O Irmão Gêmeo escrita por VeronicaFerCard


Capítulo 2
Capítulo 2




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O telefone o acordou. Arthur nem havia percebido que ele dormiu no sofá.

“Arthur! É o Peter. Escuta, você poderia me fazer um favor e cobrir minha falta hoje na entrega da sopa? Eu tenho que ir a um casamento.” Peter era um dos caras com quem Arthur trabalhava no centro comunitário. Era ele quem cuidava da distribuição de alimentos para os moradores de rua, mas como havia apenas quatro pessoas no projeto, toda vez que alguém precisava os outros estavam dispostos a dar uma mão.

“Claro, Pete. Sem problema. Onde eu tenho que ir?” Peter deu as direções a ele.

“É um estacionamento abandonado. Dois caras moram lá, Fred Daly e Cathal Emrys. Eles são boa gente. Escuta, nós não deveríamos dar nada para o Cathal, mas como eu sei que o Fred vai dividir com ele de qualquer jeito eu sempre dou um pouco a mais.”

“Por que nós não podemos dar comida a ele?”

“Ele é um viciado, o coitado. Perdeu a mãe em um acidente de carro. Ele estava dirigindo.”

“Triste. Mas não explica por que ele está nas ruas.” Arthur sempre foi curioso pra saber os motivos que levavam uma pessoa a não ter onde morar.

“Bem, ele começou a usar drogas, largou a faculdade. Ai o pai chutou ele para fora da casa.”

“E ele não tem mais ninguém?”

“Um irmão gêmeo, mas o cara mora em Londres, eu acho. De qualquer forma, esteja lá às 16:00. Eu tenho que ir, obrigado novamente Arthur.”


oOo

“Fred Daly?” Como resposta Arthur recebeu um olhar questionador, então ele tentou novamente. “Cathal Emry?”

Cathal Emrys era um jovem magro, de cabelos escuros e olhos azuis que seria considerado atraente se não fosse pelo fato de que seus dentes pareciam não ver uma escova há um bom tempo.

“Sou eu. Quem é você?” Ele passou o baseado para a mão esquerda e ofereceu a direita para Arthur, que a aceitou.

“Arthur Pendragon. Eu estou cobrindo para o Peter hoje. Eu trouxe comida!” Ele mostrou a grande sacola bege de papel para Cathal.

“Certo. O Fred não está aqui. Você quer esperar por ele?”

“Ou eu poderia deixar com você.” Ele ofereceu a sacola.

“Você confia em mim?” perguntou Cathal sorrindo. Ele não pegou a sacola. “Você sabe que eu não deveria pegar, não é?”

“É, o Peter me contou. Mas ele também disse que vocês dividiam, então...”

Cathal pegou a sacola das mãos de Arthur. “Valeu!” Ele colocou a sacola no assento da frente de seu pequeno carro amarelo e Arthur notou que a janela do motorista havia sido substituída por um saco plástico.

“O que aconteceu?” Ele perguntou apontando para a janela.

“Oh, isso? Foi só um pequeno acidente, não se preocupe.” Ele sorriu, mas foi sincero.

A verdade era que, Cathal parecia tão jovem que Arthur não podia deixar de imaginar que diabos havia acontecido pra levar o garoto a ter de viver em um peque carro com uma sacola plástica por janela. Mas claro, a resposta estava logo ali, na mão de Cathal.

“Então, hm... Peter me contou sobre sua mãe. Sinto muito.” Ele ficou em silêncio por um momento e depois disse. “Eu sei como é.” Arthur não era muito aberto sobre sua família, especialmente sua mãe que havia morrido dando a luz, mas ele realmente queria saber mais sobre o garoto e ele sabia que o único jeito de fazê-lo se abrir era falar de si mesmo primeiro.

“Você também matou sua mãe?” Cathal deu uma última tragada e jogou o baseado no chão, pisando em cima para apagar a ponta. Só então ele olhou para Arthur.

“Ela morreu quando eu nasci. Às vezes eu penso que foi minha culpa.” Ele disse olhando para seus sapatos.

“Mas ninguém culpou você, certo? Ninguém jogou isso na sua cara, jogou? Arthur podia perceber que Cathal estava ficando irritado então ele não disse nada. “Meu próprio pai... Ele... Aquele desgraçado.”

“E seu irmão?”

“Você já sabe toda história, não é? Ele sorriu. O irmão não era um assunto delicado, ao que parecia. “Merlin vai ser alguém na vida. Ele vai escrever um livro e ser famoso para caralho. Espere pra ver.”

“Merlin? O nome do seu irmão é Merlin?” Arthur não pode conter o riso.

Cathal também riu.

Eles conversaram por horas, então Fred chegou e Arthur foi embora, prometendo que ele iria voltar qualquer hora.

Ele voltou no dia seguinte.



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