POV Leo

  Mais um dia á caminho de Roma no Argo ll. Eu já estava até acostumado com o vento frio que sempre vinha do Norte. Época de inverno fazia com que tudo na minha visão estivesse coberto de neve. Sem comentários sobre Percy e Annabeth. Os dois dividiam o seu tempo em conversar sobre a missão e ficar de mãos dadas falando frases melosas como ‘eu te amo’ e ‘eu não viveria sem você’ como se já não estivesse na cara que eles se amam. Jason e Piper quase não se falavam mais. Após o desembarque no Acampamento Júpiter Jason foi correndo em direção até a tal Reyna e a abraçou tão forte que eu poderia ouvi-la com falta de ar á 10 metros de distância. Após Piper ver aquela cena ela simplesmente voltou para dentro do navio direto para sua cabine, eu pensei em ir atrás dela, mas provavelmente iria piorar ainda mais a situação. Depois disso eu soube que Jason tentou conversar com ela. Sem sucesso. Era horrível pra mim ver ela triste. Poxa, ela deveria estar falando mal das minhas piadas, se importar quando eu provoco ela, mas não. Ela está dura como rocha, e eu só espero que ela melhore.

  Era de manhã quando eu senti o primeiro impacto no navio e Annabeth veio correndo até a cabine de pilotagem ofegante:

- Leo, temos sérios problemas.

- Que tipo?

- É melhor você ver pessoalmente.- Pela expressão dela eu sabia que era alguma coisa grave.

 Eu a segui para fora e ela apontou para baixo. Muito abaixo. Estávamos acima de uma cidade que eu desconhecia o nome  e junto da cidade havia um verdadeiro exército de monstros. A maioria ciclopes, estavam lançando pedras em nossa direção. Pedras que estavam pegando fogo!

Uma segundapedra atinge o navio. Dessa vez o impacto foi mais  forte.

- Chame o pessoal e me encontre na cabine.

- Ok.

Em alguns minutos todos estavam reunidos.

- O que iremos fazer?- Perguntou Percy.

- Não podemos lutar, há muitos deles e isso significaria pousar o navio. E eu não vejo nenhum lugar vago.- Eu disse.

Outra pedra atinge o navio, dessa vez abrindo uma pequena rachadura no teto.

- Se continuarmos no ar, o navio pode não suportar e cair .- disse Hazel.

Ela estava certa, poderíamos não sobreviver ao impacto e ainda o fato de estarmos acima de uma cidade com milhares de pessoas inocentes.

Eu olho pelas janelas e me deparo com a seguinte vista. A cidade abaixo de nós junto com os monstros. Os mortais devem estar enxergando um tipo  de protesto em que os rebeldes jogam bolas de boliche em um helicóptero. Nas fronteiras da cidade se elevam duas montanhas lado a lado formando uma fenda de pedras pontudas negras que faria os campos de punição parecerem um parquinho infantil. Qualquer coisa que tentasse passar por ali seria esmagada com certeza. E é daí que eu tiro a minha idéia maluca.

- Certo, o plano é o seguinte...- neste momento somos atingidos por duas pedras e a rachadura no teto aumenta.- vocês terão que sair do navio.

Eles me olham como se eu tivesse ficado louco.

- Leo, já falamos sobre isso. As bigas serão usadas somente em uma emergência.- diz Jason como se tivesse falando com uma criança de 5 anos de idade.

- Jason não sei se você notou, mas estamos numa emergência!- eu respondi quase explodindo.

- Então qual é o plano?- perguntou Frank. Mais uma pedra e dessa vez eu senti que está vamos perdendo um pouco da altitude.

- Estão vendo aquela fenda? Eu irei pilotar o navio naquela direção quando vocês tiverem fora.

- Leo você tá louco?! O navio irá se transformar em pó se você fizer isso!- Dessa vez foi Piper que falou.

- Piper se eu não fizer isso o navio pode cair em cima daquelas casas. Pessoas inocentes podem morrer por nossa causa!

- Mas...você irá...

- Não pense em mim, Pips. Pense naquelas famílias. – eu respondi tentando encorajá-la.- Agora todo mundo pro porão!- Dessa vez eu gritei.

 E me dirigi para a escada em direção ao porão. Lá se encontravam duas bigas com dois pégasos autônomos. Mexi em alguns botões e eles zuniram para a vida. Logo os seis estavam entrando nas bigas.

 Antes que Piper pudesse subir eu fiz uma coisa sem explicação. Segurei o braço dela e disse:

- Espere.

- O que foi Le...- eu calei ela com um beijo. O primeiro e último que eu iria dar na menina mais bonita que eu já conheci.

- Lembre-se disso, Rainha da Beleza. Lembre-se que pra mim, você foi mais do que uma amiga.

- L-Leo...- ela estava perdida, olhando-me com aqueles olhos de caleidoscópio confusos.

- Destrua Gaia por mim, Piper. Você é uma ótima guerreira.

Se não fosse Percy para puxá-la para dentro da biga ela ficaria ali para sempre imóvel. Eu apertei o botão na parede, o que abria o alçapão e os dois cavalos voaram para longe. Carregando os meus amigos em direção ás Portas da Morte onde iriam resgatar o irmão de Hazel.

Outra explosão me acorda para a vida real. Eu vou correndo para a cabine de comando, ou pelos menos o que restou dela, e começo a mexer nos controles. Eu aumento a velocidade o máximo que posso e tento aumentar a altitude também. Mais duas explosões, agora eu posso sentir o cheiro de fumaça. Provavelmente uma parte do Argo ll está em chamas. Isso não seria perigoso para mim, mas o impacto com o solo seria.

- Por favor, todos os deuses que existam. Façam com que eu possa pilotar essa coisa!

  O navio agora está a apenas 10 metros da fenda. É como se o tempo começasse a passar mais devagar agora. Eu posso ver o ciclope que está jogando uma das pedras em mim, consigo sentir a primeira pedra da montanha perfurando o casco do navio e tudo o que eu digo é:

- Adeus, Piper. Eu te amo.

A partir daí eu não vejo mais nada.