Três É Demais escrita por Gabrielle


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Não garanto nada :3



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Um mês antes...

- Meninos, preciso comunicar vocês sobre uma coisa. – Simone chamou a atenção dos gêmeos durante o jantar.

- Já sei... Não vamos para as montanhas semana que vem. Mãe, nós já sabemos disso. – Bill estava debruçado sobre a mesa, remexendo a comida no prato.

- Não querido, é que daqui a um mês vamos receber uma visita em nossa casa. E queria falar com vocês sobre isso. Avisar antes, para que não sejam pegos de surpresa.

- Tudo bem, não é a Tia Dorota? – Tom perguntou presunçoso e Simone negou. – Então qualquer pessoa é bem vinda.

- Mas eu queria avisar também...

- Mãe, não atrapalhando está ótimo. Seja lá quem for. – Bill a cortou. Os gêmeos se levantaram e foram em direção à escada.

- Ok, mas eu ia contar quem era.

- Depois você nos conta. Boa noite! – os dois subiram correndo e Simone deixou de lado.

Um mês depois...

(Narrado pela Micaela)

            Eu não concordava nem um pouco com a ideia idiota do meu pai, mas era isso ou ir para um orfanato ou internato. Não sei o que esperar de amanhã, mas rezo para que seja mais fácil do que as coisas que eu já passei. Minhas malas estavam todas arrumadas, eu só estava esperando o ônibus chegar para ir para Hamburgo de vez. Papai tinha se oferecido para me levar, mas eu senti que ele não estava muito afim, então resolvi ir sozinha de ônibus mesmo.

            Ao sair de casa deixei ás chaves com a vizinha e dei adeus a minha vida antiga. Fui até a rodoviária e peguei o ônibus com uma vontade de ficar. A paisagem acabou me dando sono, adormeci e acordei já na estação rodoviária da outra cidade. O ajudante de bagagens carregou todas às cinco malas gigantes para um banco. Eu me sentei, mas não demorou três minutos e Simone apareceu sorridente. Ela era a pessoa que eu mais devia agradecimentos, ela não tem nada haver com os meus problemas, mas foi a primeira a tentar ajudar.

- Seja bem vinda, Micaela! Que bom que está aqui. – abraçou-me.  – Como foi de viagem?

- Eu dormi a maior parte... Foi boa.

- Gordon está no carro nos esperando, vamos! – ela me ajudou com as malas. Gordon nos alcançou no meio do caminho e pegou a mala que eu estava na mão, guardamos tudo no carro e eu entrei no banco de trás.

Os dois eram fofos juntos, me contavam tudo sobre a cidade, sobre os filhos da Simone, sobre a mãe dela, sobre tudo. Eu ainda estava estranhando, porque eu não estou acostumada com muito papo. Na verdade eu andei bem fechada esses últimos tempos.

 A casa deles era linda! Grande, chique e tinha um toque rústico. Isso por fora... Quero ver por dentro! Simone contou que eu tinha um quarto só para mim, e que era grande. Eu não sei ainda se vou me acostumar, na minha antiga casa não era bem assim. Minha casa era muito simples, e eu dormia no mesmo quarto que a minha mãe. Minha mãe.

Cortando qualquer lembrança dela, entramos em casa. Gordon mostrou meu quarto, era no segundo andar, onde tinha outras três portas. No total eram quatro quartos no segundo andar, um banheiro no corredor e um banheiro no meu quarto. Tinha ainda o terceiro andar, onde ficava  o quarto da Simone e do marido, a dispensa, e mais uma parte que estava vazia. Dei uma arrumada rápida nas coisas, logo os Kaulitz chegariam e eu não sei ainda o que falar a eles... “Oi, beleza?”, “De boa?”, ok, sou horrível nisso, é melhor eu ficar no meu quarto. Na verdade, eu iria ficar no quarto, mas meu estomago ronronou como se me mandasse descer e comer algo. Eu desci meio desconfiada, mas desci, Simone estava na cozinha preparando o almoço. Ela cantava alguma musica bem antiga, isso era engraçado.

- Querida, você deve estar com fome! O almoço vai demorar um pouquinho, mas tem todo o tipo de aperitivo naquele armário ali. –apontou. Eu fui até lá e abri. Parecia aquelas cozinhas de filme americano. TINHA MUITA PORCARIA. Porcaria, eu quero dizer: TUDO QUE EU AMO. Peguei um saco de Ruffles, ela assentiu como quem diz: “Tudo bem”, puxei uma cadeira e fiquei na mesa conversando com ela.

Era muito estranho se sentir bem em uma casa de estranhos, ela não era nada minha. Na verdade ela nem deveria ir com a minha cara, mas vai. Tipo, uma longa história. Mas o Jörg, meu pai, meio que traiu a Simone com a minha mãe... E a Simone até ficou sabendo, mas perdoou. O que ela não sabia era da minha existência. Enfim, agora estou aqui.

Ouvimos o barulho da porta e logo coisas sendo jogadas no chão. Simone disse que eram os meninos, neste momento eu congelei de medo. Eles apareceram na cozinha animados e discutindo sobre futebol e sobre um deles (eu não sei o nome deles na verdade) que não jogava muito bem. Ambos pararam de falar ao me ver, o mais alto e de cabelo preto e estranho me olhou de forma muito tensa.

- Oi? – o outro de dreads arriscou.

- Ahm... Olá. – respondi.

- Ok, o que está acontecendo? – o mais alto perguntou cruzando os braços.

- Bill, Tom... Está é a Micaela. Ela veio de outra cidade morar conosco até terminar o ensino médio. Eu ia falar com vocês ontem, mas nenhum quis me ouvir. Então... Deem boas vindas a mais uma Kaulitz nesta casa.

- Pode parando ai... – Ok, o alto estranho era o Bill. – Como assim, Kaulitz? Só existem dois Kaulitz aqui. Ela é o que? Prima? Eu não sabia que tinha uma prima. Se ela é Kaulitz, porque ta na nossa casa? O nosso pai mal fala com a gente, o que parente do lado dele ta fazendo aqui?

- Meu deus, Bill! Acalma filho. Eu explico. Olha o respeito, olha o tom de voz dentro de casa. – sinto que vou me foder.

- Mãe, o Bill ta certo. – Tom deu um passo à frente. – Nada contra você Manoela, mas é só duvidas que estamos tirando.

- É Micaela. – corrigi. – E ta tudo bem.

- Meninos, sentem-se. – a mãe deles pediu, eles assim o fizeram. – Micaela não é prima de vocês, ela é irmã de vocês.  Eu sei que parece estranho agora, mas ela precisa de nós, e vocês vão ser a família dela a partir de hoje.

- Não tem como ela ser minha irmã. Você tem que idade? Dezesseis? –olhou pra mim.

- Vou fazer daqui a uma semana. – os olhos deles quase me mataram.

- Mãe... –Tom pareceu entender.

- Deem uma chance a ela, por favor. – pediu.

- Eu vou para o meu quarto, quando sair de lá, espero que tenha achado um internato pra essa garota. – Bill levantou e Tom foi junto com ele. Eu não ia chorar, não ia fazer nada na verdade.

- Desculpa Micaela, o Bill é meio teimoso, mas isso logo vai passar. Ele é um doce depois que se acostuma. – eu assenti e fui para o meu quarto, tranquei a porta e fiquei lá. Fome? Quem falou em fome? Eu estou pouco me fodendo para fome neste momento.

Deitei na cama e agarrei o travesseiro com força. Chorei baixinho e tentei não fazer muito barulho. Acabei dormindo, acordei com alguém fazendo carinho no meu rosto, por um momento eu achei que fosse a minha mãe voltando do trabalho e vindo me acordar para avisar que o jantar já estava na mesa. Mas não, era a Simone, e ela sorriu ao me ver acordar.

- Querida, todos já almoçaram. Mas você tem que comer também. Imagina se o teu pai descobre que no teu primeiro dia aqui eu já não te alimentei direito? – ela riu, eu também tentei, mas saiu uma careta feia. Tenho certeza.

- Acho melhor eu ir embora, Simone. Eu não quero que os meninos briguem com você por minha culpa, eu não quero atrapalhar a família de ninguém.

- Querida, você também é da família agora! – me abraçou tão carinhosamente que eu quase voltei a chorar. – Não se preocupe com os gêmeos, é só uma questão de tempo, eles vão se acostumar. Você não vai ficar sozinha se depender de mim, agora é como se fosse minha filha. –beijou minha testa. Eu enlacei meus braços em volta da cintura dela, por um momento não me senti sozinha, isso foi bom.

Depois de muito insistir, acabei cedendo e desci com a Simone. Claro que antes lavei o rosto, escovei os dentes e arrumei meu cabelo. Os gêmeos estavam na sala assistindo televisão, eu passei quase que voando para que eles não me vissem. Na cozinha eu esquentei o almoço no microondas e sentei-me à mesa sozinha para comer. Uma hora Bill foi pegar algo, mas eu nem olhei, era capaz dele me jogar na primeira vala que encontrasse. Terminei de almoçar e lavei a louça toda, sim, a louça toda. Por que já que estou aqui sem pagar nada, pelo menos ajudar nessas coisas eu poderia.

- Por que lavou a louça? – levei um susto a ouvir alguém atrás de mim. Era o Tom.

- É-é-é que estava s- suja e... Eu só lavei. – socorro ele vai me matar com o chuveirinho da pia, certeza.

- Ah, bom... –pareceu pensar. – É que quem lava a louça do almoço sou eu, agora eu não tenho nada pra fazer.

- Mas isso não é bom?

- Realmente bastard... Micaela. – legal, eu sou a irmã bastarda.  – Ta então, obrigado por lavar a louça.

- Não tem problema, pode deixar que eu lavo de agora em diante se quiser.

- Eu acho que tu não vai ficar muito tempo por aqui, não que eu esteja querendo que você vá. Mas é uma hipótese. – piscou. Caramba, que garoto sínico, ele acabou de educadamente me mandar uma indireta direta de que me quer fora da casa dele? Pelo menos é mais educado que o Bill.

Voltei para o meu quarto e arrumei meu material para a escola no dia seguinte. Ás aulas já haviam começado a uma semana, mas eu só começaria a frequentar a escola  amanhã. Fui até a mini biblioteca da casa para escolher um livro qualquer. Tinha vários livros bons, peguei dois. Um era romance russo e o outro um drama, se não me engano. Voltei para o meu quarto e dei de cara com o Bill, ele só bufou e desceu as escadas e eu tratei de entrar logo. Simone e Gordon saíram para sei lá onde. Ficar sozinha com eles me dava medo. Certeza que botariam fogo na casa comigo dentro.

Algumas horas depois, a campainha tocou. Eu não arrisquei em sair do quarto, mas no terceiro toque da campainha eu me vi obrigada a ir até lá. Desci correndo e abri a porta. No lado de fora estava um garoto da minha altura, fofinho, de boné e blusão cinza. Ele me olhava de forma interrogativa.

- Eu errei de casa? – perguntou.

- Não sei. – o que mais eu ia dizer?

- Claro que não errei. – passou por mim entrando. – Pensei que o Tom mantivesse as amantes dentro do quarto e não vagando pela casa. – hã?

- Não sou nada dele, neste sentido. Meu nome é Micaela e o teu?

- Gustav Schäfer. – me cumprimentou. – Você é o que então, Micaela? Prima deles?

- Irmã... Por parte de pai. – estávamos no corredor, de pé, um olhando estranho para o outro. Eu não sei se ele também ia me odiar como os outros, tudo aqui é meio suspeito.

- Show! Eu bem que achei você meio parecida com eles. Seja bem vinda, Micaela. Eu sou amigo dos gêmeos. Estou sempre aqui, então... Vai se acostumando. – sorri, ok. Acho que ele ainda não me odeia. – Onde estão aquelas duas bichas?

- Digamos que eles não foram muito com a minha cara...

- Ah, normal. O Bill é o pior, acredite.

Sentamos-nos na cozinha por que Gustav disse que estava com fome e conhecia a cozinha da “Dona Simone” de cabo a rabo. Ele me contou como era a escola, descreveu os professores, disse as melhores formas de matar aula, contou sobre a feira cientifica, sobre quase tudo.  Depois falou dos gêmeos. Disse que Bill é de longe o pior deles. Egoísta, ranzinza quando acorda cedo e muito metrossexual. Tom é um pouco menos egoísta, é competitivo, é popular na escola, fica com várias garotas diferentes na semana e como eles são gêmeos, normalmente o Tom fica do mesmo lado que o Bill, porque ambos compartilham dos mesmos pensamentos. Eu achei essa ultima parte bem clichê de gêmeos, mas se ele diz... Ah, também me contou do grupinho deles lá na escola. Gustav também fazia parte da massa escolar popular. Ele, Tom, Bill, um tal de Georg junto com Andreas eram os “pops”. Ele disse que eu também acabaria sendo por causa do “Kaulitz” no meu nome. Ah, fala sério? Eu vou usar meu outro nome.

- Não é tão ruim, tipo... Eu sou o nerd do grupo e ao mesmo tempo sou popular, isso não é um rótulo que te classifica como idiota mesquinho ou coisa do gênero. Só... Uma atenção a mais.

- Estou dispensando. – nós dois rimos. – O que você está fazendo? Está com um cheiro muito bom!

- Pão de queijo. Tinha na geladeira, só estou aquecendo no forno. Você gosta?

- Sim! Ai, que legal, eu vou ter que aprender a fazer essas coisas.

Tom apareceu sonolento na cozinha, deu oi para o amigo dele e abriu o forno, sentiu o cheiro e fechou. Sentou na cadeira a minha frente e ficou em silêncio. Gustav puxou uns assuntos, eles conversaram e eu fiquei na minha esperando os pãezinhos. Quando ficaram prontos, Gustav botou OITO no meu prato. Peguei suco na geladeira servi para nós dois, como Tom estava sem dar sinal de vida, peguei um copo para ele e o servi também. Tom hesitou por alguns segundos, mas acabou bebendo. Peguei meu prato, meu suco e fui para a sala assistir televisão. Era só o primeiro dia de muitos que eu ainda vou ter que aguentar. Harmonia Kaulitz em falta.


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Notas finais do capítulo

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