Kuroi Crystal escrita por Luciane


Capítulo 20
Capítulo 19 - Um casal separado


Notas iniciais do capítulo

Dessa vez cumpri o prazo, viram? rs

Espero que gostem ^^



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            Quando Maaya chegou ao quarto, a encontrou ainda na janela, olhando para fora com um olhar um tanto perdido. Lentamente se aproximou da garota, que só percebeu sua presença ali quando ela parou ao seu lado.

 

            -Gosta dele, não é?! – Perguntou Maaya, ao confirmar o que Karin observava.

 

            -Não sei do que está falando. – Respondeu a garota secamente, porém sem desviar seus olhos do casal que se beijava no quintal.

 

            Maaya encostou seu dedo indicador no vidro, apontando para o casal.

 

            -Yuuhi.

 

            -Ainda não sei do que está falando.

 

            Karin afastou-se, indo até a cama e se sentando. Maaya suspirou e preferiu falar sobre o assunto que tinha ido tratar. Embora sentisse que Karin estava confusa com seus sentimentos em relação a Yuuhi, sabia que não seria viável tentar conversar com ela sobre aquilo no momento. Deveria ter mais paciência. A aproximação entre as duas seria lenta...

 

            -Talvez se interesse em saber que dei entrada no pedido para sua tutela definitiva – Informou Maaya, sentando-se ao lado de Karin.

 

            -E daí?

 

            -Bem... E daí que daqui a um mês teremos uma audiência. Vão conversar comigo, com você... Perguntarão a sua opinião sobre isso e... Bem, você dirá o que acha.

 

            -Acho que você está se metendo no que não é da tua conta, Shihara.

 

            Maaya suspirou novamente. Levantou-se da cama.

 

            -Já conversamos sobre isso e já disse minha opinião, Karin.

 

            -Sayuki. – Corrigiu a adolescente, rispidamente.

 

            -Certo, “Sayuki”. Hideki pediu pra eu avisar que o jantar será servido em dez minutos.

 

            -Aham.

 

            -Você não anda se alimentando direito, não é?!

 

            Karin encarou Maaya com hostilidade.

 

            -Por que toda essa preocupação comigo, Shihara? Quer um conselho? Cuida da tua vida, valeu?!

 

            -...Valeu. – Respondeu Maaya desanimada. Em seguida saiu do quarto.

 

 

*****

 

            Era noite. Por toda a mansão, ressoava o som dos gritos daquela garota. Assim que passou pela porta de entrada da casa, Saito apressou o passo, subindo rapidamente os dois andares de escada e indo até aquele quarto. A encontrou caída ao chão, com suas roupas rasgadas e as costas já em carne viva.

 

            -Já chega por hoje.

 

            Ao ouvirem a ordem, os dois homens que agrediam a garota com um chicote pararam o que faziam. Fizeram uma leve reverência e saíram do quarto. Saito aproximou-se, abaixando-se ao seu lado e passando de leve uma das mãos pelos ferimentos nas costas da garota.

 

            Ela gritou novamente. Ele sorriu.

 

            -Está tudo bem agora. Eu vou cuidar de você!

 

            Ela mal conseguia acreditar nas atitudes e palavras daquele rapaz. Ele realmente parecia sentir prazer em vê-la naquele estado.

 

            Sayuri gritou novamente quando ele a pegou em seus braços, levando-a até a cama. Em seguida ele deitou-se ao lado dela. Pelo visto, iria passar a noite ali novamente.

 

            -E então? – Perguntou, acariciando o rosto da garota – Já se lembrou de alguma coisa?

 

            Ela não disse nada. Fechou os olhos com força, gemendo pela dor em suas costas. Já estava há semanas naquela situação, mas parecia que jamais se acostumaria com aquelas torturas.

 

            Em sua mente, a imagem daquela mulher que desafiara Kosugi ainda estava viva.

 

            -Por favor... Me ajude! Eu não... Aguento... Mais... Isso...

 

 

*****

 

            Maaya acordou assustada. Passou as costas da mão pelo rosto suado, enquanto percorria os olhos pelo quarto. Através da tênue iluminação de um abajur, viu que Luna, Miyu e Harumi já dormiam. Um pouco apressada, levantou-se da cama e caminhou em direção a porta. No caminho, tropeçou em “algo”, que ganiu. Olhou para o chão, reparando que havia pisado acidentalmente na poodle cor de rosa, que Miyu havia levado consigo para a república.

 

            -Foi mal aí... “Michelle”. – Disse em voz baixa.

 

            A cachorrinha, no entanto, pareceu não aceitar as desculpas de Maaya. Fazendo a maior pose de cão feroz, começou a rosnar e latir para a ruiva.

 

            -¬¬’...Já pedi desculpas! Que coisa! u.u”

 

            Desviando-se do pequeno animal, Maaya saiu do quarto. Subiu rapidamente as escadas para o sótão, até chegar ao quarto onde Karin estava. Com cuidado para não fazer barulho, aproximou-se da cama. Sorriu aliviada ao ver que a garota dormia tranquilamente.

 

            -Graças a Deus, tudo não passou de um sonho. – Sussurrou.

 

            Ajeitou a coberta da jovem e saiu do quarto.

 

            Mal a porta se fechou e Karin abriu os olhos.

 

 

*****

 

            Quando terminava de descer as escadas, Maaya encontrou Hideki no corredor, saindo de seu quarto. Os dois se olharam curiosos.

 

            -O que aconteceu? – Perguntou o jovem, preocupado ao ver a mãe saindo do quarto de Karin.

 

            -Não foi nada. Apenas tive um sonho estranho, com Karin... Mas é besteira minha, ela está bem. E você? O que faz de pé essa hora?

 

            -Também tive um sonho estranho... Com minha irmã Akemi.

 

            -Você também?

 

            Ele fez que não.

 

            -Disse que sonhei com Akemi, e não com Karin.

 

            Maaya suspirou. Não queria entrar em discussão sobre aquilo. Apenas desejou boa noite ao filho e seguiu em frente, a caminho de seu quarto.

 

            Hideki ia descer até a cozinha, na intenção de beber um copo de água. No entanto, por “precaução”, resolveu também ir ver como Karin estava. Subiu para o quarto dela e aproximou-se da cama onde ela dormia, abaixando-se no chão.

 

            Olhando para ela, sorriu e disse:

 

 

            -Tudo bem, garota... Sei que está acordada.

 

            Ela abriu abruptamente os olhos, encarando o rapaz. Ainda sorrindo, Hideki perguntou:

 

            -Por que está tão tensa? Não vou fazer nada contra você! Ops... – Ele agilmente colocou a mão na frente do rosto para segurar o punho de Karin que veio com tudo em sua direção – Toma cuidado aê, garota! Se acalme, já disse que não vou te fazer mal.

 

Puxando a mão de volta, Karin continuava a encarar o rapaz. Estava tensa.

 

-O que faz aqui? – Ela perguntou.

 

-Vim apenas ver como você estava.

 

-E pra que essa preocupação toda? E não vem com essa de que eu lembro sua irmãzinha Akemi, Kaori... Sei lá o nome!

 

Hideki sorriu novamente.

 

-Realmente o carinho que tenho por você é unicamente de irmão. Queria que acreditasse nas minhas boas intenções.

 

-Você é um homem. Os homens são todos iguais! As pessoas são todas iguais! No fundo cada um só está preocupado consigo mesmo.

 

Ao ouvir aquilo, a expressão no rosto de Hideki tornou-se séria.

 

-Não confia em ninguém?

 

-Já disse que confio apenas em mim!

 

Hideki levantou-se.

 

-Tudo bem, garota. Me desculpe por te assustar, essa não era minha intenção. Mas te peço que pense melhor sobre isso. Realmente espero que um dia você confie em mim e aceite minha amizade. Não quero mais nada de você além disso.

 

Dito isso, Hideki saiu do quarto. Karin ainda permaneceu olhando na direção em que ele havia ido por algum tempo.

 

 

*****

 

            Finalmente, mais um final de semana havia chegado. Luna acabara de acordar e saía de seu quarto. No corredor, deu de cara com Kairi que também saía de seu quarto naquele momento.

 

            -Bom dia! – Disseram os dois ao mesmo momento, parando um de frente para o outro.

 

            Riram juntos e ameaçaram dar o primeiro passo, um em direção ao outro, quando a porta do quarto ao lado do de Luna se abriu. De lá, saiu Miyu, vestida com um micro-short rosa e uma blusinha branca. Luna perguntou-se se estaria tão quente para aquilo.

 

            -Good morning! - Disse Miyu alegremente, indo até Kairi e o pegando pela mão – Honey, que bom que te encontrei! Preciso da sua ajuda!

 

            -Er... Claro! Em quê?

 

            -Meu laptop! Ele tá maluco! Acho que é vírus! Help me, please! ;_;

 

            -Ah... Claro! O.o

 

            Ela puxou Kairi para dentro do quarto. Luna continuou parada no corredor, observando a tudo, cismada. Nem tinha percebido que Tiemi saía do quarto nesse momento.

 

            -Aí... Se fosse você eu não deixava! O.o

 

            -O quê? – Indagou a loira, olhando para a amiga.

 

            -Seu namorado se enfurnar no quarto, sozinha com “aquela lá”.

 

            -Ah, isso? – A brasileira forçou um sorriso – Não é nada demais, ele só vai ajudá-la com o computador. É o trabalho dele.

 

            -Se eu fosse você eu não acreditava! u.u

 

            -Ah, Tiemi-chan! Eu confio no Kairi! ^-^

 

            -Se eu fosse você... Eu não confiaria tanto assim! ¬¬’

 

            E Tiemi saiu, descendo as escadas e indo para a sala. Luna se aproximou da porta entreaberta do quarto onde Kairi e Miyu haviam entrado, olhando para a cena: Kairi estava sentado numa das camas, com o laptop em seu colo, enquanto Miyu estava deitada, perigosamente perto do chinês e observando o que ele fazia.

 

            -Mas pera aí... Eles tem que fazer isso... Na cama? u.u” – Perguntou-se a loira.

 

*****

 

            Eles riam. Sentados juntinhos num dos sofás da sala, Hideki e Harumi colocavam a conversa em dia. Apesar de morarem sob o mesmo teto, raramente se viam durante a semana. Até que, num determinado momento, tiveram suas atenções desviadas ao ouvirem o som de passos descendo as escadas. Era Luna, que desceu e sentou-se emburrada numa poltrona. O casal olhou intrigado para a cena.

 

            -Lu-chan? – Chamou Harumi.

 

            -Eu! – Respondeu a loira, sem empolgação alguma.

 

            -Tudo bem com você?

 

            -Sim, está.

 

            -Então por que essa cara, garota? – Perguntou Hideki, sorrindo – Hoje é sábado, tá um dia lindo lá fora! Sorria! Cadê o Kairi?... Ai, Haru! Não me bate, não! ¬¬’

 

            -O Kairi tá lá em cima. – Respondeu a loira – No quarto. Com a Miyu.

 

            -Deki, poderia me deixar sozinha um minuto com minha irmã, por favor? – Pediu Haru.

 

            -Claro... Que não! – Respondeu o rapaz.

 

            -Não, é?! ¬¬’

 

            -Não! Vai envenenar a garota contra o Kairi? Alguém tem que estar por perto pra defender o cara!

 

            -¬¬’... Certo! Apenas não me interrompa enquanto eu falo, por favor!

 

            -À vontade! u.u”

 

            Harumi olhou para Luna e tomou fôlego para falar, mas a loira se antecipou:

 

            -Tá bom, Haru! Já sei o que dirá! Que ele não é o cara certo pra mim, que ninguém sabe ao certo quem ele é, que vou acabar me dando mal por confiar demais nele...

 

            -Que bom que sabe disso tudo! ^-^

 

            -¬¬’... Eu amo o Kairi, Haru! E não vou me afastar dele!

 

            -Luna, entenda de uma vez por todas que isso é furada! Você lembra do que ele tentou fazer contra a May no passado, não lembra?!

 

            -Estava sendo controlado. Não era ele!

 

            -E o que te garante que seja ele dessa vez? E se estiver sendo controlado de novo?

 

            -É um risco que vou correr.

 

            -É... Até ele te matar!

 

            -Ele não vai me matar! Nunca faria isso!

 

            -Quem te garante? Ele tentou matar a May, lembra?

 

            -Mas não matou, lembra? E a própria May nunca guardou ódio ou desconfiança dele. Pelo contrário: sempre deu muita força pra nós ficarmos juntos.

 

            -É lógico que deu! Não era a filha dela!

 

            Hideki foi obrigado a intervir na conversa:

 

            -Espera aí, Haru! Minha mãe nunca daria um conselho errado pra Umi! Você sabe disso!

 

            -Sabe que eu adoro a sua mãe, Deki! Mas ela realmente era um pouco “sem noção” pra essas coisas, não é?! Deixava a filha namorar o Yuurei! u.u”

 

            -Ela não era “sem noção” ¬¬’ Sabe que Yuurei nunca desrespeitou minha irmã!

 

            -May sempre foi do tipo: “Eles se amam! Deixe que fiquem juntos!” E isso às vezes tirava um pouco da razão dela. Mas duvido que, se fosse com Akemi, ela deixaria ficar com um rapaz que ninguém sabia de onde vinha.

 

            -Aki fez por merecer a confiança dela!

 

            -Quando? Quando tentou matá-la?

 

            Luna suspirou e se levantou, subindo novamente para o segundo andar. Sem perceberem sua ausência, Harumi e Hideki ainda prosseguiram com sua discussão.

 

 

*****

 

            Ela parou novamente em frente à porta entreaberta, observando os dois. Kairi permanecia concentrado no seu trabalho, respondendo às inúmeras perguntas que Miyu fazia, ainda deitada ao seu lado. Luna olhou mais atentamente para aquela garota... Era bonita. MUITO bonita, aliás. Além de ser extrovertida, simpática... O tipo de garota que mexeria com qualquer homem. Olhou novamente para Kairi e percebeu que ele realmente não parecia dar muita atenção a meio-americana... Sorriu ao reparar nisso.

 

 

            -Pra que ter medo? Ele me ama, eu sei disso. Sei também que ele nunca faria nada para me magoar. Sempre foi assim no passado... Será assim sempre.

 

 

            -Terminei. – A voz de Kairi a arrancou de seus pensamentos.

 

 

            Após ter anunciado o término de seu trabalho, Kairi se levantou, sendo derrubado na cama logo em seguida por Miyu, que se jogou nele, abraçando-o.

 

            -You’re the best, honey! ^-^

 

            -Hump... ¬¬’...Ele me ama, mas não vamos abusar, né?!

 

            Tomando fôlego, Luna entrou no quarto, parando diante da cama e encarando o casal, com a expressão mais zangada que conseguia fazer (não tinha muita experiência nisso, essa era a verdade). Olhando para a namorada, Kairi pareceu se desesperar. Já Miyu, continuou a abraçá-lo, como se nada estivesse acontecendo.

 

-Já acabou seu trabalho, Kairi? – Indagou Luna. Apesar da voz séria, na verdade sentia vontade de chorar diante da cena.

 

-Er... Já! – Respondeu Kairi, tenso, enquanto tentava se soltar. Ou Miyu pesava bem mais do que parecia, ou concentrava todas as forças que tinha em não deixar ele escapar – Mcloan-san, eu preciso ir!

 

-Oh, sure! ^-^

 

Miyu saiu de cima de Kairi. Ele, então, pôde se levantar da cama. O casal já ia sair do quarto, quando Miyu os chamou:

 

-Esperem! Lu-chan, eu queria conversar um pouco com você.

 

-Comigo?

 

-Yep!

 

Luna franziu a testa, pensando sobre que tipo de assunto a patroa de seu namorado poderia ter para tratar com ela.

 

-É que... É que... – Miyu explicou, com os olhos úmidos – Eu precisava conversar com uma amiga...

 

Ao ver as lágrimas nos olhos da outra, Luna esqueceu-se completamente da raiva que sentira instantes atrás. Nada lhe fazia se sentir pior do que ver alguém chorar. E se pudesse fazer algo para ajudar, faria. Sendo assim, pediu para que Kairi a aguardasse por alguns minutos e este, compreendendo a situação (e também um tanto compadecido e preocupado pela súbita mudança de humor de McLoan), atendeu ao pedido e saiu do quarto.

 

Ficando a sós com a meio-americana, Luna indagou:

 

-E então, no que posso te ajudar?

 

-Sabe o que é, Lu-chan? – Miyu sentou-se na cama – É que... Eu gosto de um garoto...

 

-Sim...

 

-E acho que ele também gosta de mim.

 

-Então, qual o problema?

 

-Ele tem namorada!

 

-Ah, que chato...

 

-Mas você vai me ajudar com isso, não vai?

 

-O que posso fazer pra ajudar?

 

Como num passe de mágica, as lágrimas nos olhos de Miyu pararam de cair e ela sorriu.

 

-Dar o fora... E me deixar ser feliz com o Kairi.

 

Luna a fitou totalmente confusa... Por fim, fez a única pergunta que conseguiu formular:

 

-Como é?

 

*****

 

-Calma aí, princesa! Vai devagar... Tá me sufocand... Gasp...

 

Assim que Nathalie o viu entrar pela porta da sala de seu apartamento, permitiu-se agir como uma criança feliz. Subiu em cima de um sofá e o abraçou com todas as forças que tinha. Nunca em sua vida poderia imaginar que sentiria tanto assim a falta de uma pessoa... Sentia mais falta de Jean do que de seu próprio pai.

 

-Princesa, é sério... Tô ficando sem aaaar...

 

Ela riu e, finalmente, o largou. Ainda de pé sobre o sofá, trocou um sorriso com Jena, que a olhou de cima a baixo.

 

-Minha princesinha tá crescendo!

 

-Você acha?

 

Ele ia responder, mas uma voz feminina, vinda de um canto da sala, o interrompeu:

 

-Nathalie, saia de cima do sofá, sim?

 

Jean voltou seus olhos para a dona daquela voz. Encontrou uma mulher japonesa, de longos cabelos negros.

 

-Sim, Megumi-san! – Resmungou Nathalie, acatando a ordem.

 

Jean tornou a olhar para Nathalie.

 

            -Quem é essa daí, Nat? – Cochichou.

 

            -Sua substituta.

 

            -Não acredito que seu pai contratou outra babá! ¬¬’

 

            -Acredite!  O nome dela é Seikihara Megumi. Ela começou há uma semana.

 

            -E seu velho?

 

            Nat sorriu tristemente.

 

            -Não o vejo há três dias. Geralmente sai muito cedo e, quando volta pra casa, se tranca naquele escritório até bem tarde.

 

            -Ele não muda mesmo, não é?!

 

            -Parece que a empresa está com problemas.

 

            -E os problemas da filha, onde ficam?

 

            -Não esquente com isso, Jean!  E então, vai ficar pra almoçar?

 

            -Tenho uma idéia melhor. Vamos passar o dia fora! Que cê acha? Podemos chamar a Tiemi pra ir junto!

 

            A menina se empolgou com a idéia:

 

            -Sério? E pra onde vamos?

 

            -Sei lá... Andar à toa! Podemos pegar um cinema... Almoçar num lugarzinho maneiro, tomar um sorvete... Deixo a decisão pras donzelas! E então, topa?

 

            -Claro!

 

            -Mas... A tia aí vai deixar?

 

            -Jean... Quem manda nessa casa?

 

            Os dois riram, cúmplices. E Jena respondeu:

 

            -Dona Marie Lamartine.

 

            Fazendo que sim, os dois saíram pelo apartamento à procura da governanta... Sendo seguidos pacientemente pela nova babá de Nathalie.

 

 

*****

 

            -Preciso desenhar pra você entender, darling? Dá o fora! Deixe Kairi e eu sermos felizes!

 

            Luna piscou algumas vezes, ainda sem acreditar no que ouvia.

 

            -Isso só pode ser piada. – Resmungou, antes de dar meia-volta para sair do quarto.

 

            Mas mal deu dois passos e parou, quando Miyu disse:

 

            -Sabia que meu pai é um dos donos da empresa em que o Kairi trabalha?

 

            Luna tornou a olhar para Miyu, totalmente incrédula das palavras que acabara de ouvir.

 

            -Você não faria isso!

 

            -Duvida, darling?

 

            Luna continuou olhando para Miyu por algum tempo. Por fim, riu, despertando a curiosidade da americana.

 

            -Quer saber? Faça o que quiser!

 

            -Ué... Pensei que amasse o Kairi.

 

            -Amo, e sei que ele também me ama. Por isso, faça o que você bem entender. Sei que não vai demorar até que ele encontre outro emprego, até melhor do que o atual. Ele tem competência e potencial pra isso. Tendo um ao outro, o resto a gente supera, juntos.

 

            Ao dizer isso, Luna pôde ver o brilho de ódio surgindo nos olhos de Miyu. Realmente, ela não esperava aquela resposta da brasileira... Achava que aquilo seria bem mais fácil. Sendo assim, não teria outra escolha: recorreria ao plano B!

 

            -You’re right! Ele vai conseguir coisa melhor. Afinal, não é difícil. Pra quem é saudável, tem as duas pernas...

 

            Luna deixou de sorrir nesse momento, parecendo perceber onde aquela garota estava querendo chegar.

 

            Miyu prosseguiu:

 

            -Já percebeu como o mundo é injusto? Não basta uma pessoa ser capacitada, esforçada... Se ela tiver alguma deficiência, algum problema de locomoção... As oportunidades simplesmente desaparecem! Isso é cruel demais! E não é um problema tão distante de nós, né?! Nós conhecemos um caso assim! Como o da irmãzinha do Kairi.

 

            A brasileira ficou totalmente perplexa com aquelas palavras. Miyu sorriu ao ver aquela preocupação estampada no rosto de sua rival.

 

            -E, sabe de uma coisa interessante, darling? A sua cunhadinha trabalha em uma das empresas do grupo que o meu pai é sócio. Já pensou que coisa horrível essa garota perder o emprego que ela tanto batalhou pra conseguir? Imagina, pode até cair em depressão! Vai ter que passar a depender financeiramente do irmão... Poxa, logo agora que ela tinha conquistado sua independência! Tenho até medo do que uma depressão dessas pode provocar numa pessoa! E o Kairi vai ficar tão tristinho! Ama tanto aquela irmã...

 

            -Você não seria capaz de fazer algo assim...

 

            -Quer pagar pra ver?

 

            -Você não pode ser tão cruel!

 

            -A vida é cruel, darling! Well... Tem até meio dia de hoje. Se não terminar com o Kairi, serei obrigada a ligar para uns amigos da filial de Nagoya. Ai, mas que carinha é essa? Vai chorar, baby?

 

Já com lágrimas ameaçando vir à tona, Luna começou a recuar alguns passos, olhando perplexa para Miyu. Assim, saiu do quarto, totalmente desorientada. Parou no corredor e olhou para o relógio em seu pulso: Eram dez e vinte da manhã.

 

            Olhou para a porta do quarto dos rapazes e a encontrou entreaberta. Por uma pequena fresta, olhou lá para dentro, encontrando Kairi deitado numa das camas, lendo um livro. Provavelmente algo relacionado a sua profissão.

 

Parecendo perceber que alguém o observava, Kairi voltou seus olhos para a porta. Sorriu ao ver quem estava ali.

 

-Luna! – Seu sorriso se desfez ao perceber a expressão preocupada no rosto da namorada – O que aconteceu? O que houve, Luna?

 

Ela começou a soluçar. As lágrimas começaram a descer de seus olhos. E, não mais se contendo, ela abriu abruptamente a porta e entrou no quarto correndo, jogando-se na cama do chinês e abraçando-o com força, enquanto chorava em seu peito.

 

-Luna...? – Disse Kairi, preocupado – O que aconteceu?

 

-Me deixa ficar... Um pouquinho aqui com você? – Perguntou ela, em meio aos soluços.

 

Kairi a abraçou com um dos braços, levando a outra mão a cabeça da jovem e começando a afagar seus cabelos.

 

-O que foi? Por que está assim?

 

-Não foi nada. Acho que... Devo estar na TPM... Mulheres ficam sensíveis nesses dias, sabia?

 

Apesar da preocupação, Kairi achou graça na desculpa. Sabia que aquilo não tinha absolutamente nada a ver com tensão pré menstrual. Insistiu:

 

-Se for pelo que você viu lá no outro quarto, não aconteceu nada. A McLoan tem essas atitudes estranhas de abraçar as pessoas de repente. Eu fui pego de surpresa, e...

 

-Por favor. – Ela o interrompeu – Não fala nada. Eu só quero ficar assim, perto de você.

 

 Percebendo que Luna não queria falar os motivos do choro, ele ficou em silêncio e continuou a acariciar-lhe os cabelos. Sentiu-se aliviado ao perceber que o choro dela ia, aos poucos, diminuindo.

 

Fechando os olhos, Luna começou a viajar em suas lembranças... Recordando-se do tempo em que ainda atendia pelo nome de Matsuko Umi...

 

 

-Anjos?

 

            Ele fez que sim.

           

-São servos de Deus, que tem como dever orientar e proteger as pessoas.

 

Ela ouvia admirada às histórias contadas por aquele rapaz. Era noite. Estavam sozinhos, ele sentado no chão e ela numa pedra, próximos à uma fogueira. Fazia frio naquela noite. 

 

Umi estava às vésperas de completar quatorze anos. Já o rapaz, devia ter um ou, no máximo, dois anos a mais que ela... Nem ao menos ele sabia ao certo a idade que tinha.

 

-E onde eles estão? – Perguntou a garota, totalmente encantada com o assunto.

           

-Em todos os lugares. O tempo todo.

           

Ela olhou ao seu redor.

           

-Aqui também?

           

-Sim.

           

-Mas eu não estou vendo nenhum anjo por aqui.

           

-Você pode não vê-los, mas estão aqui.

           

Tornando a olhá-lo, Umi sorriu.

           

-Sabe o que é engraçado? Você não se lembra do seu passado, mas lembra dessas histórias.

           

-Não são meras histórias, são reais. Eu não sei como... Mas sei que são!

           

-Lembra aquela que você me contou outro dia? Sobre Jesus? Contei pro Genki, e ele me disse que, por saber disso tudo, você deve ser cristão. Mas isso não é de se assombrar, já que existem muitos cristãos na China.

           

-China?

           

-É de onde você veio. Bem, é o que Genki e May acham. Ninguém tem como ter certeza. Aliás, como você chegou aqui é o grande mistério.

           

-E onde fica a China?

           

-Longe!

           

-Longe quanto?

           

-Além do mar!

           

-E onde fica o mar

           

-Também longe!

 

            -Ah... Eu realmente devo ter vindo de MUITO longe, então! O.o

           

-Veio! Mas, vai! Fale mais sobre os anjos!

           

Aki tomou fôlego para começar a dizer alguma coisa, mas foi interrompido por aquela voz:

           

-Umi!

           

Ambos voltaram-se para a direção em que ela vinha, encontrando Naoko, irmã mais velha de Umi, com os braços cruzados e olhando brava para a garota. A caçula levantou-se da pedra onde estava sentada.

           

-Nao-chan?

           

Com raiva, Naoko foi até sua irmã e a segurou com força pelo braço, saindo do local puxando-a e deixando Aki para trás.

           

-Ai, Nao-chan! Tá me machucando!

           

-É pra machucar mesmo! Me diga, quantas vezes eu já te falei que não quero te ver conversando com esse garoto?

           

-Mas que mal há em eu conversar com ele?

           

-A essa hora da noite? Os dois sozinhos? E se ele faz alguma coisa com você, como é que fica?

           

-Fazer? Mas fazer o quê?

           

-Ele pode tentar se aproveitar de você!

           

-Se aproveitar como?

           

-Aff... Essa sua inocência me irrita ás vezes, sabia?

           

-Ah... Tá falando de... Fazer aquelas coisas que você e Hinoky fazem? O.o

           

Naoko parou de andar nesse momento, olhando para Umi com seu rosto completamente vermelho.

           

-Er... Umi, como você sabe que...

           

-Por favor, Nao-chan! Desde que me conheço como gente que cansei de ver vocês dois se beijando! Deveriam ser mais discretos, sabia?

           

-Er... Tá falando disso?

           

-E de que mais seria?

           

Naoko respirou aliviada.

           

-Bendita seja essa sua inocência!

           

-Ãh? O.o"

           

-Nada não! Eu me refiro a ele fazer coisa pior!

           

-Pior como? O.o

           

-Quando for mais velha entenderá! u.u" Mas eu não quero mais saber de vocês dois juntos, ouviu? Muito menos sozinhos!

           

-Mas Nao-chan...

           

-Nada de “mas”! Assunto encerrado, Umi!

           

-Nao-chan... Larga meu braço! ;___;

           

-Não!

           

-Tá doendooooo... ;___;

           

-Já disse que é pra doer mesmo! Ah, Umi! Espere só até o papai saber do que você anda aprontando!

           

-Mas eu não aprontei nada!

           

-Não? Esqueceu que ele disse que não queria saber de você junto daquele moleque?

           

-Mas ele não sabe!

           

-¬¬... Mas vai saber!

 

-Vai não! ;_;

           

-Claro que vai!

           

-Não conte pra ele, neechan! ;__;

           

-Claro que vou contar!

           

-Por favor! ;___;

           

-u.u”...Tá bom... Mas é a última vez que eu encubro seus deslizes, ouviu?! Ò.ó

           

-Obrigada! ;___; Mas... Agora dá pra largar meu braço?

           

-NÃO!!!

 

            -Ah... ;___;

 

            E Naoko continuou a puxá-la até chegarem finalmente em casa.

 

 

            -Kairi? – Luna chamou, finalmente quebrando o silêncio. – Você lembra... Lembra do dia que nos conhecemos?

 

            -Nessa vida ou na outra?

 

            -Na outra. Nessa não nos conhecemos... Nos reencontramos.

 

            -Como poderia esquecer? Aquela é a minha primeira lembrança daquela vida... Era como se eu tivesse começado a viver naquele exato instante. Quando abri meus olhos e te encontrei!

 

            -Algum dia você irá se lembrar do que aconteceu antes daquilo.

 

            -Duvido muito. Não lembrei na outra vida... Por que lembraria agora?

 

            -E você se lembra... Do nosso primeiro beijo?

 

            Ele riu.

 

            -E dá pra esquecer? Aquilo foi completamente trágico!

 

            Luna também riu e comentou:

 

            -Nenhum de nós fazia a mínima do que estava fazendo.

 

            -Foi meio... Atrapalhado.

 

            -E a vergonha depois?

 

            -Nem me lembre daquilo!

 

            Eles riram mais uma vez, tornando a ficar em silêncio em seguida. O tempo se passava... Vinte, trinta, quarenta minutos... Luna desejava com todas as forças que o tempo parasse naquele exato instante. Sua mente estava confusa. Deveria mesmo atender à chantagem de Miyu? Tinha que ter alguma maneira de impedir que McLoan fizesse algo contra Mei, sem que para isso precisasse se afastar de Kairi. Mas, por mais que pensasse, Luna não conseguia ter nenhuma idéia de como faria isso.

 

            De repente, a porta do quarto se abriu, e por ela entrou Yuuhi, anunciando:         

 

-Kairi, o Hideki mandou te avisar que... – Calou-se, quando avistou a cena. Piscou algumas vezes e, por fim, sorriu – Foi mal aê... Não queria atrapalhar os pombinhos! >D

 

-Ãh? O.o – Kairi olhou confuso para Yuuhi. Olhou para Luna, deitada em cima dele sobre a mesma cama, e finalmente se deu conta do que se passava pela cabeça do amigo – NÃO! Não nada do que está pensando, Yuuhi!

 

-Qual é, mano?! Pra cima do Kawamoto aqui? XD

 

-Estou falando sério, Yuuhi! ¬¬’

 

-Sei... Claro... Acredito! XD Bem, caso se interesse, Hideki mandou avisar que o almoço tá pronto! Agora vou sair e deixar o casalzinho feliz sozinho! XD

 

-Yuuhi! Já disse que não é nada do que você tá pensando! Volta aqui, Yuuhi! YUUHI! Ò.ó ...Já foi! u.u Mas é mesmo um pervertido! Vê maldade em tudo! ¬¬’

 

Ele voltou seus olhos para Luna, notando que ela parecia não ter se abalado nem um pouco com o que Yuuhi havia cogitado sobre os dois. Normalmente ela estaria morrendo de vergonha. A verdade é que não parecia nem ao menos ter percebido que o rapaz havia entrado e saído daquele quarto. Estava visivelmente abalada com alguma coisa.

 

-Luna? Lu, olha pra mim!

 

Ela sorriu de leve ao ouvir aquilo... “Lu”... Era a primeira vez que ele a havia chamado daquela maneira. Talvez fosse a última.

 

Levantou o rosto, olhando para o namorado.

 

-Eu?

 

-Não vai me contar o que aconteceu?

 

-O que o Yuuhi queria?

 

-Dizer que o almoço está pronto. Não ouviu?

 

-Estava distraída. Vamos almoçar! Depois conversamos, tá?!

 

Kairi fez que sim. Os dois se levantaram da cama e desceram, de mãos dadas, para a cozinha, onde se sentaram um ao lado do outro. Luna queria aproveitar ao máximo cada segundo que ainda teria junto a ele. Olhou mais uma vez para o relógio... Faltavam quarenta minutos para meio-dia.

 

 

*****

 

-Ah, eu quero ir ali também! *.* Nat, Jean... Vamos!

 

            Jean e Nathalie dividiram uma enorme gota, diante da adolescente que corria à frente deles, parecendo uma criança naquele parque de diversões.

 

-Ela tá animada! – Comentou o francês.

 

Nathalie concordou em silêncio.

 

-Aaaaah... Montanha russa! *.* - Gritou Tiemi, apontando para o brinquedo. Em seguida voltou correndo até Jean e Nathalie, puxando-os pelos braços – Vamos lá primeiro! Vamos? *.*

 

            Eles tomaram fôlego para responder, mas foram interrompidos pela mulher que os seguia como uma sombra:

 

            -É um brinquedo perigoso. Nathalie não vai.

 

            Jean olhou para Megumi e bufou:

 

            -Vem cá... Tu tinha que vir mesmo? ¬¬

 

            Megumi o encarou seriamente.

 

            -É o meu trabalho.

 

            -Teu trabalho é cortar o barato da guria? ¬¬

 

            -Não. Meu trabalho é cuidar da educação e do bem estar de Nathalie.

 

            Ele se preparou para retrucar, mas Nathalie entrou no meio dos dois, tentando dar um fim à discussão.

 

            -Deixe, Jean! Vão vocês dois, eu espero aqui.

 

            -Nem pensar, princesa! Você vai também!

 

            -“Princesa”? – Questionou Megumi – Isso não é jeito de você se referir a ela!

 

            -É um apelido carinhoso! ¬¬’

 

            -Mais parece que você está falando com uma garotinha normal!

 

            -Eu sou anormal?  - Desesperou-se Nathalie.

 

            -Não quis dizer isso, Nathalie! Só que você não é uma garota do nível dele para que ele te trate com essa intimidade.

 

            -Escuta aqui, minha senhora...

 

            Nathalie mais uma vez interrompeu o rapaz:

 

            -Não ligue para isso, Jean! Vai... Vão você e Tiemi. Eu espero aqui! Sério, não estou mesmo com vontade de andar naquilo.

 

            -Sério que não está?

 

            -Não, podem ir! Eu espero vocês aqui.

 

            Por fim, Jean concordou e foi, junto com Tiemi, para a montanha russa. Nathalie e Megumi sentaram-se num banco.

 

 

*****

 

            Totalmente alheia a todas as conversas que aconteciam ao redor da mesa, Luna apenas encarava a comida em seu prato. Olhou por um instante ao seu redor, reparando que todos já terminavam de almoçar. Ia tornar a encarar sua comida quando seus olhos caíram sobre Miyu, que, sentada bem a sua frente, apoiou o queixo sobre o punho, mostrando discretamente seu relógio para a brasileira. Luna olhou assustada para aqueles ponteiros... Faltavam vinte minutos para o meio dia.

 

            -Tudo bem, Lu?

 

            Ela voltou-se para aquele que havia feito aquela pergunta, pedindo em voz baixa:

 

            -Kairi, nós podemos conversar um pouco?

 

            -Claro. Agora?

 

            -É... Agora.

 

            Pedindo licença, os dois se levantaram da mesa. Antes de sair da cozinha, Luna encarou brevemente Miyu, que apenas sorriu para ela como se nada estivesse acontecendo.

 

 

*****

 

            Os dois voltaram para o quarto onde estavam minutos antes. Sentaram-se, um de frente para o outro, numa das camas. Luna pensava na melhor maneira de começar aquela conversa, mas Kairi se adiantou:

 

            -O que está acontecendo com você?

 

            Ela o olhou, mas nada respondeu. Kairi prosseguiu:

 

            -Tem algo te incomodando, eu sei! É algum problema no trabalho? Problema pessoal? Você não está doente, está? Pelo visto não está se alimentando direito. Nem tocou na sua comida, e...

 

            -Acabou. – Disse ela, num fôlego só.

 

            Kairi a fitou, confuso.

 

*****


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