Harry Potter e o mistério dos animagos escrita por Absolem the oracle


Capítulo 4
Capítulo 3 - Viagem turbulenta




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No dia seguinte Tom acordou Meredith com o seu habitual sorriso banguela e uma xícara de chá. Harry tentava convencer uma mal disposta Edwiges a entrar na gaiola quando Rony e Meredith irromperam no quarto, ele vestindo um suéter pela cabeça e parecendo irritado e ela rindo do nervosismo do garoto.

– Quanto mais cedo embarcarmos no trem melhor – Rony disse - Pelo menos posso fugir do Percy em Hogwarts. Agora ele está me acusando de pingar chá na foto da Penelope Clearwaten. Sabe;;; - Rony disse com uma careta - ...aquela namoradinha dele. Ela escondeu a cara na moldura porque ficou com o nariz todo borrado...

– Tenho uma coisa para lhe dizer. - começou Harry;Meredith fez não com a cabeça para Harry e eles foram interrompidos por Fred e Jorge, que meteram a cara no quarto para cumprimentar Rony por ter enfurecido Percy novamente.

Eles desceram para tomar café, e encontraram o Sr. Weasley lendo a primeira página do Profeta Diário com a testa franzida e a Sra. Weasley descrevendo para Hermione e Gina a poção de amor que preparara quando era moça. Os quatro não paravam de rir.

– Que é que você ia me dizer? - perguntou Rony a Harry quando se sentaram.

– Depois. – Meredith murmurou na hora em que Percy irrompeu pela sala.

Harry não teve mais oportunidade de falar com Rony nem com Hermione no caos da partida, ficaram ocupados, descendo as malas pela estreita escada do Caldeirão Furado e empilhando perto da porta, com Edwiges e Hermes, a coruja de Percy, encarapitadas no alto das gaiolas. Uma cestinha de vime fora deixada ao lado da pilha de malas, de onde alguma coisa bufava ruidosamente.

– Tudo bem, Bichento. - Hermione o tranquilizou pelas frestas do vime - Vou soltar você no trem.

– Não vai, não! – rony retorquiu - Que vai ser do coitado do Perebas, hem?

O menino apontou para o próprio peito, onde um grande calombo indicava que Perebas estava enroscado no bolso interno da veste.

– Ele vai virar jantar! – Meredith azucrinou Rony com a idéia.

O Sr. Weasley, que estivera à porta aguardando os carros do Ministério, meteu a cabeça na entrada do Caldeirão.

– Eles chegaram. – anunciou – Vamos?

O Sr. Weasley cruzou atrás de Harry o trechinho de calçada entre a hospedaria e o primeiro dos dois carros verde-escuros e antiquados, cada um dirigido por um bruxo de aparência furtiva, vestido de veludo verde-vivo.

– Para dentro. - o Sr. Weasley disse verificando um lado e outro da rua movimentada.

Harry entrou no banco traseiro do carro e se reuniram a ele Hermione, Rony e, para desgosto de Rony, Percy e Meredith. A viagem até King’s Cross foi muito tranqüila se comparada a de do Nôitibus Andante. Os carros do Ministério da Magia pareciam quase comuns, embora Meredith reparasse que eram capazes de deslizar por espaços apertados. O grupo chegou à estação de King's Cross com vinte minutos de antecedência; os motoristas do Ministério apanharam carrinhos, descarregaram a bagagem, cumprimentaram o Sr. Weasley, levando a mão ao chapéu, e partiram, conseguindo, sabese lá como, tomar a dianteira de uma fila de carros parados no sinal luminoso.

O Sr. Weasley manteve-se colado no cotovelo de Harry todo o percurso até a estação.

– Certo então - disse ele olhando para todos os lados.-Vamos fazer isso aos pares, porque somos muitos. Eu passo primeiro com Harry.

O Sr. Weasley dirigiu-se à barreira entre as plataformas nove e dez, empurrando o carrinho de malas e aparentemente muito interessado no Interurbano que acabara de parar na plataforma nove. Com um olhar expressivo para Harry ele se encostou displicentemente na barreira. Meredith, impaciente, logo se enfiou pilastra a dentro bantendo com o carrinho acidentalmente em Harry. Quando ergueu a cabeça, viu o Expresso de Hogwarts, um trem vermelho a vapor, que soltava baforadas de fumaça na plataforma apinhada de bruxas e bruxos que foram levar os filhos ao embarque. Percy e Gina apareceram de repente.

Ofegavam e pelo jeito tinham corrido para atravessar a barreira.

– Ah, olha lá a Penelope! – Percy disse alisando os cabelos e corando de novo. O olhar de Gina surpreendeu o de Harry e os dois se viraram para esconder o riso, enquanto Percy ia ao encontro da menina de cabelos longos e cacheados, com o peito estufado para que ela não deixasse de reparar no seu distintivo reluzente.

Meredith não pode evitar de rir da cena. De certa forma com um pouco de inveja, ate por que ela não tinha ninguém com quem cruzar olhares. Apesar de mais velha tinha a aparência e altura igual a dos colegas mais novos. Hermione obviamente não deixou de frisar este fato no caldeirão furado, e Meredith não sabia responder por que crescia tão devagar.

Depois que os outros Weasley e Hermione se reuniram a eles, Harry e o Sr. Weasley saíram andando até os últimos carros do trem, passando por cabines cheias, até uma que lhes pareceu bem vazia. Embarcaram as malas na cabine, guardaram Edwiges e Bichento no bagageiro, depois tornaram a sair para que todos pudessem se despedir do Sr. e da Sra. Weasley. A Sra. Weasley beijou os filhos, depois Hermione, Meredith,e por fim, Harry.

– Você vai se cuidar, não vai, Harry? Vocês dois! - a senhora recomendou se endireitando, com um brilho estranho nos olhos. Depois, abriu uma enorme bolsa e disse: - Fiz sanduíches para todos... Tome aqui, Rony... não, não são de carne enlatada... Fred? Onde se meteu o Fred? Tome aqui, querido...

– Harry. - o Sr. Weasley disse discretamente - Venha até aqui um instante.

Indicou com a cabeça uma coluna, e Harry acompanhou, puxando Meredith da confusão, até detrás da coluna, deixando os outros amontoados em volta da Sra. Weasley.

– Ei! Eu queria um sanduiche! – Meredith disse mal humorada.

– Há uma coisa que preciso dizer antes de vocês embarcarem. - o Sr. Weasley começou com a voz tensa e olhou para Meredith parecendo querer que ela saísse, mas ela ignorou.

– Tudo bem, Sr. Weasley – Harry falou com cuidado.

– Já sabemos.

– Vocês sabem? Como poderiam saber?

– Ah... ouvimos o senhor e a Sra. Weasley conversando ontem à noite.

– Não pude deixar de ouvir. - Harry acrescentou rapidamente - Me desculpe...

– Não era assim que eu queria que vocês tivessem sabido. - o Sr. Weasley disse parecendo aflito.

– Não... sinceramente, tudo bem. – Harry disse tentando apaziguar a situação.

– Assim o senhor não faltou com a palavra que deu ao Fudge e sabemos o que está acontecendo. – Meredith tratou de explicar.

– Harry você deve estar apavorado... Meredith... não queria que as coisas tivessem sido assim!

– Não estou. Verdade - acrescentou, porque o Sr. Weasley fazia cara de descrença – Não estou tentando bancar o herói, mas, sério, o Sirius Black não pode ser pior do que o Voldemort pode?

O Sr. Weasley se perturbou ao som daquele nome, mas conseguiu disfarçar.

– Não está? Poupe-me Harry.

– Harry, eu sabia que você tinha mais fibra do que Fudge parece imaginar, e é óbvio que fico feliz em constatar que você não se sente apavorado, mas...

– Arthur! - a Sra. Weasley chamou que agora tocava os garotos para embarcar no trem - Arthur, que é que você está fazendo? O trem já vai sair!

– Eles já estão indo, Molly! - o Sr. Weasley respondeu mas voltou sua atenção para os dois e continuou a falar em tom mais baixo e mais apressado. - Ouça, eu quero que vocês me dêem suas palavras...

– ... de que seremos bonzinhos não sairemos do castelo? – Meredith disse conseguindo disfarçar um tom sarcástico.

– Não é bem isso... - o Sr. Weasley disse serio, tão serio que Meredith jamais tinha visto alguém falar daquela forma - Harry, Meredith jurem que vocês não vão sair procurando o Black.

Harry arregalou os olhos.

– Quê?

– Senhor, mas afinal...o que Sirius tem a ver comigo?

Ouviu-se um apito forte. Guardas caminhavam ao lado do trem, batendo as portas para fechá-las.

– Prometam! - o Sr. Weasley falou ainda mais depressa - Aconteça o que acontecer.

– Por que eu iria sair procurando alguém que eu sei que quer me matar? - Harry perguntou sem entender.

– Prometam, ouça o que ouvir...

– Mas e Sirius? O que eu tenho a ver com isso?

– Arthur, vamos rápido! - a Sra. Weasley chamou.

O vapor saía da chaminé da locomotiva em gordas nuvens; o trem começara a se mexer Meredith correu para a porta da cabine puxando Harry e Rony abriu e se afastou para eles embarcarem. Os dois se debruçaram na janela e acenaram para o Sr. e a Sra. Weasley até o trem fazer uma curva e o casal desaparecer de vista e Meredith apenas esperou emburrada.

– Preciso falar com vocês em particular - Harry murmurou para Rony e Hermione quando o trem ganhou velocidade.

– Precisamos. – Meredith reforçou a importância da informação.

– Vai saindo, Gina. – Rony disse a enchotando.

– Ah, quanta gentileza! - a garota respondeu aborrecida, mas se afastando sem pressa.

Harry, Rony, Meredith e Hermione saíram pelo corredor à procura de uma cabine vazia, mas todas estavam cheias exceto uma bem no finalzinho do trem.

Esta tinha apenas um ocupante, um homem que estava ferrado no sono ao lado da janela. Os garotos pararam à porta. O Expresso de Hogwarts era em geral reservado aos estudantes e, até então, eles nunca tinham visto um adulto a bordo, exceto a bruxa que passava com a carrocinha de comida. O estranho usava um conjunto de vestes de bruxo extremamente surradas e cerzidas em vários lugares. Parecia doente e cansado. Embora fosse jovem, seus cabelos castanho claros estavam salpicados de fios brancos.

– Quem vocês acham que ele é? - Rony sibilou quando se sentaram e fecharam a porta, ocupando os assentos mais afastados da janela.

– O Prof. R. J. Lupin - Hermione cochichou na mesma hora.

– Como é que você sabe?

– Ela sabe de tudo. - Meredith resmungou.

– Está na maleta! – ela respondeu apontando para o bagageiro acima da cabeça do homem, onde havia uma maleta gasta e amarrada com vários fios de barbante caprichosamente trançados. O nome Prof. R.J. Lupin estava estampado a um canto em letras descascadas.

– Que será que ele ensina? - perguntou Rony amarrando a cara para o perfil pálido do homem.

– É óbvio – Meredith sussurrou.

– Só existe uma vaga, não é? Defesa contra as Artes das Trevas. – Hermione fez questão de completar a frase.

Eles já tinham tido dois Professores nessa matéria, e ambos só duraram um ano letivo. Corriam boatos de que o cargo estava enfeitiçado.

– Bem, espero que ele esteja à altura. - Rony disse em tom de dúvida - Dá a impressão de que um bom feitiço acabaria com ele de vez, não acham? Em todo o caso que é que vocês iam nos dizer?

Harry contou toda a conversa entre o Sr. e a Sra. Weasley e o alerta que aquele senhor acabara de lhe dar e Meredith o lembrava do que ele não havia dito. Quando terminou, Rony olhava abobado e Hermione cobrira a boca com as mãos.

Finalmente a menina baixou as mãos e disse:

– Sirius Black fugiu para vir atrás de vocês. Ah, Harry... você vai ter que tomar muito, mas muito cuidado. Não vai sair por aí procurando encrenca, Harry...

– Eu não saio por ai procurando encrenca – respondeu Harry, irritado. - Em geral as encrencas é que vêm ao meu encontro.

– E eu? – Meredith disse com um ar de desespero.

– Acho que Harry está em um perigo maior que você.

– Harry teria que ser um bocado idiota para sair procurando um louco que quer matá-lo, não acha? – Rony falou com a voz trêmula.

Eles estavam reagindo às notícias pior do que Meredith esperou. Tanto Rony quanto Hermione pareciam ter muito mais medo de Black do que ela e o próprio Harry.

– Ninguém sabe como foi que o homem fugiu de Azkaban! - Rony disse confuso - Ninguém jamais tinha feito isso antes. E ainda por cima, ele era um prisioneiro de segurança máxima.

– Mas vão pegá-lo, não vão? - Hermione muito séria - Quero dizer, todos os trouxas estão procurando Black também...

– Pense bem, ele deve ser realmente perigoso... ate os trouxas estão atrás dele! – Meredith irritava Hermione de proposito.

– Que barulho foi esse? - Rony perguntou de repente.

Uma espécie de apitinho fraco vinha de algum lugar. Eles procuraram por toda a cabine.

– Está vindo do seu malão, Harry! – Rony disse se levantando e esticando os braços para o bagageiro. Pouco depois retirava o bisbilhoscópio de bolso, que fora guardado entre as vestes de Harry. O objeto girava muito rápido na palma da mão de Rony e emitia um brilho intenso.

– Isso é um bisbilhoscópio? – Hermione perguntou interessada, levantando para ver melhor.

– E... e veja bem, é dos baratinhos – Rony disse – Endoidou quando o amarrei na perna de Errol para mandar para Harry.

– É melhor desligar isso. – Meredith resmungou.

– Você estava fazendo alguma coisa suspeita na hora? – Hermione perguntou desconfiada.

– Não! Bem... eu não devia estar usando o Errol. Você sabe, ele não pode realmente fazer viagens longas... mas como é que eu ia mandar o presente do Harry?

– Ponha de volta no malão ou vamos acordar o homem. -Meredith indicou o Prof. Lupin com a cabeça.

Rony enfiou o bisbilhoscópio dentro de um par de meias velhas, particularmente horrendas, o que abafou o som, depois fechou a tampa do malão.

– Poderíamos mandar verificar esse bisbilhoscópio em Hogsmeade. – Rony disse sentando outra vez - Vendem essas coisas na Dervixes e Bangues, instrumentos mágicos e artigos sortidos. Foi o que Fred e Jorge me contaram.

– Você conhece muita coisa de Hogsmeade? – Hermione perguntou interessada - Li que é o único povoado inteiramente bruxo da Grã-Bretanha...

– E, acho que é. – Rony disse meio sem pensar - Mas não é por isso que quero ir lá. Só quero conhecer a Dedosdemel!

– E o que é a Dedosdemel? - Meredith perguntou.

– É uma loja de doces. – Rony disse com uma expressão sonhadora assomando em seu rosto -que tem de tudo... Diabinhos de Pimenta... que fazem a boca fumegar.. e enormes Chocobolas recheadas de musse de morango e creme cozido, e Canetas de açúcar realmente ótimas, que a gente pode chupar em classe e fazer de conta que está pensando no que se vai escrever..

– Mas Hogsmeade é um lugar muito interessante, não é? – Hermione insistiu persuasiva - O livro Sítios históricos da bruxaria diz que a estalagem foi o quartel-general da Revolta dos Duendes de 1612, e diz que a Casa dos Gritos é o prédio mais mal assombrado da Grã-Bretanha...

– ...e bolas maciças de sorvete de frutas que fazem a gente levitar uns centímetros acima do chão enquanto está comendo. - Rony; continuou e decididamente não estava ouvindo uma palavra do que Hermione dizia.

A garota virou para Harry.

– Não vai ser ótimo sair um pouco da escola e explorar Hogsmeade?

– Imagino que sim. – Harry respondeu deprimido - Você vai ter que me contar quando descobrir.

– Como assim? – Rony perguntou.

– Não posso ir Os Dursley não assinaram o meu formulário de autorização e o Fudge também não quis assinar.

Rony fez uma cara de horror.

– Não chore! – Meredith disse com ar de deboche – Depois da muvuca do ano passado, Snape, que assina os meus papéis pro Dumbledore, não me deu permissão como castigo por eu andar com vocês e me meter em encrenca. Pelo menos não vou ficar sozinha.

– Você não tem autorização para ir?Mas... nem pensar... McGonagall ou alguém vai ter que lhe dar essa autorização...

Harry deu uma risada forçada. A Profa. McGonagall, diretora da Grifinória, era muito rigorosa.

– ou podemos apelar para o Fred e o Jorge, eles conhecem todas as passagens secretas para sair do castelo...

– Rony! - Hermione disse severa - Acho que o Harry não devia sair escondido da escola com o Black solto por aí...

– E, imagino que é o que McGonagall vai dizer quando eu pedir autorização - disse Harry amargurado – Bem, você ainda pode recorrer ao Dumbledore. – ele olhou deprimido pra Meredith.

– Mas se nós estivermos com ele? – Rony disse animado a Hermione - Black não ousaria...

– Ah, Rony, não diz besteira! – Meredith retrucou.

– Black já matou um monte de gente bem no meio de uma rua movimentada. Você acha mesmo que ele vai se preocupar se vai ou não atacar Harry só porque nós estamos presentes? – Hermione falou com um ar de verdade absoluta.

– É né... Quatro poderosos bruxos estudantes e ainda por cima do terceiro ano.

Hermione mexia com as alças da cesta de Bichento enquanto Meredith falava.

– Não solta essa coisa! – Rony falou, mas era tarde demais.

Bichento saltou com leveza da cesta, espreguiçou-se, bocejou e pulou nos joelhos de Rony O calombo no peito dele estremeceu e ele empurrou Bichento com raiva.

– Dê o fora daqui!

– Rony, não! – Hermione disse zangada.

O menino ia responder quando o Prof. Lupin se mexeu. Eles o olharam com apreensão, mas ele simplesmente virou a cabeça para o outro lado, a boca ligeiramente entreaberta, e continuou a dormir.

O Expresso de Hogwarts rodava numa velocidade constante para o norte e o cenário à janela ia se tornando cada vez mais selvagem e escuro enquanto as nuvens, no alto, se avolumavam.

Estudantes passavam pela porta da cabine correndo para cima e para baixo. Bichento agora se acomodara num assento vazio, a cara amassada virada para Rony, os olhos amarelos cravados no bolso do peito dele.

Á uma hora, a bruxa gorducha com o carrinho de comida chegou à porta da cabine.

– Vocês acham que a gente devia acordar o Professor? – Rony perguntou sem graça indicando Lupin com a cabeça – Ele está com cara de quem podia comer alguma coisa.

Hermione se aproximou cautelosamente do homem.

– Hum... Professor? Com licença, Professor?

O homem não se mexeu. Não se preocupe querida - disse a bruxa entregando a Harry uma montanha de bolos de caldeirão. - Se ele tiver fome quando acordar vou estar lá na frente com o maquinista.

– Suponho que ele esteja dormindo... – Rony disse baixinho quando a bruxa fechou a porta da cabine - Quero dizer: ele não morreu, não é?

– Claro que não! Ele está respirando. – Meredith respondeu malcriada entre uma mordida e outra em um torta de abobora.

Talvez o Prof. Lupin não fosse uma ótima companhia, mas sua presença na cabine dos garotos tinha suas vantagens. No meio da tarde, bem na hora em que a chuva começou a cair, embaçando os contornos das colinas ondulantes por que passavam, os meninos ouviram novamente passos no corredor, e surgiram à porta as três pessoas que eles menos gostavam no mundo: Draco Malfoy, cercado pelos seus guarda-costas, Vicente Crabbe e Gregório Goyle.

Draco Malfoy fazia questão de ser inimigo de todos ali. Malfoy, que tinha uma cara desdenhosa e pálida era aluno da Sonserina. Jogava como apanhador no time de sua casa, a mesma posição de Harry no time da Grifinória. Crabbe e Goyle pareciam existir para fazer o que Draco mandava. Eram grandes e musculosos, Crabbe, mais alto, tinha um pescoço muito grosso e um corte de cabelos de cuia, os cabelos de Goyle eram curtos e espetados, e seus braços compridos como os de um gorila.

– Ora, vejam só quem está aqui - Draco disse naquela sua voz arrastada, abrindo a porta da cabine – Potinho, Fuinha, Sangue-ruim e Traidora - Crabbe e Goyle riram feito trasgo.

– Olha... ele é inteligente o suficiente pra criar nomes... eu bom! Achei que fosse um completo retardado... – Meredith disse com toda a falsidade e desdenho possíveis.

– Não sei como e nem por que você está na Sonserina, mas você é uma lambe-trouxa e adora se esfregar neles... por mim já tinha sido expulsa.

– Você é realmente um idiota. - Hermione tomou partido.

– Ouvi dizer que seu pai finalmente pôs as mãos no ouro neste verão. – Malfoy disse - Sua mãe não morreu do choque?

Rony se levantou tão depressa que derrubou a cesta de Bichento no chão. O Prof. Lupin soltou um pequeno ronco.

– Quem é esse aí? – Draco perguntou dando automaticamente um passo atrás, ao ver Lupin.

– Professor novo. – Harry disse e se levantou também, caso precisasse segurar Rony.

– Que é que você ia dizendo mesmo, Draco? – Meredith perguntou e riu vitoriosa.

Os olhos muito claros do menino se estreitaram. Ele não era bobo de puxar uma briga bem debaixo do nariz de um Professor.

– Vamos. Adeus lambe-trouxa. - murmurou Draco, contrariado e os três sumiram.

Harry e Rony tornaram a se sentar, Rony massageando os nós dos dedos.

– Não vou aturar nenhum desaforo de Draco este ano disse cheio de raiva. Estou falando sério. Se ele disser mais uma piadinha sobre a minha família, vou agarrar a cabeça dele e...

Rony fez um gesto violento no ar.

– Rony. – Hermione disse apontando para o Prof. Lupin - Cuidado...

Mas o Prof. Lupin continuava ferrado no sono. A chuva engrossava à medida que o trem avançava mais para o norte; as janelas agora iam se tornando um cinza sólido e tremeluzente, que gradualmente escureceu até as lanternas se acenderem nos corredores e por cima dos bagageiros. O trem sacolejava, a chuva de pingos grossos caía violenta, o vento rugia, mas, ainda assim, o Prof. Lupin continuava adormecido.

– Você acha mesmo que Snape não vai dar um jeito de te colocar como malvado? Draco ainda vai sair como santo. – Meredith resmungou se acomodando no assento ao lado do professor.

– Devemos estar quase chegando. - Rony disse se curvando para frente para olhar, além do Professor, a janela agora completamente escura.

Nem bem essas palavras tinham saído de sua boca e o trem começou a reduzir a velocidade.

– Legal... – Rony exclamou levantando e passando com todo o cuidado pelo Prof. Lupin para tentar ver lá fora. – Estou morrendo de fome. Quero chegar logo para o banquete...

– Maldita seja a sua boca! – Meredith disse mal humorada.

– Nós ainda não chegamos... – Hermione disse consultando o relógio. - Então por que estamos parando?

O trem foi rodando cada vez mais lentamente. Quando o ronco dos pistões parou, o barulho do vento e da chuva de encontro às janelas pareceu mais forte que nunca. Harry, que estava mais próximo da porta, levantou-se para espiar o corredor. Por todo o carro, cabeças, curiosas, surgiram à porta das cabines.

O trem parou completamente com um tranco, e baques e pancadas distantes sinalizaram que as malas tinham despencado os bagageiros. Em seguida, sem aviso, todas as luzes se apagaram e eles mergulharam em total escuridão.

– O que é que está acontecendo? – a voz de rony parecia vir da ponta da cabine.

– Ai! - exclamou Hermione. - Rony, isto é o meu pé! Harry voltou ao seu lugar, às apalpadelas.

– Vocês acham que o trem enguiçou?

– Não sei... Mas o professor deitou no meu ombro... – Meredith disse com um certo pânico;

Ouviram um barulho de pano esfregando vidro e Meredith viu os contornos difusos de Rony desembaçando um pedaço da vidraça da janela para espiar

– Tem uma coisa se mexendo lá fora! – ele disse - Acho que está embarcando gente no trem...

– Ai meu deus, isso é baba?! – Meredith chiou empurrando o professor para o lado e se levantando.

A porta da cabine se abriu repentinamente e alguém caiu por cima das pernas de Harry o machucando.

– Desculpe... você sabe o que está acontecendo?... Aí... desculpe...

– Oi, Neville - Harry disse tateando no escuro e levantando o colega pela capa.

– Harry você? Que é que está acontecendo?

– Não tenho idéia... senta...

Ouviu-se um sibilo forte e um ganido de dor. Neville tentara se sentar em cima do Bichento.

– Vou perguntar ao maquinista o que está acontecendo. - ouviu-se a voz de Hermione. Meredith sentiu Hermione passar, ouviu a porta deslizar, e em seguida um baque e dois berros de dor.

– Quem é?

–Quem?

– Gina?

– Mione?

– Que é que você está fazendo?

– Estava procurando o Rony... Entra aqui e senta...

– Aqui não! - Harry disse depressa. - Eu estou aqui!

– Ai! - disse Neville.

– Senta aqui. – Meredith tateou ate puxar a mão de Gina e a colocar em seu lugar.

– Mas afinal o que é que está acontecendo? – Gina parecia aflita.

– Silêncio! - uma voz rouca ordenou de repente.

O Prof. Lupin parecia ter finalmente acordado. Meredith ouviu movimentos no canto em que ele estava. Ninguém disse nada.

– Adeus! Não vou conseguir encontrar minha varinha nessa escuridão mesmo... – E Meredith se meteu porta a fora.

Meredith andou um pouco mais para o final do trem e ali, bem no finzinho havia um vulto de capa que alcançava o teto. Seu rosto estava completamente oculto por um capuz. Daquele lado a lua minguante iluminava muito pouco mas o suficiente para ela ver algo que a fez sentir de cima a baixo um tremor. Havia uma mão saindo da capa e ela brilhava, um brilho cinzento que lembrava o sangue de unicórnio, de aparência viscosa e coberta de feridas, como uma coisa morta que se decompusera na água...,

E então a coisa inspirou longa e lentamente, uma inspiração ruidosa, como se estivesse tentando inspirar o medo da garota parada ali.

Um frio intenso a atingiu. O frio penetrou fundo em sua pele. Chegou ao fundo do peito, ao seu próprio coração...

Ela acordou. Num lugar estranho. Sua visão estava desfocada mas ela podia ver uma porta. Meredith a abriu um pouquinho e viu uma mulher sentada em uma cadeira numa cozinha. Um brilho verde saia de uma varinha, mas de quem era essa varinha ela não pode ver.

A mulher gritava desesperada. Havia sangue por seu corpo e no chão. Ela virou a cabeça e olhou diretamente para Meredith que observava pela fresta da porta, impotente, desesperada. E ela viu a mulher chorar e naquele momento quis sentir a dor por ela.

Algo encostou em seu rosto e de repente ela já não estava mais ali.

– Meredith? MEREDITH! – Gina scudia a garota

– O que foi? – ela perguntou sonolenta;

– Você tava caída ali, no fim do trem.

– Ah... Alguma coisa.. bateu em mim.. e eu tive um sonho... – as palavras dela pareciam desconexas.

Um forte estalo assustou os meninos. O Prof. Lupin partia em pedaços uma enorme barra de chocolate.

– Tome. Coma. Vai fazer você se sentir melhor. – ele ofereceu o ultimo pedaço.

Meredith o mordiscou.

– Eu bati num vulto ali fora...

– Que era aquela coisa? - Harry perguntou a Lupin.

– Um dementador.- Lupin respondeu - Um dos dementadores de Azkaban.

Todos o olharam espantados. O Professor amassou a embalagem vazia de chocolate e meteu-a no bolso.

– Comam. - insistiu. - Vai lhe fazer bem. Preciso falar com o maquinista, me dêem licença...

Ele passou por Harry e desapareceu no corredor.

– Você tem certeza de que está bem? – Hermione perguntou – Um vulto preto também veio aqui.

– Não entendo... Que foi que aconteceu? - Meredith perguntou vendo Harry em choque.

– Bem... aquela coisa... o dementador.. ficou parado ali olhado, quero dizer, acho que foi, não pude ver o rosto dele pro Harry...

– Pensei que ele estava tendo um acesso ou coisa parecida. - Rony falou conservando no rosto uma expressão de pavor - ele ficou duro e escorregou do assento pro chão, ai você gritou lá de fora.

– E o Prof. Lupin saltou por cima de você, foi ao encontro do dementador, puxou a varinha - Hermione disse a Harry - e disse: “Nenhum de nós está escondendo Sirius Black dentro da capa. Vá”, mas o dementador não se mexeu, então Lupin murmurou alguma coisa e da varinha saiu um raio prateado contra a coisa, e ela deu as costas e se afastou como se deslizasse... Ai ele saiu e a Meredith estava lá falando umas coisas sem sentido, sozinha no corredor. Ele a trouxe pra cá ai ela desmaiou.

– Foi horrível. - disse Neville numa voz mais alta do que de costume. - Vocês sentiram como ficou frio quando ele entrou?

– Eu me senti esquisito... - Rony disse sacudindo os ombros, desconfortável - Como se eu nunca mais fosse sentir alegria na vida...

Gina, que se encolheu a um canto parecendo quase tão mal quanto Meredith deu um solucinho. Hermione aproximou-se e passou um braço pelas costas da menina para consolá-la.

– Mas nenhum de vocês caiu do assento? - perguntou Harry sem graça.

– Não. – Rony disse olhando para Harry, ansioso - Mas Gina tremia feito louca...

– Eu sei lá... nem estava aqui!

Meredith não ligava. Se sentia fraca e cheio de arrepios, como se estivesse se recuperando de uma gripe muito forte, como se alguém tivesse pregado um susto mortal que se tornava verdade, como alguém amado morrer.

O Prof.. Lupin voltou. Parou ao entrar, olhando para todos e disse, com um leve sorriso:

– Eu não envenenei o chocolate, sabem. – Meredith se sentiu nervosa como comentário e Harry finalmente comeu seu chocolate.

–Vamos chegar a Hogwarts dentro de dez minutos - disse o Prof. Lupin. - Você está bem, Harry?

Ninguém falou muito durante o resto da viagem. Por fim, o trem parou na estação de Hogsmeade e houve uma grande correria para desembarcar. Corujas piavam, gatos miavam e o sapo de estimação de Neville coaxou alto debaixo do chapéu do seu dono.

Estava frio demais na minúscula plataforma e a chuva descia em cortinas geladas.

– Alunos do primeiro ano por aqui! - uma voz conhecida chamou. Os quatro se viraram e depararam com o vulto gigantesco de Hagrid, no outro extremo da plataforma, fazendo sinal para os novos alunos, aterrorizados, se aproximarem para a tradicional travessia do lago.

– Tudo bem, vocês três? – Hagrid gritou sobre as cabeças dos alunos aglomerados. Eles acenaram para o guarda-caça, mas não tiveram chance de lhe falar porque a massa de alunos em volta deles os empurrava na direção oposta. Logo eles acompanharam o resto da escola pela plataforma e desceram para uma trilha enlameada, cheia de altos e baixos, onde no mínimo uns cem coches os aguardavam, e eles só podiam supor que era puxado por um cavalo invisível, porque embarcaram em um, fecharam a porta e o veículo saiu andando, aos trancos e balanços, formando um cortejo.

O coche cheirava levemente a mofo e palha. Rony e Hermione não paravam de lhe lançar olhares de esguelha, como se temessem que Harry pudesse desmaiar outra vez.

Quando o coche foi se aproximando de um magnífico portão de ferro forjado, ladeado por colunas de pedra com javalis alados no alto, Meredith viu mais dois dementadores encapuzados montando guarda dos lados do portão. Um calafrio correu por todo o seu cospo e a mulher de rosto deformado e lagrimas nos olhos voltou a sua mente. O coche ganhou velocidade no caminho longo e inclinado até o castelo. Hermione se debruçou pela janelinha, espiando as muitas torrinhas e torres que se aproximavam. Por fim, o coche parou balançando e eles desceram.

Quando Harry ia descendo, uma voz arrastada e satisfeita chegou aos seus ouvidos.

– Você desmaiou, Potter? Longbottom está falando a verdade? Desmaiou mesmo, é?

Draco passou por Hermione acotovelando-a, para impedir Meredithde subir as escadas de pedra do castelo, o rosto jubilante e os olhos claros brilhando de malícia.

– Se manda, Malfoy - disse Rony, cujos maxilares estavam cerrados.

– Que vergonha Harry... podia pelo menos ter ficado com a sua dignidade..

– Você também desmaiou, Weasley? - perguntou Draco em voz alta. - O velho dementador apavorante também o assustou, Weasley e a lambe-trouxa?

– Algum problema? - perguntou uma voz suave. O Prof. Lupin acabava de desembarcar do coche seguinte.

Malfoy lançou ao Prof. Lupin um olhar insolente, que registrou os remendos em suas vestes e a mala surrada. Com uma sugestão de sarcasmo na voz, ele respondeu:

– Ah, não... hum...Professor .- depois fez cara de riso para Crabbe e Goyle, e subiu com os dois as escadas do castelo.

– Garoto idiota... – Meredith resmungou com raiva.

Hermione bateu nas costas de Rony para apressa-lo, e os quatro se reuniram aos muitos alunos que enchiam as escadas, cruzavam a soleira das enormes portas de carvalho e penetravam no saguão cavernoso iluminado com tochas ardentes, onde havia uma magnífica escadaria de mármore para os andares superiores.

– Que apelidinho ridículo o do Malfoy heim.. – Hermione falou desgostosa.

– É... ate sangue ruim é melhor. – Meredith disse desanimada.

– Ei! – Hermione levou o comentário para si.

–Admita... é sim. – diante da resposta Hermione se calou.

A porta que levava ao Salão Principal, à direita, estava aberta; Harry seguiu o grande número de alunos que se deslocava naquela direção, mas apenas vislumbrara o teto encantado, que àquela noite se mostrava escuro e anuviado, quando uma voz o chamou:

– Potter! Granger! Riddle!Quero falar com vocês!

Eles se viraram surpresos. A Profa. McGonagall, que ensinava Transformação e dirigia a Casa da Grifinória, os chamava por cima das cabeças dos demais. Era uma bruxa de aspecto severo, que usava os cabelos presos em um coque apertado; seus olhos penetrantes eram emoldurados por óculos quadrados. Harry abriu caminho até ela com esforço e Meredith tinha um mau pressentimento: a Prof. MacGonagall não a chamaria assim. Não era a diretora de sua casa.

– Não precisam ficar tão preocupados, só quero dar uma palavrinha com vocês na minha sala. - disse ela. - Pode continuar o seu caminho, Weasley.

– E eu o que tenho a ver com isso? – Meredith falou com lamento.

– Vai logo! – Hermione resmungou.

Rony ficou olhando a Professora se afastar, com Harry, Hermione e Meredith da aglomeração de alunos que falavam sem parar. Eles atravesaram o saguão, subiram a escadaria de mármore e seguiram por um corredor.

Já na sala, um pequeno aposento com uma grande e acolhedora lareira, a Professora fez sinal para que se sentassem. Ela própria se sentou à escrivaninha e disse sem rodeios:

– O Prof. Lupin mandou à frente uma coruja para avisar que você tinha passado mal no trem, Potter. E Longbottom contou que você, Meredith, também parecia ter sofrido algo no trem.

Antes que opudessem responder, uma leve batida na porta e Madame Pomfrey, a enfermeira, entrou com seu ar eficiente.

Harry sentiu o rosto corar.

– Eu estou bem - disse. - Não preciso de nada...

– Ah, então foi você? - exclamou Madame Pomfrey, ignorando o comentário de Harry e se curvando para examiná-lo mais de perto. - Suponho que tenha feito outra vez alguma co isaperigosa.

– Foi um dementador, Papoula - informou McGonagall. As duas, trocaram olhares misteriosos e Madame Pomfrey deu um muxoxo de desaprovação.

– Postar dementadores em volta da escola - murmurou, se afastando de Harry e colocando a mão na testa de Meredith para tomar sua temperatura –VocÊ não deveria ser maior pra sua idade?

– É - Meredith respondeu com um olhar indignado.

– O menino não vai ser o último a desmaiar. É, está úmido de suor. Eles são terríveis e o efeito que produzem nas pessoas que já são delicadas...

– Eu não sou delicado! – Harry exclamou aborrecido.

– Delicado... hihihi... –Meredith não se segurou.

– Claro que não é! - disse Madame Pomfrey distraída, agora tomando o seu pulso.

– Do que é que ele precisa? - a Prof. McGonagall perguntou decidida - Repouso? Quem sabe não fosse bom passar a noite na ala hospitalar? E essa mocinha?

– Eu estou ótimo! - Harry disse levantando-se de um salto.

– Tambem... – a ideia do que Draco iria dizer se ela tivesse que ir para a ala hospitalar foi uma tortura.

– Bem, deviam, no mínimo, tomar um chocolate -Madame Pomfrey disse agitada.

– Já comi chocolate - Harry disse - O Prof. Lupin me deu. Deu a todos nós.

– Deu, foi? - exclamou a bruxa-enfermeira em tom de aprovação. - Então finalmente conseguimos um Professor de Defesa contra as Artes das Trevas que sabe o que faz

0 Não deveria ser o Prof. Snape quem deveria tratar desse meu assunto?

– Sim.. mas ele está ocupado. Vocês realmente estão bem?

– Estou. – Harry respondeu e Meredith simplesmente ignorou a pergunta.

– Muito bem. Por favor, esperem ai fora enquanto dou uma palavrinha com a Srta. Granger sobre sua programação para o ano letivo, depois podemos descer juntos para a festa.

Sairam para o corredor com Madame Pomfrey, que seguiu para a ala hospitalar, resmungando sozinha.

– Acho que todas aquelas matérias encrencaram ela. – Meredith falou se recostando em uma parede.

Hermione apareceu com um ar muito feliz, acompanhada pela Professora, e todos desceram a escadaria de mármore para o Salão Principal.

Havia um mar de chapéus cônicos e pretos. Cada uma das compridas mesas das casas estava lotada de estudantes, os rostos iluminados por milhares de velas que flutuavam no ar, acima das mesas. O Prof. Flitwick, que era um bruxo franzino de cabeleira branca, carregava um chapéu antigo e um banquinho de três pernas para fora da sala.

– Ah! - Hermione falou em voz baixa - Perdemos a cerimônia da seleção!

Os novos alunos de Hogwarts eram distribuídos pelas quatro casas do colégio, pondo na cabeça o Chapéu Seletor, que anunciava a casa (Grifinória, Corvinal, Lufa-Lufa ou Sonserina) que melhor convinha ao recém-chegado A Profa. McGonagall dirigiu-se ao seu lugar, que estava vazio à mesa dos Professores e funcionários e os três seguiram na direção oposta, o mais silenciosamente possível para se sentarem à mesa da Grifinória. As pessoas viraram a cabeça para olhá-los passar pelo fundo do salão, e alguns apontaram para Harry. Será que a história do seu desmaio ao topar com o dementador se espalhara com tanta rapidez?

Ele e Hermione se sentaram um de cada lado de Rony, que guardara seus lugares e Meredith se ajeitou a frente dos três.

– O que você tá fazendo aqui? – Rony falou mal humorado.

– Fugindo da minha casa.

– Onde você arrumou essa gravata? – Hermione via as cores da Grifinória nas vestes da garota – E essas roupas?

– Nas suas coisas. – Meredith respondeu simplória e teve que enfrentar o olhar furioso de Hermione.

– Que história foi essa? - Rony murmurou para Harry.

Harry começou a lhe explicar aos cochichos, mas naquele momento, o diretor se ergueu para falar e ele se calou.

O Prof. Dumbledore, embora muito velho, sempre dava uma impressão de grande energia. Tinha alguns palmos de cabelos e barbas prateados, óculos de meia-lua e um nariz muito torto.

– Sejam bem-vindos! – Dumbledore começou e a luz das velas tremeluziu em suas barbas - Sejam bem-vindos para mais um ano em Hogwarts! Tenho algumas coisas a dizer a todos, e uma delas é muito séria. Acho que é melhor tirá-la do caminho antes que vocês fiquem tontos com esse excelente banquete...

O diretor pigarreou e prosseguiu:

– Como vocês todos perceberam, depois da busca que houve no Expresso de Hogwarts, a nossa escola passou a hospedar alguns dementadores de Azkaban, que vieram cumprir ordens do Ministério da Magia,

Ele fez uma pausa e Meredith se lembrou do que o Sr. Weasley comentara sobre a insatisfação de Dumbledore quanto ao fato de os dementadores estarem montando guarda na escola.

– Eles estão postados em cada entrada da propriedade e, enquanto estiverem conosco, é preciso deixar muito claro que ninguém deve sair da escola sem permissão. Os dementadores não se deixam enganar por truques nem disfarces, nem mesmo por capas de invisibilidade - acrescentou ele brandamente, Harry e Rony se entreolharam e Meredith riu com a indireta - Não faz parte da natureza deles entender súplicas nem desculpas. Portanto, aviso a todos e a cada um em particular, para não darem a esses guardas razão para lhes fazerem mal. Apelo aos monitores, e ao nosso monitor e monitora-chefes, para que se certifiquem de que nenhum aluno entre em conflito com os dementadores.

Percy, que estava sentado a algumas cadeiras de distância estufou o peito outra vez e olhou à volta cheio de importância. Dumbledore fez nova pausa; percorreu o salão com um olhar muito sério, mas ninguém se mexeu nem emitiu som algum.

– Agora, falando de coisas mais agradáveis... – ele continuou -, tenho o prazer de dar as boas-vindas a dois novos Professores este ano. “Primeiro, o Prof. Lupin, que teve a bondade de aceitar ocupar a vaga de Professor de Defesa contra as Artes das Trevas”.

– Não gostei muito dele. – Meredith falou a Hermione.

– Por que?

– Sei lá...

Ouviram-se algumas palmas dispersas e pouco entusiásticas. Somente os que tinham estado na cabine de trem com o novo Professor bateram palmas animados, Harry entre eles. Lupin parecia particularmente mal vestido ao lado dos outros Professores que trajavam suas melhores vestes.

– Olha a cara do Snape! - Rony falou animado.

O olhar do Prof. Snape, mestre de Poções, passou pelos Professores que ocupavam a mesa e se deteve em Lupin. Era fato sabido que Snape queria o cargo de Professor de Defesa contra as Artes das Trevas, mas até Harry, que o detestava, se surpreendeu com a expressão que deformou o seu rosto macilento. Era mais do que raiva: era desprezo. Meredith conhecia e odiava aquela expressão.Era a que Snape usava sempre Que a avistava com os Grifinórios ou quando ela cometia erros.

– Quanto ao nosso segundo contratado... –Dumbledore continuou quando cessavam as palmas mornas para o Prof. Lupin -Bem, lamento informar que o Prof. Kettleburn, que ensinava Trato das Criaturas Mágicas, aposentou-se no fim do ano passado para poder aproveitar melhor os membros que ainda lhe restam. Contudo, tenho o prazer de informar que o seu cargo será preenchido por ninguém menos que Rúbeo Hagrid, que concordou em acrescentar essa responsabilidade docente às suas tarefas de guarda-caça.

Harry Rony e Hermione se entreolharam, estupefatos. Em seguida acompanharam os aplausos, que foram tumultuosos principalmente à mesa da Grifinória. Meredith se esticou para frente para ver Hagrid, que tinha o rosto vermelho-rubi, os olhos postos nas mãos enormes, e o sorriso largo escondido no emaranhado de sua barba escura.

– Nós devíamos ter adivinhado! – Rony berrou dando socos na mesa. - Quem mais teria nos mandado comprar um livro que morde?

– Cala a boca Rony! – Meredith disse tentando controla-lo. Ela não se deu ao trabalho de bater palmas.

Os três garotos foram os últimos a parar de aplaudir e quando o Prof. Dumbledore recomeçou a falar, eles viram que Hagrid estava enxugando os olhos na toalha da mesa.

– Bem, acho que, de importante, é só o que tenho a dizer Vamos à festa!

As travessas e taças de ouro diante das pessoas se encheram inesperadamente de comida e bebida. Meredith faminta se serviu de tudo que conseguiu alcançar e começou a comer.

Foi um banquete delicioso. O salão ecoava as conversas, os risos e o tilintar de talheres. Harry, Rony, Hermione e Meredith porém, estavam ansiosos para a festa terminar para poderem conversar com Hagrid. Sabiam o quanto significava para ele ser nomeado Professor. O guarda-caça não era um bruxo diplomado, foi expulso de Hogwarts no terceiro ano por um crime que não cometeu. Harry, Rony, Hermione e Meredith é que tinham limpado o seu nome no ano anterior.

Finalmente, quando os últimos pedaços deliciosos de torta de abóbora tinham desaparecido das travessas de ouro, Dumbledore anunciou que era hora de todos se recolherem e os meninos tiveram a oportunidade que aguardavam.

– Hagrid! - Hermione exclamou quando se aproximaram da mesa dos Professores.

– Graças a vocês – Hagrid disse enxugando o rosto brilhante de lágrimas no guardanapo e erguendo os olhos para os garotos. -Nem consigo acreditar.. grande homem, o Dumbledore... veio direto à minha cabana quando o Prof.. Kettleburn disse que para ele já chegava... É o que eu sempre quis...

– Parabéns Hagrid. – Meredith disse com uma felicidade sincera.

Dominado pela emoção, ele escondeu o rosto no guardanapo e a Profa McGonagall tocou os meninos para fora. Harry, Rony e Hermione se reuniram aos outros colegas da Grifinória e Meredith seguiu parra a Sonserina. Não chegou ao dormitório sem antes ser abordada por Queen. Realmente sentiu falta da amiga com quem trocou algumas cartas durante as férias. Coontou a ela tudo que havia ocorrido no trem, inclusive sobre a conversa do Sr. E a Sra. Weasley a deixando boquiaberta. Queen prontamente se dispôs a ajudar e a procurar registros de Black assim que possível.

Finalmente ela tinha voltado pra “casa” e apesar dos olhares de censura do Prof. Snape, tudo ali era como deveria ser, com a lareira, as paredes grafite e o verde esmeralda que de certa forma ela amava.


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