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Ele a olha e se pergunta se dessa vez ela vai notar.

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A primeira vez em que se despedem é coincidentemente a que ele percebe que está apaixonado. Está completamente sem fôlego, acabando de ter corrido na velocidade de um trem para se despedir.

E ele não sabe direito o que fez. Disse que continuaria ser empregado dela, que iria usar a marca da empresa quando entrar na liga Pokémon, e...

Tudo só uma desculpa para não ter que dar um “adeus”, e sim um “até logo”.

Com um sorriso, ele começou a andar para fora do prédio. Por uma última vez se virou, e desejou que da próxima vez que se encontrassem ela estaria sorrindo de novo.

A segunda vez em que se encontram é a que ele percebe que não vai ser tão fácil assim. Tinham se visto só por um mísero segundo, no meio de uma batalha grande contra a Team Plasma.

A única coisa que o faz saber que ela está ali é o rastro de castanho preso num rabo de cavalo que contorna o lugar e um leaf storm que derruba dois Krokorok antes de desaparecer de novo.

Ele faz menção de segui-la, de olhar no rosto dela outra vez, mas não pode deixar aqueles capangas destruírem sua chance de ganhar a liga Pokémon.

Então ele respira fundo, se concentra no oponente. Não é difícil, e depois de umas estratégias todos estão no chão e derrotados. Black pensa em ir atrás dela antes de perceber que não é preciso, ela já está lá e o encarando.

— Hey! - Os olhos dela brilham, e ele cora um pouco. Não hesita nem um pouco em ir até ela.

Ela está sorrindo.

A terceira vez que dividem uma casquinha de sorvete é a que ele percebe o quão densa ela pode ser. Já é fim de tarde de primavera, e eles passeiam por Castelia depois de uma tarde à procura de trabalho.

White está comentando sobre um novo papel que conseguiu para sua Deerling e ele a encara por todo o tempo, não tirando os olhos dos seus lá- quer dizer, do seu rosto.

Finalmente , ela percebe a falta de resposta do ‘empregado’ e olha para o lado. Eles se olham por um bom tempo, não ousando nem piscar. Black está definitivamente corado. E parece que ela finalmente está percebendo-

— Quê foi? Quer um pouco do meu? – Ela estende sua casquinha de chocolate, inclinando a cabeça para o lado.

Ele fica cheio de pensamentos confusos na cabeça e literalmente pifa.

A quarta vez em que brigam é a que ele percebe estar perdido e sem salvação. Não se lembra direito o motivo da briga – foram atores ou algo assim? Ou a rota que tomariam para a próxima cidade?

O importante é que eles brigaram, e ela acabou chorando de verdade por causa disso. Droga, já não bastasse ter perdido o N de vista da última vez que se viram, ainda tinha feito sua chefe chorar?

Black observa o lugar em que está, com uma gota. Ela saíra correndo, e, claro, ele fora atrás. Que garota teimosa, se metendo numa floresta tão tarde da noite. Com um suspiro, passa por entre algumas árvores até achá-la.

Machucada, com Serperior a protegendo de um bando de Garbodors. Não precisa nem de um segundo para correr para seu lado, sacando seu Emboar para auxiliar na batalha contra os pokémons selvagens.

— Chefe, sua doida, o que pensa que tá fazendo? – Ele a puxa para o lado, percebendo que ela torcera o pé. – Você entrou no território deles!

— Eu saí correndo sem pensar e caí, tá legal? – Ela respondeu, tentando se soltar. – Posso dar conta disso Black, me solta!

— Não. – Ele a levanta com os braços, ignorando o gritinho que ela solta com o movimento. Manda Emb lançar um heat crash e finalmente derrota os Garbodors. – Vamos sair daqui.

— E-ei! – Ela esperneia, bate, faz de tudo, mas sem efeito. Ele até poderia deixá-la lá mesmo e voltar por si, mas ainda sente culpa por ter brigado antes.

Estão quase fora da floresta quando ela decide perguntar algo.

— Por que você faz isso? – Black levanta uma sobrancelha, parando para ouvi-la. – Quer dizer, me proteger e sempre voltar para mim mesmo que eu não peça.

— Uh. – Droga. Não. O que ele faria agora? Calma, você não vai pifar outra vez, já foi vergonhoso o suficiente da última...

Ela dá um risinho, colocando uma das mãos na boca para abafar.

— Tudo bem, deixa. Não quero que você desmaie de tanto pensar. – Ela olha para o lado, e está vermelha no rosto. – Mas, obrigada. Só, me prometa uma coisa.

— O-o quê?

— Me deixe te proteger também. Só uma vez, quando estiver em perigo, eu quero ser a que te salva.

— Se você insiste. – Black fala com uma gota, e congela ao sentir que ela deu um beijo em sua bochecha.

É, sem salvação, ele pensa ao sentir o rosto queimar enquanto a carrega para sua tenda.

A quarta vez em que seguram as mãos é a que ele percebe o quão lindos são os olhos dela. Estão no meio de uma filmagem em Opelucid City, um lugar curioso com parte da cidade em tecnologia avançada e outra rústica.

Além disso, eles não parecem gostar muito de seus momentos de grito-ao-horizonte, como White gosta de chamá-los. Atiraram comida em seu rosto quando tentou fazer isso no meio da cidade.

Está de noite, e estão filmando uma cena com estrelas. Uma Gothilette está brilhando à luz do luar, no meio de uma cena de mistério de um aparente filme de terror. É para ser uma visão assustadora, mas Black está achando totalmente o oposto.

White o chama a atenção quando grita um corta, indo ajeitar o Pokémon contratado e dirigir o que ele iria fazer na próxima cena. Ela está tão animada por ter participação extra num filme que ele deixa escapar um sorriso largo no rosto.

A produção acaba, a equipe de produção troca suas despedidas e eles decidem ficar por lá mesmo pela noite. Estão do lado rústico da cidade, então a falta de luz revela milhares de estrelas no céu.

— Não são lindas? – A garota murmura ao seu lado. Ele está prestes a concordar, mas para ao ver a cena.

White, iluminada só pela noite, com os cabelos soltos e olhos reluzindo com as estrelas. Nos lábios, um sorriso pequeno mas verdadeiro, e ele consegue sentir os brilhos de alegria que a envolvem.

— Uh... – Ela olha para ele, e Black sente o ar sendo puxado de seus pulmões num segundo. Droga, onde está Musha para limpar sua mente num momento como esse?

White tem uma expressão misteriosa no rosto, até sorrir outra vez. É algo mais sério, talvez até um pouco triste. Ela dirige seu olhar para o céu, e pensa em sua mascote perdida.

— Será que ela está olhando para as estrelas?

— Provavelmente. – Ele sai de seu transe para responder. – Não se preocupe, vamos achá-la.

— Eu confio em você. – Ela dá um daqueles sorrisos verdadeiros, e seus olhos têm um brilho quase incomum. Ele não sabe direito o que é, mas pela acelerada drástica de seu pulso devia ser algo bom.

A quinta vez em que ela o repreende é a que ele percebe o quão idiota foi esse tempo todo.

Está na liga Pokémon, na final, contra N, e ele tem um Pokémon legendário enorme. Assim como o dele, mas de qualquer forma Black está encrencado.

A batalha está difícil, e ele não consegue prever os movimentos de seu adversário. Ele sabe que , se perder, não terá mais esperanças. Acabará tudo. A Team Plasma finalmente irá vencer.

E ele não pode deixar isso acontecer. Não pode, por que-

Escapa por pouco de um ataque do gigante lendário à sua frente, e comanda outro para seu próprio. Não estava conseguindo se concentrar. Se pelo menos alguma coisa funcionasse...

— SEU IDIOTA! – O que...? Ele vira o rosto, e lá está White, ao lado de uma Emboar e furiosa. – Pare de se distrair e lute!

— M-mas eu... – Os sonhos de ganhar a liga estão invadindo sua mente , e juntos com suas responsabilidades tiram toda sua atenção. White rosna, gritando outra coisa.

— Você ainda tem que ganhar! Tem que ganhar usando o logo da companhia, lembra?! – Ele ficou com uma gota, isso realmente não era hora para propagandas- -E tem que cumprir sua promessa!

— Que promessa?

— Eu ainda tenho que te salvar. – Ela dá um sorriso, mostrando uma pokébola. – Não me faça ter que fazer isso agora!

Não parece ser um modo efetivo de incentivo, mas ele nunca deixaria White se meter no meio de uma luta como aquelas para o salvar. Então meio que funcionou.

— Não entendo... – Black murmurou, depois que N tivera sumido.

— O que? – Ele se assusta, e vira para White que o encara.

— Não, é que... – Ele começa, olhando para baixo. – Sempre sonhei em ganhar a liga e a Elite 4, mas... Agora que eu fiz isso, o que resta?

— Hm, por que não ganha outro desejo? – Black franze a testa.

— Tão rápido assim? Isso é impossível.

— Não é não. – Ela dá um risinho. Num movimento súbito, entrelaça sua mão direita na dele , o suficiente para que ele se vire com o rosto vermelho. – Por agora... Pode ter como desejo ficar do meu lado...

Ela está corada. E parece nervosa. Deve ser por que tem medo deles se separarem outra vez? Black suspira, achando graça daquilo, de todas as vezes em que tentou fazê-la notar que gostava dela e nunca conseguira.

Então, como resposta, o garoto passa seus braços pela cintura dela e a envolve num abraço apertado.

Ele a olha, e se pergunta se dessa vez ela vai notar.

Ela afunda o rosto em seu casaco, não olhando para cima em nenhum minuto e com as orelhas vermelhas. É, parece que a resposta é um sim.