Chapter 4: Because

O amor é velho, o amor é novo.

O amor é tudo, o amor é você.

A garota loira caminhou nervosa pelos corredores de Hogwarts ao lado da diretora McGonagall — ela achava que esse era o seu nome, sempre teve dificuldade para decorar nomes —, as pessoas a olhavam e isso fazia com que seus pés tremessem, ela se sentia fraca. Odiava ser fraca, odiava ter que ser tratada como uma rara boneca de borcelana que a qualquer momento poderia cair no chão e quebrar.

Todavia essa era verdade.

— Senhor Potter e Senhor Zabini! — a voz da diretora a despertou de seus devaneios.

Seguiu o olhar irritada e reprovador de McGonagall e viu dois garotos que estavam no meio de uma discursão. Seu irmão provavelmente chamaria aquilo de “briga”, mas ela não gostava daquela palavra, era uma palavra ruim.

Ela rapidamente reconheceu um deles e sentiu uma onda de alivio percorrer pelo seu pequeno corpo.

Ele a viu e logo sorriu, mas também parecia confuso.

— Catherine — pronunciou o nome da garota que não via há um certo tempo.

— Matt! — Catherine exclamou feliz e se jogando nos braços do garoto.

Matthew Zabini não sabia muito bem como reagir, mas a segurou. Nunca imaginou que veria Catherine Malfoy de novo. Não via a loira desde os onze anos.

— Você está bem? — perguntou preocupado assim que ela saiu de seus braços. Havia outras perguntas que ele queria fazer como o por que de ela estar ali ou se Scorpius já sabia, mas por hora aquela parecia a perguntar certa. Não dava para conversar direito com a loira com vários alunos de Hogwarts observando.

— Estou com frio — respondeu simplesmente e isso foi o bastante para que o garoto notasse suas vestes. Não eram verde e prata, e sim vermelho e dourado.

O Zabini deveria ter imaginado.

— Senhor Potter! — chamou McGonagall fazendo com que o olhar de Catherine desviasse para o garoto que estava do seu lado. — Leve a Senhorita Malfoy para a torre da Grifinória, ela ficará no mesmo quarto que suas primas: Rose e Molly II.

Que ironico. Matthew não conseguir deixar de pensar.

Catherine notou que o tal de “Senhor Potter” era muito bonito. A cor do cabelo era entre o castanho e o ruivo. Ele era alto, mais alto que Matthew, e tinha lindos olhos castanhos que a analizavam dos pés a cabeça, isso a deixou mais nervosa do que os olhares de qualquer outro aluno de Hogwarts.

Senhor Potter engoliu a seco, parecendo nervoso.

— C-certo — gaguejou.

— E eu quero ver os dois na minha sala daqui a uma hora — ordenou a McGonagall e logo depois retirou-se.

Matthew Zabini se despediu de Catherine e foi procurar pelo melhor amigo o mais rápido possível. Scorpius não teria tempo para ficar brincando com a Weasley quando descobrisse que sua irmã estava em Hogwarts.

Enquanto isso Catherine era levada pelo tal de “Senhor Potter” para o salão comunal da Grifinória.

— En-então você é uma Malfoy? — começou o garoto tentando puxar assuntos. — Parente do Scorpius Malfoy?

Todavia Catherine mal prestava atenção, encarava o chão enquanto andava. Era estranho para ela ficar cercada de estranhos. Quando viu Matt foi um alívio, nunca havia ficado tão feliz em ver um rosto conhecido.

Se dando conta que ainda não havia respondido a pergunta Catherine concordou com a cabeça.

— Vocês são primos? — Senhor Potter insistiu no assuntou e antes que ela respondesse acrescentou: — Primos muito distantes?

Catherine riu. O garoto tinha que admitir que aquela risada era linda, na verdade tudo naquela garota era simplesmente lindo. Entretanto ele não conseguia entender o porquê da risada.

— Scorpius é meu irmão gêmeo — respondeu sorrindo e parando de andar para encarar o Senhor Potter. — A gente é quase igual, mas a diferença é que ele é um garoto e eu sou uma garota.

O garoto não conseguiu dizer uma só palavra, estava em completo estado de choque. Como não havia percebido antes? Aquela garota era a versão feminina e gostosa do Malfoy.

Catherine o encarou preocupada e pegou a sua mão. Ele nunca havia tocado em uma mão tão macia, parecia a mão de uma princesa.

— Senhor Potter? — ela o chamou. — Você está bem? Está passando mal?

O garoto ficou confuso. Catherine havia o chamado de Senhor Potter?

Só então lembrou que ela provavelmente não sabia seu nome. Ele quis rir disso, a maioria das pessoas que conhecia não só já sabiam o seu nome como quase tudo sobre sua vida e a de seu pai.

— James — a voz firme do garoto vez com que a Malfoy se assustasse e largasse sua mão, mas ele a estendeu de novo, confiante. — James Sirius Potter.

Os olhos de Catherine brilharam ao entender o que James estava fazendo. E então ela sorriu ao responder:

— Catherine — ela apertou a mão estendida do garoto que era muito maior que a dela, Catherine gostava da sensação da mão grande e quente dele apertando delicadamente a sua mão pequena e gelada. — Catherine Narcisa Malfoy.

Suas mãos se separaram pela segunda vez e eles voltaram a andar em direção ao salão comunal da Grifinória.

James coçou a cabeça, o que sempre fazia quando estava nervoso. Ele tentava se conter para não fazer a pergunta que tanto queria fazer. Mas no fim acabou perguntando.

— Você não sabe quem eu sou?

Catherine sorriu como se aquela fosse uma pergunta engraçada.

— Claro que sei!

— Sabe? — indagou surpreso. Ela não parecia mesmo saber quem ele era. A maioria das pessoas que o conhecia sempre citava o seu pai na conversa ou pergunta se podia conhece-lo. Todavia Catherine era uma Malfoy e os Malfoys não morriam de amores pela família do James, mas algo o dizia que aquela garota era diferente.

— Sim, você é James Sirius Potter e está me levando para o salão comunal da Grifinória — respondeu contente.

James viu que ela não sabia mesmo quem ele era.

— Mas você nunca ouviu meu sobrenome antes? — ele insistiu no assunto. Catherine era perfeita demais para ser verdade.

A garoto ficou quieta por um estante, tentando lembrar se já tinha ouvido aquele sobrenome ante.

— Algumas vezes — admitiu depois de um tempo. — Será que nossos pais eram amigos?

James fez uma careta, mas a garota não percebeu.

— Talvez — mentiu. Seus pais não ficavam falando mal dos Malfoys. Sua mãe sempre achou Astoria Malfoy muito educada. A única pessoa da sua família que ainda gostava de mostrar o seu ódio pelos Malfoys era o seu tio Ron. — Por que você não estudava aqui antes?

James quis bater dele mesmo por ser tão curioso.

A pergunta deixou a garota nervosa e ele percebeu. Isso não era da sua conta e James se arrependeu de ter perguntado. Mas antes que ele pudesse se desculpar ela respondeu:

— É complicado — disse encarando o chão. — Eu morava na França com o meu avô e a minha avó.

James decidiu que era melhor não aprofundar o assunto.

— Está gostando de Hogwarts? — perguntou mudando de assunto.

A garota faz uma careta e mais uma vez James quis bater nele mesmo. Será que ele não conseguia falar nada que prestasse? Normalmente quando estava com garotas — tirando as da sua família — ele não precisava falar. Entretanto dessa vez ele sentia que precisava ouvir a voz de Catherine Malfoy.

— Ainda não sei muito bem — ela respondeu por fim. — Não gosto dos olhares de todo mundo sobre mim e nem desses uniformes curtos, estou com frio.

James olhou, sem pensar, para as pernas na garota. A saia de Hogwarts estava muito curta e deixava grande parte das coxas da loira aparecendo. Ao perceber o que estava fazendo o garoto corou e desfiou o olhar para o outro lado. Graças a Merlin ela não notou.

— Não posso te dar uma saia maior, mas se quiser posso te dar meu suéter.

Burro! O suéter não vai cobrir as — lindas — pernas dela!

James reprendeu-se. Desde quando ele havia perdido o jeito com as garotas?

Ele se surpreendeu ao ver Catherine parar no corredor e estender uma das mãos.

James tirou o suéter da Grifinória e ao fazer isso acabou levantando um pouco o seu uniforme deixando parte do seu tanquinho à mostra. Catherine corou e tentou desviar o olhar para pegar o suéter que o garoto a entregava.

Ao vesti-lo a garota notou que ou o garoto ao seu lado era muito alto ou ela era muito baixa. Percebeu então que James Sirius Potter era realmente muito alto, já que Catherine — mesmo que não parecesse — tinha a mesma altura que seu irmão gêmeo, Scorpius.

Entretanto Catherine tinha que admitir que se sentia muito melhor e mais confortável usando o suéter quentinho de James.

— Eu vou te devolver depois — prometeu a garota que agora perguntava-se se o garoto não estava sentindo frio.

— Não precisa — falou sorridente fazendo com que ela o encarasse surpresa. — É seu agora.

— Mas... — tentou protestar, porém ele a interrompeu.

— Aceite isso como um presente de boas vinda.

Catherine não disse mais nada, eles voltaram a seguir o caminho em direção ao salão comunal da Grifinória. Cada um perdido em seus próprios devaneios.

Matthew Zabini encontrou Scorpius Malfoy bem onde imaginou que ele estaria. Irritando Rose Weasley.

A ruiva tentava ler um livro debaixo da árvore, mas Scorpius não a deixava em paz. Matt não conseguia ouvir o que ele dizia, mas tinha toda a certeza de que era algo que deixava a Weasley constrangida, já que a mesma estava com o rosto mais vermelho que o seu cabelo.

Ele se aproximou e nenhum dos dois pareceu notar a sua presença, mas o Zabini sabia que Scorpius havia notado.

— Scorpius Malfoy — chamou fazendo com que os dois olhassem na sua direção. — Preciso conversar com você.

Scorpius mostrou um sorriso cínico, que Matthew sabia que iria sumir assim que ele soubesse quem era a mais nova aluna de Hogwarts.

— Não vejo nada aqui te impedindo de falar comigo.

O Zabini encarou a Weasley e depois o melhor amigo que ainda sorria.

— A sós — completou.

— Desculpe, Matt — Scorpius falou. — Já estou ocupado demais apreciando as pernas da Weasley.

Rose Weasley se levantou no mesmo instante.

— Ele é todo seu — disse antes de sair irritada para dentro do castelo.

— Ele te odeia — Matt falou enquanto o amigo se levantava.

— Não é a única — rebateu Scorpius dando os ombros como se aquilo não fosse realmente importante. E não era. — O que você tem de tão importante para me dizer que teve que expulsar a Weasley?

Matthew Zabini revirou os olhos.

— Você expulsou ela sozinho. — antes que o Malfoy pudesse protestar o Zabini disse: — Sua irmã está aqui.

Scorpius não soube o que dizer. Aquilo não podia ser verdade, mas Matthew não seria idiota o bastante para fazer uma brincadeira dessas. Scorpius sabia que ele não estava mentindo.

Mas ele não conseguia deixar de se perguntar o porquê dos seus pais não terem lhe contado. Ele tinha o direito de saber que sua irmã estava vindo.

— Onde ela está agora?

Matthew conhecia Scorpius desde pequeno e ele era um dos poucos que não teria medo dá expressão. Os olhos do melhor amigo não pareciam gelo, era o contrário disso, eles estavam escuros, pretos como carvão.

E o Zabini não sentiu medo ao responder:

— Indo pro salão comunal da Grifinória — e logo em seguida acrescentou: — com James Poter.

Matthew ficou muito feliz em saber que a Weasley não estava ali para ver aquilo.

Rose entrou em seu dormitório batendo a porta com tanta força que fez com que uma certa garota loira pulasse para fora de sua nova cama.

A ruiva então percebeu a desconhecida que ocupava a única cama antes desocupada no quarto.

E quando a desconhecida encarou Rose a mesma quase teve um ataque. Por que tinha uma versão feminina do Scorpius Malfoy no seu quarto?

— Mal-Malfoy? — pronunciou o sobrenome sem acreditar no que via.

A garota sorriu.

— Catherine Malfoy — a loira se apresentou sorridente.

— Ro-Rose Weasley — disse a ruiva ainda sem acreditar. — Você é irmã do outro Malfoy?

— Scorp? Ele é meu irmão gêmeo — ela sorriu ainda mais como se se orgulhasse disso. — Você é prima do Senhor Potter, quero dizer, James?

Rose arqueou uma das sobrancelhas quando ouviu a loira falar Senhor Potter. E como assim? Scorpius Malfoy tinha uma irmã gêmea?

A ruiva percebeu que não havia respondido a pergunta. Ela achou melhor não perguntar nada sobre o Malfoy.

— Sim. Você já o conheceu?

Catherine Malfoy concordou com a cabeça. Mesmo sendo irmã do Malfoy, Rose teve que admitir que aquele garota parecia tão inocente e sensível comparada com o irmão gêmeo, entretanto os dois eram igualmente lindos.

— Ele me deu o suéter dele — disse apontando para as próprias vestes, e mesmo que não estivesse fazendo frio dentro do quarto a loira parecia confortável.

Rose fez um careta engraçada, mas logo depois sorriu. Isso não era algo que James Sirius Potter fazia com muita frequência. Na verdade ele nunca fazia boas ações como esta, principalmente para alguém que ele mal conhecia.

James havia gostado de Catherine e isso só mostrava o quanto ela era diferente do irmão.

Rose também gostou da loira.

— Vamos Cath — disse a ruiva abrindo a porta do quarto. — O jantar já vai ser servido.