- E aí, ruivinha, é pra hoje? – perguntou Sieghart, me mandando um sorriso provocador. Besta.

- Por que você não vem aqui em vez de eu ir aí? – rebati. Eu não ia me sentar lá de jeito nenhum! Não com a coisinha da Arme por perto!

- Por que eu sou maravilhoso, todas me perseguem, e não eu que as persigo- respondeu.

Bufei. Aquele baka estava indo longe demais.

- Venha logo aqui!- gritei

- Não! Venha você!

- Você!

- Você!

- Vocês vão conhecer juntinhos o Inferno se não calarem a boca – disse Gaicoz, olhando para nós como se pudesse nos assassinar.

- Vish... Já to indo aí, Elesis- falou Sieg, até me chamando de Elesis em vez de ruivinha. Aquele Gaicoz dá mesmo muito, mas muito medo.

Aquele babaca veio e se sentou na carteira ao meu lado. Assim a Lin pode se sentar com sua dupla, Ryan, que estava do lado do Sieg.

- Aleluia, agora vejamos... A Guerra Fria começou... Quando mesmo? – falei. ARGH! Eu já me esqueci de tudo sobre a Guerra Fria?

- E quem quer falar sobre isso? – perguntou Sieghart.

Encarei-o. Como assim quem quer falar isso? Esse idiota perdeu o juízo?

Notando minha expressão, Sieg falou:

- Gaicoz fala para juntarmos as cadeiras e falarmos sobre qualquer coisa para ele ter um descanso. Presta atenção, ninguém está falando sobre a Guerra Fria.

Era verdade. Lin estava tendo uma conversa acalorada com Ryan sobre florestas, Amy tagarelava sobre tudo que você imaginar com Zero (o mesmo só ficava quieto e fazia gestos com a cabeça de vez em quando. Pobre coitado, fazer par com Amy...), Lass encarava com tédio a parede, Lire usava o celular escondido... Todos faziam QUALQUER coisa, menos discutir sobre o trabalho.

E é claro. Ronan desenhava em seu caderno enquanto Arme jogava charme para ele. QUE. ÓDIO.

- E aí, ruivinha, do que você quer conversar?

-Sei lá, seu baka.

- Fala alguma coisa que você gosta.

Pensei. Alguma coisa que eu gosto...

- Espadas – respondi.

- Isso já era previsível para uma ruivinha agressiva como você.

Rosnei para ele e virei cara, emburrada. Que cara irritante!

- Calma, você foi vacinada? Parece que o bicho ruivo está com raiva!

- Para! – falei com uma voz manhosa. Sieghart mudou sua expressão. Foi de: “Idiota convencido” para “Preocupado que eu esteja magoada”.

- Desculpa aí, Elesis. É sério, desculpa. Vamos, o quê você mais gosta nas espadas? – perguntou ele, com uma voz reconfortante.

Virei o rosto para encará-lo e sorri involuntariamente. Os olhos dele, que normalmente traziam ironia e sedução, agora me pareciam quentes e reconfortantes... Como um lar.

Então começamos a conversar sobre espadas. Parecia que ele também gostava de espadas. Na verdade, ele fazia aulas de esgrima. Falamos e rimos até o sinal tocar.

- Foi bom falar com você, ruivinha – falou ele, já voltando para seu lugar.

- Digo o mesmo, babaca – respondi, rindo.

Assim que ele voltou para seu lugar, Lin se sentou e falou:

- Você e o Sieghart pareciam bem alegrinhos... O quê se passou na conversa, hein? Fala pra mim!

Senti meu rosto esquentando. Que ótimo, eu estava corando. Lin com certeza ia me achar suspeita depois de corar.

Dito e feito. Lin, na mesma hora, sorriu de forma pervertida e falou:

- Hummmmmmmm, safadinha! O Sieg, né? Pensei que você fosse namorada do Ronan!

- Eu sou a namorada do Ronan!

- Isso explica o olhar cheio de ciúme que ele está mandando pra você...

Virei-me. De fato, Ronan me encarava com seu belo rosto distorcido pelos ciúmes. Ah, e é claro, Arme estava agarrada nele.

- Estou ferrada...

- Relaxa Els-chan, ele não tem nenhum argumento. Vocês só estavam rindo e conversando, que problema há nisso? Vocês são amigos, e é isso que amigos fazem.

Sorri com o “Els-chan”. O sufixo “chan” é usado para pessoas amigas, um jeito de chamar a pessoa carinhosamente. Lin já me via como uma amiga! Mal nos conhecíamos!

- Sim, Lin-chan, mas vai que ele fica magoado...

- Daí é só você falar que ele não direito de nada com a Arme Glenstid agarrada nele toda vez que há uma oportunidade! Aliás, Els-chan, nem se preocupe com esse detalhe! Eu falo isso pra você!

- E a Amy-chan também! – manifestou-se a rosada. Ela me mandava um sorriso Colgate bem grande.

- Ei, Elesis! Eu vim aqui para de devolver sua borracha e acabei ouvindo! – falou Lire – Então não me excluam dessa roda! Eu te ajudo também!

- E aposto que a Rey-chan e a Mari-chan também! Você não está sozinha, nós vamos te ajudar...

Senti um calor estranho no meu peito, enquanto um sorriso involuntário aparecia nos meus lábios. Elas também sorriram. Lindos sorrisos me cercavam. Um minuto atrás eu sentia que meu mundo ia desabar apenas pelo ciúme de Ronan. Agora, me sinto feliz, radiante e... Inteira. Será esse o poder... Dos verdadeiros amigos?