Aí você que paga as minhas coisas.

- Tudo bem então. Vou desligar, até a daqui 30min.

- Ou não! – ele riu.

 Coitado do Chris, não sabia com quem, ou, no que ele estava se metendo.

 Entrei no banheiro e tomei um banho rápido, fiz uma maquiagem leve, mas perfeita para noite, deixei o cabelo normal e me vesti, coloquei o tênis, peguei o celular, dinheiro e desci correndo.

- Aonde você vai?

- Desculpa mãe, to sem tempo, depois de te ligo.

- E se não ligar?

- Me põe de castigo!

- Tem certeza?

- Absoluta, fui! – eu ligaria, ela sabia disso, não falaria algo assim se não tivesse certeza. Eles já estavam na porta me esperando.

- Droga! Perdi! – Ouvi Chris dizer. – Como você se arruma tão rápido?

- Não perco tempo com coisas idiotas, simples, escolho logo a roupa e o resto é rápido, só não enrolar – sorri. – Aonde vamos? – Perguntei ao Justin.

- Clube Rush.

- Já ouvi falar, alguém de sobrenome James vai lá sempre!

- Garota? É bonita?

- Se você chegar perto dela eu te mato Christian!

- Por quê?

- Longa historia, depois te conto!

- Agora você me deixou curioso.

- Depois, depois, vamos logo!

 Fomos em direção ao Club Rush, era um lugar que eu nunca fui, a “elite teen” da cidade costumava ir, e pessoa como eu – pelo menos como eu era – não vão ao mesmo lugar da “elite”. Lá tinha festa quase toda a noite, e quase toda a noite a Louise ia e a última coisa que eu queria no momento era enfrentar a Louise, já não basta a Caitlin. Uma insuportável de cada vez. Durante esse recesso: Caitlin Beadles, durante as ultimas semanas de aula: Louise James.

 No ônibus, Chris sentou sozinho, se pudesse ele pularia no meio de nós dois como quase fez, mas ficou no banco da frente nos encarando. Ele era um idiota! Mas o meu idiota! Sinceramente? É difícil acreditar que a Caitlin era irmã dele, afinal ele era super animado, vivia falando e brincando, fazendo caras e bocas me fazendo ri, durante todo percurso ele ficou falando de como era a vida dele lá onde mora, da Blair, da May e da próxima da fila – sim, ela já terminou com as duas. Ficou dizendo de várias pessoas, dizia nomes como se eu soubesse quem eram, contavas piadas sem graça e coisas do tipo, devo confessar que o caminho foi divertido. Descemos do ônibus e quase que eu fico de castigo.

- Vamos entrar! Anda! Anda!

- Calma Chris, preciso ligar para a minha mãe.

- Ué? A filhinha da mamãe tem que ligar para dizer que ta bem? Own.

- Não seu idiota, saí de casa sem avisar aonde iria, e se eu não avisar vou ficar sem te ver.

- Então liga! Anda! O que você está esperando? – Ri.

Disquei o número.

- Mãe?

- Achei que na iria ligar.

- Nunca que eu ficaria de castigo! É que antes não deu. Liguei para visar que estou no centro, no Club Rush.

- No Club Rush? Mas minha filha…

- Mãe, já estou aqui, e não volto.

- Como era de se imaginar – provavelmente ela revirou os olhos – só posso dizer, se cuide.

- É, obrigado, beijos.

- Volta às onze.

- Sem chance – desliguei.

- Agora podemos ir?

- Sim Chris, podemos – Justin e eu rimos.

 Ele entrou todo animado, Justin e eu entramos de mãos dadas. Chris já deu uma analisada em todas as garotas dali enquanto Justin e eu procurávamos uma mesa para nos sentar. O lugar era lindo, apesar de que a primeira visão que tive não foi tão boa assim, Louise e seu grupinho, tudo o que eu precisava, em uma noite Caitlin e na outra Louise, perfeito! Mas quer saber? Não vou estragar a minha noite por ela, me livrei da Caitlin e não é com a Louise que eu vou me preocupar, dela cuido depois.

 A mesa não foi de grande utilidade, tomamos algumas coisas, mas em pouco tempo estávamos na pista de dança. Chris havia sumido há muito tempo, não dava para ver nenhum pedaço da blusa de frio preta dele em canto algum, às vezes ele ia à mesa, mas logo saia, ele era um vulto preto e verde – um verde água, mais ou menos – no escuro, só isso. As horas passaram voando, quando me dei conta já era bem tarde da madrugada. Voltei para a mesa, estava exausta de tanto dançar.

- Sinceramente? Cansei!

- Eu também – Justin respondeu, depois meio que riu, provavelmente da minha cara. – Vem cá – ele abriu os braços e eu me deitei nele, não era hora, nem lugar, mas era o que eu precisava.

- Isso não é lugar para isso – Chris pulou no banco.

- Não é nada demais Chris, mas e aí? Pegou quantas já?

- Quatro – ele disse firme. – Cinco – já disse incerto. – É, eu acho – Ri.

- Chris, aqui fica aberto até às três, então aproveita, já são mais de uma hora.

- Já? Só três? Me desculpa então, sei que sentirão a minha falta, mas tenho que ir – ri depois ele saiu correndo.

- Nem é convencido esse seu amigo em – me levantei e fiquei de frente para o Justin.

- Agora seu também.

- É, tinha me esquecido disso! – Ri e ele me acompanhou.

- E aí? Gostou do lugar?

- Sim, é bem legal.

- Achei que você ia se incomodar com a Louise.

- No começo até que me incomodei, mais deixei para lá, já tenho que suportar a Caitlin, deixa a Louise para depois.

- Essa é a minha garota.

- Deixa de ser possessivo, o Chris também quer um pouco de mim.

- Não do mesmo jeito que eu quero.

 Ele selou seus lábios nos meus, não era hora nem lugar para um beijo daquele, romântico, lento. A cada beijo uma sensação, sempre uma melhor que a outra, meu corpo estremecia, era como correntes elétricas me percorressem sempre que nos beijávamos, perfeito, mágico, sempre. Segurei na gola da blusa de frio dele enquanto ele segurava a minha nuca, no momento esqueci de tudo o que estava a minha volta, todos os sons, todas as pessoas, era como se estivessem só nós dois.

- Isso não é hora, nem lugar, mas não tem hora nem lugar certo para dizer: Eu te amo.

- Eu também te amo, mas do que tudo no mundo, mais do que até eu mesma. Sou capaz de te fazer sofrer, mas sou incapaz de te ver sofrer.

- Somos dois – ele sorriu e eu devolvi o sorriso, estava um pouco escuro, mas eu podia ver perfeitamente seu sorriso e seus olhos castanhos fitando os meus – amor, já é tarde, melhor irmos.

- Já que você diz, vamos... falta achar o Chris – voltei meus olhos para o salão o procurando, até que o Justin apontou para um garoto baixinho “conversando” com uma menina. Fui até lá.

- Desculpa estragar sua festa Chris, mas temos que ir – peguei ele pelo capuz da blusa e saí o puxando pelo salão. Justin me esperava na porta.  

- Mas já? Não quero! Só mais um pouco.

- Vamos agora Chris! – Continuei o puxando e ele lutava contra mim, o que era pior.

- Já vai? – Eu estava quase na porta, era questão de poucos passos, mas, ela não podia perder a oportunidade de me incomodar.

 A última que me perguntou isso, a conversa não foi muito agradável.

- Não que lhe interesse Louise, mas sim, já vou – me virei e a encarei.

- E quem é esse gatinho? – Ela apontou para o Chris que logo foi se interessando.

- Este é Christian Beadles, amigo do Justin.

- Prazer em conhecer – dei um beliscão no braço dele antes que pudesse terminar de falar. – Ai.

- E por que já vão? Ou melhor, vai e deixa ele aqui.

- Isso...

- Christian, dá para você calar a boca? – Olhei brava para ele e deu resultado, ele ficou com “o rabinho entre as pernas” como dizem. – Ele vai embora amanhã, no caso hoje à tarde, precisamos ir para casa.

- O deixe aqui, garanto levá-lo em segurança – ela deu um sorriso um tanto quanto malicioso, mais, “safado”.

- Não. Precisamos mesmo ir.

- Mas por quê?

- Louise, desde quando te devo satisfações? O Amigo é meu e eu estou dizendo que temos que ir e pronto, não te interessa mais nada além.

- Ué? Lua Houston retornou a fugir das brigas?

- Não, só não estou mais perdendo tempo com pessoas inúteis.

 Me virei e continuei puxando Chris porta a fora, o empurrei em direção ao Justin, estava brava, fato, queria ir embora o mais rápido possível.

- Que foi Lua? Eu em! – Chris reclamava, primeira vez que o vi bravo. – Por que você me puxou assim? E o que tem aquela garota? – Não dei confiança, continuei andando, ele ficou parado atrás de mim e o Justin no meio de nós sem entender nada.

- Que garota? – Justin perguntou.

- Louise James – respondi.

- Ih! Cara, se eu fosse você, não perguntava, pelo menos por agora não.

- Mas por quê? Alguém poderia me explicar? O que tem essa garota? Parece que você a odeia mais do que a minha irmã!

- É Chris! Realmente a odeio mais do que a Caitlin – me virei para ele e gritei.

- Mas por quê? Me explica!

- A Caitlin é agora, o meu problema com ela é o Justin, agora a Louise vai além! – Eu ia andando na direção dele, mais marchando na verdade, eu colocava toda a minha raiva em cada passo. – Louise acabou com a minha vida! Apesar de ser uma coisa, vamos dizer, boba, olhando por hoje, na época foi realmente traumatizante, éramos crianças o que tornavam as coisas piores e pelo contrario da sua irmãzinha querida, Justin é a minha solução. Agora as coisas por aqui são: Ou está comigo, ou com ela. Ou tem o meu ódio ou o meu carinho. Christian Beadles, eu gosto muito de você, mesmo nesse pouco tempo, te considero um mega amigo já, não posso te obrigar a vir comigo agora, mas, se você voltar para lá – apontei para a porta, agora eu estava cara a cara com ele – é melhor não dirigir a palavra mais a minha pessoa. Nunca mais – me virei e retornei a andar. Ouvi passos, pelo perfume, era o Justin, reconheceria sempre, não importa onde fosse.

- Fica calma – ele sussurrou no meu ouvido, fechei os olhos e deixei aquele perfume entrar pelas minhas vias respiratórios fazendo elas arderem, não só pelo cheiro dele, mas sim por tudo que tinha em volta, aquilo me relaxava, por mais que tudo envolta fosse mais “influente” eu consegui senti-lo ali, sentir seu cheiro, sua presença, e isso me acalmava.

- Estou tentando. Eu juro que estou. – Respirei fundo.

- Lua, espera – ouvi passos, agora mais rápidos, alguém correndo para ser mais exata e pela voz deveria ser o Chris. – Desculpa – ele parou na minha frente e tentou dizer, estava ofegante então seu “desculpa” saiu com certa dificuldade.

 - Ta, tudo bem Chris, você não tem total culpa, não sabia de nada, fiz a mesma coisa com o Justin – ri.

- Sério? E foi tão ruim assim como foi para mim? – Chris riu.

- Vocês são amigos, imagina para mim? O que não foi confuso – ele também riu, ficamos os três com sorriso no rosto.

- Só uma pergunta: como vamos embora? São mais de três da manhã – a pergunta era para os dois, mas Chris e eu olhamos para o Justin.

- Droga! – Bateu a palma na mão na testa, o que me fez acreditar que...

- Você esqueceu de como iríamos voltar para casa? Valeu! – Revirei os olhos.

- Você não queria que eu pensasse em tudo né?

- Queria sim, aonde ir, como ir e de preferência como voltar! Idiota!

- Também te amo Lua.

- Eu sei! – Respondi.

- Ta, agora temos que voltar para casa a...

- Sim Chris, a pé, bom você tem a carona da Louise né!? – Ri

- Isso é um teste né? Se isso for um teste pode desistir, vou a pé com vocês – saímos andando deixando Justin para trás.

- Ah! Qual é! Foi mal! Me perdoem! – olhei para o Chris e sorri, ele devolveu o sorriso.

- Anda logo se não te deixamos para trás! – gritei. Justin correu até nós.