— A onde estão indo? — perguntou um moço alto, de pele escura e olhos claros. Ele usava roupas brancas e tinha um olhar assustador, havia mais quatro homens ao seu lado.

— Vamos para casa de Dorothy. — tentei parecer calma

Nossas malas estavam prontas. Eu havia colocado todas as roupas de Cherr, e suas coisas pessoais. Assim como fiz com as coisas de Annie, eu tinha esperança de que ela ganharia esses jogos e voltaram para nós, então coloquei tudo o que ela gostava, principalmente o quadro com a única foto de seu pai.

Resolvemos sair de casa depois de Albernathy chegou do trabalho e anunciou que os Pacificadores estavam nos caçando, Thomas Baker que havia lhe dito isso. E bom, eu tinha uma ideia do porque eles estavam nos procurando, a Capital não gostara nem um pouco do que eu havia dito na televisão e agora eles queriam nos ver mortos.

— Sei, sei. — o moço disse ironicamente — Vocês vêm com a gente.

Dois homens colocaram as mãos nos braços de Albenarthy, fazendo com que ele soltasse as malas pesadas no chão. Em seguida, um homem me puxou pelo braço, fazendo-me ficar impossibilidade de fugir; e outro, pegou Cherr no colo. Ela não estava entendendo nada, mas ás vezes dizia e fazia alguns barulhos estranhos.

Em seguida, fomos puxados em direção à estação de trem. Estávamos sob os olhares de todos, e sabia que ninguém do Distrito 4 esqueceria esse momento, e no final, a culpa era somente minha.

Mas não era nisso que eu estava preocupada, na verdade, era com algo bem diferente. Eu estava pensando em Annie. Caso ela ganhasse os Jogos - eu ainda tinha esperanças de que isso aconteceria -, ela voltaria para casa e não encontraria a mãe ou a irmã. Isso provavelmente não faria bem a ela.

E isso era tudo culpa minha.

Fomos levados à estação de trem, onde os Pacificadores colocaram algemas em nossos pulsos e nos fizeram sentar num banco. O mais alto, de pele escura e um jeito meio arrogante, olhou para mim com um sorrisinho hipocrita e arqueei as sobrancelhas.

— Para onde estamos indo?

—  Vamos levá-los à Capital, onde eles conversarão com os dois e decidirão o que farão. —  ele revirou os olhos —  Mas acho que a senhora sabe o que vai acontecer, não é?

Sim, eu conhecia muito bem os "avoxs". A Capital não perdoava ninguém.

—  E ela? —  perguntou olhando para Cherr

—  Ela vai ser mandada para o Distrito 5. —  disse ele calmamente

—  O que!? Não, não, não e não! Eu não permito. —  gritei raivosamente —  Eu sou a mãe dela e não permito isso. Vocês são loucos!

Ele me olhou com um sorriso idiota no rosto, então se virou para mim, com ela no colo.

—  Então a senhora prefere que ela saiba o que vocês fizeram e o que aconteceu com vocês? Bom, se fosse minha filha, eu preferiria que ela fosse para outro Distrito e fosse criada por uma filha melhor.

Olhei para seus olhos escuros, e percebi que ele tinha razão. Cherr não poderia saber o que haviamos feitos, o que haviamos nos "tornado". Gostaria que ela esquecesse de tudo, de mim, de seu pai, de Annie. Com certeza seria melhor para ela, mesmo que meu coração estivesse apertado ao aceitar isso.

Eu era mãe, e primeiro de tudo, eu tinha que pensar no bem-estar de minhas filhas.

—  Você tem razão. 

—  É, eu sei. —  ele revirou os olhos — Então trate de se despedir logo de sua filha, que eu estou com pressa e quero voltar logo.

Ele colocou Cherr em minha frente, e senti lagrimas quente escorrendo de meus olhos. Seus olhos verdes estavam brilhando inocentemente, e foram eles que me fizeram lembrar de Annie. Eles me faziam lembrar do mar, eles me faziam lembrar de Tom. Eles me faziam lembrar do momento em que eu estava no hospital, gritando de dor e dizendo que não aguentaria mais, então eles apareceram em minha frente e percebi que minha vida estava finalmente tendo sentindo.

Albernathy olhou para ela, e vi que ele estava querendo ser forte. Mas se separar de uma filha, não era para qualquer pessoa. Vi seus olhos estavam vermelhos e estavam se enchendo de lágrimas. Estava sendo difícil para ele, tanto como foi para mim.

— Vamos logo.

Os dois Pacificadores nos puxaram para o trem, enquanto entregavam Cherr para um outro, que estava ao lado. Da janela, eu conseguia ver os olhos de minha filha se enchendo de lágrimas, com certeza ela não esqueceria esse dia.