Jogos Vorazes Dos Bruxos escrita por cyzz


Capítulo 12
Capítulo 12




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/219577/chapter/12

O hino da capital tocou encerrando as lista dos tributos mortos. Mais da metade deles haviam caído, eu sabia que isso daria uma folga por um tempo.

Todas as vezes que Lyra dava um sinal de vida, eu pulava esperando que ela acordasse. Não fazia ideia quanto tempo havia passado quando acordei depois de cair da carcaça do dragão. Pensei que havia apagado por alguns instantes e fiquei esperando ela emergir da agua. Percebi que Lyra não sabia nadar como disse. Mergulhei no rio, sentindo o frio cortante deixar as minhas pernas dormentes, estava tudo ficando mais distante. Olhei para a escuridão em volta. Alguns feixes de luz iluminavam o fundo. E algo afundando.

Lyra arregalou os olhos e disse gritando:

-Eu não sei nadar

Segurei o riso.

-Eu sei disso agora. Porque não disse antes?

Ela me ignorou e tentou se levantar. Seu rosto ficou verde e soltou um grito de dor.

- Qual o problema?

-As minhas costas – ela disse entre dentes segurando outro berro. Lyra fazia varias caretas de dor.

-O que eu faço? –perguntei desesperado.

-Faça... parar.

Tirei a varinha do bolso a minha jaqueta e apontei para o seu dorso sem saber o que fazer. Lyra sabia que não deveria gritar para não atrair atenção para nós aqui então segurou a minha mão e apertou com força. Parei um instante para saber se era verdade. Ela apertou com mais força fazendo suas unhas me furarem e me lembrar que estava com dor.

-Quebra ossos – falei em impulso.

A garota parou um instante, aliviada ,e depois tentou se levantar

-Mas que droga o que... Eu não consigo me levantar. Eu não consigo me levantar!

-D-desculpe  –disse envergonhado da burrice que eu havia feito.

Ela estava vermelha de raiva, mas depois relaxou. Minha mente trabalhou para tentar consertar o que havia feito.

-Nós podemos fazer uma cura com Mandrágoras, eu posso procurar...

-Só me encoste nessa arvore para que pareça que estou sentada –Lyra falou calma.

-Porque você não está surtando? Eu quebrei os seus ossos.

-Eu não sei, eu estou com sono. –ela disse desorientada.

Durante a madrugada fiquei perturbado o suficiente para não consegui dormir. Ao contrario de Lyra que estava em um sono profundo. Observava as expressões dela enquanto dormia até ouvi algo pousar em uma arvore acima de mim. Procurei o que poderia ter feito esse barulho e vi um brilho metálico. Um paraquedas.

Rapidamente escalei a arvore e apanhei a latinha. Havia um bilhete também, mas eu só o li depois de descer. Nele havia escrito “Esperta a sua estratégia. Tem certeza que ela funciona?” Olhei para o alto. O que isso significava?

Abri o paraquedas. Cura com Mandrágoras. Eu só tinha certeza que esse bilhete tinha a ver com Lyra.

***

Mandrágoras tinha um gosto horrível. Nunca queira provar, mas não era nem de perto o pior de ter que fazer crescer ossos .O pior era simplesmente os ossos crescerem, eles doem muito é como dentes de bebe quando estão crescendo só que milhares de vezes pior.

-Não precisa passar a noite em claro por minha causa. – eu disse notando as olheiras se formando em volta dos olhos de Alex.

Ele esboçou um sorriso.

-Não é por sua causa.

-Ai, essa doeu. –falei e nós dois rimos.

O silencio durou alguns minutos até Alex perguntar:

-O que você estava sonhando antes de eu te acordar?

Me mostrei confusa e ele continuou.

-Você estava fazendo umas caras estranhas enquanto dormia.

-Você estava me olhando dormir?!

Normalmente eu o empurraria, mas nas minhas condições só me causaria dor.

-Qual é o problema? – Alex perguntou como se fosse algo supernormal.

-Isso é estranho!

-Eu não acho. E você baba enquanto dorme.

 Ele estava blefando, mas ruborizei mesmo assim porque era verdade. O garoto passou a mão nos cabelos rindo envergonhado. Coloquei a língua pra fora, como uma criança de quatro  anos.

Meus ossos voltaram a crescer e a dor voltou pior. Eu sabia bem que não ia ser uma noite fácil.

Quando acordei Alex disse que o crescimento havia acabado, testei minhas articulações e elas pareciam melhores. Estávamos procurando algo para caçar quando eu ainda feliz disse:

-Eu me sinto mais alta.

-Que engraçado. - ele disse bagunçando o meu cabelo – você não parece mais alta.

-Avada Kedavra – enfeiticei um coelho que escapou no ultimo instante.

-Isso não está dando certo –Alex disse – acho que nós deveríamos nos separar para caçar.

Eu não achava uma boa ideia, mas acabei concordando pela certeza que ele não se distanciaria muito de mim, eu ainda não me sentia totalmente normal.

Ele me devolveu o meu punhal e me deu uma varinha para caçar. Não parecia muito justo com os animais porem não estávamos em condições de sermos nobres .

Entrei pela selva tentando fazer o mínimo de barulho possível enquanto as minhas botas de couro chapinhavam no pântano. Squash, squash. Muito barulho. Provavelmente todos os animais de um raio de alguns metros estavam se escondendo de mim. Pensei se valeria a pena tirar as botas, a possibilidade de pisar em algo como ossos ou carne humana era muito grande então as deixei nos pés enquanto continuava a caminhada. Talvez tivesse alguma fruta perto. Ouvi alguns passos rápidos. Finalmente, algum animal surdo o bastante para não me ouvir!

A agua se agitou me molhando até os joelhos. E uma faca foi posta na minha garganta.

-Sozinha aqui, querida? Onde está Alex? –uma voz feminina falou.

Virei-me para olhar em quem perguntava. Aquela garota do um, a que deveria ser parceira de Alex. Qual era o nome dela mesmo?

-Se eu fosse você eu não tentaria nada – ela disse quando a minha mão apertou no punhal – você morreria antes.

A garota tinha bem longos e loiros presos em um nó na sua cabeça, tinha um olhar assassino que me fazia encolher e um tique no pescoço que o inclinava enquanto me ameaçava. Ainda assim era bem mais encantadora que eu , fazia que tivéssemos vontade de ajuda-la , mesmo que nesse momento quem precisa de ajuda fosse eu.

Como fiquei em estado de choque e não disse nada ela continuou:

-Meu problema não é com você, bem que eu podia matar você agora e depois achar Alex. Mas tem uma pequena possibilidade de não acha-lo. Posso deixa-la viver, só preciso saber onde ele está.

Não sou idiota, sei bem se eu disser, ela não me deixaria escapar do mesmo jeito. Abandonar Alex ou morrer na mão de carreiristas não são opções para mim.

-Eu vou dizer onde ele está, mas preciso saber por que você odeia tanto ele?

-Pergunte a ele. –ela disse sorrindo - Se eu fosse você, seis ,não confiaria muito nele ,ele faz isso com todas – a um disse um pouco solidaria.  

-Vou perguntar – falei enquanto a varinha emprestada deslizou da manga da minha jaqueta. –Estupore!

Ela se jogou na lama, desviando do feitiço. E me puxou pelo pé quando tentei fugir. A carreirista pulou encima de mim cortando parte do meu abdômen enquanto era puxada para longe de mim. Alguém deu um chute nela o que fez ela cair, ele arremessou a faca dela para longe. E saiu correndo, quando passou por mim puxou o meu braço me levantando. Segurei a minha barriga que estava ensanguentada enquanto corríamos. Facas voaram na nossa direção, estávamos quase saindo dali quando vi as coisas girarem a minha volta. Agora não ,pensei. Tropecei em meus próprios pés. Eu estava perdendo a consciência. Joguei uma maldição na direção da garota e ela se atrasou. Alex atirou o meu machado nela que acabou atingindo sua perna esquerda ,ela acabou desistindo de nos caçar. Por enquanto.

As coisas ficaram meio embaçadas e desmaiei.

-Acho que não devo te deixar sozinha – Alex disse com um sorriso quando acordei.

-Não enche – falei. – Eu não gosto nada de desmaiar. Nem ser salva.

-Você precisa de curativos.

Olhei para mim mesma, eu estava coberta de sangue seco e pouco sangue ainda fluía de mim.

-Eu queria fazer isso, enquanto tivesse acordada.

Ele tirou de uma mochila, que eu tenho certeza que não tínhamos antes, algumas bandagens. Não parecia muito para fazer um curativo no meu ferimento enorme, mas eu não podia reclamar.

-Onde você arrumou isso?

-Eu achei – ele disse sem me olhar nos olhos.

-Não minta – falei tocando a sua bochecha e fazendo seu rosto se virar para mim. Esperei que ele me respondesse. Ele segurou a minha mão que e fechou os olhos parecendo sofrer.

-Posso fazer o curativo?

Não respondi. Alex puxou a bandagem e a fita. Colou as bandagens onde o sangue ainda saía.

-Ei! O que está fazendo? –perguntei enquanto me afastava dele. Meu rosto corou violentamente. Depois percebi que ele havia desviado meus pensamentos do assunto. –onde achou essa mochila? Não tente me distrair.

Relutante, Alex disse:

-Era de uma garota, eu mat... –ele pensou nas palavras – machuquei-a.

-Porque você fez isso!? –gritei

-Lyra, você precisava. Foi um favor, ela estava definhando. Só havia isso na mochila dela. Nenhuma comida , nenhuma arma. Podia ser pior. 

Me levantei e andei para longe dele.

-Não acredito que fez isso!

Minha mente girava. Alex era confiável? Afinal quanto tempo eu conhecia ele? Duas semanas não significam nada.Lembrei-me da carreirista do um.  “Se eu fosse você, seis ,não confiaria muito nele ,ele faz isso com todas”. O que isso quer dizer? Só tem um jeito de descobrir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Jogos Vorazes Dos Bruxos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.