Kiel caminhava lentamente dentro de uma casa escura e sombria. Sentia seu corpo mais leve que o normal, como se ele não fosse ele. Foi então que olhando para si mesmo se deu conta que seu corpo havia diminuído e era uma criança de doze anos.

Aquela casa lhe metia medo, era como se já lá estivesse estado antes... Como se aquilo não fosse um sonho... E sim uma lembrança.

A passos lentos o rapaz caminhou pela casa velha e escura, as paredes estavam rachadas e os moveis partidos. Uma foto empoeirada se mantinha intacta sobre um dos moveis devastados. Nessa foto era visível uma menina de aparentemente nove ou dez anos que lhe fazia lembrar uma forma sobrenatural Hinata... Era essa jovem que se parecia com Hinata, ou era Hinata que se parecia com ela?

Era a primeira vez que tinha um sonho tão lúcido, um sonho onde sentia que ele tinha o comando de ir onde quisesse explorar onde lhe parece mais apropriado.

Lançando um ultimo olhar na foto da menina, Kurogami subiu umas pequenas escadas que davam aceso ao piso superiro. Escadas essas que se encontravam devastadas e cheias de buracos. Escadas aquelas que de uma forma sombria lhe pareciam familiares, demasiadamente familiares.

O piso superiro era composto por um corredor largo e comprido com três portas. As paredes daquele corredor escuro estavam rachadas como se algo forte tivesse batido contra elas. Kiel suspirou pesadamente, sentia seu coração bater rapidamente como se estivesse perto de algo que definitivamente não era bom.

Com passos cautelosos Kurogami foi seguindo pelo corredor. Das três portas que se encontravam dispersas uma estava totalmente rachada ao meio revelando uma enorme violência contra ela. Questionava-se quem teria feito aquilo e o motivo. Entre esse pensamento um barulho se fez ouvir... Era como um grito abafado. Kiel arregalou os olhos, sentia de uma forma insólita que já tinha ouvido aquele grito numa outra altura de sua vida.

Cerrou os pequenos punhos, aquele pequeno corpo onde estava enfiado não era nem um pouco confortável. Poucos passos foram necessários para se colocar em frente da porta de onde vez ou outra saiam os gritos abafados de dor... Desespero... Repudio.

Num movimento decidido abriu a porta e por um segundo ficou sem reação.

Uma mulher de aparentemente quarenta anos e de alguma forma familiar estava deitada numa cama amarada e ensanguentada. Por cima dela estavam dois homens que também lhe era sinistramente de alguma forma familiares... Os homens abusavam sexualmente da mulher e a agrediam violentamente. Era como se Kiel não estivesse ali... E na verdade não estava. Mas todo aquele cenário lhe provocava uma raiva descomunal, uma vontade de gritar e matar aqueles homens.

- Chame o doutor rápido. – Uma voz distante ordenava aflita.

- Ele acordou? – Outra voz totalmente eufórica questionava.

- Vai logo. – A primeira voz pediu mais autoritária.

Logo o silencio reinou após se ouvir o barulho de uma porta sendo aberta e logo em seguida fechada.

O jovem que estava deitado dentro daquele quarto piscou os olhos algumas vezes tentando assimilar o que estava acontecendo e onde estava. Aquele cômodo tinha demasiada claridade diferente do sonho que acaba de ter. tudo na sua mente estava confuso. Coisas que ele poderia jurar ter esquecido lhe atormentavam. Coisas e lembranças que estavam apagadas agora estavam de volta.

Kiel acabava de acordar do coma e com sua consciência a memória apagada retornava também. Era como se ele não fosse ele, tudo estava diferente. Incluindo ele.

- Onde estou? – Kiel questionou rudemente tentando se sentar na cama.

- Fique quieto. – O enfermeiro que ficou no quarto pediu tentando empurrar o jovem de volta para a cama.

Kiel fechou os olhos. A voz daquele homem o estava irritando, a claridade daquele quarto o estava irritando. As memórias que agora ele entendia o porquê de tê-las esquecido o estavam irritando. Tudo o estava irritando. Pela primeira vez desde há muito tempo o mostro que dormia dentro dele estava querendo sair. Simplesmente tudo o estava irritando, não era fácil lidar com as memórias macabras que vagavam pela sua cabeça.

- NÃO ME TOQUE! – Kiel ordenou num sonoro grito fazendo o enfermeiro recuar dois passos amedrontando.

- Calma jovem... – O nervoso enfermeiro pediu, via o rosto do jovem se contorcer de raiva e sofrimento.

- Eu quero sair daqui. – Kiel murmurou mais para ele mesmo e sem perder um segundo se levantou da cama, uma tontura quase o levou ao chão, mas firmemente se manteve erguido.

- Você não pode. – O enfermeiro ordenou segurando o Kurogami pelo braço.

Que tremendo erro.

Raivosamente Kiel se virou e sem hesitar socou o rosto do enfermeiro o derrubando. Seu corpo começava a tremer e o rosto a se contorcer tomando feições assustadoras.  Levado pelo ódio que o assolava em grande parte pelas lembranças que haviam retornado pegou o homem caído no chão e o ergueu no ar o segurando pelos colarinhos com as duas mãos, para em seguida balançar a cabeça e desferir uma sonora cabeçada no nariz do enfermeiro fazendo ambos os rostos ficarem manchados de sangue.

- O doutor está aqu... – O segundo enfermeiro que tinha saído antes acabava de retornar, mas o que viu o fez parar bruscamente. Kiel estava sentado em cima do enfermeiro que ficou com ele no quarto, desferia fortes e violentos socos no rosto do homem já inanimado.

- Jesus... – O doutor que vinha juntamente com o jovem enfermeiro murmurou horrorizado e sem pensar duas vezes retirou uma seringa da sua bata branca, nela continha um liquido transparente que servia como tranquilizante em casos de emergência.

Horrorizado o medico se aproximou de Kiel que continuava massacrando o rosto do homem debaixo dele, estava transferindo toda a raiva que surgiu juntamente com as suas lembranças naquele pobre diabo. Sem se dar conta o jovem Kurogami sentiu os olhos pesarem e só então percebeu que tinham acabado de lhe injetar algo no pescoço. Ainda abriu a boca para murmurar alguma coisa, mas o medicamente foi mais forte e sem luta possível foi tomado pela escuridão.

- Que coisa... – O medico murmurou ainda com o coração a mil, nunca esperava que o jovem Kurogami despertasse tão rapidamente nem que viesse tão violento.

Com a ajuda do enfermeiro Kiel foi colocado na cama e o homem gravemente ferido foi levado para receber o devido tratamento e cuidados. Agora só faltava alguém avisar para Hinata que Kiel havia despertado, mas de mau humor.

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Sasuke estava com os punhos fechados uma enorme raiva preenchia todo o seu corpo, como assim aquele loiro chato e barulhento estava falando com Itachi??? Itachi o seu irmão??? Ele ia tirar isso a limpo a ia ser agora.

Sem pensar duas vezes o moreno saiu de trás da porta e bruscamente se colocou na frente do loiro de olhos azuis que o olhou confuso, realmente confuso.

- O que foi? – Naruto questionou dando de ombros, não gostava daquele Uchiha ladrão de irmãs nem do feitiozinho dele.

- Com que você estava falando? – Sasuke exigiu saber bruscamente e sem modos alguns.

O loiro ergueu uma sobrancelha e deu uma boa e sonora gargalhada para em seguida responder ainda rindo.

- Como se você tivesse algo a ver com isso.

Sasuke cerrou os dentes e reprimiu a vontade de partir os dentes brancos e perfeitos daquele loiro chato, só não o fazia porque provavelmente seria difícil entender o que alguém sem dentes diz.

- Eu ouvi o nome do meu irmão, você estava falando com Uchiha Itachi? – O Uchiha mais novo quase rugiu realmente ele queria respostas e queria agora sem embolações.

Naruto perdeu o sorriso e fechou o rosto. Fora apanhado desprevenido desta vez. Como Sasuke sabia sobre Itachi? Estaria ele ouvindo a conversa de minutos antes? Fosse como fosse ele iria dar um jeito de enganar o arrogante e com muito que aprender Sasuke Uchiha.

- Não sei se você sabe, mas existem muitas pessoas com o nome de Itachi por esse mundo a fora. O que lhe faz pensar que tinha que ser logo o seu irmão? – Naruto disse debochadamente, ele não ia de forma alguma confessar que estava sim conversando com o irmão mais velho daquele mal agradecido.

Sasuke bufou aquilo estava soando a uma grande e mal cheirosa mentira. Por enquanto ia deixar as coisas ficarem assim, ele sabia de outra forma de saber da verdade. E essa forma se chamava Yuuki Uzumaki, ele sabia que pressionando aquela loira lhe arrancaria o que queria saber a sangue frio.

- Que seja. – O Uchiha murmurou e virou costas. Não ia perder mais saliva com o loiro burro, a loira servia e também lhe daria o que ele queria.

Naruto viu o moreno abandonar a sala e suspirou após o mesmo estar a longos metros de distancia. Por enquanto o tinha enganado, de agora em diante teria que ser mais cauteloso nos telefonemas com Itachi.

Yuuki entrou na sala com um sorriso no rosto e o telefone móvel da casa em mãos. Abriu ainda mais o sorriso e esticou o aparelho para o irmão.

- Adivinha quem é? – Disse divertida enquanto esperava o irmão pegar o aparelho. – É o Jasper. – Murmurou piscando o olho para o querido irmão e por fim lhe passou o aparelho.

Naruto abriu um enorme sorriso idêntico ao da irmã e colocou o aparelho no ouvido.

- JASPER!!!! – Naruto berrou alegre.

NARUTO!!!! – Outro grito veio em retorno do outro lado da linha tão alegre e eufórico como o do loiro.

- Há quanto tempo Komerys, como você vai amigo? – O loiro questionou ainda eufórico de felicidade. Jasper Komerys era um amigo de infância que tinha conhecido há muito tempo atrás, foram levados pelo destino para sítios diferentes, mas de alguma forma Jasper conseguiu arranjar o novo contacto do amigo.

- Maravilhosamente bem Naruto, alias estou em França com Ino e queria saber se você arranja lugar para mais dois na sua casa. –Descaradamente Jasper disse, no mesmo tom de voz de Naruto, eufórico feliz. Jasper e Naruto eram muito parecidos. Ambos divertidos e alegres alem da conta.

- Não sei como você soube onde estou, mas claro que tem um lugar para você e Ino aqui. – O loiro entusiasmado respondeu.

Ao seu lado Yuuki negava com a cabeça. Era só o que lhe faltava outro Naruto em casa? Sasuke ia dar em doido.