Walpurgis Nacht escrita por KingMichukiin


Capítulo 2
Encontro.


Notas iniciais do capítulo

A maioria dos capítulos são curtos, como em Rangers.
Aí, no seguinte, começa com outra parte já, às vezes sendo uma continuação. (Quem lê/leu Rangers vai entender)
Well, enjoy, os capítulos naõ demoram a sair. :3



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A Taverna era um local grande e amplo, rustico, feito de madeira como a maioria. Apesar de tudo, era uma boa estalagem. Havia uma escada ao lado do balcão que levava aos quartos. O balcão era grande, com espaço para dez pessoas sentarem uma ao lado da outra, uma das cadeiras estava ocupada por Kriemhild, outras duas estavam ocupadas por viajantes comuns. Haviam várias mesas, a maioria ocupada por bêbados vagabundos e ferreiros, já que o terreno de Spettalum não era nada fértil para colheita.

Mas, incrivelmente, a taverna não era grande o suficiente para a entrada daquele jovem com quase dois metros de altura, que bateu a cabeça em uma viga da entrada e reclamou de dor baixinho.

–Sempre me esqueço dessa maldita viga... - Resmungou irritado.

Com o silêncio que se instalou após a entrada daquele jovem, Kriemhild conseguia ouvir os grilos fazendo barulho e o jovem reclamando da sua altura. E não era por menos.

O garoto que acabara de entrar tinha um rosto não másculo, e sim praticamente infantil, por isso parecia tão jovem. Sua pele era alva e lisa, que nem parecia ter ido para a guerra, se não fosse por uma cicatriz no olho direito. Aliás, ele era caolho, e estava usando um tapa-olho branco. Seu cabelo era louro e caia sobre os ombros, liso. O seu único olho era um azul cor de mar. Duas orelhas grandes e pontudas indicavam que ele era um Elfo.

O mais chamativo era sua altura e armadura. Devia ter 1,90, ou mais. Kriemhild não sabia definir se era a armadura, ou se o garoto era realmente um poço de massa muscular, porque ele parecia gigante das duas formas. A armadura parecia ter sido esculpida de cristal, como se o mínimo toque fosse quebra-la. Mas o barulho que ela produzia ao andar mostrava que era de um material muito mais poderoso. Um escudo próximo à forma triangular residia em suas costas e uma espada enorme e com vários detalhes, incluindo asas no cabo e inscrições na lâmina, descansava em sua cintura. Tanto o escudo quando a espada eram do mesmo material da armadura. Isto é, o cara parecia, simplesmente, um anjo ambulante.

E o incrível disso tudo: Era a primeira vez que o chifrudo via um Elfo que não é arqueiro.

O jovem loiro se aproximava enquanto todos os olhares se dirigiam para ele. Kriemhild fechou o mapa discretamente, o guardando como se realmente tivesse terminado de olhá-lo. Não queria parecer suspeito fechando de imediato com a aproximação de um estranho.

Assim que o garoto se sentou ao lado de Kriemhild, os outros dois viajantes que ocupavam o balcão saíram, se dirigindo para outra mesa.

–Ah, o que eles pensam? Acham que irei mordê-los? - O outro sussurrou, suspirando. O chifrudo achou melhor não responder, apenas puxou um pouco mais o capuz para frente, enquanto tomava seu Hidromel.

"Chega a ser irônico. Uma criatura desse tamanho e angelical ao meu lado, enquanto eu sou pequeno e demoníaco", Kriemhild pensou, rindo de si mesmo.

–Belo pentagrama. - A voz suave, mas grossa, do rapaz soou ao lado de Kriemhild e ele o olhou.

–É comigo?

–Você é o único restante aqui perto, com quem mais estaria falando? - O loiro sorriu - Não é todo mundo que possui um pentagrama pendurado no pescoço tão livremente. Você é um bruxo?

–E se eu for? - Franziu o cenho, levemente irritado. Ou seria assustado? Pentagrama no dia 29 de Maio, um dia antes do começo da Walpurgis, não era nada legal. Se o jovem a sua frente se tornasse um inimigo, seria um aborrecimento.

–Haha, você gosta de brincar desse joguinho? Cada um respondendo com uma pergunta diferente?

–Sinceramente? Não.

–Mas você notou, não notou? Estamos nos respondendo com perguntas mesmo sem querer.

–Quanto tempo você vai continuar com isso?

–Está se irritando?

Kriemhild estava morrendo de vontade de dar um soco naquele rosto sorridente do caolho. Ele estava fazendo de propósito.

–Chegue de uma vez no final do assunto. O que você quer?

O loiro sorriu vitorioso e olhou em volta antes de falar.

–Hm, bem, repetirei a pergunta. Você é um bruxo? Sem joguinhos dessa vez. - Falou mais sério.

–Sim, sou um bruxo. Qual é o problema?

–Hm. Você é um dos mensageiros, então. - Suspirou - Hoje é 29 de Maio, sabe. A Walpurgis.

–Ah, sei. - Replicou com desprezo.

Era a pior data para Kriemhild. Ele tinha que lidar com alguns familiares de bruxas nesse dia. As bruxas costumavam perseguir bruxos para tomar-lhe o poder, afinal, os bruxos são os melhores combatentes mágicos e são os únicos que, se muito fortes, conseguiriam combater uma bruxa.

–Mas, afinal, posso perguntar por que o interesse neste pentagrama? Aproveitando que você me interrogou, irei interroga-lo.

–Haha, tudo bem, eu aceito. É uma troca de informações, então. - Riu - ah, bem, eu sou um caçador de bruxas. - Deu de ombros - Por isso tenho essa armadura, essa espada, esse escudo.

–Caçador... De... Bruxas? - Arqueou as sobrancelhas.

–Sim. Por que a surpresa?

–Você caça sozinho? Em todas as Walpurgis?

–Não. Riu Você nunca ouviu falar de nós? É por isso que as pessoas somem quando nos veem, somos amaldiçoados, como elas mesmas dizem.

–Amaldiçoados... ?

–Não somos amaldiçoados, de verdade. Fazemos parte de um clã aqui do Rei de Spettalum, que caça as bruxas todos os anos. Estou lá há sete anos, apenas.

–Sete anos parece bastante para mim. Mas vocês apenas trabalham na Walpurgis? - Kriemhild se via interessado na conversa, isso podia lhe ser útil de alguma forma.

–Não, matamos familiares todos os dias. - Riu- Mas esse ano há algo de especial.

–O que há de especial?

–A profecia da centésima quinta Walpurgis Nacht.

A voz que respondera era feminina e desconhecida, proveniente do lado de Kriemhild que estava desocupado. Agora, sentada ali, estava uma bela mulher.
A moça possuía cabelos longuíssimos e negros que certamente passavam de sua cintura. Seus olhos eram um violeta escuro, penetrantes e sedutores. Sua pele alva e suas orelhas levemente pontudas, indicando que era uma meia-elfa. Tinha unhas enormes, pintadas de preto. A roupa que usava era um tipo de armadura em forma de traje comum, mostrava bem seus seios fartos e coxas grossas. Sua bota possuía um salto alto, e Kriemhild começou a pensar como não a ouviu se aproximando.

Na cintura da mulher residia duas facas, uma de arremesso, pontuda, fina e leve. A outra era uma de caça, pesada, afiada e grande. Ele imaginou ter visto uma caveira na ponta de uma varinha presa do outro lado das facas, mas não conseguiu ver mais detalhes.

Outra coisa notável era uma cicatriz enorme com as letras 'L' 'o' 'v' 'e' 'l' 'e' 's' 's' no braço esquerdo.

Certamente, ela era perigosa.

–Profecia... ?

–Sim. Na centésima quinta Walpurgis Nacht, as bruxas começarão a renascer e dominarão o mundo. Isto é, se nós não a impedirmos, todo mundo aqui, incluindo você, vai estar morto.

–E uma enorme responsabilidade jogada sobre nossos ombros. - O Elfo suspirou - Ainda bem que somos bem fortes! - Sorriu animado.

–Há mais pessoas com vocês, não há?

–Ah, sim. Lúcio, o nosso líder, e a Sharon, nossa outra companheira.

Os olhos de Kriemhild arregalaram-se ao ouvir o nome do líder, e então, após o suposto susto, sorriu.

–O que acham de uma ajudinha?

–Ajudinha? - A moça repetiu.

–Sim. Eu sou um bruxo, afinal. Posso ajudar a repelir as magias das bruxas, por exemplo. E não existem muitos bruxos por aí que possam lhes ajudar.

A morena olhou para o loiro, que apenas assentiu com a cabeça. Ela então estendeu a mão para Kriemhild.

–Luthia Loveless. - O chifrudo deu término ao aperto de mão - E o loiro ao seu lado é o Desespero.

–Desespero? - Kriemhild olhou com as sobrancelhas arqueadas para o Elfo.

–O quê? Não se pode mais ter um apelido? - Defendeu-se com as mãos estendidas para cima, em sinal de inocência.

O chifrudo riu e levou a mão até a testa. Aliás, não havia se apresentado. Puxou o capuz para trás e olhou para ambos.

–Eu me chamo Kriemhild.

–WOW! Achei que sua raça tinha sido exterminada, cara! - Desespero ria.

–Bem, admito que também nunca tinha visto um Elfo de armadura.

–Elfo? - O loiro parecia confuso.

–Você está como Elfo grandalhão e fortão, Desespero. - Luthia replicou com descaso.

–Ahhh! Quer ver algo legal, Kriemhild?

O Elfo sorriu largamente e fechou os olhos, puxando o tapa-olho e o retirando. Assim que abriu os olhos novamente, o chifrudo arregalou os olhos.

O loiro agora possuía cabelos azuis escuro um pouco mais curtos do que antes. Seus olhos eram azul escuro também e sua pele avermelhada. Dois chifres de carneiro nasceram em sua testa e agora havia um rabo movendo-se para lá e para cá.

–... V-V-V-... C-C-Como?! - Estava incrédulo, nunca havia visto aquilo antes.

–Haha, é um dos meus truques. - Riu - Se você se achava estranho, pode ter certeza que eu sou mais.

Luthia deu uma olhada em volta. Todos os olhares estavam concentrados neles. Ela suspirou e riu.

–Ok, já chamamos atenção demais. Vamos embora, temos que encontrar os outros dois.

–Oh, certo!

O Ex Elfo se levantou e começou a seguir caminho para a porta. Enquanto andava, sua aparência começava a mudar para o Elfo novamente. Era um processo um tanto quanto esquisito, ao ver que ossos mudavam de lugar e o garoto parecia não sentir dor.

A morena o seguia logo atrás, mandando um beijinho para alguém em especial que Kriemhild nem se importou em notar.

Quando os três chegaram lá fora, o chifrudo viu três cavalos de batalha. O primeiro era branco e usava a mesma armadura cristalizada no focinho e afins, obviamente era o cavalo do Elfo. O outro era negro, usava uma armadura no mesmo lugar do cavalo anterior, só que a armadura era negra e possuía vários espinhos. O outro possuía uma armadura mais normal, mas resistente e leve.

–Bem, como pode ver, aquele mais neutro é o seu. - Luthia deu de ombros - Como ele não era de ninguém, não tem essa personalização especial. - Riu - Para montá-lo, diga maçã.

–Por quê?- Kriemhild franziu o cenho, se aproximando do cavalo.

–É a comida favorita dele, e ele não vai deixa-lo montar se não disser maçã. - Riu novamente, olhou para o próprio cavalo e sussurrou 'morcego'. O cavalo imediatamente pareceu ficar manso e a garota subiu.

O mesmo aconteceu com Desespero, ele sussurrou algo e conseguiu montar sem um único esforço. Meio desconfiado, mas achando que poderia pagar um mico ao fazer isso, Kriemhild sussurrou maçã.

O cavalo neutro de batalha relinchou e se aproximou, abaixando-se levemente para que o chifrudo pudesse subir sem problemas. E bem, assim o fez, sentindo-se incrivelmente alto naquele cavalo.

–Quero ver para descer dele... - Sussurrou para si, constrangido- Para onde vamos? Digo, encontrar os outros.

–No castelo. - Luthia sorriu.

–... Castelo? ... Do Rei Yang?

–É, qual o problema? - Desespero franziu o cenho, não entendo o porquê de preocupação.

–É que eu não sou mensageiro dele... E sim do outro Rei. Não seria... Sei lá... Invasão?

–A partir de agora você vai nos ajudar, o que significa que há esse direito. Mas, você terá que jurar e assinar um papel de que não contará nada do que ver para o Rei Yin. Ok?

–Por mim tudo bem.

–Caso você não cumpra o prometido e apareça alguma vantagem de guerra para o Rei Yin, e você não possa provar que não foi você que passou a informação, eu te mato pessoalmente. - A morena sorriu e cutucou as costelas do cavalo com o joelho, passando de um andar normal para um trote.

–Mas o quê... - Kriemhild suspirou, era melhor ele se manter de boca fechada. Se é que iria sobreviver a guerra contra as Bruxas, mas precisava ajuda-los com isso.

E de qualquer forma,

As intenções de Kriemhild nunca foram, realmente, 'ajudar' o grupo.


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Notas finais do capítulo

Sinceramente, nunca gosto dos começos das minhas histórias. :c



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