O Segredo De Avalon escrita por Camila Lacerda


Capítulo 5
Capítulo V




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Nina levantou suada, ela tivera um novo pesadelo. Como todos os outros. Um garoto. Os olhos cinza. A mulher em busca dele. Ela era a mãe dele? A garota nunca conseguia chegar a perguntar. Quando chegava muito perto sempre acabava acordando.

Ela se sentou na cama e da janela dava para ver o sol nascendo no horizonte, seu tom alaranjado tornava o céu ainda mais bonito e aos pouco a escuridão da noite ia embora, borrando o céu com seus tons quentes, calorosos, reconfortantes.

Ao soltar seus cabelos viu de relance Rose em sono profundo deitada corretamente na cama. Até dormindo ela se mantinha certinha? Silá dormia quase caindo da cama, o que vez a jovem sorrir, já Julie, a garota mais engraçada que tinha conhecido, dormia babando e tinha um sapo de chocolate nas mãos.

Ao olhar em seu relógio viu que era 5:48 da manhã, não valeria voltar a dormir agora, por isso ela vestiu seu roupão e desceu com seu livro para a Sala Comunal vazia. Ao descer pelas escadas as velas nas paredes se ascenderão, dando um susto na jovem, mas ela prosseguiu e sentou no canto da sala. Em silêncio voltou ao seu livro tentando acaba-lo de uma vez.

Estava agora contando a história de Dumbleodore...

Alvo Percival Wulfric Brian Dumbledore.

Um grande e poderoso feiticeiro da Ordem de Merlin - Primeira Classe, além professor de Transfiguração e posteriormente Diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, membro da Confederação Internacional de Feiticeiros, membro e Presidente da Suprema Corte dos Feiticeiros e ainda Presidente do Wizengamot. Era um feiticeiro de sangue mestiço, filho mais velho de Percival e Kendra Dumbledore, tendo dois irmãos mais novos, Aberforth e Ariana. O seu pai morreu em Azkaban quando Dumbledore ainda era jovem, enquanto a sua mãe e sua irmã foram posteriormente mortas por acidente. Alvo Dumbledore foi considerado o feiticeiro mais poderoso do seu tempo. Tornou-se mais conhecido graças à sua vitória num famoso duelo com o Feiticeiro Negro Grindelwald, à descoberta das doze utilidades do sangue de dragão e pelo seu trabalho de alquimia em parceria com Nicolas Flamel. Proprietário da famosa Varinha das Varinhas entre e considerado por muitos o melhor Diretor que Hogwarts alguma vez teve. Dumbledore é o único Diretor sepultado em Hogwarts. Foi também através de Dumbledore que a resistência à ascensão de Voldemort foi criada, pois foi ele quem fundou e liderou a Ordem da Fénix. Graças a uma mente rebuscada e extremamente perspicaz e inteligente, dotando Dumbledore de um lendário poder, este tornou-se o único feiticeiro que Voldemort alguma vez temeu...

Quando voltou a si, seu relógio de pulso marcavam 6:52. Ela se levantou e foi pegar suas coisas para tomar banho e partir para as aulas. Assim que entrou no quarto Rose já estava acordar.


– Bom dia. – Nina disse educamente.

– Bom dia. – Rose respondeu do mesmo jeito se espreguiçando e fazendo seu aquecimento matinal – Já esta acordada?

– Pois é.. Tive um pesadelo. – Nina murmurou.


Mas porque ela estava compartilhando suas experiências com a garota que menos gostava no colégio? É, algumas perguntas não tinham respostas.


– Espero que não seja nada relacionado a Alvo.. – Rose continuou.

– Não, não era não... – a morena pegou suas coisas e saiu.


Rose se segurou para não falar um palavrão, pois ela queria que a moreninha do nariz empinado parasse de brincar com seu primo. Ele gostava dela de verdade e a sujeitinha fazia dele o que bem entendesse. Não era assim que deveria funcionar! Alvo era um cara muito legal, muito diferente do irmão e dos garotos idiotas da escola. Ele era um cara tímido, de bom coração e um tolo apaixonado.

A mais velha dos Weasley suspirou e sentou na cama. Ela teria de pensar em outra maneira para conversar com a garota que mais detestava em todo o colégio. De uma maneira que ela entendesse que não podia fazer com Alvo o que quisesse que ela estava ali para protege-lo porque gostava dele como se fosse seu irmão e além do mais ele não merecia sofrer.

Mas e se garota gostasse dele? Não, não... Nina era o tipo de garota que se apaixonava por braços fortes, garotos alto, bonitões, que saissem destruindo corações, com olhos claros.. Não o inteligente como Alvo. Não, não... Ela não poderia nem suportar a ideia de te-la como namorada de seu primo. Já ficava brava com Alvo por ele gostar dela. O que ele via nela?

Uma garota sem personalidade própria. Que vivia tentando superar Rose, o que não era fácil, é claro... Que bancava a durona, mas era uma manteiga derretida. Que vivia usando o pobre Alvo.

Quando o primo lhe contou sobre o que tinham aprontado na tarde passada, ela quase acertou seu livro no garoto. Que menino mais tolo!


– Que horas são Rose? – era a voz de Julie.

– 7 horas. – ela então voltou a realidade e começou a se vestir. Como não havia deveres ainda, talvez ela usasse essa tarde para conversar com Nina. Isso fez seu estômago revirar, mas era por Alvo... Ai Alvo, você esta me devendo...


Então a morena voltou ao quarto e disse:


– O Archie ta ficando com a Desiree?

– Hã? – todas se perguntaram confusas. Ninguém sabia que perguntas desse tipo não deveriam ser feitas tão cedo? Porque o cérebro de ninguém funcionava assim que despertassem, leva um tempo para preparar tudo.

– Eu acabei de ve-los se engolindo no corredor... – Nina disse acabando de se vestir.

– Essa é nova. – Rose murmurou.

– Eu sempre suspeitei que ele gostasse de uma gordinha. Dava em cima de mim sempre! – Julie comentou e todas cairam na gargalhada.


Depois de se trocarem elas desceram juntas. Julie e Sila estavam comentando sobre a aula de ontem de Defesa Contra Artes das Trevas, o que fez Nina dizer:


– Eu adorei. Quero muito ver qual é a forma do meu Patrono.

– O da minha mãe é uma lontra e do meu pai um cão... – Rose comentou.

– O do meu pai é um rinoceronte, dá pra acreditar? – Julie disse rindo.

– O do meu pai é um cervo. – Alvo pareceu dizendo.

– Aposto que o meu vai ser uma coruja, alguma coisa a sim.. – Nina respondeu.

– Queria que o meu fosse um cervo, como o meu pai. – Alvo sorrindo.

Então a conversa foi interrompida quando James passou esbarrando neles e indo pregar algo no quadro de avisos da Sala Comunal, depois se virou e disse:


– Atenção, por favor!

– Ele pediu com educação, vamos ouvir... – Rose zombou.

– Eu estou pregando aqui o aviso de quando vai ser os testes para os lugares de Goleiro e dois artilheiros. Eu já tenho o nome de cada um dos que querem participar. Então será na quarta feira, alugamos o campo e sera das 3 horas até as 4 e espero todos lá. Valeu, é só isso mesmo...

Assim que ele se retirou, os jovenzinhos dos primeros anos já murmuravam ao longe, Ethan engolia seco. Ele tinha se inscrito e agora tinha que aparecer... Sua irmã pode ver o desespero do garoto em seu olhar, só que ao invés de correr até ele e acalmá-lo, ela deu as costas à ele. Tinha que deixar o irmão se virar sozinho, porque ele tomou aquela decisão, agora deveria aguentar as consequência.


– To indo tomar café.. Vamos? – Julie perguntou a Nina.

– Sim, vamos. – Nina confirmou e desceu com a amiga e Alvo logo atrás.


Assim que passaram pelo retrato da mulhe gorda Julie comentou.


– Você viu qu a Sila esta conversando mais! – ela tocou o braço da morena.

– Sim, isso já é um avanço... Lembra o quanto foi difícil para descobrir o nome dela no primeiro ano? – a morena respondeu.

– Ai, nem me lembra... – Julie sorriu e continuaram a descer.


Chegando ao salão, comeram, mas não quanto a garota cheinha. Essa sim tinha apetite.

Nina e Alvo estavam conversando sobre as aulas quando Julie se intrometeu.


– Eu tenho que comer bastante porque com o estomago cheio eu não durmo na aula do Binns. Nunca vi aula mais chata... – ela murmurou ao colocar mais mussarela em seu quarto pão.

– É muito monótona. – Nina não gostava e falar mal dos professores.

– Ele nem repara se estamos ou não prestando atenção.. – Alvo mencionou.


Nina olhou para sua volta e viu mais a frente seu irmão se divertindo com os amigos, ao lado de James e sua turminha. Mais distante estava Rose absorvida em um livro enquanto comia calmamente.


– Já passaram dever e eu não estou sabendo? – Nina perguntou indicando com a cabeça a ruivinha mais a frente.

– Não. Ela deve estar só passando o tempo. – respondeu Alvo, mas ele sabia que estava frito. Que quando ela viesse falar com ele levaria uma bronca, pois estava com a garota que gostava e não fazendo compania e prima.

Só que seus pensamentos foram interrompidos quando uma coruja pousou em sua frente. Ele conhecia aquela coruja. Era de seu pai. O que tinha acontecido?


– É pra você Alvo. – Nina lhe avisou.

O garoto pegou a carta na pata na coruja e lhe ofereceu o resto do pão em seu prato que ela aceitou abertamente. Então ele abriu a carta e viu Lilian, James e Rose se levantando e vindo até si para ler cada uma das frases da carta escrita por sua mãe.


– O que foi Alvo? – era a voz surpresa de Nina.


Ele então sentiu sob seus ombros aquelas cabeças sobressalente lendo também o pequeno papel amarelado, porque a carta em si havia roubado toda a sua atenção.


– Alvo? – Nina parecia assustada. Também, com a cara que Alvo estava fazendo...

– Alvo, eu não quero! – Lilian Potter gritou e James segurou seus ombros enquanto acabava de ler e Rose colocou as mãos na boca com uma cara de horror.


O garoto moreno, dos olhos claros abaixou o papel e encarou a garota em sua frente. Ele poderia perdê-la, nesse exato momento.


– Ei! Eu não acabei! – James arrancou a carta da mão do irmão e se pos a ler.

– Alvo! Alvo! Me diz algo por favor.. – Nina colocou sua mão sobre a mão dele que estava em cima da mesa. Entretanto nem o toque da garota amada conseguiu acalmar seu coração.

– Alvo eu não vou e pronto! – a mais nova dos Potter cruzou os braços e saiu marchando. O que ela não queria fazer pelas barbas de Merlim!

– Eu também não vou. Ela está louca... Não é possível! – James jogou a carta na frente de Alvo que continuava em estadode choque.

– Alguém pode me explicaro que esta acontecendo pela varinha de Dumbledore?! – Nina praticamente implorava, então o sinal bateu e todos se foram.

– Eu não entendi nada. – Julie murmurou.

– Muito menos eu..- Nina respondeu.


E as duas partiram juntas para a aula de História da Magia.

O Professor Binns continuou com a sua revisão de tudo o que haviam aprendido, mas com o seu tom tão intediante que metade da sala já estava adormecida só nos primeiros dez minutos de aula. Porém Alvo e prima não paravam se sussurrar. Era a primeira vez que Nina via Rose não prestar atenção em uma aula. Os dois estavam em meio a uma discussão tão absoleta que mal se importavam o que estava a sua volta.

Na aula de Feitiço Nina deu um jeito de fazer dupla com Alvo e enquanto o professor caminhava pela sala analisando a maneira correta de cada aluno segurar sua varinha então ela aproveitou e começou a conversar com o amigo.


– Vai me ignorar mesmo? – ela fazia com que o tinteiro flutuasse enquanto o encarava.

– Eu não estou te ignorando. – ele murmurou de volta.

– Está sim! – Nina ficou indignada com tal afirmação – O que aconteceu? Foi algo sério? Alguém morreu? Porque pela sua cara não foi nada bom.

Então o Professor Flitwick passou entre os dois a parabenizou os garotos e ordenou que agora os dois trabalhassem juntos em levitar as almofadas jogadas pelo chão até a caixa.


– Não, ninguém morreu. – Alvo se atrapalhou um pouco e seu tinteiro pingou um pouco na mesa. A garota, então, depois de colocar a almofada na caixa disse:

– Skurge. – e as gotinhas simplesmente sumiram - Então o que aconteceu, Alvo? – ela tocou o braço dele e continuou – Eu fiquei preocupada...


Mas nada foi dito. Os dois junto de Rose foram os primeiros a acabarem os exercícios e tiveram de sair pela sala ajudando quem necessitava, como Michael Creevey. Apesar de artilheiro do time da Sonserina que jogava com o irmão mais novo Micah na mesma posição, era um péssimo aluno. Então eles se afastaram e a garota não conseguiu adquirir mais nenhuma resposta.

Na aula de Poções Alvo fugiu da garota, mas na saída ela conseguiu parar Rose e disse:


– Pode me dizer o que aconteceu com ele? – e apontou para Alvo e caminhava rapidamente para o salão.

– Isso é um assunto de família. – ela respondeu rudemente e saiu.

– Isso é um assunto de família. – Nina a imitou e depois chutou o ar.

– Ei mocinha, vai acabar ferindo alguém.. – Abby disse ao sair da sala.

– Tudo isso é raiva do Malfoy? – Denise tinha que apimentar as coisas.

– Claro que não. Eu estou tendo um probleminha... – Nina não queria conversar sobre aquilo que nem sabia o que era já que Alvo estava fugindo dela.

– Não me diga que está afim de Alvo Potter. – Nise a encarou.

– Não me diga que esta afim de Fred Weasley. – Nina respondeu no mesmo tom, mas surpreendeu as amigas e saiu correndo pelo corredor, com seus vários livros, suas lições de casa e resumos para fazer. Ele não iria deixar ela sem resposta.


Entretanto quando chegou ao salão os Potter e os Weasley estavam reunidos, Nina teve de se sentar ao longe e não pode ouvir, por isso acabou prestando atenção na conversa de Keiran sobre como a Grifinória vai ganhar esse ano...

Então, antes que a comida aparecesse o Subdiretor entrou no Salão Principal e foi até a frente da mesa dos professores.


– Boa tarde a todos. E como lhes pormetido, no Saguão esta a Urna de Prata, a qual os corajosos que quiserem participar colocarão seus nomes até o dia 1 de outubro na hora do almoço. Espero que tenham plena consciencia de seus atos, pois como eu disse, uma vez que o nome foi colocado não ha volta. Bom, bom almoço a todos.

E a comida surgiu nos pratos, matando a fome de todos os presentes.

Depois do almoço, ela pegou seu material e decidiu ir sozinha para a aula de Herbologia, mas no meio do caminho alguém lhe parou.


– Nina, por favor. – era a voz masculina tão conhecida.

– Decidiu vir falar comigo agora, vossa majestade? – ele deu um passo a frente para dar passagem a Brígido Whitby e sua namorada Alene Madley que estavam abraçados todo felizinhos . Alvo encarou Nina que continuou - Fico extremamente honrada com vossa presença, talvez eu não deva ser dig... – ela foi interrompida pelo garoto que de repente soltou seu material e a puxou selando seus lábios.


Depois de alguns segundos ele a soltou e a garota acabou derrubando seu próprio material. Não conseguia nem olhar para ele.


– Mas o que? – ela mal conseguia formular a frase.

– Eu vou embora. – ele disse calmamente. Ele o que?!


Então alguns alunos da Corvinal passaram observando os dois. Será que eles tinham visto a cena de segundos atrás?


– Mas como assim vai embora? Você não me explica nada direito.. – ela passou a mão nos cabelos, jogando-os para tras e se abaixou para pegar seu material.

– Minha mãe... – Alvo também se abaixou para recolher o que era seu – Mandou uma carta dizendo que podemos ser transfiridos se as coisas não melhorarem por aqui...

– Mas como assim transferir? Alguém já foi transferido? E para onde?- Nina queria perguntar várias coisas a ele, mas sabia que no meio do caminho da aula de Herbologia não daria certo.

– Que eu saiba ninguém.. Mas deve existir. – ele murmurou ao se levantar.

A garota olhou a sua volta e viu os alunos chegando, se fosse para sair era agora.


– Que tal sairmos? A gente precisa conversar. Você precisa me contar e a gente pode dar um jeito..

– Nina.. – ele resmungou.

– Ah Alvo, por favor. – Ela segurou a mão dele, mas logo soltou porque vários alunos apareceram. Entre eles Rose descendo ao lado de Sila e Julie.

– Tá vamos. – ele respondeu.

Eles partiram preocupados com que alguém os encontrasse, Nina sorria secretamente, isso era tão romantico se olhasse por um lado... Mas seus pensamentos foram interrompidos quando os dois estavam na metade do caminho, indo em direção ao estádio, quando alguém gritou:


– Hein! Vocês dois! – o coração dos dois parou. Eles tinham sido pegos, seriam entregues, pegariam uma detenção, ou poderiam acabar expulsos. Pronto, era agora que Alvo sairia do colégio.


O primeiro instinto de Nina foi ficar na mesma posição, ignorar, fingir que não era com ela, porque talvez a pessoa tivesse se enganado e logo iria embora, mas Alvo agiu diferente e se virou. A voz gritou:


– Alvo! O que está fazendo aqui? Não deveria estar em aula?

– Sim, estou indo pra ela.. É que estávamos na estufa falando com o Professor Longbottom, Hagrid. – Alvo estava tentando salvar os dois, como tentara fazer com Madame Promfey.

– Como assim estava na estufa? Acabei de sair de la e não o vi.. – ele respondeu e Nina se virou devagar, já que estavam encrencados, melhor levar a culpa os dois.

– Bem, é que.. – Alvo estava se enrolando.

– Na verdade Professor Hagrid, nós estavamos indo falar com o Professor Longbottom sobre esse sumiço da Diretora McGonagall, mas então descobrimos que ele esta em aula.. E como nosso horário é vazio hoje porque temos aula de astronomia mais tarde... – Nina de repente não parava mais de falar, ela já estava ficando boa em enganar os professores.

– É... Sim, eu também achei estranho esse sumiço da Diretora, mas foi por causa de coisas dela.. E você quem é? – ele encarava a garota morena como se lentasse ler algo que estava apagado em seu rosto.

– Nina Treeger. – ela passou na frente de Alvo e estendeu a mão para o meio gigante.

– Ah sim! – ele olhava para Alvo, e pareceu piscar – Você faz a minha aula de Trato com Criaturas Mágicas... Lembro-me desses olhos violeta...

– Ah, obrigada.. E uma das minhas aulas favoritas, devo admitir. – ela sorriu, porque era verdade mesmo.

– Hoho! Fico honrado... – ele enrubeceu um pouco por baixo de toda aquela cabeleira ao cumprimentá-la e logo soltou a pequena mão da garota - Bem, então aproveitem o horário para estudar. – ele sorriu nos avisando- Deixe que os adultos cuidem dos problemas...

– É o que vamos fazer, mas se tiver alguma notícia da Diretora pode nos avisar? – ela sorria brandamente.

– Sim, sim.. Tenham bons estudos e até logo! – ele deu meia-volta e voltou para sua cabana quase saltitando.

Depois de alguns segundos Alvo murmurou.


– Como você faz isso? – ela podia sentir que ele a encarava.

– Depois de vários anos omitindo o que você sente, o que quer dizer de verdade isso se torna tão prático que as vezes eu mal sinto. – e ela sorriu novamente, mas dessa vez era pra enganar a dor que surgiu em seu peito.

– Incrível. Mas não ficou com remorço? – Alvo sentava acompanhar os passos rápidos da morena, porque ela não queria que fossem vistos outra vez – Nem com a Madame Promfey?

– Sim, sim. Ainda mais porque ele é um dos meus professores favoritos.. E também fiquei com pena de você por ter que engolir aquilo... Só de lembrar já me da enjoos.

– Eu já te disse que dá próxima vez você quem vai tomar aquilo.

Então eles chegaram ao campo, deram a volta para ficarem com o campo em suas costas e o colégio atras dele e o lado a sua frente. Os dois se sentaram e suspiraram, aquela caminhadinha de baixo daquele sol raxante de setembro era de matar.


– Posso perguntar uma coisa? – Alvo murmurou.

– Pode... – Nina fechou os olhos e deixou a brisa que vinha do lago bater em seu rosto.

– Por que você esconde o que sente? O que queria dizer de verdade?

Ela teve de ficar calada por alguns segundos. Primeiro porque sentiu uma vontade imensa de chorar, segundo, porque ela mal sabia o que dizer. Não queria contar seus problemas a ninguém, nem pra Alvo. Ele era só seu amigo.


– Porque tem coisas que você tem que guardar pra você.. – ela respondeu ainda de olhos fechados.

– Mas outras, pode dividir com um amigo que cabula aula e se importa com você – ela virou a cabeça e viu o sorriso dele. Era muito bonito.

– Obrigada. – ela murmurou, mas nem aquele momento mágico, nem as palavras doces do amigo fariam com que o muro que ela tinha construido caisse. Todos sabiam apenas o essencial dela, nada mais. Nunca fora do tipo muito aberta, sempre se escondera do mundo atras de seus livros, dos estudos, mas nunca atras de pessoas. Desde pequena aprendera a enfrentar seus problemas de frente e não depender de ninguém. Essa era ela - Bem, agora me conta essa história direito!

– Tudo bem... – Alvo percebeu que aquele não era o momento o qual os dois se abririam e fariam a experiência de compartilhar tudo o que tinham, talvez ela não estivesse preparada como ele estava, por isso aceitou em mudar de assunto – É que a minha mãe me mandou uma carta falando da ideia da minha Tia Fler sobre mudar de colégio porque dizendo a minha tia que Hogwarts vem caindo ao decorrer do tempo...

– Que calúnia! – Nina se prontificou logo a defender seu colégio.

– Eu também acho e meus pais também, porque toda a minha família estudou aqui. Mas tem a ver com a segurança minha e dos meus irmãos e como meus pais são... Eles vão tirar a gente daqui, só que antes querem saber nossa opinião..

– Que é não, claro. – a jovem comentava.

– Claro. Lilian começou a chorar depois que leu a carta porque o sonho da vida dela era entrar nesse colégio e não quer sair e o James odiaria mudar para qualquer outro colégio, até para estudar em casa... E eu também não ficaria nada feliz longe daqui.

– Então pronto, não vão. – a garota já se sentia mais feliz porque não perderia o amigo.

– Mas meus primos serão transfiridos. A Dominique e o Louis.. Por isso que a Lili ficou assustada e eu também porque a minha tia e o meu outro tio tem filhos estudando em Beauxbatons, ou seja, meio caminho andado pra gente já..

– Não, mas.. Não, porque vocês não podem..- ela encarava os olhos claros dele com um aperto no coração, e se não os visse diariamente mais? – Meu irmão ficou tão amigo de vocês e você é meu amigo.

Eles se olharam em silêncio.

– Sabia que seus olhos no sol ficam lilás... – Alvo disse baixinho, quase segurando a fala dentro de si. A garota não soube o que responder, ninguém nunca a elogiara antes dessa forma.

– A Rose e o irmão dela também vão? – perguntou em seguida. Ela preferiu fingir que não tinha escutado.

– Acredito que se formos eles vão também. É tudo família né? – ele mordeu o lábio.

– Olha, eu ia desejar pra só ela ir... – os dois riram baixinho – Mas depois dessa eu digo que posso atura-la por mais tempo.


Os dois se olhavam, bem, talvez esse momento nunca acontecesse de novo. Talvez Alvo e sua família fosse embora e eles só se vessem nas férias, ou nem isso. Talvez eles fossem pegos e ai sim seriam expulsos. Havia tantas possibilidades de futuro passando na mente de Nina que ela não conseguiu conter a pergunta.


– Por que você fez aquilo? – ele que olhava o céu, voltou sua atenção a amiga.

– Aquilo...? – sim, sim, os dois sabiam o que “aquilo” significava. – Por que foi a única coisa que pensei pra parar você.

Depois de dar essa resposta o garoto se arrependeu profundamente, ele poderia muito bem dizer o que queria dizer.. Sim! Ele deveria dizer, esse era o momento agora...


– Sério? Tipo, você poderia ter gritado pra que eu me calasse, tampado a minha boca, sei lá.. Jogado uma pedra em mim.. - só que foi interrompido.

– Jogar uma pedra? – eles dois começaram a rir – Tudo bem, dá próxima vez eu faço isso.

Eles começaram a rir, como dois bobos, como dois tolos apaixonados.


– Bem, só se você quiser né.. – ela viu a cara de confuso do garoto e fingiu analisar o céu, precisavam mudar de assunto – Eu acho que Hagrid sabe o que aconteceu com a Diretora.

– Eu acho que não... – Alvo respondeu.

– Que ingenuo você.. – ela murmurou.

– Eu? Por quê? – ele se fazia de vitima.

– Porque as pessoas mentem, a todo o tempo. – ela o encarou.

– Eu não. – ele a encarou.

– Você é um tolo. – ela rolou os olhos.

– E você é uma besta – ele murmurou.

– Seu anta – ela indagou.

– Sua anta – ele retrucou.

– Como gosta de me irritar... – ela rolou os olhos e se deitou na grama.

O garoto nada disse, apenas se deitou ao lado dela e permaneceram em silêncio.


– Sabia que até ficar em silêncio com você é legal... – a jovenzinha disse baixo.

– Eu sou legal. – Alvo riu e Nina também começou a rir, só que muito, muito mesmo – Ei, ei.. Mais baixo ou vão pegar a gente! – então ele tapou a boca dela, só que a garota rolava no chão. Ele então se levantou e começou a andar e procurar algo no chão.

– Você parecia seu irmão... – ela ria alto – “Eu sou legal” - a jovem Treeger imitou a voz do amigo e voltou a rir – Pareceu o mané do seu irmão.

Enfim o garoto achou o que queria uma pedra e voltou para ela.


– Eu vou jogar! – ele ameçou com a pedra do tamanho da mão dele.

– Tudo bem, tudo bem.. Parei. – ela parou e recomeçou a rir mais baixo.

– Que escandalosa você – ele se deitou ao lado dela.

– Mas pelo menos não sou mané. – ela respondeu e segurou o riso.

– Haha. Muito engraçadinha você. – podia-se ver ele rolando os olhos.

Os dois não gostavam do silencioso, apesar de gostoso. Os dois tinham uma necessidade muito grande de convesarem, de estabelecerem uma ligação, por isso estavam em busca de um assunto. Qualquer assunto. Para quebrar a calmaria constrangedora que lhes fazia lembrar a junção de seus lábios a minutos atrás...


– Qual vai ser sua memória mais feliz quando o Professor Jenkins perguntar? – Nina tentou reestabelecer a conversa.

– Hum... Nem tinha pensado nisso... – Alvo tinha sido pego de surpresa – E você? Já sabe?

– Acho que vou falar quando eu descobri que era uma bruxa – ela murmurou furtivamente. Isso era muito intimo para a garota.

– Quando recebeu a carta?

– Não... – ela se preparou e continuou – Foi no meu aniversário de sete anos e meu irmãozinho já fazia mágica sem ao menos saber enquanto eu, nada. Até que no parabéns eu consegui jogar o bolo nele contra a parede.

– Sério?! – os olhos de Alvo, os dois globos azuis a focaram – Essa é sua melhor memória?

– Foi divertido. Nós dois caimos na gargalhada. Até hoje quando nos lembramos de acabamos morrendo de rir.. – ela disse com um sorriso nos lábios.

– Acho que quando eu ganhei do James no jogo de xadrez. Meu tio tinha acabado de me ensinar. James já estava em Hogwarts e estava se achando, então ele disse que tinha aprendido a jogar e que era o melhor da escola. Eu, que fui treinado pelo meu tio, o melhor jogador de xadrez que eu conheço, pedi para ele jogar comigo. E ganhei. Pela primeira vez na minha vida. – Alvo dizia isso como se exibisse um troféu de primeiro lugar.


Os dois começaram a rir e ali, deitados, eles permaneceram por um bom tempo, até Alvo levantar brutalmente.

– A aula já está prestes a acabar! – ele começou a limpar a roupa suja de grama.

– E dai? – ela apoiou a cabeça no braço.

– Meu irmão marcou uma reuniãozinha para conversarmos sobre o conteudo da carta... – ele disse enquanto tirava as folhas do cabelo.

– Hum, falando assim parece caso de vida ou morte. – Nia se levantou e começou a se limpar também.

– E não é?! – ele olhou para ela que já estava pronta. –Vamos?

– Pra sua reunião de família? Me desculpe, mas a sua linda prima já me informou que não faço parte da família..

Alvo pareceu não entender, mas ignorou.

– Amigos são familia. – ele segurou o pulso dela e começou a leva-la para o Castelo.

Atravessaram o castelo, até chegarem a Sala Comunal da Grifinória.


– Até que enfim!- Rose encarava os dois com a mão na cintura.

– Que foi? – Alvo perguntou.

– Estávamos a sua espera. Agora que você chegou, vamos logo. – disse James.

Lilian, Hugo, Fred e James estavam sentados na mesa no canto da sala. Rose segurou o pulso de Alvo e o levou, foi nesse instante que Nina se soltou e subiu dizendo:


– Boa sorte.. – e partiu para o dormitório das garotas.

– Pronto. – Rose se sentou no puff ao lado de Hugo e Alvo.


O garoto o qual todos estavama espera tira a carta do bolso e começou dizendo:


– Bem, a Tia Fler, deu a maravilhosa ideia para a minha mãe de mudar a mim, Lily e James, de escola porque a Tia não acredita que Hogwarts seja a mesma de antes, por causa dos ataques do ano passado e tudo mais..

– Só que isso foi resolvido. - James logo disse.

– Exato – Alvo completou – E mesmo assim ela insiste em levar Dominique e Louis daqui.

– Que droga, vou perder minha amiga de Runas.. - Rose murmurou sobre Dominique.

– Eles não deveriam participar dessa reunião? – Fred perguntou.

– Fred, a nossa pele ainda da pra salvar... Agora a deles... – James respondeu.

– Sim, sim... Mas voltando a carta. Algum de vocês quer mudar de colégio? – Alvo encarou seus familiares. Todos estavam tensos, na verdade com medo.

– Não! – a resposta foi unissona.

– Ótimo.. Posso escrever uma carta a mamãe expressando nossa vontade. Vou dizer que estamos seguros, que a Diretora se ausentou por algum tempo por causa de problemas pessoais e como ninguém a conhece muito bem ninguém sabe o que é... E que gostamos daqui e que é nosso sonho estar aqui, que não vamos quer mudar! – Alvo se animou.

– Será que ela vai responder com um berrador? – Lily murmurou a pergunta.

– Acredito que a Tia Fler vai acabar escrevendo pra gente, isso sim. – Rose comentou.

– Não duvido nada. – Hugo completou.

– Mas o perigo é ela fazer a mente das nossas mães.. Dai não temos escapatória. – as palavras de Alvo nunca foram tão sinceras.

– É, mas não custa nada tentar..-Lily sussurrou - Fala com ela que estamos bem, que vocês cuidam de mim, que a gente se cuida sempre. Que eu não quero sair daqui! – e entregou o pergaminho e um tinteiro a Alvo.


O garoto confirmou com a cabeça e começou a escrever as palavras ditadas por Rose. Não iria ser tão fácil assim tirar esses jovens do colégio. Eles não permitiriam.


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