O Irmão Gêmeo escrita por VeronicaFerCard


Capítulo 6
Capítulo 6




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Mais tarde Arthur chamaria de “sensor de aranha” e Morgana teria tirado sarro dele daqui até a eternidade se ela soubesse. De qualquer forma, se não fosse por seus reflexos rápidos Merlin, que claramente era um total atrapalhado (ou estava realmente em choque), teria caído com metade de seu corpo no elevador, bem na hora em que as portas estavam fechando.

“Whoa! Cuidado!” Ele disse enquanto puxava Merlin em pé.

“Merlin. Oh meu Deus!” Nimueh, que estava tão quieta que Arthur havia esquecido completamente dela, se materializou do lado esquerdo de Merlin colocando a mão em seu braço. “Você está bem?”

“Ca-Cathal!” Ele gaguejou, piscando várias vezes.

Nimueh lançou um olhar assassino para Arthur.

“Ok, você precisa ir agora.”

Naquele momento Merlin saiu de seu estupor e agarrou o braço de Arthur.

“Se isso é uma piada. Não tem graça.” Então ele começou a rir e balançar a cabeça em negação. Ele soltou o braço de Arthur. “Claro que é uma piada. Isso é tão Cathal. Deixe me adivinhar o que vem agora. Eu recebo uma ligação dizendo ‘esta vendo, eu posso morrer a qualquer hora, então, que tal me emprestar uma grana?’” Ele continuou rindo. Arthur estava começando a achar que ele era louco.

“Eu não estou brincando. Por que eu brincaria com a morte de alguém?”

Sua expressão deve ter dito que ele estava falando a verdade porque quando Merlin olhou para Arthur ele parou de rir e sua expressão se tornou obscura.

“Quando?”

“Eu vou buscar um copo d’ água para você.” Nimueh desapareceu por uma porta atrás de sua mesa.

Merlin ainda estava encarando Arthur.

“Você não sabia?” Ele não conseguia acreditar. Como ele poderia não saber?

“Quando?” Merlin repetiu. Não havia emoção em sua voz. E agora Arthur estava pensando que ele também deveria ser bipolar, porque ninguém poderia mudar de humor daquele jeito.

“Uma semana.” Ele respondeu em voz baixa.

Eles ficaram se encarando pelo que pareceu uma eternidade até que Nimueh voltou com algo que parecia um cálice em suas mãos.

“Aqui Merlin.”

Arthur observou enquanto Merlin pegava o cálice das mãos dela e tomava a água. Ele estava tremendo.

“Obrigado.” Ele terminou a bebida e devolveu o cálice a Nimueh. Ela saiu novamente.

“Sinto muito por sua perda.” Arthur disse. Porque agora que ele havia conhecido Merlin e visto que ele não era um idiota desalmado como Balinor aquilo parecia a coisa certa a se dizer.

Ele se virou para ir embora, mas Merlin o impediu.

“Por favor. Diga-me o que aconteceu.” Arthur olhou-o nos olhos. Eles eram tão inocentes e puros, como se pertencessem a uma criança que nunca havia visto os males do mundo. Mesmo que Arthur quisesse, ele nunca seria capaz de negar algo pedido com aqueles olhos.

Ele fez que sim com a cabeça e Merlin chamou o elevador.


oOo


“Eu... Não fui para casa desde que minha mãe morreu. Meu pai e eu, nós somos muito diferentes um do outro. Ele é... Tradicional.” Ele sorriu tristemente.

Eles estavam no pequeno apartamento de Merlin. Havia livros em todo o lugar. Merlin teve que mover vários deles para que eles pudessem sentar no sofá. Ele ofereceu café a Arthur, que recusou educadamente. Ele contou a Merlin como havia conhecido Cathal. Merlin nem sabia que seu irmão estava morando na rua.

“Tradicional?”

“Sim! Ele queria que Cathal e eu fossemos dragonloards.”

“O que?” Arthur não pode evitar o riso. Merlin riu também.

“Eu inventei o nome quando era pequeno. Meu pai tem uma escola de pilotagem, se chama The Great Dragon. Ele sempre disse que queria que nós tomássemos conta do negócio, então eu costumava fingir que os aviões eram dragões e que eu os comandava. Eu tinha uma língua especial e tudo.” Ele sorriu para si mesmo, olhando para mesa de centro como se estivesse revivendo aquelas memórias. Arthur tinha certeza que ele estava.

“Parece divertido.” E parecia mesmo, ele sentiu uma pontada de inveja da infância de Merlin, ele teve vários brinquedos, mas nunca imaginação.

“Era.” O sorriso de Merlin sumiu. “Até o dia em que eu disse que queria ser um escritor. Ele não me levou a sério até ver minhas fichas de aplicação... Ele enlouqueceu. Começou a gritar coisas sobre seguir com o negócio da família, que a companhia era passada de pai para filho desde sempre...” Ele suspirou.

“E o Cathal?”

“Ele já trabalhava no The Great Dragon. Ele só foi para a faculdade para aprender a gerenciar os negócios.”

“Eu entendo perfeitamente como é isso. Meu pai deixou claro que eu seguiria o caminho dele. Mas diferente de você, isso era o que eu queria.”

“Era mesmo? De verdade? Porque eu costumava pensar assim também, quando era criança, quero dizer. Mas ai eu cresci e senti que aquilo não era, hm.” Ele esfregou o pescoço com a mão direita. “Isso vai parecer idiota, mas eu senti que aquilo não era meu destino.”

“Destino?” Ele lançou um olhar suspeito para Merlin.

“Você não acredita em destino, Arthur?”

Merlin olhou para Arthur de um jeito que o fez mudar a resposta que ele estava preste a dar tão rápido que ele quase não percebeu que já estava falando.

“Acho que eu acredito agora.”

Eles permaneceram em silêncio por um momento. Então Merlin fez a pergunta que Arthur estava esperando todo esse tempo.

“Arthur?”

“Sim?”

“Como ele morreu?”

“Cathal estava usando drogas, Merlin.” Depois de tudo Arthur suspeitava que Merlin também não soubesse daquela parte. “Ele teve uma overdose. Sinto muito.”

Merlin meneou a cabeça. Ele não havia chorado ainda e Arthur suspeitava que ele estivesse prestes a perder o controle. Mas ao invés disso Merlin levantou do sofá e abriu a porta da frente. Embora ele não conhecesse aquele homem, quando Arthur percebeu que ele estava prestes a ser chutado para fora, ele rapidamente escreveu seu telefone em um pedaço de papel e deixou em cima da mesa. Ele não sabia explicar por que, mas Merlin inspirava um senso de proteção nele. E Arthur não o deixaria passar por tudo aquilo sozinho quando a ficha caísse.

Ele levantou do sofá antes que Merlin dissesse algo e foi em direção à porta.

“Se você precisar de alguma coisa.” Ele disse apontando para o papel com seu número.

“Obrigado.”

“De nada.” Arthur disse para a porta fechada.


oOo


“Que triste!”

Arthur estava em seu bar favorito com Morgana. Ele havia contado a ela tudo sobre Merlin e como ele nem sabia sobre a situação do irmão.

“Eu juro por Deus Morgana, eu nunca mais vou reclamar do nosso pai.” Ele ergueu sua cerveja para brindar com ela.

“Saúde.”

“Agora, porque você não me dá motivos para correr de volta para Dublin e não voltar mais.”

“Você quer dizer falar da empresa?”

“Exatamente.” Ele se recostou no assento e tomou mais um gole de sua cerveja.

Eles conversaram por horas. Morgana contou a ele sobre como seu tio Agravaine estava agindo como se fosse o dono do lugar e como ela tinha que se controlar para não manda-lo se foder quase toda reunião. Ela também contou que Leon e ela estavam tentando ter um bebe. Aquilo fez a noite de Arthur. Ele sempre quis ser tio.

“Eu vou ser o Godfather.”

“Que seja, Don Pendragone.”

“Beije o anel.” Arthur colocou a mão na cara dela, ela deu um tapa para ele retira-se e ambos riram até que o telefone de Arthur tocou.

Era um número desconhecido.

“Alo?”

“Arthur?” Merlin. “Arthur, eu li a carta eu...” Houve um soluço, a voz de Merlin parecia estranha. Ele estava ou chorando ou bêbado. Arthur suspeitava ambos.

“Merlin, você esta em casa?”

Quando Morgana o lançou um olhar questionador ele mexeu os lábios, formando a palavra “bêbado”. Ela apenas balançou a cabeça.

“Eu de- eu deveria ter estado lá por ele, Arthur. Eu sou um bastardo egoísta.” Arthur podia ouvir seus soluços claramente agora. Ele estava ficando realmente preocupado.

“Merlin, você esta em casa?” Ele repetiu.

“Sim, estou. Eu estou em casa. Eu estou sozinho. Eu não quero ficar sozinho, Arthur. Não me deixe sozinho.” Outro soluço. “Por favor.”

O telefone ficou mudo.



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Notas finais do capítulo

The Godfather (o padrinho) é o nome original da trilogia O Poderoso Chefão.