O Irmão Gêmeo escrita por VeronicaFerCard


Capítulo 11
Capítulo 11




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“Bem, isso é tudo! Obrigado pela atenção. Se ninguém tiver nenhuma pergunta vocês estão dispensados.” Disse Arthur enquanto organizava seus papeis, guardando-os em uma pasta. A reunião com o conselho não havia sido tão ruim quanto ele pensou que seria.  Todos o saudaram dizendo o quanto havia sentido sua falta e quanto sentiam pela morte de Uther. Depois de se apresentar como o novo presidente da empresa Arthur sentiu-se mais confortável percebendo que as pessoas o queriam lá. Isso até ele terminar seu discurso.

“Não tão rápido. Eu tenho uma pergunta. Na verdade, eu tenho uma proposta para os senhores.” Agravaine levantou-se da cadeira onde estava sentado, olhando para cada um dos homens do conselho e depois para Morgana. “E senhora.” Morgana se limitou a erguer uma sobrancelha para ele.

Arthur levantou a cabeça para olhar para ele. “Sim, tio. Por favor, compartilhe seus pensamentos.” Ele podia sentir que algo ruim estava vindo, mas Agraviane possuía ações suficientes para ter o direito de dar sua opinião.

“Eu não acho.” Ele pigarreou. “Eu não acho que nós deveríamos partir para a conclusão de que, com a morte de seu pai, você imediatamente o sucederia no trono. Eu acho que deveríamos ter uma votação.”

Arthur riu e balançou a cabeça em descredito. “Trono? Por acaso isso é um reino? Meu pai era um rei e eu não sabia?” Agravaine permaneceu como estava e Arthur se tornou sério. Ao redor deles os membros do conselho estavam num silêncio mortal. Até mesmo Morgana. “Por que você acha que eu não deveria gerenciar minha própria empresa, tio?”

“O nome da empresa pode ser Pendragon, mas isso não quer dizer que você seja o único dono Arthur.”

“Claro que não. A Morgana também é. E todos aqui possuem uma boa porcentagem de ações. Não tanto quanto nós mas-”

“Também não significa que foi construída por um Pendragon.” Interrompeu Agravaine.

“O que você está tentando dizer? Meu pai-”

“Criou um império do nada.” Completou Agravaine. “Não, ele não criou. Não sozinho. Você acha que seu pai era tão perfeito, não é Arthur? Mas quem você pensa que cuidava de tudo enquanto ele comia minha irmã? Porque ele estava sempre fazendo isso.”

Arthur viu tudo vermelho. Ele teria pulado no pescoço de Agravaine se Morgana não tivesse segurando seu pulso. Ele poderia se soltar facilmente, mas não queria machuca-la.

“Saia.” Disse ele por entre os dentes.

“Eu dediquei minha vida toda para essa empresa. Nunca fui reconhecido pelo que fiz. Agora é minha vez e eu não vou deixar ninguém ficar no meu caminho.” Disse ele para Arthur e então se virou para o resto do conselho. “Eu acho que vocês deveriam discutir sobre quem vocês querem sentado naquela cadeira.” Ele apontou para Arthur. “A não ser que todos vocês estivessem cem por cento satisfeitos com o modo com que Uther cuidava de tudo. E claro, se vocês não se importam com mudanças.”

Arthur não aguentou mais. Ele se soltou da mão de Morgana, levantando-se da cadeira ele deu dois passos em direção ao tio e agarrou-o pela gravata.

“Seu filho da puta ingrato.” Disse Arthur, olhando Agravaine nos olhos antes de solta-lo.

Agravaine tentou alisar sua gravata amassada enquanto falava.

“Eu nunca achei que você estivesse preparado para esse cargo e você acabou de me mostrar que estava certo.” Ele pegou sua maleta debaixo da mesa de conferência e rumou para a porta. “Mais uns trinta anos com alguém que não consegue ouvir a verdade sem perder a cabeça. É isso que vocês querem?”

“Desculpem. Problemas familiares.” Disse Morgana para os sete homens engravatados que ficaram olhando de Arthur para Agravaine, até que o último deixasse a sala. Ela estava tentando ajudar e Arthur era grato por isso já que ele mesmo não conseguia pensar em nada além de suas mãos esmagando a garganta do tio. “Se vocês puderem nós deixar a sós.”

“Morgana esta certa. Vamos!” Disse Gaius, o mais velho membro do conselho. Ele tinha o título não oficial de conselheiro da família. Na empresa era ele quem cuidava do departamento de recursos humanos. Ele esperou até que todos tivessem saído para falar com os irmãos. “Você tem um grande problema em suas mãos.”

“Eu sei. Eu não deveria ter perdido a cabeça daquele jeito. O que você acha que vai acontecer agora?”

“Infelizmente eu acho que Agravaine tem razão. Uther foi um grande líder, mas seu pai não era perfeito, Arthur. Se você se impuser diante do conselho eles o verão como um tirano e vão tira-lo da presidência.”

“E agora?” Perguntou Arthur novamente já que Gaius não o havia respondido.

“Agora nós fazemos o que ele disse. Fazemos uma votação.”

oOo

Arthur estava em seu escritório, encarando a tela apagada de seu computador quando ouvir alguém bater a porta. Ele não teve tempo de responder.

“Então?” Morgana fechou a porta atrás de si e sentou-se em uma poltrona a frente de Arthur.

“Então, eu estou fodido.” Respondeu Arthur num tom impaciente.

“Você acha que eles vão escolher Agravaine ao invés de você? Todo mundo gosta de você, eles nunca fariam isso.”

“Eu não tenho certeza. Eles podem até gostar de mim, mas isso é o bastante para me colocar no comando? Eles olham para mim e veem alguém que não está preparado.”

“Eles sabem que você esta preparado, eles viram o que você fez  quando o pai estava doente.”

“Ai ele morreu e eu não aguentei a pressão. Eu sou fraco.”

“Arthur.” Ela pegou a mão dele entre as suas e apertou. “Você é um líder nato, e um dos bons. Você me conhece, eu nunca diria isso se não estivesse falando sério.” Aquilo era verdade.  Morgana sempre deixou claras suas opiniões. Saber que ele contava com seu apoio significava muito para Arthur. Ele ofereceu-lhe um sorriso cansado.

“Acho que eu deveria começar a me preparar para a votação.”

“Claro. Depois do almoço.” Ela levantou-se da cadeira. “Vamos, Leon e eu queremos ouvir sobre seu encontro.”

“Se você esta falando sobre sábado passado, desculpe te desapontar, mas não foi um encontro.” Ela abriu a boca, mas ele continuou antes que ela pudesse dizer qualquer coisa. “Mas se você realmente quer ouvir sobre meu encontro com Merlin você terá que esperar até a próxima segunda.”

Ele pegou sua carteira e levantou da cadeira, sorrindo para sua irmã.

“E se você ou o Leon abrirem a boca para falar sobre suas tentativas de fazer um bebe, eu não vou contar sobre o beijo.” Ou sobre as mensagens, ele pensou. Mas Arthur não tinha certeza se ele queria compartilhar aquela parte com alguém.

oOo

Dia horrível pra caralho. Quero cair na cama e morrer. Entretenha-me.

Assim que chegou em casa, Arthur pegou seu celular e mandou uma mensagem para Merlin. Ele havia passado o resto do dia se atualizando sobre os eventos da empresa e pensando sobre a reunião com o conselho. Todo que ele queria agora era falar sobre coisas sem importância com Merlin.

Tente corrigir um exercício escrito por um garoto de onze anos, ai vc vai ver o que é horrível. O que aconteceu?

Arthur tirou a gravata e os sapatos antes de responder.

Não quero falar sobre isso. Só saiba que foi uma droga. Vou tomar banho.

Ele já estava em seu quarto quanto Merlin respondeu.

Isso é um convite?

Arthur sorriu.

Sim. Mas vc não vai chegar a tempo. Então vamos fazer assim. Eu vou te ligar e deixar no viva voz. Ok?

Ele apertou enviar e não esperou a resposta. O telefone tocou três vezes antes de Merlin atender.

“Recebeu a última mensagem?” Perguntou Arthur quando ele atendeu.

“Recebi. Agora conta o que aconteceu?”

Arthur colocou no viva voz e deixou o aparelho em cima da pia.

“Voltei para o trabalho hoje. Tive uma briga com meu tio, ele quer me tirar da presidência.”

“Ele pode fazer isso?”

“Sozinho não.” Arthur terminou de tirar suas roupas e abriu o chuveiro. “Mas se todos no conselho concordarem ele pode.”

“E você perde a empresa?”

“Não, mas eu não estaria mais no comando.” Ele entrou de baixo do chuveiro, deixando a água lavar a canseira de seu corpo. “Sério, podemos falar de outra coisa?”

“Quer ouvir sobre meu dia?”

“Sim.”

Eu tive uma prova de manhã, e arrasei. Passei a tarde toda tentando ensinar gramática para uma criança disléxica. E agora estou tentando corrigir algo que claramente não foi escrito em inglês.”

Arthur riu. A vida de Merlin parecia tão descomplicada.

“Você acha que é fácil, não é. Seu idiota.”

“Eu não disse nada.” Respondeu ele, ainda rindo enquanto lavava seu corpo.

“Você esta rindo! Pare de rir ou eu desligo!”

“Esta bem, parei.”

Estou só brincando com você. Eu tenho certeza que você tem problemas piores que uma letra ruim.” A voz de Merlin havia se tornado séria e Arthur amaldiçoou a si mesmo. Ele havia ligado para Merlin para se distrair, não para preocupa-lo. “Eu quero...” Agora sua voz soava incerta como se ele quisesse dizer alguma coisa.

“O que?”

E-eu quero te ajudar a relaxar. Você  vai me achar vulgar?”

“Não? Deveria?”

“Sexo por telefone.”

“O que?” Desta vez Arthur riu alto. “Você é tão virgem, sabia?”

Eu vou desligar na sua cara!” Ele soava embaraçado, mesmo que não pudesse vê-lo Arthur tinha certeza que Merlin estava corando.

“Desculpe. Tem certeza?”

Não, não. Sabe de uma coisa? Talvez as coisas estejam indo rápido demais entre a gente. Eu não sou assim, eu juro. Esquece que eu disse...”

“MERLIN! Respire!” Arthur ouviu Merlin suspirar pelo telefone, mas ele não disse nada. “Merlin?”

“Sim?”

“Estou esperando.”

“Es-esta bem.”  Merlin suspirou novamente. “Feche os olhos.”

E Arthur fechou.

oOo

No sábado seguinte Arthur estava na porta de Merlin exatamente às 20h30min. Não foi uma surpresa quando Merlin abriu a porta sem camisa e descalço.

“Só...”

“Um minuto. Eu sei. Alguma vez você já esteve pronto na hora certa?”

“Oh, não seja chato.” Merlin foi para seu quarto. Dessa vez Arthur o seguiu. Ele parou na porta, cruzando os braços.

Merlin abriu uma gaveta e começou a jogar camisetas por cima do ombro.

“Nós vamos perder a sessão.” Merlin se virou para ele.

“Não, não vamos. Só...” Ele parou de falar para passar a camiseta pelo pescoço. “... Preciso dos meus tênis.”

“E meias.”

“É, sem meias. Eu não lavei roupa ainda.”

“Eu não posso acreditar que você não tenha um par de meias limpas!”

“Cala a boca, Arthur.” Disse Merlin enquanto andava de um lado para o outro pegando seu casaco do closet e um par de All Stars azul de baixo da cama. Ele colocou o casaco e sentou na beirada da cama para calçar os tênis.

Arthur olhou ao redor. Havia outros três pares de All Star espalhados pelo quarto.

“Você tem algum outro tipo de sapato?”

Merlin terminou de amarrar os cadarços e lançou um olhar raivoso para Arthur.

“Vou aceitar isso como um não.” Disse Arthur sorrindo. Havia uma parte maligna nele que simplesmente amava irritar Merlin.

Merlin levantou-se da cama e passou direto por ele.

“Nós vamos perder a sessão.”

“Ei!” Arthur segurou-o pelo pulso, forçando Merlin a olha-o.

“Eu só estou brincando com você.”

“Porque você é um idiota.” Disse Merlin, olhando-o nos olhos.

“Por que eu sou um idiota.” Repetiu Arthur, dando-lhe um beijo rápido. “Estamos atrasados, vamos.”

Eles perderam a sessão do filme que queriam ver então Arthur deixou Merlin escolher um filme aleatório. Ficção científica. Arthur odiava ficção científica então ele escolheu dois assentos num canto afastado do cinema para que ele pudesse beijar o pescoço de Merlin enquanto ele assistia ao filme nerd cheio de alienígenas e universos alternativos.

“Eles deveriam ter feito em 3D.” Disse Merlin enquanto eles caminhavam até a pizzaria próxima ao cinema.

“Sim, claro.”

“Você nem sabe do que eu estou falando, não é? Arthur balançou a cabeça. “Aposto que você nem lembra o nome do filme.”

“A não ser que tenha algo a ver com seu pescoço. Eu não me importo.”

Merlin corou e olhou para baixo.

“Como é que você pode falar besteiras para mim no telefone e ficar vermelho quando te faço um elogio?” Aquilo só o fez corar ainda mais. Arthur pegou sua mão. “Vamos, estou morrendo de fome.”

oOo

“Então, você é um professor?” Eles estavam terminando a terceira pizza. Eles haviam conversado sobre tudo, Arthur contou a Merlin sobre Agravaine. Merlin admitiu não entender nada sobre o mundo dos negócios, mas disse ter certeza que Arthur era bom no que fazia.

“Eu dou aulas particulares. Eu só tenho dois alunos de onze anos na verdade. Ambos têm dislexia. Freya e Mordred.”

“Sabe, uma vez Cathal disse que você seria um escritor.” Disse Arthur, tomando um gole de sua Coca. Ele ainda não estava pronto para o álcool depois da semana passada.

“Eu quero ser. Mas eu tinha que começar de algum lugar.” Ele deu de ombros. “Afinal de contas eu gosto das crianças. E preciso do dinheiro.”

“Não pode ser tanto dinheiro. Tendo apenas dois alunos.” Arthur não teve a intenção de ser inconveniente, ele estava realmente curioso.

“Eu tenho uma bolsa de estudos.” Merlin comeu o último pedaço de sua fatia de pizza então disse com a boca cheia. “Às vezes eu trabalho como garçom, quando preciso.” Ele engoliu e tomou um gole de refrigerante.

“Nunca pensou em pedir ajuda para seu pai?”

“Ele diria que eu cometi um erro e me mandaria voltar para casa.” Merlin balançou a cabeça. “Eu cheguei muito longe para desistir. Eu me formo ano que vem, de qualquer maneira. Ai eu vou poder dar aulas para uma classe e trabalhar em meu livro.”

“Deixe me adivinhar. Ficção científica?” Disse Arthur sorrindo.

“Sim. Eu planejo escrever uma série em cinco livros. Três deles já estão meio prontos.” Disse Merlin timidamente.

“Posso ler?”

“Você não vai gostar. Você odiou o filme.”

“Mas só porque eu estava muito ocupado te beijando. Então, posso?” Arthur estava curioso para ver o trabalho de Merlin, mesmo que ele não gostasse desse tipo de livro.

“Só se você me der uma opinião sincera.”

“Prometo.”

Eles acabaram de comer e Arthur pagou a conta. Merlin tentou protestar, mas Arthur o silenciou dizendo que fora ele quem havia convidado. Eles estavam saindo quando Merlin disse que precisava ir ao banheiro antes. Arthur ficou esperando por ele na porta da pizzaria.

“Arthur?” Ele ouviu uma foz feminina vindo de suas costas e se virou para ver quem era.

“Vivian!” Seu último encontro feminino estava usando um curto vestido azul que acentuava suas curvas, deixando pouco para a imaginação. Arthur nunca se sentiu tão gay.

“O que você esta fazendo sozinho aqui fora?” Ela tinha um pequeno celular rosa na mão, o aparelho fez um bip e Vivian tocou sua tela. Provavelmente lendo uma mensagem. “Estou esperando uma amiga. Quer nós acompanhar?”

“Oh, não. Eu já comi. Estou apenas esperando meu namorado.” Arthur sentiu uma mão em seu braço e se virou para ver Merlin olhando entre ele e Vivian. “Ai esta você. Vamos?”

“Sim, hm. Oi!” Disse Merlin para Vivian.

“Oi! Whoops!” Seu telefone fez outro bip, ela olhou para a tela e depois para Arthur. “Minha amiga chegou. Tenho que ir. Tchau!” Ela acenou para ambos e saiu antes que eles pudessem responder.

“Oh, eu tenho que te contar a história.” Arthur riu e se virou para Merlin. “Vamos?” Merlin estava sorrindo para ele. “O que foi?”

“Você acabou de me chamar de seu namorado.”

Arthur tinha certeza que era ele quem havia ficado vermelho dessa vez.

oOo

“Quando é mesmo a votação?” Perguntou Merlin, debruçando-se na bancada.  Ele tinha uma taça de vinho nas mãos e observava Arthur enquanto ele acabava de preparar o jantar. Eles estavam comemorando um mês de namoro. Ao menos Merlin estava, já que ele contava a partir da data em que Arthur o havia chamado de namorado pela primeira vez. Arthur contava da data em que eles deram o primeiro beijo. Mas como Merlin era teimoso como uma criança eles acabaram celebrando em sua data.

“Em três semanas.” O conselho havia tido outra reunião, desta vez sem Arthur ou Agravaine. Eles decidiram que a votação seria necessária e marcaram uma data para o final do mês. Arthur nunca esteve tão nervoso em toda sua vida. Se não fosse por Merlin ele não tinha certeza se aguentaria a pressão. O relacionamento deles era fácil, Merlin era mais apenas um namorado, ele era um bom amigo. Arthur adorava conversar com ele, eles ficavam no telefone por horas, perdendo a noção do tempo e mais de uma vez Arthur foi dormir para lá de meia noite. Depois de mais uma checada no forno ele se virou para Merlin.

“Quase pronto.” Arthur pegou a taça da mão de Merlin e bebeu todo seu conteúdo. “Acho que já posso dar seu presente enquanto esperamos.”

“Se você comprou algo caro eu juro que vou usar para bater na sua cabeça.” Merlin não aceitava que Arthur gastasse dinheiro com ele. Toda vez que eles saiam ele fazia questão de dividir as despesas. Às vezes Arthur conseguia distraí-lo e pagar a conta, mas aquilo só fazia com que Merlin ficasse com a cara fechada durante o resto da noite.

“Não é caro, prometo.” Arthur foi para o andar de cima e pegou uma pequena caixa em seu closet.  Quando ele voltou para a sala Merlin estava sentado no sofá, ele havia colocado mais vinho em sua taça e enchido uma para Arthur. “Feche os olhos.” Merlin fechou. Arthur abriu a caixa e segurou em sua frente. “Pode abrir agora.”

Merlin olhou das chaves para Arthur e de novo para as chaves, mas não disse nada.

“Então? O que você acha? Eu gosto de te ter por perto, mas é realmente cansativo ter que te buscar toda vez. Você pode muito bem vir quando quiser. E eu sei que você aproveita o Wi-Fi grátis.” Ele sorriu para Merlin.

“Pra ser honesto, sua internet é a única razão pela qual eu namoro você.” Ele pegou as chaves. “E a comida.”

“Estou chocado!”

“Minha vez!” Merlin tirou um pen drive do bolso de sua calça e entregou para Arthur. “Eu quero sua opinião sincera. É mais um trabalho do que um presente.” Arthur pegou o pen drive de suas mãos. Merlin estava dando seu livro para ele ler, o livro em que ele estava trabalhando há anos e que nunca havia mostrado a ninguém. “Você esta namorando um universitário falido. Desculpe. Eu vou comprar um presente descente quando receber meu pagamento.”

“Eu adorei o presente. Eu sou a primeira pessoa para quem você esta mostrando. É uma honra.” Eles ficaram se encarando por um longo tempo então Arthur se levantou. “Vamos jantar.”

Merlin o seguiu para a cozinha e arrumou a mesa enquanto Arthur tirava a comida do forno.

Arthur estava planejando mais do que apenas um jantar de comemoração. Enquanto Merlin parecia ficar satisfeito com pouco, Arthur estava subindo as paredes. Ele não era mais um adolescente e não contava masturbação mutua como sexo, mas ele pegava o que conseguia enquanto esperava até que Merlin estivesse pronto para dar mais um passo em sua relação. Arthur não iria pressionar, mas ele realmente esperava que Merlin estivesse pronto essa noite. Ele colocou a lasanha no centro da mesa.

“O cheiro esta bom. Eu acho que você esta tentando se dar bem.” Eles sentaram um em frente ao outro e Arthur colocou mais vinho para Merlin.

“Culpado.”

Eles comeram em um confortável silêncio até que Merlin pigarreou, Arthur olhou para ele.

“Você quer saber o que estava na minha carta?”

“Era para você. Não cabe a mim...”

“Mas você quer saber?”

“Sim, claro.” Arthur deu de ombros. “O que dizia?”

“Um monte de coisas que não interessam a você.” Arthur lutou contra o desejo de rolar os olhos. “Mas a parte importante é... Ele disse que nós seriamos perfeitos um para o outro. Você e eu. Como dois lados da mesma moeda.”

Arthur não gostou daquilo.

“Sério?”

“Cathal disse que pensou em mim na primeira vez em que te viu. Ele disse que nós deveríamos dar uma chance.”

Deveríamos dar uma chance. As mesmas palavras que Merlin havia usado. Exceto que não eram suas palavras, eram de Cathal. Arthur empurrou o prato para o lado.

“Então você fez o que ele mandou.”

“O que? Não! Eu só pensei, se ele disse...”

“Você admite!” Arthur riu sem humor. “Eu pensei que você tivesse gostado de mim!”

“Eu gosto”

“Desde quando?” Arthur balançou a cabeça. “Eu sabia que algo estava estranho. Você ficava ligando, mandando mensagens... Nós mal nos conhecíamos.”

“Arthur.”

“Eu pensei que você estivesse a fim de mim. Mas não. Você só estava tentando conceder o último desejo de seu irmão por achar que você deve isso a ele.”

“De onde você tirou isso.” Gritou Merlin.

“Oh, então eu estou errado? Olha nos meus olhos e diz que eu estou errado, Merlin.”

“E-eu tentei seguir o conselho dele no começo mas-”

“Você só esta tentando compensar por não ter estado lá quando ele precisou de você.”

Merlin empalideceu, Arthur podia ver que aquilo o magoou. Merlin levantou da cadeira rápido demais e ela caiu para trás.

“Eu não sei o que aconteceu com você que te faz pensar que ninguém pode simplesmente gostar de você. Mas sabe de uma coisa? Eu não me importo. Feliz aniversário de namoro, Arthur.” Arthur ouviu a porta da frente abrir e fechar violentamente.

Não era a primeira vez que eles brigavam, eles gostavam de provocar um ao outro e às vezes alguém acabava falando demais, mas essa foi definitivamente a pior.


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