Fui para o único lugar onde sabia que era bem vinda, na casa de minha melhor amiga Tatiane. Nós nos conhecíamos desde sempre, fazíamos absolutamentetudo juntas. Lembro-me que o momento mais feliz de minha vida ocorreu ao seu lado, quando estávamos sentadas nos degraus de sua casa, era meu aniversario e estava chateada, já que em vez de ganhar o unicórnio que tanto queria fui presenteada com um dicionário de português. Percebendo minha chateação Tatiane pediu para que eu fechasse os olhos, e enquanto o fazia ela colocou algo sobe meus braços, quando voltei a enxergar percebi que segurava, nada mais nem nada menos que o meu desejado unicórnio. Recusei veemente, mas Tati, não o aceitou de volta e pela primeira vez em minha vida senti me verdadeiramente amada. Talvez fosse só um brinquedo, mas para mim, que tinha apenas nove anos na época, foi como um juramento não verbal de que nossa amizade prevaleceria para sempre.

Por isso sem exitar fui a sua casa. Logo que abriu a porta soube que algo tinha acontecido.

– Safire - exclamou puxando me para dentro - o que houve?

Eu estava tão sensível que comecei a chorar como um bebê, Tatiane me abraçou e não falou uma unicamente palavra, solidaria aos meus sentimentos. Logo ela tirou um pote de creme de chocolate com avelã do armário e duas colheres. Comemos enquanto eu contava o incidente, assim que acabei de falar Tati sorriu e exclamou:

– Meus parabéns, você finalmente deixou de ser submissa.

Essas palavras não foram tão reconfortantes como o abraço mas me ajudaram. Quando minha Amiga contou que tinha um boato percorrendo pela cidade de que o One direction estava aqui não pude deixar de sorrir. Afinal o que podia ser melhor do que seus ídolos visitando o país em que você mora? bom talvez conhece los, mas a possibilidade disso era zero, ou ao menos foi o que eu imaginei.

Passei a noite assistindo filmes românticos e ouvindo as musicas que meus tutores consideravam inapropriadas. Foi tão divertido que só conseguimos dormir quando os primeiros raios do sol surgiam. Assim que acordamos ficamos chocadas. Eram duas horas da tarde e tínhamos acabado de acordar. Tatiane era uma cozinheira espetacular, mas estávamos acabadas então tivemos a ideia de almoçar no restaurante do tio de Tati que era gentil e nos dava comida gratuita.

Nos arrumamos, já que o lugar era sofisticado, percorremos o caminho de taxi. Enquanto ajeitava meu vestido rosa floral, antes de entrar, percebi que escondido em uma moita havia um paparazzi com uma daquelas câmeras surpreendentemente grandes. Cutuquei minha amiga com o cotovelo afim de alerta la, esta simplesmente arqueou os ombros em um movimento que demonstrava sua falta de interesse.

Entramos, lá fomos recebidas por Jack, o garçom, que nos reconheceu rapidamente, cumprimentado nos calorosamente e me fez diversas perguntas sobre meu bem estar e família.

Enquanto aguardávamos a comida, observei o tipo de pessoa que frequentava o lugar: mauricinhos, integrantes do alto escalão, políticos e senhoras de meia idade que pelo exagero nas joias e roupas, deveriam ter em sua conta uma quantia exorbitante de dinheiro.

O lugar deixava em evidencia que poucos tinham o privilegio de ter seu desjejum no restaurantes. Vigas imponentes sustentavam o teto abobadado. Que era recoberto por vidro, permitindo a visão do céu que se demonstrava límpido no dia. Não me sentia muito a vontade entre aqueles indivíduos, pareciam muito arrogantes, mas a comida era muito boa então valia a pena atura los desde que não dirigissem a palavra a mim.

Pedi licença e andei em direção ao toilette onde retoquei o batom e aceitei uma toalhinha que a empregada – que aparentava ter menos de vinte anos e pela protuberância da barriga estava grávida - me ofereceu. Enquanto caminhava em direção a minha mesa de volta percebi cinco jovens lindos que se assemelhavam muito com a banda britânica que partia meu coração. Sentei e comentei enquanto a entrada era servida.

– Tati, aqueles rapazes - apontei discretamente em direção da mesa que ocupavam, eles riam e brincavam – parecem muito com o one direction. Tatiane olhou por sobre os ombros e comentou como quem diz nada:

– É porque são eles - eu estava bebendo minha batida de frutas quando ouvi quase cuspi todo o conteúdo nela.

– Que? - eu estava quase gritando. Ela provavelmente estava brincando comigo, era impossível que eles estivessem no mesmo cômodo que eu. Mas, talvez aquele boato que estavam de passagem pelo Brasil fosse verdade o que não faria sentido já que se isso ocorresse mesmo todos saberiam. De modo que eu me recompus ergui as sobrancelhas e dei uma gargalhada.

– Ta bom, a rainha Elizabeth veio também? - brinquei.

– Safy – ela arregalou os olhos e se aproximou um pouco de mim

– juro que não estou mentindo, aqueles são realmente Niall, Zayn, Harry, Louis e Liam.

Quase não acreditei, mas os garotos eram tão parecidos com as fotos e minha Amiga não era muito de mentir. Abri o maior sorriso do mundo, como podia? Eu uma garota insignificante na presença do ONE DIRECTION! Por pouco não tive um ataque, eu estava olhando fixamente para eles, não piscava, nem respirava, só me deleitava com a figura desses cinco deuses e não tive o menor escrúpulo de me imaginar pulando sobre eles, gritando seus nomes e os abraçando.

– Nossa - Tati me tirou do transe - não seja tão evidente - ela nunca foi uma fã tão devotada quanto eu, apenas fazia comentários sobre como Niall necessita de um aparelho bucal urgentemente.

Assim pelo resto da refeição, fiquei observando os. Quando finalmente nos ofereceram café eu aceitei sem excitar pois não suportava a ideia de deixar os meus queridos. Colocaram em Nossa frente uma Xícara de café com creme em cima, e um pote com algumas balas de coco, brancas e envoltas em raspas. Enrolei por volta de uma hora, só que o fatídico momento de deixar o local chegou.

Levantei triste, marchei lentamente quando estava prestes a sair o grasnado de alguém me chamou a atenção. Virei me e percebi que Niall estava engasgando, Louis parecia horrorizado, Harry prestes a desmaiar, Liam preocupado e Zayn contorcia sua linda boca em aflição. Meus próximos passos foram reflexos de uma emoção desesperadora.

Corri em sua direção, levantei seu corpo, o envolvi com meus braços e pressionei meu punho fechado um pouco acima de seu umbigo, fazendo pressão abdominal. Logo um vulto foi expelido da boca de Niall, algo abaçanado.

Nunca imaginei que aplicaria os conhecimentos obtidos nas aulas de primeiros socorros em alguém principalmente em NIALL HORAN. Por isso quando percebi que tinha comprido com êxito a manobra de Heimlish, meu coração se estabilizou e percebi que Niall era muito pesado, o coloquei delicadamente na cadeira e quando me virei percebi que os outros integrantes da banda me olhavam com interesse.Fiquei meio desconfortável, levando se em conta que eu estava descabelada, meu vestido abarrotado e muito suada, não me parecia com o que se chamaria de uma das dez maravilhas do mundo, por isso não gostei de ve los me observando.

Logo o tio de Tatiane surgiu preocupado e percebendo o ocorrido foi diretamente chamar uma ambulância, mas como eu temia os efeitos do que acabara de fazer o impedi afirmando que o rapaz ficaria bem e que não era necessário tornar isso publico. Ele estranhou, provavelmente pensou que eu estava louca para aparecer em capas de revista como a garota que salvou um querido membro do one direction, mas eu não sou fotogênica e não seria nada agradável ser abordada no meio do metro por algum individuo gritando " Hey! Não foi você que salvou o Niall?!", de modo que um aglomerado de gente se formaria a minha volta e eu sairia correndo com medo deles.
– Oi - disse uma voz atrás de mim, em ingles. Olhei na direção do dono da dela e este era Zayn - Você entende inglês? - como estava muito surpresa em ouvi lo falando diretamente a mim, apenas fiz sinal positivo com a cabeça - obrigado por salvar o nosso amigo - cara, ele falava mais sexy ainda ao vivo, estava tão próximo de mim que segurei meu impulso de toca lo.
– Não sei o que faríamos se você não o tivesse socorrido - acrescentou Harry dando alguns passos a frente.
– Eu até aprendi a fazer boca a boca em um boneco inflável quando era pequeno - brincou Louis - mas não tinha chance de eu fazer isso na boca do Niall - eu ri, só o Louis mesmo para nos animar em uma hora como aquela.
– Ah ta - Liam retrucou - como se a boca do Niall fosse pior do que aquele pombo que você vive beijando - Não me contive e soltei outra gargalhada.
– Mas não é um simples pombo, ė um pombo empalhado chamado Kevin - provoquei ele. Os garotos não estranharam de eu saber sobre essa história e riram.
– Ele nem é empalhado, è de plástico - Harry completou.
– A propósito, sou Sarafine - eu disse rapidamente, eles me cumprimentaram e se apresentaram o que foi pura formalidade já que eu já sabia o nome deles de cor e de trás para frente. Assim fomos conversando sobre pombos e a fixação de Louis por eles até que Niall acordasse totalmente. Ele tinha sofrido um choque, por isso estava inconsciente. Até agora.

– Bem- vindo de volta ao mundo dos vivos – Louis deu uns tapinhas nas costas dele. Então os garotos comentaram coisas do tipo “Achou que se livraria de nós tão fácil assim?” ou “Nossa o *Nando’s quase perdeu seu melhor cliente hoje”.

A coisa triste foi que eu só fiquei com os pés fincados no chão aguardando que eles se lembrassem de minha presença.O que, felizmente, não demorou muito mas mesmo assim me senti uma intrusa lá.

– Então – Liam guiou Niall até minha frente – agradeça a sua salvadora, ela que tirou aquela bala de seu corpo antes que você sufocasse.

Assim que olhei para seu rosto fiquei paralisada, obviamente já o tinha assistido antes na TV, mas agora que o via realmente, era como se não fossem a mesma pessoa. O Niall da TV não tinha os olhos azuis tão brilhantes que deveriam ser capazes de iluminar a escuridão mais profunda, de repelir os sentimentos mais obscuros e de se aprofundar tanto que os oceanos mais vastos não poderiam se comparar. Não, esse Niall que estava ao meu alcance, que podia ser visto e tocado não tinha os dentes tortos ou cabelo arrepiado. Ele era, a meu ver, perfeito.

Niall parecia meio zonzo, talvez ainda estivesse em choque ou algo do gênero. Ficamos nos encarando, sem proclamar uma única palavra. Um silencio desconfortável ocupava o local e percebi, nervosa, que Niall me observava e parecia não ter muita convicção em falar. Depois de longos quatro minutos, Harry percebendo que eu estava começando a ficar desconfortável, deu um leve cutucão em seu amigo irlandês, fazendo o retornar de seus devaneios.
– Ah a - gaguejou - me desculpe, é que eu ainda estou meio perdido.
– Não se preocupe - respondi tentando parecer normal - é assim mesmo, a adrenalina também me fez ficar um pouco avoada - estendi a mão - sou Safire.
Niall a pegou e balançou com cordialidade, mas na hora de soltar ele não o fez, ficou la segurando minha mão enquanto cada vez mas eu sentia meu rosto queimando e tornando se rubro. Não podia dizer que não gostava daquela quentura suave em mim só que percebi que a ideia de ser tocada por ele me fazia tremer e ficar tonta, eu realmente não apreciava a ideia de acabar desmaiando no chão - mesmo aquele sendo bem mais limpo do que os do shopping que eu frequentava - por isso soltei a mão dele.
– Obrigado por salvar a minha vida - indagou Niall meio embaraçado.
– Não foi nada
– Hey! - ouvi Liam exclamando - que tal se comemorássemos?
– É uma boa - os outros meninos concordaram
– Safire, você conhece algum lugar divertido? - perguntou Harry
– Sim mas... - isso era muito estranho. Como podia o one direction me convidar para sair sendo que nos conhecemos a menos de uma hora, qual era o problema deles? Francamente, adorava a ideia de festejar com meus ídolos, mas era tão surreal que até perdia o sentido - vocês não sabem quase nada sobre mim!
– Você é uma terrorista? - perguntou Louis
– Bom, não mas... - ele me interrompeu risonho
– Já è o suficiente!
– O resto a gente descobre no caminho - completou Liam
Pensativa os olhei. Aquela era a oportunidade que eu esperava, finalmente sairia do roteiro, pararia de fazer o que os outros queriam e faria o que eu desejava. Mas será que eu ansiava passar a noite vagando pela cidade e fazendo as maiores loucuras imagináveis com eles - os cinco garotos que sempre ocupavam meus sonhos -, que no final provavelmente me meteriam em confusão? Meu corpo dizia que sim mas minha mente gritava comigo, racionalizando a situação. Olhei para trás e vi que Tatiane estava de pé apoiada no balcão do bar.
– Garotos, vou falar rapidamente com a minha amiga, enquanto isso vocês poderiam dar água ao Niall, ele precisa se hidratar - isso era verdade mas eu estava mesmo era querendo ocupa los enquanto falava com Tati. Os meninos chamaram o garçom que não falava inglês, tentavam fazer gestos com as mão, mas coitado do empregado não entendia nada. Fui até Tatiane que parecia em paz como se nada tivesse acontecido. As vezes eu tinha inveja dela, além de ter os olhos mais verdes que já vi, também era inteligente e muito dificilmente perdia a o controle, já no meu caso ficava brava até quando compravam a marca de água errada pra mim.

– Ai meu Deus! - gritei - o que eu faço? Querem que eu vá comemorar com eles! Mas Elizabeth e Patrick me matam se ficarem sabendo! - eu tinha entrado em pânico, comecei a falar coisas desconexas de tão rápido. Minha amiga me segurou pelos ombros e me deu um tapa no rosto - para falar a verdade foi bem dolorido, minha bochecha ficou dormente, mesmo assim já tinha problemas de mais para reclamar sobre uma pequena agressão -.

– Olha - ela começou - você tem dezoito anos, é legalmente livre para fazer o que quiser! E mesmo assim nunca nem tomou um porre, na verdade nem um gole de vodca você já bebeu. Ta na hora de se aventurar, abrir novos horizontes, se divertir! - olhou para mim atentamente e com um sorriso continuou - Se o one direction te convidou pra comemorar então vai. Qual será a próxima vez que uma banda de britânicos lindos vai sair com você para uma noite de diversão? - ela estava certa, como sempre. E la fui eu passar uma noite, que de longe seria normal, com o one direction...