Peço à ela que se sente. Seu sorriso desaparece aos poucos, enquanto me sento ao seu lado.

- O que aconteceu? É grave? – ela pergunta, com a voz um pouco rouca.

- É... O Demétrius, ele... – me enrolo um pouco para falar. – Ele voltou... E ele... Sequestrou a... A Samantha.

Beatriz simplesmente deixa seu queixo cair e me pergunta sobre como poderíamos tê-la de volta.

- Essa é a questão. – eu digo, mostrando-lhe o bilhete e começando a explicar. – Ele queria o que estava na gaveta. E a única coisa que eu encontrei lá era um livro. O nome era “A Alma De Beatriz”.

- Então, ele quer a minha alma...

- Exatamente. Eu sei que você jamais deixaria um fantasma levar sua alma assim, de graça, mas era só pra te avisar, caso ele tente fazer alguma coisa...

Bia toma o bilhete de minhas mãos e o relê em silêncio.

- Eu vou estar no quintal da sua casa. Que dia vai ser isso?

- Ele me deu um prazo de 48 horas – informo. – Mas Bia, você realmente está pensando nisso?

- Julie, ele não vai pegar minha alma. Vou ser meio que uma isca. Aí você consegue a Sam de volta e tudo fica bem. Só preciso de um plano. – ela diz, e sinto que Bia começa a arquitetar um plano em sua mente.

Bem nesse momento, olho para o lado, cabisbaixa, e Daniel adentra na sala, falando com alguém no telefone.

- Então, quando pode vir? – ele fala com a pessoa do outro lado da linha. Pausa. – O mais rápido possível, a minha mulher está muito triste.

Começo a fitá-lo e ele percebe meus olhares indiscretos. Daniel se senta na poltrona e continua a falar com o tal desconhecido.

- Tudo bem então. Nos vemos daqui a duas horas. – e desliga o telefone.

- Com quem estava falando? – exclamo me levantando do sofá e indo a sua direção.

- Calma, amor. – ele se levanta e ficamos cara a cara. – era uma velha amiga do meu tio. Uma tal “feiticeira” que sabe como duplicar uma alma.

- Jura? – Bia se anima, levantando-se.

- Sim. – ele se vira para ela. – A tal bruxa é uma gênia quando se trata de poções. Vai fazer uma réplica da sua alma e enganar o Demétrius. Depois, a gente o denuncia para a Polícia Espectral. Vai ganhar muito tempo de tortura, com certeza.

Beatriz compartilha de me sorriso de esperança.

- Eu sabia que tinha um jeito! – ela logo se anima, voltando a ser a boa e velha Bia que conhecemos tão bem.

- Então ela vem daqui a duas horas? – pergunto.

- É. Ela vem do submundo às quatro da tarde. – ele afirma.

- Tá bom então. O que vamos fazer enquanto isso? – Bia pergunta.

- Não sei não...

No nada, surge uma luz ofuscante, verde fluorescente, e sinto subir uma fumaça cinzenta, que me impede temporariamente de respirar.

Quando ela finalmente se dissipa, eis que me aparece um tipo estranho, uma mulher velha trajada com uma túnica em um roxo muito escuro e um chapéu pontudo. Exatamente como vemos nos desenhos. Ela vai se aproximando, e pego a mão de Daniel.

Ele me arrasta até a tal mulher. Nos encontramos no meio da minha sala.

- Ah, desculpe, eu não tinha mais serviço e não consegui esperar. – ela diz, amigável. Solto a mão de Daniel e nós cumprimentamos a tal mulher.

- Feiticeira Morgana, às ordens.

Sorrio e meu noivo vai logo aos finalmentes.