Commentarius Angeli - Um Testemunho escrita por Francisco Lima


Capítulo 11
Capítulo 11 - Uma rosa, uma fita, um isqueiro.




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Capitulo XI – Uma rosa, uma fita, um isqueiro.

Um ataque cardíaco é consequência da obstrução das artérias do coração, impedindo o fluxo sanguíneo, sendo que muitas vezes é o primeiro sinal do problema cardíaco, é um caso de emergência, e no caso do ataque cardíaco fulminante, fatal. Em muitos casos uma pequena dor no peito que se estenda por dias ou semanas pode ser um forte indicativo de que há algo de errado. Pessoas acima de seu peso ideal, com colesterol alto ou que tenham uma taxa de triglicerídeos elevada no sangue são mais propensos a sofrer um ataque cardíaco. Históricos na família, idade a partir dos 60 anos, hipertensão arterial, diabetes, fumo, estresse e sedentarismo também são fatores de risco que aumentam as chances de infarto. Assim como a rapidez em seu atendimento é vital, devendo acontecer em locais especializados, onde os recursos estejam disponíveis de imediato.

Acho que em menos de um ou dois segundos, Allan já reestabeleceu sua postura e se preparou para um próximo ataque. Mas desta vez, ele não investiu diretamente em linha reta como tinha acabado de fazer. Em vez disso, ele fez um movimento brusco em um ataque diagonal, e raspando a lamina de sua lança contra o asfalto, a girou junto com o corpo, em um golpe rápido lateral, direita de Thomas. Mostrando reflexos rápidos de um guerreiro experiente, Thomas girou o tronco e posicionou o escudo rápido o bastante para evitar o golpe, além de mover os pés com agilidade para suportar melhor a pressão causada com o ataque.

Allan continuou com esta forma de lutar, ele raspava a lamina de sua lança no chão e nas paredes, e desferia contra Thomas golpes laterais. O demônio que o controlava parecia mais apreensivo agora.

– Vai ser agora! – Dorothy falou me cutucando com o cotovelo e então disparou em direção aquele bêbado desgraçado, Aiga disparou a sua frente para ataca-lo. Porem antes que elas chegassem perto, Allan as interceptou, ele correu com uma velocidade e uma explosão de arrancada incrível, como a de um verdadeiro velocista. Ele surgiu diante de Dorothy chutando o corpo de Aiga para o lado e virou o corpo buscando equilíbrio enquanto raspava sua lança no asfalto e desferia um ataque contra a garota. Dorothy rodou apoiada sobre o calcanhar esquerdo, inclinando o corpo em uma queda proposital para evitar o ataque.

A lâmina da espada de Thomas encontrou a da lança de Allan em um golpe que a abaixou ate o chão, causando um zunido estridente do encontro entre os metais, e com o escudo, ele acertou duas vezes o peito de Allan, e então jogando a perna direita e logo em seguida o corpo para o lado, ele acertou as costelas de seu oponente com a lateral da lamina de sua espada, para evitar o corte.

– Vamos, acabe logo com isso! – Gritou o demônio com uma clara expressão de nervosismo estampada em seu rosto – Isso já demorou muito para acabar!

Allan continuava a se mover como antes, com velocidade e explosão para os lados, e então com ataques muito rápidos e violentos contra Thomas, que embora conseguisse se defender, não parecia conseguir encontrar uma brecha nas investidas de Allan para preparar um contra ataque.

Eu corri em direção a Dorothy, ela ainda estava se levantando. A garota ao lado do demônio pareceu mais apreensiva neste momento.

– Você esta bem? – Perguntei.

– Sim, nós podemos atacar agora! – Ela falou.

– Mas nós temos que explicar para o Thomas o que esta acontecendo, ele não pode ferir o Allan...

– Olhe pra ele! – Ela me interrompeu, e ordenou apontando para o demônio.

O demônio estava de pé, com uma mão estendida na direção de Allan enquanto segurava a cabeça com a outra, parecendo estar com uma dor forte.

– Seu amigo pode ser fraco e por isso ele pode controla-lo, mas o anjo dentro dele é forte, e ele não será capaz de manter o seu controle se seu amigo continuar a forçar mais seus poderes. – Ela explicou.

– Você sabia o que devíamos fazer e não disse nada? – Eu perguntei irado.

– Imaginei que funcionaria, mas não tinha certeza – Ela explicou – Mas de qualquer forma nós não conseguiríamos força-lo a usar seus poderes sem feri-lo. Mas aquele cara ali parece que pode. – Ela apontou com o polegar para Thomas.

Aiga já tinha se levantado e sacudido as orelhas, então ela esticou o corpo como se estivesse alongando os músculos, e sob mais um comando de Dorothy correu em direção ao demônio. A mulher que estava ao lado do demônio puxou uma faca que estava escondida na cintura de sua calça a suas costas, e se colocou diante de seu mestre para protegê-lo. Decidida a matar, ela tentou golpear Aiga com a faca, mas a cachorra saltou contra ela mordeu seu antebraço fazendo-a soltar a faca. Aiga balançava a cabeça com ferocidade sem soltar o braço da mulher, que tentava desesperada se livrar do animal.

Dorothy aproveitou este momento para investir novamente contra o demônio e eu a segui. Neste momento Allan voltou-se para nos e tentou nos impedir, mas foi nesta hora que olhando para trás, vi Thomas demonstrar uma habilidade impressionante. Thomas se transportou de trás de Allan para sua frente o impedindo de prosseguir, então ele bloqueou seus ataques com seu escudo e transportou-se poucos centímetros para o lado para escapar de outro golpe. E assim ele prosseguiu, se transportando alguns centímetros, um ou dois palmos em todas as direções tanto para atacar, quanto para esquivar-se dos golpes de seu oponente, elevando a luta a um nível que a velocidade e agilidade de Allan não poderiam chegar.

Allan que atacava com tenacidade a instantes atrás, agora usava de todos os seus recursos para se defender, o que era parecia mais difícil, talvez pelo som dos movimentos de Thomas surgirem rápido demais em posições diferentes. Dorothy já estava saltando sobre o demônio quando voltei minha visão para ela. Ela o atacou com sua faca, mas ele agarrou sua mão e se jogou com ela no chão, então ele tomou-lhe a faca e com os joelhos sobre seus ombros deu soco forte de direita em seu rosto.

Nesse momento, Allan pareceu vacilar em sua defesa, o controle mental que o demônio mantinha sobre ele parecia começar a falhar, por ele ter comprometido sua concentração. Ele ergueu a faca de Dorothy sobre a cabeça e a desceu em um golpe furioso decidido a acabar logo com o confronto, mas Aiga o impediu, ela o mordeu pelo braço, como havia feito agora pouco com aquela mulher que defendia o demônio, e puxava seu braço com o sangue pingando de seus dentes e um instinto voraz. Allan quase voltou a si neste instante, pareceu parar tentando reaver seus sentidos, a chuva estava enfraquecendo e se tornava uma leve garoa.

Dorothy agarrou sua faca no chão e o golpeou no estomago, neste momento, me percebi inativo, parado, como um expectador que nada faz além de assistir uma cena, e sabia que não era assim que deveria estar. Um estalo me fez recobrar o foco, apanhei uma flecha em minha aljava e enverguei meu arco fazendo os músculos das costas se tencionarem com grande pressão, então mirei bem as costas daquele demônio maldito que nos causou tantos problemas, e disparei com confiança, vendo minha flechas sendo disparada no ar e transpassando o peito da mulher que estava junto ao demônio e se atirou no caminho do meu disparo para protege-lo.

O demônio, agora já não tão alcoolizado, estava agarrado a Dorothy, tentando se livrar enquanto ela agarrava e puxava seus cabelos. Ele a puxou e deu uma joelhada em seu estomago, fazendo-a gritar de dor e solta-lo, caindo no chão sem abrir o punho. Eu o vi estender a mão mais uma vez em direção a Allan, e o fez com tanta tensão que vi o sangue escorrer de seus lábios enquanto ele os mordia.

Allan retomou sua sequencia de ataques rápidos, e Thomas, que pareceu ter baixado um pouco a guarda teve um pouco de dificuldade para reestabelecer sua defesa. Em um movimento rápido, em que Thomas pareceu não ter tempo para se esquivar nem se transportar como estava fazendo ainda a pouco, Allan, que se movia ainda mais rápido do que antes, conseguiu golpeá-lo com sua lança no peito do lado esquerdo, sobre o pulmão ou o coração.

Thomas tremou ao receber o golpe, e caiu no chão aos pés de Allan.

–Allaaaan! – Eu gritei e corri em sua direção, foi então quando vi, não muito distante de nós, Thais, com sua flauta transversal nas mãos. Pascal estava a seu lado, sua arma estava em sua mão direita, mas quando ele se moveu para vir em nossa direção, Thais estendeu seu braço esquerdo diante dele, impedindo-lhe de passar. Ela estava nos observando, e não se há quanto tempo, e mesmo depois de ver Allan golpear Thomas mortamente, ela não se moveu, ela sequer mudou aquela irritante expressão calma que cada vez mais me tirava do sério.

Allan correu para atacar Dorothy, e eu disparei atrás dele, mas é claro não consegui alcança-lo, então, decidido a acabar com isso de uma vez por todas, disparei outra flecha contra aquele maldito demônio, temendo que Allan se sacrifica-se como a mulher havia feito ainda apouco. Allan não se pôs diante da minha flecha, mas ele conseguiu desvia-la colocando a extensão de sua lança em sua trajetória. Quase não pude acreditar que ele pode saber onde a flecha estava só pelo som que ela fazia ao cortar o vento.

– Ei demoniozinho! – Chamou Dorothy, e nós voltamos nossos olhares para ela.- Fim de jogo pra você! – Ela estava com um joelho no chão e o braço apoiado sobre a coxa da outra perna, sua bolsa estava caída a seu lado de onde ela havia tirado uma rosa seca já morta e prendido à entre os lábios. Com uma agilidade conquistada com os anos de experiência, ela soltou uma das fitas que lhe prendia os cabelos e amarrou um fio de cabelo que tinha arrancado do demônio no momento em que tinham se agarrado ao talo da flor.

– Era só isso que eu precisava! – Ela falou, e então puxou um isqueiro de metal prateado de sua bolsa. A tampa metálica do isqueiro abriu para o lado e sua chama tomou conta da fita amarrada a rosa que Dorothy soltou dos lábios permitindo-a cair no chão. Ela murmurou algumas palavras com os olhos fechados, nesse momento o demônio pareceu assustado e correu junto com Allan em sua direção, mas antes que eles pudessem se aproximar dela, ela abriu seu olho esquerdo, o olho violeta. Não sei dizer ao certo por causa da distância que eu estava dela, mas acho que seu olho mudou de cor estranhamente, e os cães, tanto Aiga quanto Lex uivaram.

O demônio pareceu sufocar e caiu no chão com uma expressão de dor com a mão apertando a camisa sobre o peito. Allan caiu de joelhos, deixou sua lança cair e se apoiou sobre as mãos enquanto vomitava como se estivesse bêbado. Depois disso ele desmaiou. Lex correu para unto dele.

–Allaaaan! Allaaaan! – Eu gritava enquanto corria em sua direção. Thais e Pascal começaram a caminhar em nossa direção. Eles pararam junto ao corpo de Thomas. Eu enverguei o meu arco mais uma vez, pondo Thais na mira da minha flecha. – Fiquem longe seus desgraçados, traidores!

– Traidores? A quem nos traímos? – Thais perguntou.

– Porque não nos ajudaram? – Perguntei com a vista ficando embaçada por causa das lagrimas que começavam a surgir em meus olhos.

– Se bem me lembro, a pouco você não queria fazer parte do grupo de anjos que estou reunindo. – Ela nunca perdia aquele tom calmo e irritante, como ela podia ser assim? Mesmo com um companheiro morto a seus pés. – O que você faria se ninguém surgisse para lhe salvar?

– Cala a boca! – Eu respondi – Ele matou o tomas, e vocês podiam ter impedido!

– A questão não é o que nós podíamos ter feitos. – Ela respondeu com aquele tom irritante. – A questão é que você não poderia impedir!

Ela se abaixou e virou o corpo de Thomas para cima e abriu sua jaqueta, eu então reparei que ele ainda estava respirando. Por baixo de sua jaqueta, Thomas vestia uma malha de metal, assim como a que os cavaleiros da idade média usavam por baixo de suas armaduras. O metal de sua malhar era prateado e reluzente como o de nossas armas. Eu dei três passos a frente, e uma flecha curta, ou um dardo, perfurou o asfalto perto do meu pé.

– Cuidado garoto, ela tem uma precisão e uma acurácia muito boa! – Falou Pascal.

– Lúcia, apresente-se, por favor! – Thais ordenou enquanto passava a mão sobre o peito de Thomas. – Bom, para lhe acalmar o espirito, Baltazar esta vivo, ele vai ficar bem.

Lúcia surgiu no espaço entre eu e eles, era uma mulher jovem, negra aparentando ter entre 23 e 25 anos. Ela era bonita, tinha um pouco mais do que 1,70m de altura, seu cabelo tinha tranças afro, e seu corpo tinha as famosas curvas atraentes conhecidas pelo mundo como características da típica mulher brasileira. Porem, além de suas medidas atraentes havia outra coisa que chamava atenção em seu corpo. Vestindo um short jeans curto, deixando amostra suas pernas, estava também bem exposta uma prótese, uma perna mecânica que começava pouco abaixo do joelho direito. Lúcia carregava uma balestra com a ponta imitando o formato da cabeça de um falcão. Uma balestra ou uma besta é uma arma parecida com uma espingarda, mas com um arco acoplado ao lado oposto da coronha.

– Lúcia é a líder do grupo de Baltazar. – Explicou Pascal. – Seu nome é Marília.

– É melhor você se acalmar! – Lúcia sugeriu com um ar um pouco ameaçador.

– Ai pessoal, já vou indo tudo bem? – Dorothy falou chamando Aiga para junto dela.

– Agora eu intendo porque eles estão atrás de você. – Thais falou voltando-se para Dorothy, e em um piscar de olhos ela surgiu diante dela. Dorothy não pareceu ficar surpresa com isso. – Então você é a jovem bruxa que tem um ceifeiro selado dentro do olho esquerdo? Eu não a vejo como uma inimiga, mas não posso dizer que aprovo os seus métodos!

– Você é diferente deles não é mesmo? Parece estar muito além. – Dorothy comentou – Bom, se você me der uma daquelas, talvez eu possa pensar em mudar os meus métodos! – Ela falou com um tom irônico apontando para a balestra de Lúcia.

– Você tem um tipo de humor bem divertido! – Respondeu Thais com um agradável sorriso. – Venha conosco, vamos cuidar dos seus ferimentos, poderemos conversar enquanto isso.

– Eu estou bem obrigada! – Dorothy respondeu virando de costas e saindo com Aiga. – Podemos combinar de conversar outro dia, por hora acho que devia cuidar dos seus amigos.

– Como quiser! – Thais respondeu. – Venha Micael, traga Lucas com você, ele também precisa de cuidados!

– E para onde vai leva-los? – Eu perguntei – Não pode cuidar deles aqui?

– Eles estão muito machucados, não vou ser eu quem vai cuidar deles! – Ela respondeu.

– E para onde vamos? – Eu perguntei.

– Para a casa de Raphael. – Thais me respondeu.


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