Abri a porta e ela estava linda. Usava um vestido azul e os cabelos soltos.

- Oi Zayn.

- Oi Annabelle, entra. – Eu disse.

- Pode me chamar de Annie. – Ela disse e entrou.

- Tudo bem. Então, oi Annie. – Eu disse e ela riu.

- Então Zayn, eu já pesquisei algumas coisas. Acho que devíamos falar da quantidade de homens e de mulheres que trabalham, o que acha?

- Por mim tudo bem. Não sou muito bom nisso, para falar a verdade. – Eu disse e ela riu.

- Então o que você acha de eu pesquisar e você digitar? – Ela sugeriu.

- Bem melhor. – Ela riu. – Vamos subir? – Ela pareceu meio nervosa por um momento.

- Está bem. 

Subimos e começamos o trabalho. Eu digitava no notebook em cima da cama, enquanto ela pesquisava no computador. Foi bem divertido, para falar a verdade. Descobri que ela veio de São Francisco por que a mãe foi transferida e que ela sempre foi bem nos estudos.

Ela era tímida, mas acho que estava me saindo bem. Ela ria das coisas engraçadas que eu fazia e falava, e eu gostava de ver aquele sorriso.

De repente, seu celular tocou. Ela atendeu e era um cara:

- Alô?...Oi Ryan... Tudo e você?...Fazendo um trabalho... Avise ela então... Deixa de ser bobo... Tudo bem então... Beijos.

- Namorado? – Perguntei como quem não quer nada, fingindo prestar atenção no trabalho.

- Não, é meu irmão. Não tenho namorado Zayn. – Ela disse.

- Não?! – Perguntei um pouco surpreso demais.

- Não. – Ela riu de leve. – Da onde tirou essa idéia?

- Han... Sei lá. – Eu disse, mas ela não se convenceu.

- Fala Zayn. Falaram alguma coisa? – Ela perguntou, com medo de que alguém estivesse inventando algo.

- Não falaram nada, relaxa. É que eu te vi com um cara loiro e pensei que fosse seu namorado. – Ela riu.

- Não, provavelmente era meu irmão. – Quando ela disse isso um sorriso involuntário surgiu em meu rosto.

- E ele é loiro e você é morena? – Continuei o assunto. Ela sorriu.

- Meu pai é moreno de olhos castanhos, e minha mãe é loira de olhos verdes. Puxei os olhos da minha mãe e o resto do meu pai. E meu irmão, o contrário. – Nós rimos.

- Sua mãe deve ter olhos bem bonitos então. – Ela corou, mas ficava ainda mais bonita.

- Ela tem sim. – Ela disse um pouco sem graça e sorriu. Ficamos uns segundos nos encarando, então ela olhou para o relógio e pareceu espantada. – Já são nove e meia. Eu preciso ir, Zayn.

- Mas já? – Perguntei. Não queria que ela fosse.

- Sim, já está muito escuro. – Ela disse olhando pela janela.

- Então eu te levo.

- Não precisa Zayn.

- Claro que precisa, já está tarde. – Eu disse. Queria levá-la.

- Mas não tem problema mesmo? – Ela perguntou.

- Claro que não. Vem. – Então a puxei e fomos para o carro.

Ela foi me guiando o caminho. Não era muito longe, uns quinze minutos andando. Depois de um tempo em silêncio, perguntei:

- Quando podemos continuar o trabalho?

- Quando você pode? – Ela perguntou.

- Pode ser na quarta? Depois do meu treino e da sua aula de música? Eu vou ter que ficar para tirar dúvidas com a professora de matemática mesmo, então...

- Como sabe que faço aula de música? – Eu tinha esquecido que ela não sabia que eu sabia disso.

- Escutei alguém cantando um dia e fui ver quem era, e era você. – Eu disse a verdade.

- Eu não te vi lá. Que vergonha. – Ela corou e tampou o rosto com as mãos.

- Por que vergonha?

- Ah sei lá, não gosto que me vejam cantando. – Ela disse sem graça.

- E por que não? Você tem uma voz linda. –Ela corou mais ainda.

- Obrigada. – Ela disse com a cabeça baixa.

- Por nada. – Eu disse e já estávamos praticamente em frente a sua casa. – Chegamos. – Então desci e abri a porta para ela.

- Obrigada por me trazer Zayn. – Ela agradeceu.

- Por nada Annie. – Eu sorri. – Mas e o trabalho? Fica para quarta?

- Ainda tenho que ver, posso te dar a resposta segunda?

- Tudo bem. – Dei um beijo em sua bochecha e me despedi. – Tchau Annie.

- Tchau Zayn. – Então ela se virou e entrou em sua casa.

Como nas últimas noites, fui dormir pensando nela. Ela não saía da minha cabeça por um segundo. Ela era diferente das outras, não era oferecida ou sem personalidade, ela tinha os pensamentos dela e o jeito dela, era isso que me atraía.

- Zaaaayn dá para acordar?! – Stephanie perguntou me sacudindo. – Já são onze horas.

- Steph você não pode me acordar com cuidado pelo menos uma vez na vida? – Perguntei me virando pra ela. – Já estou começando a me arrepender de ter te dado a chave de casa.

- Não Zayn, não posso te acordar com cuidado. E se você não tivesse me dado a chave, quem te acordaria? – Ela perguntou. – Agora anda logo.

- Andar logo pra quê? É domingo.

- E qual o problema em ser domingo?! – Ela indagou.

- Nenhum problema, justamente o contrário. – Eu disse me virando para dormir de novo.

- Não acredito que você vai me deixar aqui sozinha para ir dormir. – Ela fez bico.

- Tá, tudo bem. – Eu disse me levantando. – O que você quer fazer?

- Primeiro eu quero que você coloque uma camisa. – Ela disse, e depois olhou para os meus braços. – De preferência de manga comprida.

- O que? – Eu perguntei com cara de desentendido. – Além de me acordar, você ainda quer decidir como vou me vestir? – Nós rimos.

- Exatamente. Andou estudando é? – Ela perguntou irônica.

- Andei sim. – Eu respondi pensando no trabalho com Annabelle.

- Ah é mesmo. – Ela disse parecendo ler meus pensamentos. – Você fez o trabalho com a sua namoradinha, não foi?

- Ela não é minha namorada. – Eu disse. – Ainda.

- Esse “ainda” vai durar muito tempo. – Ela disse.

- Como assim? – Perguntei. Eu realmente não estava entendendo.

- Qual é Zayn, - Ela falou séria. – você tem fama de pegador. É popular, as meninas caem matando em cima de você. Fica com muitas e nunca namora, e é sempre alguém diferente. Já machucou várias garotas e ainda é do time de futebol e luta... Garotas como a Annabelle não se envolvem com qualquer um.

- Está me chamando de qualquer um, Steph? – Indaguei irritado.

- Claro que não Zayn, mas pensa. Ela não é como essas oferecidas.

- Mas Steph eu já namorei sim e...

- Seu máximo foi um mês e meio. Não dá pra chamar isso de namoro. – Ela me interrompeu.

- Tá bom, mas eu não machuquei nenhuma garota. – Tentei me defender.

- Claro que machucou Zayn, teve aquela garota, por exemplo, que...

- Mas não foi propositalmente Steph, e todos os caras são assim, o Harry é ainda pior.

- Eu sei Zayn, mas você está logo atrás. E os outros três também.

- O que você está querendo dizer?

- Eu estou querendo dizer que ela não vai se envolver com você até ter certeza de que não vai ser mais uma.

- Mas ela não seria.

- Para ela você só iria querer sexo e depois a largaria.

- Mas eu não faço isso...

- Ah Zayn, vai me dizer que você mantêm contato com essas garotas com quem você fica?Ou com aquelas que você... - Ela exitou por um momento.Parecia não querer falar "transa". - ...faz algo a mais?... Duvido. – Ela disse séria.

- São garotas de festas ou viagens, algumas são conhecidas, e com essas sim, eu mantenho até. – Eu disse sinceramente.

- Olha, eu não sei com quantas e nem com quem você ficou. E muito menos com aquelas que você ficou pra valer, a questão é: pra garotas como a Annabelle você é o típico “cafajeste”.

- Então todos os caras são cafajestes pelo jeito não? – Eu perguntei com irritação.

- A maioria. – Ela viu que eu fiquei chateado. – Zayn, não fica bravo comigo, mas é a verdade. Vocês não percebem.

- Tudo bem Steph, sei que você não falou por mal. – Sei que ela queria “abrir meus olhos”.

- Claro que não. – Ela disse. – Agora vem. – Ela me puxou. – Vai se arrumar que nós vamos tomar um sorvete.