- Passeio da escola? - Recitava Kaori, após receber o bilhete da escola.

Passeio da escola para o Museu de Arte e Ciência da cidade.

Dia 26/05, às 10:30. Entregar a permissão do responsável no dia do passeio, quando entrar no ônibus que os levará até o museu.

Assinatura do responsável: _______________________

A garota suspirou. Gostaria de perder aula para poder dormir em casa, mas não sabia se deveria ir ao passeio ou não. Taalvez os professores fossem pedir algo a respeito dele, ou talvez não.

Logo, quando ela estava saindo da sala, Satoshi a chamou.

- Ei, Izumi-chan - chamou o loiro, andando ao lado dela.

- O que foi? - Perguntou ela, docemente, se esquecendo totalmente que tinha que esperar sua amiga Yuka para irem juntas para casa.

- Eu queria saber... você vai no passeio? É que eu gostaria da sua companhia por lá... - ele sorriu timidamente, e ela corou.

- Ah, bem... e-etto... a-acho que eu vou sim.

- Fico feliz com isso - Satoshi sorriu. - Eu tenho que ir... até logo - falou, apressando-se.

- EI, KAORI! - Chamava Yuka correndo atrás dela. - Obrigada por me esperar.

- Ah, desculpe Yuka... é que o Satoshi estava aqui... - ela sorriu.

- Ah, o Satoshi... claro, ninguém mais existe quando o Satoshi-kun aparece não é? - Ela começou a rir. - E ai, o que ele queria?

- Saber se eu vou pro passeio! Ele disse que queria minha companhia!

- Hmm... é mesmo é? E você vai?

- O que você acha? Mas é claro - ela riu.

- Isso é ótimo, porque eu não estava querendo ir lá mesmo... vocês vão poder ficar sozinhos. Só não façam nada pra maiores de 18. E se fizerem, se protejam hein.

- Ah, cale a boca, pervertida - Kaori corou e ambas começaram a rir. 

- Um passeio é? Que legal - dizia Yuki, sentado na cama de Kaori.

- É - respondeu.

- Tem como levar amigos por lá?

- Tem, a coordenadora disse que sim...

- Sabia que isso foi uma indireta, ruiva? - Dizia Yuki olhando-a.

- Sabia sim.

- Você vai me levar então? - Perguntou esperançoso.

- Mas é claro.

- SÉÉÉÉRIO? - Seus olhos brilharam, e ele mexeu as orelhas.

- Não - respondeu tentando ficar sério, mas deixou escapar um sorrisinho.

- Ah, mas por quê? - Ele fez uma cara triste como se fosse uma criança de 5 anos sem levar um brinquedo para casa.

- Porque o Satoshi-kun vai estar lá, e eu estou querendo ficar sozinha com ele, certo? - Piscou Kaori, sorrindo.

- Ah, claro - suspirou Yuki. - Desculpe se você precisa de privacidade pra namorar - ele ergueu as mãos da cabeça e riu.

- É isso mesmo - ela riu também. - Já peguei a assinatura da minha mãe, agora só falta esperar até terça pra irmos até o museu - disse mais para si mesma do que para o neko, sorrindo.

- Muito bem - dizia a coordenadora da escola, que cuidaria da sala de Kaori, no dia do passeio. - Quero que você façam uma fila e me entreguem o bilhete com as assinaturas dos responsáveis de vocês. Caso tenham trazido algum amigo com vocês, por favor, eles devem estar ao lado de vocês.

Kaori estava na fila. Satoshi estava entrando no ônibus. Ela estava feliz. Finalmente ficaria sozinha com ele, depois de anos gostando dele.

Quando entregou seu bilhete para a professora, ela parou, após ouvir alguém chamando-a.

- Hey, Kaori-chan! Me desculpe a demora, hehe - ela reconheceu a voz, sem nem mesmo precisar olhar quem era.

Yuki, o seu chaveiro-humano neko, que deveria estar em casa, a chamava. Ele usava roupas normas - e um boné. Deveria ter colocado a cauda por dentro da camisa, e o boné para esconder suas orelhas.

- Desculpe Kaori-chan, acabei me atrasando... quase que você vai sem mim né? - Dizia ele, se aproximando dela.

- É. Yuki-kun - dizia ela, em um tom de voz "sai daqui ou te jogo em baixo do ônibus".

Eles subiram e sentaram um local com duas cadeiras.

- Por que você está aqui? - Sussurrou ela.

- Pra te proteger do Hikaru, claro. Já disse que não gosto dele - Yuki cruzou os braços.

- E se o seu boné cair?

- Não vai cair, não deixarei acontecer. Acredite, não sou um idiota.

Eles chegaram até o museu. Logo, Satoshi apenas cumprimentou Kaori e Yuki - um pouco irritado com a presença do garoto - e depois, ficaram apenas vendo as coisas interessantes do museu. Então, Yuki segurou o ombro da garota.

- Kaori, podemos falar um pouco?

- Por quê?

- Quero conversar - pediu.

- ...Certo. Vem aqui - ela o puxou até um canto escondido, enquanto os outros continuavam com a chata visita ao museu. - Diga.

- Olha, eu só... escuta, você disse que gostava do Satoshi desde a quinta série, certo? Foi a uns seis anos atrás. E ele nunca tinha falado com você até então né?

- É, o que tem? - Perguntou ela.

- Não acha estranho? Tipo, o cara nunca fala com você. Quando fala, de repente ele parece agir como se você fosse o amor da vida dele!

- Ele age assim? - Seus olhos brilharam apaixonadamente.

- ESCUTA KAORI - Yuki segurou seus ombros. Acabou deixando o boné cair no chão, e os fios azuis de seu cabelo cairam sobre os olhos. Ele parecia estar verdadeiramente nervoso, coisa que a ruiva nunca havia visto. - Esse cara só ta agindo assim porque viu que você tem um rosto bonitinho. Olha, eu estou preocupado com você. Eu estou com medo desse Satoshi ficar com você e depois só destroçar seu coração, fazer você chorar. Pelo jeito que ele age, é isso que ele pretende. E - ele aproximou um pouco o rosto do dela, fazendo-a corar -, eu nunca erro quando se trata de avaliar personalidades.

- Existe a primeira vez pra tudo... uma excessão.

- No amor não existem excessões - disse, deixando-a confusa. - Kaori, as vezes que eu disse que te amava... eu falei rindo, mas eu nunca menti. Eu te amo, mas você nunca levou a sério.

Ela ficou boquiaberta e corou.

- M-mas... eu comprei você faz pouco mais de um mês... como pode dizer i-isso pra m-mim?

Ele sorriu.

- Porque se você não me amasse também, eu já não poderia me transformar em humano - disse. - Só consigo, se o amor for verdadeiro. E a prova do seu amor, sou eu, aqui e agora, na sua frente.

A garota corou. O que ele estava querendo dizer, afinal? Não podia estar falando sério. Foi algo tão... aleatório, ele dizer isso ali, sem motivo.

Ele sorriu. Soltou seus ombros e pegou o boné que havia caído no chão, colocando-o novamente.

- Vamos? - Chamou Yuki, sorrindo.

Um tempo depois - Yuki e Kaori não haviam falado novamente -, a ruiva conversava com Satoshi. Ela não sabia aonde o neko havia ido.

- Ei, Izumi-chan, venha ver uma coisa... - chamou, segurando em sua mão e a puxando para um local vazio.

- O que? - Perguntou ela, procurando o que ele queria mostrar.

Satoshi sorriu.

- Eu gosto de você, Izumi-chan.

A garota paralisou. O que ele havia dito para ela? Será que todos estavam brincando com ela naquele dia? Pensando nisso, ela mal reparou o quão repentino havia sido a fala.

- O-o quê?

- Eu gosto de você - ele sorriu. - Faz um tempo já, mas... eu só tive coragem de lhe dizer isso agora. - Satoshi aproximou-se um pouco.

Kaori corou. Não sabia se era impressão sua ou não, mas parecia que Satoshi estava... indo "rápido demais" com sua declaração. Mas ela não teve tempo pra pensar a respeito, pois logo, sentiu os lábios do garoto nos dela.

- Satoshi-kun... - sussurrou Kaori. Ele a abraçou fortemente.

- Eu gosto muito de você, Kaori - era a primeira vez que ele a chamava pelo primeiro nome. - Você não sabe o quanto.

- Satoshi-kun... eu te amo... - disse ela, por fim. Mas logo, arregalou os olhos, pos havia acabado de ver Yuki. Ela se soltou do abraço. - Y-Yuki...

Ela imaginava que ele estivesse bravo, com muita raiva dela, por fazer isso tudo, depois do que ele havia lhe dito. Ele colocou a mão em seu ombro e a empurrou. Ela já estava quase ouvindo os gritos dele contra ela - até que percebeu que não estava bravo com ela, e sim, com Satoshi.

Yuki havia acabado de acertar o garoto com um soco de direita.