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Se você perguntasse para Crystal como definir Gold, ela não saberia ao certo como responder.

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Primeiro, diria que ele era inconveniente. Inconveniente, com uma mania horrível de dar apelidos à todos e sem educação nenhuma. Que quebrara a janela do laboratório um dia em suas visitas, vivia fugindo de encontros dos Dex Holders, tinha mil quedas por garotas que conhecia só de vista. 

Depois, se você insistisse, ela admitiria que ele tinha seus bons momentos. Ele conseguia sempre achar uma solução para os problemas da equipe, nunca hesitava em ajudar os outros, e até aparecia nos tais encontros, umas duas horas depois do combinado, um sorriso culpado no rosto e uma grande aventura para contar.

Se você fosse alguém mais próximo dela, como Yellow, Silver ou até Blue, ela deixaria escapar outros detalhes.

Como o dia em que ele esperou a tarde inteira na chuva em frente ao laboratório para se desculpar pela janela quebrada. (E ela, teimosa, só fora abrir quando viu que ele estava tremendo.)

Ou como ele sempre conseguia a fazer rir quando estava triste. (O que acontecia mais vezes do que ela imaginava,) como sabia exatamente o que comprar para ela em seus aniversários e também como, no fim do dia, ele ligava para ela sempre na mesma hora para a irritar. (Ela sentiria falta dele caso não fizesse isso.)

(Yellow riria um pouco e ficaria quieta, Silver daria um sorriso discreto e Blue ficaria meia hora convencendo-a que ele gostava dela.)

Mas havia coisas que ela nunca contaria a ninguém.

Nunca contaria como os olhos dele brilhavam mais que as estrelas à noite, como o sorriso dele fazia seu coração dar cambalhotas, como o simples soar de sua voz a deixava leve e despreocupada.

(Olhos que sempre a olhavam, sorrisos que sempre eram para ela, voz que sempre a chamava.)

Se você pedisse para ela resumi-lo em uma só palavra, ela não conseguiria colocar todas as histórias, todos os sentimentos, tudo o que era ele em sua resposta.

Então ela contentava-se em olhar para a janela, aquela que ele mesmo consertara alguns dias atrás, e falaria com um sorriso no rosto:

“Idiota.”

(Meu idiota.)