Witch escrita por MFreeak


Capítulo 21
Amaldiçoada


Notas iniciais do capítulo

Falta de energia, internet lixo, e 7 temporadas de skins me fizeram atrasar um pouquinho. mas está aqui. ;)



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Lilith não iria se safar dessa, depois que ela saiu da festa, nós fomos atrás dela, até mesmo Anjolie, que estava se sentindo confiante em ajudar. Tentei levar Ashley para casa pra ela não precisar ver o que iria acontecer. Mas ela queria desesperadamente ir comigo... E convencer ela do contrário era sempre uma grande dificuldade.

Então, todo fomos atrás de Lilith;

Conseguimos avistar ela de longe, Mila se colocou a nossa frente e estendeu a mão par a direção dela, uma grande rajada de vento á fez cai no chão.

Então corremos para perto dela, ela tentou queimar nossas roupas mas eu pensei rápido.

Estendi as mãos para o alto e visualizei rapidamente um círculo em volta de Lilith, Creg percebeu o que eu fazia e me ajudou com a visualização, fazendo um círculo em volta dela discretamente, movendo uma pequena pedra que se arrastava no chão.

Imaginei esse círculo tapando seu corpo energético, para que fizesse com que seus poderes ficassem presos dentro dela, e ela dentro do círculo.

Ela tentou agarrar Mila mas não obteve sucesso.

— Que porra está acontecendo? — Perguntou Lilith com ódio em sua voz

— Achou mesmo que iria nos enganar por tanto tempo? Sugando a vida do Creg, tentou sugar a Nicole.

Ela arregalou os olhos, depois os cerrou, e depois suspirou e olhou para baixo.

— Parece que você é bem esperta garotinha — Disse se referindo a Mila, ela ergueu a cabeça e fez sua pose de majestade. — E o que vai fazer para me parar?

Ela se aproximou dela lentamente.

— Eu posso fazer tudo pior, eu posso ser mais poderosa que todos vocês juntos, eu posso ser... Uma Deusa, e vocês, nada.

Mila estava com a expressão mais séria que eu já vi.

Ela dirigiu sua atenção a mim, e riu.

— E você Nicole? Pelo visto não gostou de como eu tentei acabar com você, você é a mais poderosa daqui... Faça algo para me impedir.

Eu dissipei o círculo rapidamente, fazendo com que o círculo na terra que o Creg havia feito ficasse borrado e quebrado, quando me preparei para atacar, Lilith me olhou com um olhar assustado.

Ela olhou para todos os lados e começou a segurar o pescoço, e tossir muito forte, ela sugava o ar com a boca mas não conseguia. Ela caiu de joelhões no chão nos olhando com os olhos marejados e as sobrancelhas juntas sem saber o que estava acontecendo, até que ela vomitou um líquido negro, como se fosse piche, puro óleo negro, quase invisível na escuridão da noite, quando ela olhou para nós, tivemos uma pequena surpresa.

Seus olhos eram de um verde bem escuro, um musgo bem escuro, e de seus olhos, pequenas sombras negras saíam, até que ela ficou pálida, parecendo um fantasma, com a cor de um papel.

Até que ela desmaiou.

— Meu Deus Nicole, você é foda

Disse Ashley escondida atrás de uma árvore com a cabeça de for observando tudo.

— M-Mas, eu não fiz nada.

— O que? — Mila e Creg disseram

— Eu juro, eu não fiz nada, eu até pensei em fazer algo mas... Não fiz isso.

Mila olhou para ela desesperada.

— Ah caralho.

Ela correu até Lilith caída no chão e a chamou diversas vezes.

Anjolie se aproximou e tocou o pulso dela.

— Ela está muito fria — percebi a voz de um quase choro de Mila.

Ajolie colocou as mãos na boca.

— Ela está sem pulso.

Creg e Ethan correram até ela para saber o que estava acontecendo com Lilith, ela estava morta?

Até que eu a toquei, eu sentia uma coisa lá, uma coisa fria e escondida, porém vibrante.

Mila me disse uma vez que quando morremos, nosso corpo não fica muito diferente de uma carne de açougueiro, nós não sentimos nada quando tocamos ela, como se fosse apenas mais um pedaço de carne, diferente da pele das pessoas vivas, que sempre sentimos a vibração, a energia da pessoa. E era isso que eu sentia.

Como ela poderia estar sem pulso e morta, se eu a sentia presente em seu corpo?

— Mila você não está sentindo isso?

— O que? — Disse ela desesperada.

— A energia dela, a vibração.

Ela colocou as mãos no rosto dela e se concentrou um pouco, mudando de posição, para os ombros e braços.

— Eu não sinto nada Nicole.

— Nem eu — Disse Creg também.

Ethan colocou as mãos no meu ombro

— Nicole... Você a

— Não eu não a matei — pude saber o que ele estava pensando antes de terminar a frase — Eu juro por tudo, eu não fiz nada.

— Bom, então quem foi? — Disse Mila se levantando, e os outros ficaram longe do corpo de Lilith.

— Eu não sei, okay? Mas ela está viva, eu sinto isso.

Ouvimos um gemido alto e depois um grito agudo, como se a voz de alguém estivesse duplicada digitalmente. Olhamos para quem era.

Era Lilith, ela estava acordada.

Anjolie quase tropeçou e Creg ficou de boca aberta. Mila estava quase chorando de alívio.

Lilith abraçou o corpo desesperada, e começou a tremer.

Mila se aproximou dela mas de repente parou, como se uma ficha tivesse caído por cima dela.

Depois, Lilith olhou para ela com os olhos esbugalhados, seus olhos voltaram ao preto sobrenatural habitual. Ela se levantou assustada e apertou o cotovelo, ela fez uma expressão de que aquele movimento doía muito.

Ela observou o cotovelo horrorizada.

— O que vocês fizeram comigo?

Me aproximei para ver o cotovelo dela mas ela se esquivou.

— Relaxa, eu só vou ver.

Ela lançou a mão esquerda para meu rosto e eu o tampei rapidamente. Ela olhou para suas mãos e ficou assustada, ela com certeza iria tentar me atingir com alguma coisa, fogo talvez, mas ela não conseguiu, e tentei ler sua mente mas não consegui ver nada.

A segurei pelo cotovelo rápido antes que ela fosse embora, e ela quase caiu no chão de dor.

Olhei para lá e vi um gesto para que os outros viessem para perto.

No seu cotovelo estava um X como se fosse uma cruz estranha, estava vermelho e quase sangrando, nesse X, estava mais umas linhas emboladas, como se fossem as linhas das mãos de alguém.

— Caralho — Sussurrou Creg.

Ela tirou o braço de mim, e eu tentei segurar seu espírito por dentro, para que não tivesse facilidade em controlar os músculos.

Ethan estava parado olhando pra ela, mas eu podia sentir seus pensamentos, ele estava tentando fazer o sangue dela se mover mais devagar para que ela pudesse desmaiar sem sangue o bastante, meio arriscado, mas eu confiava nele.

Porém ela continuou correndo, como se nós não tivéssemos fazendo nada.

— Ué? Como que... — Disse percebendo que Lilith já estava sumindo de vista.

Olhei para o lado e vi Ethan se perguntando como aquilo não havia dado certo.

Olhei para Mila, Anjolie, Creg e Ashley.

— Eu tirei foto — Disse Mila com a voz rouca e chorosa ainda.

Me aproximei e vi lá a grande marca que estava no braço da Lilith.

— Eu devo mostrar para a minha avó?

— Sim, com certeza, ela vai nos ajudar bastante. — Respondi.

— Okay.

Ela guardou o celular na pequena bolsa que havia trago e suspirou. Eu a abracei forte tentando consolá-la

Lilith era melhor amiga da Mila desde sempre, ela a consolou muito depois que perdeu seus pais e veio para Salem. Ver uma amizade assim ir embora era uma coisa triste.

— Quer dormir na minha casa hoje? — Perguntei baixinho para que só ela pudesse ouvir.

Ela balançou a cabeça no meu ombro dizendo que ‘’sim’’.

Nos separamos e me despedi de todos, Creg disse que levaria Anjolie até em casa, Ethan se despediu de mim com um longo beijo na testa e fomos andando até a casa de Mila, que por sorte não ficava tão longe da escola, ou talvez ficasse, eu e Ashey ficamos conversando com ela tentando indiretamente fazê-la se animar.

Quando chegamos lá, Mila perguntou se queríamos selar o quarto da avó dela, para que ela não sinta nossa presença e nem consiga sentir as nossas vibrações perto do quarto dela. Dissemos que sim, Ashey quase surtou quando ela disse isso, ela disse.

— Eu também?

— Claro que sim, todos nós temos algo mágico dentro de nós, e com a sua ajuda vai ficar mais forte. — Respondeu Mila

— Mas eu nunca fiz nada disso — Ashley respondeu um pouco magoada.

— É fácil, não se preocupa, é só seguir a gente — Respondi

Subimos lentamente até a porta do quarto da avó de Mila, e posicionamos nossas mãos a nossa frente.

— Concentre-se no quarto, imagine que uma barreira de vidro cheia de energia está se formando do chão para o teto, e que as batidas do seu coração emitem vibrações, imagine essas vibrações se dissipando ao encontro dessa barreira. — Mila sussurrou e fizemos todas isso.

Eu senti meu coração não só vibrar mas senti os batimentos no meu corpo inteiro, e que as vibrações ficavam calmas e se dissipavam na barreira.

Quando terminamos, tiramos as mãos e voltamos ao normal, mas Mila se aproximou da porta, suspirou fundo, e tocou a porta gentilmente com o dedo indicador.

— Que essa barreira se dissipe totalmente nas primeiras luzes do dia. Que assim seja! — Disse Mila sussurrando.

Pude sentir a barreira responder ás suas palavras com uma leve sensação quente a minha volta, que logo foi embora.

Fomos para o quarto da Mila, ainda tendo cuidado com o barulho, e ela pegou um pijama — que eram basicamente um shortinho com uma camisa rosa clarinha bem larga com um golfinho na frente — e um top cropped rosa em um tom pastel com a Sailor Moon na frente, com um short jeans, uma calcinha e um sutiã. Depois colocou tudo em uma mochila pequena.

Ela estava tirando as alças invisíveis de suas asas totalmente reais, até que quando elas caíram no chão nós podíamos ver sua verdadeira forma, eram asas normais, de arames quase transparentes e com uma grande quantidade de purpurina amarela em toda as partes das asas, e suas alças eram de nylon.

Ahley ficou de boca aberta quando viu aquela transformação nas asas dela.

— É um feitiço de ilusão, Glamoury, já deve ter visto no filme The Craft.

Ashley sorriu e fez que ‘’sim’’ com a cabeça.

Depois de Mila trocas os saltos e colocar uma sapatilha rosa bebe, ela deixou uma carta na sala explicando que iria voltar de manhã por que iria dormir comigo naquela noite.

Fomos então para minha casa, tomamos um banho incrivelmente relaxante, e com isso, resolvi descansar durante a noite, afinal, houveram várias emoções.

Depois de ir pro quarto me deparo com um Ashley sentada de pernas cruzadas com uma psi-wheel a sua frente que se movia bem lentamente.

Mila estava tão fofa com aquele pijama que se colocasse uma tiara com orelhinhas de gato seria impossível não fazer ‘’oowwn’’.

— Eu consegui Nicole — Ashley dizia animada — Eu consegui dar uma volta completa nesse negocinho só com a mente.

Mila estava animada também, me aproximei dela e senti algo em sua mochila, era como se houvesse um ventilador de energia invisível que soprava da mochila dela.

— Eu trouxe a foto — Mila disse me desconcentrando de seja lá o que eu estava fazendo.

— Que foto — Perguntei.

Ela se apoiou nos joelhos e se inclinou para a mochila, ela pegou a foto que eu reconhecia bem, era a foto dela com a Lilith quando eram pequenas. Ela me entregou e pude sentir uma grande caga de energia emocional ali.

Mila com seus cabelos vermelhos escuros levemente ondulados e seus olhos castanhos claros brilhando em seu belo rosto de boneca, e Lilith ao seu lado.

Porém, analisando com calma e bem de perto, pude perceber algumas coisas que não havia percebido antes.

Os cabelos de Lilith não eram negros em uma densa escuridão como são hoje, estavam para um castanho meio loiro, na verdade, um cobre reluzente, um pouco escuro, mas como se fosse meio loiro, na verdade, sua raiz era bem clara...

E seus olhos - ela estava cerrando-os ao sorris na foto - ao olhar bem de perto consegui notar uma coloração esverdeada lá dentro.

Ah meu deus, que lindos olhos verdes Lilith tem.

— Wow — Ashley exclamou baixinho pois sabia que eu estava meio concentrada — que diferença de hoje em dia.

E ela estava certa, até mesmo o rosto, com um pequeno queixo saliente e bochechas rosadas com um grande sorriso mostrando os dentinhos, haviam se transformado em um rosto pálido, com ossos salientes, sobrancelhas expressivas e uma boca com um sorriso sarcástico que raramente mostrava os dentes.

Seus olhos, de um lindo verde claro, passaram para um preto piche que me perguntava como os médicos analisavam suas pupilas.

— Yeah... — Mila exclamou com um suspiro — Que diferença.

Passei as mãos pelos ombros dela, aí eu tive uma ideia.

— Nós podemos usar isso, para prendê-la por perto.

Não nos pareceu uma ideia ruim, então, nos posicionamos nós três como se estivéssemos dentro de um triângulo, e colocamos a foto a nossa frente.

Nos concentramos na energia que aquilo emanava, aquilo me fazia sentir algo quente e macio dentro de mim, como uma bela viração emanando.

Aquilo era a aura do objeto, meu objetivo era senti-la e desmembrá-la para sabermos qual energia é da Mila e qual é a de Lilith, porém, a única energia que pude sentir naquela foto, era da emoção que sentiam no dia de tirá-la, e a aura da Mila.

Eu não conseguia sentir o lado de Lilith, estava esperando uma aura escura e negra me pegar de surpresa naquele grande algodão doce que era a aura da Mila, mas eu não senti nada... Absolutamente nada.

Era como se, Lilith não estivesse ali.

Depois da nossa tentativa falha de achar a aura de Lilith, resolvemos tentar outro dia.

Fizemos uma leve porém bem divertida festa do pijama, conseguimos fazer Mila esquecer sua melhor amiga pseudo-vampira psíquica e se divertir com a gente. Depois de alguns doces, conversas engraçadas e filmes estranhos fomos direto para a parte boa.

— Vamos fazer o feitiço do Glamour

Mila deu a brilhante de ideia de copiarmos o feitiço do filme The Craft, e Ashley adorou na hora, ela mal fazia ideia de que aquele feitiço existia na realidade, mas é claro que Hollywood sempre coloca coisas mais especiais naquilo.

Nós nos sentamos no formato de um triângulo, colocamos algumas velas aromatizadas — que eu havia colocado no meu quarto ‘’sem grandes intenções’’ como eu havia falado para a minha mãe — ao nosso redor. No feitiço tradicional usaríamos um espelho em um local completamente escuro, apenas a luz de velas, mas resolvemos fazer na nossa própria maneira, mesmo Mila acreditando que não iria dar certo pois precisava de uma grande carga de energia, mas não custa nada tentar.

— Okay, eu primeiro — Disse Mila — Eu vou mudar a cor dos olhos para azul.

Mila acreditava que afirmar algumas coisas em voz alta antes de um feitiço iria dar mais poder a ele. Depois de alguns minutos de concentração, ela tampou os olhos com as duas mãos e recitou algumas palavras como em um leve sussurro.

‘’Da morada segura, do lago profundo,

Do sono se erguem os Tuatha para o mundo,

Algumas vezes aqui, outras acolá,

O que eu quiser o meu rosto mostrará.

Vindo de um poder que cuja a chave eu agora posso ter

Este Glamour me torna o que eu quero ser.’’

Quando Mila retirou as mãos dos olhos, Ashley tampou a boca, e eu quase soltei um ‘’Cacete’’

Os olhos dela estavam verdes como o de um gato, brilhantes e a cor estava tão nítida e profunda que parecia um lago esverdeado.

Ela se olhou no espelho e teve a mesma reação.

— Wow — ela exclamou — Nunca havia ficado assim antes.

— Minha vez! Minha Vez! — Ashley falava

— O que você quer mudar? — Perguntei

— O tamanho dos meus peitos

Lógico, como não pensei nisso.

Depois de ela recitar o encanto comigo e a Mila ajudando, quando ela retirou as mãos dos peitos nós rimos como loucas.

— Você parece uma atriz pornô — Disse Mila entre risos.

— Sim... Eu posso tocar? — Perguntei.

Ela fez que sim com a cabeça, quando estava me aproximando, Mila me interrompeu.

— O Glamour é um feitiço de ilusão, quando você toca, perde o encanto e volta como era antes. — Ela disse

— Wow — Exclamei

— Sim, e se você se olhar no espelho, ou alguém te olhar no espelho, verá sua verdadeira forma por meio dele.

— Que incrível — Disse Ashley.

Depois de algumas seções, nós estávamos fazendo uma semi festa do pijama, com Avril Lavigne, Gwen Stefani, e fotos para se lembrar de um momento tão épico como esse. Minhas duas melhores amigas reunidas.

**~POV: Bruxa do Leste~**

É incrível como algumas franjas podem crescer em alguns meses, a minha que ficava acima das sobrancelhas, hoje já estavam abaixo do queixo em fios finos... Talvez seja a lua crescente... Hmmm...

Eu estava faminta, já eram quase três e dez da manhã e ainda estávamos decidindo qual jeans deixa a minha bunda maior.

Resolvi dar uma pausa e descer até a cozinha para pegar uma maçã, ou algo que fizesse meu estomago parar de roncar. Preciso ter movimentos furtivos, não sei se os pais da Nicky tem sono leve ou algo assim, então tentei deixar meus movimentos o mais leves possíveis com a ajuda do ar ao meu redor, que se espalhava no chão antes de eu pisar.

Porém antes de eu chegar na cozinha, já estranhei uma fraca luz vindo de lá. Me aproximei, e vi um alto ser de cabelos escuros, ele estava curvado sobre a geladeira, sem camisa, com costas largas e bem pálidas. Ele parecia estar faminto e estava comendo uma mistura de sanduíche mal feito e leite gelado.

Me aproximei mais e quando ele notou minha presença, lançou um ‘’merda’’ e tentou se limpar. Eu achei um pouco de graça da situação.

— Uau! Você deve estar com fome. — Perguntei tentando ajudar ele a limpar um pouco do leite que derramou.

— Ah... Yeah! — Ele se agachou, e pude notar seus olhos castanhos sendo quando cobertos pela grande franja negra do seu cabelo.

Estávamos limpando em um silencio meio constrangedor, quando ele se levantou e foi para a pia, não deixei de notar os gominhos na barriga, que estavam bem marcados, como se sua barriga tivesse mais fina.

Depois que ele se virou, ele ficou de cabeça baixa, e eu abracei meu corpo tentando esperar ele dizer algo.

— Eu não como á 6 dias — Ele quebrou o silencio brincando com o tornozelo no chão.

— Oh! — Não escondo que fiquei um pouco surpresa, mas acho que Blake estranhou minha reação, acho que ele esperava eu começar a falar coisas sem sentido e correr e gritar pra Nicole, e tudo o que eu fiz foi estalar os dedos e colocar uma mecha atrás da orelha... Uma reação normal á uma pessoa que não come — Mas... Por que? Você tem anorexia... Bulimia, ou algo assim?

Ele enrugou o nariz e balançou a cabeça negando.

— Eu apenas queria saber até onde eu conseguiria chegar.

Eu dei um gemido e me aproximei da bancada e sentei nela, ao lado dele, que estava encostado.

— Eu conheci uma garota uma vez, eu estava em um hotel e ela era minha vizinha, o nome dela era Tabata, ela me contou que já ficou onze dias sem comer nada, mas ela não resistiu ao feriado e teve que comer, ela comeu demais e vomitou um pouco, porque ela disse que o ódio por vômito só era vencido pelo ódio de ser gorda. Ela disse que quando passava do quinto dia ela já havia se acostumado com a fome e não incomodava tanto.

Eu olhei para ele, e ele suspirou. Percebi que ele estava atento a história.

— E o que aconteceu com ela?

Eu suspirei ao lembrar da garota... ela tinha a pele morena e um corpo bem curvilíneo, com uma cintura marcada e peitos enormes, ela não estava tão acima do peso, mas suas gorduras eram um pouquinho salientes nas blusas, mas ela nunca chegava a ser a gorda que ela se achava ser. Eu sempre a encontrava no ponto de ônibus, todas as garotas que estavam perto de nós eram magras e comiam pastéis, donuts, e outras coisas, e ela estava lá sentada, até que eu comecei a conversar com ela.

Ela era uma das pessoas mais gentis, doces, e fofas que eu já havia conhecido, eu fiquei com pena dela mas nada do que eu fazia iria ajuda-la.

— Eu não sei — Suspirei ao me lembrar do sorriso gentil que ela dava — eu estava visitando alguns lugares com a minha avó, fiquei lá menos de um mês.

— Oh! — Ele passou as mãos pela cabeça e começou a olhar para o nada.

Eu mordi um pedaço da maça e ofereci para ele

— Vai lá — Ele estava encarando a maçã — Você está com mais fome, e eu tenho que voltar pro quarto da sua irmã.

Ele pegou a maçã e a abocanhou, ele sorriu e eu sorri de volta.

Apertei sua bochecha e saí da bancada.

~~**~~

No dia seguinte acompanhamos Ashley de volta ao aeroporto, tivemos que ficar algumas horas esperando seu voo mas estávamos felizes por isso, afinal, seria mais tempo até ela ir embora e eu nem saber mais quando for vê-la de novo.

— Aquilo ontem foi incrível — Ela disse enquanto soltava o cabelo do rabo de cavalo — eu vou tentar convencer minha mãe a me trazer mais vezes aqui, mesmo que seja do outro lado do país.

— Eu sei, mas você vai conseguir — Eu disse

— Yeah! E vai ter uma ajudinha nossa aqui também — Disse Mila balançando os dedos no ar e fazendo as unhas mudarem de cor de vermelho para vermelho escuro ou rosa claro enquanto os balançava.

Ela pegou nossas mãos

— Obrigada — Ela pegou o celular para conferir as horas e suspirou fundo

Depois de um tempo ouvimos a comum voz do aeroporto avisando que já estavam começando os embarques no voo da Ashley. Ajudamos ela com tudo, até chegar o momento de ela entrar.

— Quando você tocar os pés na Califórnia você me liga na hora okay?

Ela me deu um abraço forte e demorado, como eu havia sentido falta daquilo, aquele abraço que me consolou quando minhas notas não estavam tão boas, quando eu estava sozinha nos fins de semana e ela parava de fazer sei-lá-o-que e vinha a minha casa.

O mesmo abraço que me consolou quando eu havia dito que iria vir morar em Salém.

— Eu te amo — Ela sussurrou em meu ouvido

— Eu também te amo — Respondi.

Depois ela deu um abraço apertado em Mila e disse

— Cuida bem dela, ela pode precisar as vezes.

— Ela está em boas mãos — Mila respondeu com um sorriso.

E então ela foi até o avião acenando para a gente.

Esperamos até o avião decolar para poder respirar normalmente. Quando já havíamos perdido de vista, acenei para ele.

— Que os Deuses a protejam na noite mais escura e no dia mais brilhante, na maior das tempestades e no céu mais claro. Que assim seja!

Disse baixinho e Mila me acompanhou também. Agora eu tinha certeza que estava segura.

~~**~~

Eu estava tentando convencer Blake a comer os cupcakes que eu e Mila havíamos feito no dia anterior mas ele continuava me ignorando. Até que meu celular começou a tocar, e era ela.

Antes de atender, eu peguei um cupcake que Mila havia feito para o Blake, ele era feito de chocolate e um delicioso creme de morango por dentro, a cobertura era de chantilly com vários coraçãozinhos de confeito por cima, e estava escrito ‘’Eat!’’ em cima com pequenas tiras com pasta americana.

— Mila fez pra você — Coloquei o cupcake a frente dele e fui até o corredor atender

— Oi

— Vem pra minha casa agora, minha avó acha que descobriu o que aconteceu com a Lilith.

Ela mal precisou repetir, eu me arrumei e estava lá com uma camiseta, shorts e rabo de cavalo alto.

Mila me acompanhou até sua avó, que estava sentada a uma cadeira na sala de jantar com a foto de Mil e Lilith e suas mãos.

— Eu não consigo sentir — Dona Guinevere disse — É como se ela não existisse mais.

Eu achei que meu coração fosse parar na mesma hora, Lilith estava...

— Talvez ela ainda esteja por aí, mas talvez seja por isso que não conseguem rastreá-la

— Como assim? — Mila perguntou

Guinevere deu um suspiro pesado, e pensou em suas palavras.

— A pessoa que estava nessa foto Mila, ela não existe mais... Sarah não está aqui, é como se alguém já tivesse marcado a alma dela...

Me lembrei do feitiço que iríamos fazer, de prender sua alma em uma esfera para que seus poderes fossem prendidos também.

— É como se... Ela estivesse... Amaldiçoada.


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Notas finais do capítulo

Quero agradecer a minha puta/amiga favorita Ellen, por não ter deixado a depressão pós Skins me atingir (muito)
Ps: Agradecimento ao blog Alem Do Fisico, por onde eu peguei o feitiço do Glamour (com algumas alterações)
PS2: Eu tinha que colocar algo de skins aqui, então coloquei o ''Eat!'' quem viu sabe como não conseguimos nos esquecer disso ;)



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