Nunca quis tanto ir à escola como queria ir hoje, pensei em ligar para o Jacob pra saber se ele iria, mas provavelmente ele iria, e não precisava me precipitar tanto. A Jully não apareceu na minha casa então eu fui sozinha. Corri para a sala do Jake, mas não tinha ninguém lá. Ok, acho que exagerei e cheguei um pouco cedo demais. Voltei para o estacionamento e notei que ele estava um pouco vazio. Me sentei e fiquei observando as pessoas que chegavam, uma delas foi a Jullye. Ela se sentou ao meu lado com uma cara emburrada e não disse nada. Não entendi o porque da fúria dela.

        – O que foi que aconteceu? Não te deixaram tomar café? – Perguntei zombando dela.

        – Não. – Foi só o que ela disse. Uau desde quando Jully havia parado de tagarelar?

        – Jully, por favor, me diz o que aconteceu? Você está bem? – Falei sacudindo ela pelos ombros.

        – Claro! Depois de andar todo esse caminho, eu estou ótima! – Ela praticamente gritou. – Porque você não me esperou? Foi buscar seu namoradinho?

        – Ih Jullye sai dessa. Não percebi que estava cedo demais, eu precisava falar com o Jake, e...

        – Sempre o Jacob. – Ela me interrompeu.

        – Jullye para com esse ciúmes, por favor. – Pedi a ela.

        – Não é ciúme, mas você não liga mais para mim. – Reclamou Jully.

        – Ah, Julls, você sabe que é minha melhor né. Isso é desnecessário. – Falei abraçando-a.

        Fomos para a sala de aula e ela continuou meio emburrada. Por causa dela acabei me esquecendo voltar a sala do Jacob para saber se ele já havia chegado, agora teria que esperar até o intervalo. As aulas passaram lentamente, conseguia contar cada segundo que passava, parecia que quanto mais perto chegava a hora de eu ver o Jake mais a hora demorava a passar. Finalmente eu ouvi o sino tocar e dei um salto assustada com o barulho. Peguei minhas coisas e corri para o refeitório, acabei esbarrando em umas pessoas que me olharam feio.

        O Quil e o Seth já estavam sentados na mesa em que costumávamos ficar. Eles estavam conversando e não perceberam quando eu cheguei.

        – Oi meninos! Vocês viram o Jake? – O Quil deu um salto da cadeira quando eu falei.

        – Nossa que susto você me deu. – Resmungou ele.

        – Oi Nash. Eu não o vi não – Disse o Seth.

        – Ah. E você Quil? Você veio com ele né? – Perguntei eufórica.

        – Er, na verdade não. Hoje o Jacob não veio para escola. – O QUE? COMO ASSIM?

        – Ah. – Foi só o que consegui dizer enquanto desabava na cadeira.

        Os meninos me olharam intrigados, eu devia estar fazendo uma cara muito estranha. Claro que Jacob não viria a escola hoje. Ontem ele tinha dito que não estava bem e ele ainda poderia estar mal. Mas eu iria logo quando saísse da escola, direto para a casa dele. Ele poderia estar precisando mim e eu ainda queria dizer a ele que o amava. Logo o resto do grupo chegou e começaram a conversar, ninguém falou comigo e se falou, eu não percebi, não estava prestando atenção no que acontecia. A Lizzie por fim me sacudiu dizendo que já havia acabado o intervalo. Eu me levantei e vi que o refeitório já estava praticamente vazio.

        Mais uma vez as aulas demoraram a passar. Estava indo para o meu carro, quando ouvi alguém me chamar, pela voz percebi que era a Jully.

        – Nash me dá uma carona? Você está me devendo – Ela completou quando percebeu que daria uma desculpa para não leva-la para casa.

        – Tudo bem então. – Falei e entrei no carro.

        – O que você tem hoje? Não disse nada. – Jully perguntou.

        – Ãhn? Não, nada. – Continuei olhando para o pára-brisa.

        – Você brigou com o Jake? – Ela falou se curvando tentando olhar meu rosto.

– Não. – Respondi por fim.

        Será que eu ainda estava com uma cara feia? Me olhei no retrovisor do carro. Realmente! Eu estava com uma cara de derrotada, não entendi o porque, mas essa situação havia me deixada apreensiva. Respirei fundo e disse a mim mesma que isso era bobeira minha. Deixei Jully na casa dela e fui para minha casa. Era melhor avisar a minha mãe que eu iria para lá. Não sabia quanto tempo iria ficar, se Jacob estivesse muito mal eu ficaria a noite toda cuidando dele se precisasse.

        – MANHÊÊÊÊÊ! – Gritei.

        – O que foi que aconteceu? – Disse Anna aparecendo na porta da cozinha assustada.

        – Nada, é só para avisar que eu vou na casa do Jake. – Falei segurando o riso da cara de assustada dela.

        – Mas vocês não acabaram de se ver na escola?

        – Não, ele não foi porque está doente. – Falei cruzando os braços no peito.

  – O que ele tem? – Ela perguntou preocupada.

  – Eu ia descobrir isso agora indo até lá.

  – Hm, acho melhor você ligar antes, pode ser que ele esteja no hospital.

  – Hospital? – Eu gemi.

  – Você disse que não sabia o que ele tinha, se for algo grave pode ser que ele esteja lá.

  – Ok, eu ligo. – Disse pegando o telefone.

  Peguei o telefone e disquei o número da casa dos Black, ela tocou por cinco vezes e quando eu já ia desligar, atenderam.

  – Alô? – Disse o Billy.

  – Billy? O que o Jake tem? Ele ta bem? É muito grave? Posso falar com ele? – As palavras saíram rapidamente.

  – Calma Natasha. Uma coisa de cada vez. – Ele falou rindo. Como ele podia rir de uma situação dessas?

– O Jake esta bem? – Choraminguei.

– Ele já esteve melhor.

– Ele ta ai? Posso falar com ele? - Pedi

– Ele ta aqui sim, mas não dá pra falar com ele agora não.

– Ok, então eu vou ai.

– Não! Você não pode vir aqui.

– Não? Porquê? – Quase gritei.

– O médico disse que o que ele tem é contagioso e ele não pode receber visitas. – Ele falou.

– Mas está tudo bem Billy, eu tenho a saúde de um cavalo. Eu agüento. – Garanti a ele

– Por favor, não venha. Eu te ligo quando você poder vir. Agora preciso desligar, até mais. – Ele disse e desligou o telefone.

Fiquei segurando o telefone, anestesiada, não conseguia pensar.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAH o Jacob vai morrer. – Gritei chorando por fim.

– O que aconteceu Nash? – Anna perguntou me sacudindo.

– O Billy disse o Jake está doente, mas eu não posso ir lá cuidar dele, porque pode ser contagioso. – Disse entre os soluços.

      ­– E depois eu que sou dramática. – Ela falou rindo. – Isso não é o fim do mundo, ele só está doente, quando ele melhorar você vai poder ver ele de novo.

      Fui para o meu quarto chorando, não conseguia imaginar em como tudo havia saído do controle, eu apenas queria falar que o amava, somente isso. Mas agora a única coisa que eu teria que fazer era esperar ele melhorar, e o pior sem pode estar lá cuidando dele. Com toda certeza ele ficaria bem melhor se eu estivesse lá podendo ficar com ele. O que será que ele tinha que era tão ruim assim? Liguei para Jully para ela ficar comigo, não conseguia ficar sozinha. Não depois de saber que não poderia ver o Jacob.

      No dia seguinte logo quando cheguei da escola liguei para o Billy, sabia que ele disse que me ligaria assim que o Jacob melhorasse, mas não conseguia ficar sem notícias dele. Billy disse que ele ainda não tinha melhorado e que eu ainda não podia ir lá. Alguns dias se passaram, e o Jake ainda não havia melhorado, não agüentava mais ficar esperando, queria ir até lá, estava decidida que iria lá. Quando cheguei da escola fui direto para o telefone. Anna não me perguntou nada, ligar para a casa dos Black já fazia parte da minha rotina.

      Disquei o número e esperei, o telefone apenas chamou até que a ligação caiu, desliguei e liguei de novo, ninguém atendeu. Eles já deviam saber que era eu e não queriam atender, mas eu não iria desistir, iria na casa deles mesmo assim. Guardei minhas coisas e quando estava saindo Anna me chamou.

      – Aonde você vai? – Perguntou ela me analisando.

      – Na casa dos Black! Eles não querem atender as minhas ligações, mas não importa. Eu irei lá do mesmo jeito. – Falei decidida.

      – De jeito nenhum.

      – COMO ASSIM? – Disse indignada.

      – A doença que o Jacob tem é contagiosa. E se você ficar doente também? O Billy disse que ligaria quando você pudesse vê-lo, e se ele ainda não ligou é porque você não pode ir. – Ela falou encerrando o assunto.

      – Mas Anna, eu preciso ir. E eles não me atende. E se aconteceu alguma coisa? Por favor. – Implorei. Ela precisa entender que não podia mais ficar apenas esperando.

      – Eu vou procurar saber o que aconteceu, mas não é para você ir lá.

      Não acreditava que Anna também não queria que visse o Jake, não agüentava mais isso, precisava ver ele. Teria que dar um jeito de trapacear. Meu rosto começou a esquentar e a vontade de chorar ficou nítida. Fui para o eu quarto e fiquei chorando, ouvi quando Anna saiu para o trabalho, mas eu conseguiria ir na casa do Jake. Com certeza o Billy daria alguma desculpa e não me deixaria entrar. Mas porque ninguém me deixava ver ele? Porque todos estavam contra mim?

      Quando Anna chegou do trabalho, me disse que havia falado com Harry Clearwater e ele lhe contou que o Jake ainda estava mal, e o motivo de eu não ter conseguido falar com o Billy era porque as linhas telefônicas de La Push estavam com problemas, e alguns telefones não estavam funcionando muito bem.

      Se passou mais um mês sem eu poder ver Jacob e era sábado o dia mais odioso de todos, quando estávamos namorando esse era o dia que passávamos juntos. Agora era o dia que eu ficava sozinha. Anna não estava em casa e eu não tinha nada para fazer, então resolvi ligar para a casa dos Black. As linhas telefônicas ainda não haviam voltado ao normal, mas não custava nada tentar. Disquei o número e ele apenas chamou, quando ia desligar alguém atendeu.

      – Alô? – Falou Billy. Sempre ele.

      – Billy! Ah, as linhas voltaram ao normal.

      – É o que parece. Tudo bem? – Ele perguntou

      – Sim. Billy, o Jacob está em casa? Eu já posso falar com ele? – Disse desanimada, não tinha esperanças de poder ver ele.

      – Desculpa Nash, mas o Jacob não está.

      – Que? Então ele já está melhor? Onde ele está? – Falei empolgada.

      – Sim, já faz uma semana que ele melhorou. Mas eu não sei onde ele está não. – Billy disse.

      – Hm, tudo bem Billy, obrigada. Tchau – Falei e desliguei o telefone.

      Uma semana? Então por que ele não foi à escola? Porque ele não veio me ver? O aconteceu com ele? Será que ele perdeu a memória? O tinha acontecido com meu Jacob? Essas perguntas esclareceram a minha mente. Isso era óbvio, não entendo como não havia pensando nisso ainda! Nenhuma pessoa ficava doente como o Jake ficou, com certeza isso era uma desculpa para ele não me ver. Ele não me amava e percebeu isso no mesmo momento em que eu havia percebido que o amava. Mais uma vez eu me enganei com ele. Ele não me amava.

      Essas palavras ficaram se repetindo várias e várias vezes na minha cabeça e eu não resisti a vontade de chorar. Me sentei no sofá e coloquei as mãos no rosto, tentei me controlar e parar de chorar. Não podia chorar por algo que estava fora do meu controle. Não podia forçar ninguém a gostar de mim, nem mesmo o Jake. O dia estava congelante, mas eu não queria ficar em casa, logo minha mãe chegaria. Resolvi ir à praia com certeza ela estaria vazia e ninguém me perturbaria lá. Peguei meu carro e fui até lá, realmente estava deserta. Parei meu carro no estacionamento e caminhei até a areia. Me surpreendi ao ver que não estava sozinha, o Quil também estava lá.

      – QUIL! – Gritei assustando-o.

      Ele pulou e se virou para me encarar. Seus olhos estavam arregalados e eu comecei a rir.

      – Não to achando graça. – Falou ele cruzando os braços.

      – Eu to. Foi tão engraçada a sua cara. – Eu disse tentando controlar o riso. – Mas o que você ta fazendo aqui?

      – Nada. Eu estou vindo bastante aqui esses dias. – Agora vendo bem, o Quil parecia bem triste.

– Ah. Eles fazem falta né?

– Nunca achei que fosse dizer isso, mas é eles fazem falta.

      Sabia o motivo pelo Quil estar aqui sozinho, seus melhores amigos haviam sumido, Embry não andava mais com a gente, e agora o Jacob também. O Quil definitivamente estava sozinho. Passei o resto do dia com o Quil na praia, de todos eles com certeza Quil era o mais chato. Só que agora nós dois compartilhávamos a mesma solidão.