Chapter 3: Light me up

Rose Weasley encontrou Lysander Scamander indo para aula de Defesa Contra as Artes das Trevas e como ela também iria para o mesmo lugar, resolveu acompanhar o amigo.

— Lys! — o chamou fazendo com que o loiro parasse e se virasse.

Era estranho.

A Weasley nunca tinha visto os irmãos Scamander separados, era como ver Hugo Weasley sem comer, ou seja, impossível.

O mais estranho de tudo aquilo era que Lysander parecia... triste. Quando a ruiva o alcançou, pensou que ele fosse começar um de seus assuntos estranhos — aqueles que a fazia ter certeza de que os gêmeos tinham um parafuso a menos —, todavia a única coisa que o loiro disso foi:

— Oi Rose.

Aquele não havia sido um “Oi Rose” animado e Lysander não sorriu. Na visão da ruiva, aquela expressão em seu rosto era bem vazia.

— Cadê o Lorcan? — Rose perguntou verdadeiramente curiosa.

— Não sei — admitiu — Já deve estar na aula.

A garota deixou um som, quase como um suspiro, escapar da sua boca.

E antes que pudesse impedir já estava perguntando.

— Vocês brigaram?

— Não! — respondeu Lysander e Rose ficou aliviada por saber disso.

— Mas por que você não está com ele?

O loiro deu os ombros.

— Acho que só queria ficar sozinho — comentou encarando os pés enquanto andava.

Rose rapidamente parou de andar, percebendo isso, Lysander também parou. Ele estava a poucos passos a frente.

— Desculpe-me — disse corando. — É melhor eu te deixar sozinho.

A Weasley já ia se virar para ir para o outro lado — mesmo sem saber para onde ir, já que sua aula era a mesma de Lysander —, mas a voz do loiro a impediu:

— Não. Preciso conversar com você — pediu em um tom de voz que Rose nunca em sua vida iria imaginá-lo usando.

Curiosa, ela se aproximou.

Os dois voltaram a andar.

E o silêncio se instalou.

Rose resolveu que não deveria questionar. Entretanto ao observar Lysander com o canto do olho, percebeu que ele pareceu estar ocupado com seus próprios pensamentos e também fazia algumas caretas peculiares.

— Você está bem? — a ruiva não resistiu, teve que perguntar.

Lysander a encarou, mas sem parar de andar.

— Acho que não — faz uma careta. — É legal falar com você — suspirou. — Normalmente, quando estou falando com as pessoas sobre curiosidades interessantes ou sobre as minhas férias, elas me perguntam se eu estou bem. Todos me acham louco. Eu e meu irmão. Mas eu não sou louco.

Ele parou e ficou em silêncio por um tempo. Rose preferiu ficar calada e ver se ele continuava.

E continuou.

— Pelo menos nunca me achei louco, até há alguns dias atrás — Lysander parou de andar para encarar a amiga, que fez o mesmo. — Tem essa garota...

Rose Weasley não conseguiu segurar o sorriso que escapou dos seus lábios.

“Então tinha uma garota...” pensou.

— Você ‘tá gostando de uma garota? — perguntou animada e incrédula ao mesmo tempo.

— Acho que sim — murmurou em voz baixa. — Nunca senti isso por ninguém antes.

— Eu posso saber quem é? — indagou Rose, sem conseguir conter a curiosidade.

Lysander negou com a cabeça.

— Não agora — disse sorrindo e voltando a andar junto com Rose. — Rose, posse te fazer uma pergunta?

— Claro!

— Você já... Já...? — parou de falar para tentar formular a pergunta. — Já sentiu isso por alguém?

A ruiva negou.

— Nunca me apaixonei — admitiu

Os dois ficaram em silêncio mais uma vez.

Até Rose resolver perguntar:

— Que tal você me falar sobre ela?

Rose não achou que ele fosse falar.

Mas Lysander falou. Falou muito.

Depois de passarem todo o caminho até a sala de DCAT conversando sobre a garota, ou melhor, Lysander conversava com um sorriso bobo no rosto e Rose ouvia, feliz pelo amigo estar gostando de alguém.

Assim que o professor terminou de explicar a matéria e pediu para que fizessem uma leitura em dupla, Lys logo veio se sentar ao lado de Rose — expulsando Mackenzie — para continuar falando da amava. A ruiva não se importou, poderia estudar mais tarde.

Quando a aula acabou, o loiro continuou falando.

E ele falou sempre que se encontravam, nós intervalos entre as aulas.

— É impressão minha ou o Scamander não parou de falar com você o dia todo? — perguntou Mackenzie na hora do jantar. O garoto estava sentado na mesa da Corvinal, por isso havia parado de falar com Rose por um tempo.

Rose deu os ombros e disse que ele estava contando sobre a viagem que fez nas férias.

Mackenzie o chamou de louco — não de um jeito malvado, só estava dizendo o que todos diziam — e depois voltou a comer.

Assim que Rose saiu sozinha do salão, mas logo percebeu um certo loiro atrás dela.

Lysander começou a falar. De novo.

A ruiva seguia com o amigo pelos corredores de Hogwarts até o garoto dizer que a amada era estudiosa.

Estudiosa.

Estudos.

Malfoy.

— Lysander! — a garota exclamou fazendo com que o outro parece de falar. — Tenho um compromisso, te vejo depois.

Saiu antes que o garoto pudesse dizer alguma coisa.

Passar o dia ouvindo sobre o primeiro amor de Lysander fez com que a garota esquecesse completamente das aulas particulares.

Depois do que Scorpius Malfoy disse de manhã, Rose quis que aquelas aulas nunca tivessem existido e ao chegar perto da biblioteca seu medo voltou.

Sentiu os batimentos do seu coração acelerar. Por que Scorpius Malfoy tinha que ser assim?

Antes ele havia sido um bom aluno e educado e hoje havia falado aquilo quando ela conversava com Dominique.

— Não se preocupe Rosie, você está na minha lista — sussurrou. — Até as seis.

Rose Weasley quis muito que a biblioteca estivesse cheia.

Mas não estava.

Havia poucas pessoas ali que viraram a cabeça quando ela entrou. Uma dessas pessoas era o Malfoy.

— Está atrasada, professora — disse o loiro enquanto a ruiva se sentava do seu lado.

— Acabei esquecendo — falou tentando parecer indiferente, mas suas mãos tremiam encanto abria na página do livro. Preferiu não encarar o garoto ao seu lado.

— É claro que esqueceu — murmurou parecendo estar com raiva. — Passou o dia inteiro conversando com o esquisitão do Scamander. Até o irmão dele que é igualmente esquisito, resolver abandoná-lo.

Rose se virou em direção ao Malfoy pronta para defender o amigo, todavia não conseguiu.

O rosto do loiro estava muito próximo. Ela conseguia sentir o hálito dele bater no seu rosto.

Rapidamente, Rose Weasley ficou mais vermelha que os cabelos, mas mesmo assim tomou coragem.

— E-ele não é esquisito! — protestou a garota, tentando parecer determinada.

E Scorpius pareceu a ignorar.

— Você tem olhos lindos. Azuis como o céu à noite — comentou fazendo com que as bochechas de Rose enrubescerem ainda mais. — Tão inocentes...

A ruiva olhou para o livro de História da Magia e bufou.

Por que todos diziam que ela era inocente?

***

A garota bateu na porta da grande mansão e segurou o casaco com mais força contra o corpo. Ela teve vontadade de sair pulando para ver se o frio passava, mas isso estragaria toda a sua entrada magnífica.

Havia passado a viagem inteira de volta para Londres pensando em como agiria.

Podiam até achar que ela era idiota por ter preferido pegar um avião para casa, entretanto a garota apenas queria mais tempo para pensar.

Será que eles gostavam dela? Não os via a tanto tempo.

O capuz do casaco ajudava um pouco com o frio que a garota sentia na cabeça, mas sentiu que seus neurônios começaram a congelar.

Não estava nevando nem nada, e muitas pessoas andavam de roupas curtas pelas ruas e até no aeroporto, mas aquela garota era diferente. Ela era muito mais sensível que as outras pessoas.

“Por Merlin! Onde estão as pessoas dessa casa?!” pensou irritada, mas antes que pudesse bater na porta novamente. Ela se abriu.

Revelou uma mulher que a garota não via há mais de um ano.

Elas se encararam por um longo período de tempo.

Era possível notar as semelhanças entre as duas. Muito parecidas, principalmente na aparência.

Só tinha duas pequenas diferenças. O cabelo e os olhos.

A mais nova não soube o que dizer até que a mulher que atendeu a porta a abraçou.

Fazia muito tempo que alguém não a abraçava daquele jeito.

Um abraço cheio de carinho e saudades.

— O que faz aqui, querida? — perguntou a mais velha, sem desfazer o abraço.

— Voltei para casa, mamãe.