Todos os dias a Sam estava no hospital depois das aulas, até que começou a faltar e a passar todo o tempo com o Freddie. O iCarly ficou suspenso pois nenhuma das raparigas estava com a disposição para o fazer e o Brad por muito bom que fosse, não era um substituto do Freddie. Quando a Sam começou a faltar a Sra.Benson, o Spencer e a Carly tentaram fazê-la mudar de ideias mas foi em vão. Cada hora que passava, a culpa que Sam sentia por não estar ao lado do Freddie crescia.

Por vezes a Sra.Benson que também passava o dia a vaguear no quarto do seu filho e a Sam revezavam para que uma delas pudesse dormir e falar a sós com o Freddie.

Foi numa dessas noites em que foi a vez da Sam ficar sozinha com o Freddie, que ela falou com ele sobre o acidente.

–A Carly diz que quando saíres daqui vamos organizar a maior festa já vista no Mundo e… - Sam olhou para a cara descansada e tranquila do seu amado e aproximou-se ainda mais da cama dele, agarrou na sua mão e olhou para ele. Tudo o que ela sentia pelo o moreno veio bater-lhe em força deixando-a sem folego e sem saber o que falar.

–A culpa é toda minha. Nós acabámos, eu não tinha que esperar nada de ti. Se eu não tivesse sido tão estúpida tu nunca me terias dito aquilo e nunca terias sido atropelado e não estarias aqui, parecendo um anjo que está apenas a descansar quando ambos bem sabemos que há uma pequena chance de tu nunca mais acordares. A culpa é toda minha. Mas peço-te, eu imploro-te que abras os olhos, e imploro-te que sorrias, aquele sorriso de lado que tu fazes tão bem e me deixa louca, e mesmo que esse sorriso não seja para mim, eu não me importo desde que tu acordes. Por favor Freddie…

Sam passou mais uma longa noite no hospital. Na verdade ela já sabia o nome de todos os enfermeiros e médicos daquele sítio, sabia cada ala de uma ponta à outra, conhecia quase todas as famílias em situações parecidas e mais um bocadinho e haveria de saber mesmo como exercer a profissão.

A loira acabou por adormecer e a Helena, uma das enfermeiras que tratava do Freddie encobriu-a no cobertor que já podia ser considerado dela.

Helena, era enfermeira há 15 anos, e nunca na sua vida tinha testemunhado o que estas duas mulheres, mãe e namorada sacrificaram para ficar junto do seu paciente.

–Spencer passa-me o queijo. – Carly pediu ao irmão que estava a fazer um sumo para ambos. Spencer passou-lhe o fiambre e Carly não notando pô-lo nas sandes. Eles comeram as sandes e beberam os sumos, mas honestamente nenhum deles se conseguia lembrar se aquilo era lanche ou pequeno-almoço e o que tinham acabado de comer.

Spencer foi para o sofá e deitou-se lá olhando para o televisor desligado enquanto que Carly foi ao site do iCarly responder às cartas dos fans sobre como o Freddie estava e a desejar-lhe as melhoras.

Num dos raros momentos em que o quarto de Freddie estava vazio, e tudo estava em perfeito silêncio, não fosse pelos bip’s da máquina, o moreno lentamente abriu os olhos e piscou-os rapidamente.

Onde estava ele? Porque é que tinha o braço ligado? Porque é que tinha a boca tão seca? Estaria aqui alguém com ele? Quanto tempo é que tinha passado? E melhor ainda… Quem raio era ele?

Tudo excelentes perguntas, o moreno que estava quase a ter um ataque de ansiedade pensou, mas o cansaço que sentia ultrapassou as dúvidas que ele tinha e pouco tempo depois adormeceu.

A Helena que estava de serviço foi até ao quarto onde o Freddie estava e ignorou o rapaz cujo ela pensava ainda estar em coma, viu as máquinas e escreveu os resultados na folha.

Ao sair do quarto, virou-se e olhou para ele.

–Espero que recuperes, tens tanta vida pela frente, e duvido que aquelas duas sobrevivam sem ti, Freddward.

Já era de manhã quando Freddie voltou a abrir os olhos e desta vez não passou despercebido, pois era a sua mãe que estava no quarto com ele.

Freddie olhou para a mulher que estava a aconchegá-lo e esta olhou diretamente para os seus olhos abertos.

–Freddie…– ela murmurou estupefacta. O rapaz franziu o sobrolho e calculou que esse devia ser o seu nome.

–Ah… sim. – ele tossiu e o rosto da mulher alterou-se de surpresa para alivio e lágrimas começaram a escorrer-lhe livremente.

–Oh meu deus! Meu bebé! – ela exclamou levantando-se e com as mãos no coração começou a rir e a chorar. O moreno vendo esta cena e vendo o rosto cansado de sua mãe, sim porque ou ele tinha crescido muito durante este tempo ou ele tinha alguma cena por mulheres mais velhas, calculou que devia ter passado muito tempo.

Marissa Benson nunca tinha ficado mais aliviada na vida, isso é certo e sem sair do quarto berrou pelo médico e telefonou à Sam que tinha dormido até tarde pois o corpo dela já não aguentava tantas noites sem dormir e sem os nutrientes necessários.

Poucos minutos depois todos tinham sido avisados e estavam a caminho do hospital.

Sam foi a primeira a chegar e correu pelos corredores que conhecia tão bem.

Freddie estava a ser examinado pelo Dr.Greg quando Sam rudemente interrompeu.

–Oh meu deus! Tu estás acordado! – ela exclamou e logo a Carly e o Spencer estavam ao pé da loira a sorrirem e a Carly a chorar.

Freddie sorriu embora não se lembrasse deles, era claro que eram próximos mas por muito que tentasse não se lembrava de nada.

O médico mandou-o sentar-se e fisicamente ele estava bom como novo, tanto que tiraram a ligadura.

–Bem Freddie, foi uma recuperação lenta mas total. Agora se me pudesses responder a algumas perguntas…

–Perguntas? – Carly intercedeu

–Sim para ver se não há nada de errado com o seu cérebro.

–Ah… na verdade acho que não é preciso fazermos essas perguntas… - Freddie comentou inseguro.

–Porque é que dizes isso filho?

–Porque, eu não me lembro de nada nem de ninguém. Eu… ah apenas fui assumindo que vos conhecia…

As reações que seguiram a esta afirmação foram diversas. Marissa levou as mãos ao peito desgostosa, Sam prendeu a respiração com o choque, Carly arregalou os olhos e Spencer olhou para o chão tristonho.

–Ninguém mesmo? – Sam falou pela primeira vez, num tom lamurioso mas firme. Freddie olhou para ela que mantinha a cabeça baixa, e um sentimento que ele não sabia descrever assolou o seu coração fazendo com que ele se sentisse mal por não se lembrar da loira.

–Não… eu lamento, mas não sei quem és. – ele disse suavemente. Sam acenou e saiu do quarto sem olhar para mais ninguém.

Não podia acreditar! Ele estava acordado mas não sabia o que significava para ela. E agora poderia nunca mais saber.