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Ela insiste, ele recua. É um impasse, e não há caminho de volta.

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Sapphire sente vontade de chorar, mas não fala nada.

Ele não se lembra de nada. Não se lembra da confissão, que ela levou uma viagem inteira para admitir para si mesma.

Ela se pergunta se Ruby disse mesmo a verdade naquele dia.

Ruby não sabe mais o que fazer, então finge.

Finge que não tem vontade de abraçá-la quando ela sorri, de beijá-la quando ela tenta o lembrar da batalha de Hoenn, de dizer que sim, ele não deixou de gostar dela, ele nunca deixaria de gostar dela-

Mas ela é perfeita demais para ele, e quebrá-la outra vez seria fácil demais. Então ele força um sorriso, e finge não saber.

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Ela insiste. Eles estão na casa da árvore, sem nada para fazer. Ruby está ocupado penteando Nana, e Sapphire o encara com o canto do olho.

Começa uma conversa. Algo sobre pokémons, parte para Emerald, menciona arco íris e eles se veem presos em outro argumento.

— Mas você não nem direito de dizer isso! – A garota berra, levantando. – Eu tento e tento fazer você lembrar, e nada!

Ruby a fitou por um segundo, desviando seu olhar logo em seguida. – Não sei do que está falando. – Murmurou.

— Ora, seu... – Sentiu sua visão embaçar, e mordeu o lábio para evitar as lágrimas. – Eu te odeio!

— Desculpa. – Ele suspira, e fecha os olhos para não vê-la indo embora. Sua Mightyena se enrosca em sua perna, o consolando.

Ela sabe o quanto é difícil fingir para os outros o que você não é.

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Ele recua. Estão na chuva, fazendo uma pesquisa para o prof. Birch. Castform está em cima de Ruby, evitando que ele se molhe para a felicidade do coordenador.

— Deixa de ser menininha Ruby, é só chuva! – Ela brincou, nem ligando para os pingos que molhavam sua roupa e cabelos.

— Eu não quero pegar um resfriado. – Ele resmungou, cruzando os braços.

— Não tá nem pingando direito. – Sapphire o reprovou de cara feia. Nem sabe por que foi gostar daquele garoto. Tudo bem, sabe sim. Mas queria poder não gostar em momentos como esse.

— Selvagem, a chuva tá piorando. – Ruby estava começando a ficar preocupado. Ela podia viver no mato e tudo mais, mas ainda era uma pessoa normal e conseguia ficar doente. – Vem até aqui antes que fique doente.

— Humf... – Ela virou-se, um pouco vermelha, e foi relutantemente até ele como pedido. – Pronto, feliz?

Ele não respondeu, mas sorriu. Ela não mudava mesmo.

— Acho que podemos voltar. – Ela observou, depois de analisarem mais algumas áreas da floresta em que estavam. – Já coletamos bastante informação. Poderia ter sido mais, mas essa roupa afastou os pokémons...

— Não, você não vai mesmo colocar essa roupa de folhas. – O coordenador a repreende, bufando.

— Nunca disse que ia, idiota. – Sapphire respondeu, bufando. – Eu... Gosto dessa roupa. - Ela falou baixinho, olhando para seu traje azul.

O silêncio se instalou por um minuto, ele por estar surpreso e ela por estar com vergonha.

—... Ah. – O garoto começou, sentindo sua face esquentar. – É bom mesmo, aquela roupa é um atentado ao senso comum.

— Tá, que seja. – Ela riu, olhando para o Castform que mantinha sua forma solar. – Ei, Ruby...

— Hm? – Ele olhou para ela, confuso. O sorriso falso já se instala, esperando o óbvio.

— Você... Não lembra mesmo, né? – Ela murmura, olhando fundo nos olhos dele. O que está lá? Confusão? Tristeza? Raiva? Culpa? Ela tenta entender tudo, puxar todas as emoções e ver se há um vestígio mínimo de outra coisa.

Amor.

— Desculpa. – Ele repete mais uma vez, olhando para baixo. Sapphire sente seus olhos lacrimejarem.

— Não, tudo bem. – Ela murmura, disfarçando com um sorriso. – Eu... Já sabia.

Sim, ela já sabia. Aquilo tudo era bom demais para ser verdade. Eles podiam ser assim para sempre, melhores amigos, rivais, tudo...

Mas nada além disso.

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Por último, se encontram em frente a um navio.

Francamente, ele já esperava por tudo isso. Sapphire sempre foi de seguir em frente, nunca de parar e esperar. Ele tinha até se surpreendido de tanto tempo que ela perdeu o esperando.

— Então... É isso. – Ela sorriu, parada em frente a ele. Quanto tempo já se passou, dela esperando pelo nada? Quanto tempo até ela desistir? A treinadora desistiu de contar.

— É. – Ele respondeu, olhando para baixo. – Boa sorte lá.

— Obrigada. – Ela dá um sorriso confiante, mostrando seus caninos afiados. Ao olhar para o desânimo do garoto, bufa. – Vamos lá, menininha, essa não é a última vez que nos vemos!

— Eu sei. – O coordenador responde, suspirando. – Estou só preocupado com as suas roupas, e se vão durar até o fim de sua jornada.

— Idiota. – Ela resmunga, o encarando. Depois, abaixa a visão para o chão. – Você... Não pode ir mesmo?

— Em Unova não tem concursos, Saph, seria uma perda de tempo. – Ele a lembra.

— É. – Ela concorda. Queria falar que não seria uma perda de tempo, que ele estaria do lado dela, mas do que adianta? Ela já tentou demais. É óbvio.

— Então... Até mais. – Ruby se despede, sorrindo. Ela assente, dando um sorriso fraco.

— Até.

Ela sobe o barco, sem olhar para trás. Não quer que ele veja que ela está chorando. Murmura por uma última vez a frase que guardou tão fundo em seu peito.

Ele a observa ir, e sabe que ela está chorando. Culpa-se pela milésima vez por ser a causa de tudo aquilo, por não ter coragem o suficiente para correr até ela e dizer que a ama...

Mas ele não conseguiria suportar a dor de ver o olhar de medo nos olhos dela outra vez. Murmura por uma última vez o que sempre disse.

— Eu te amo.

— Desculpa.

É um impasse, e não há caminho de volta.