E eu que pensava que quando se estava perto da morte, se via um filme de toda a sua vida passando lentamente em sua frente, enquanto aquela figura aterradora de capuz preto e uma foice na mão, caminha lentamente, para vir lhe buscar.

Mas não era assim. Nem de longe a morte trajava um capuz preto e trazia consigo uma foice na mão. Era bem diferente.

Eu pensava que quando algum dia eu lidasse com a morte, seria dessa maneira mas nada era comparado as coisas em que eu estava vivendo esses dias.

Principalmente o que eu estava vivendo agora.

A figura elegante em minha frente estava sentada confortavelmente em meu sofá.

Elijah sorria, bastante simpático, dizendo que não queria de forma alguma me fazer mal.

E mesmo que eu veja que seus olhos não mentem, eu tenho medo de que ele esteja blefando. Afinal, se vampiros podem correr numa velocidade que desafia os olhos humanos, tem o poder da compulsão e se alimentam de sangue, mentir deve ser bem fácil e convincente para eles, não?

– Quero que saiba, Elena, que não quero lhe fazer mal. E saiba que eu sou totalmente contra o que o meu irmão tem feito ao longo dos anos para exterminar todos os Imortais do mundo. - Eu assenti, dando-lhe liberdade para continuar.

– A única coisa que eu quero, é que me empreste o seu cordão. - Automaticamente, levei minhas mãos ao pingente da lua, o cordão que foi de minha mãe há muito tempo.

– E para que você quer o meu cordão? - Olhei-o desconfiada.

– Fique calma! Não pretendo lhe entregar ao meu irmão ou dar alguma pista de onde você esteja entregando-lhe o seu cordão. Este pingente é a peça chave dos Imortais. Um símbolo forte e poderoso que protege seu dono de vampiros e outras criaturas. - Explicou ele.

– Eu estive perto da morte várias vezes e esse cordão não me ajudou em nada. - Fiz uma carranca.

– Lembre-se de que você ainda não é uma imortal. E mesmo assim, pode até não parecer, mas ele te protege. Como você acha que o Damon te salvou daquele híbrido? O cordão, de alguma forma, fez com que ele lhe achasse, lembrando que ele pode sentir seu cheiro, o que ajuda bastante em situações como essa. - Olhei-o boquiaberta.

– Como... Como você sabe?

– Eu sei de muitas coisas, Elena. Mas voltando ao cordão, ele é a chave de um porão místico onde alguns imortais estão presos. São Imortais com poderes bem evoluídos, meu irmão os usa quando precisa e os deixa lá, presos. A única forma deles serem soltos, é se abrirmos uma porta mágica com este cordão, que destrava a magia e assim, eles podem ser livres. - Fiquei bestificada ao saber da importância deste cordão

– Então existem Imortais vivos? - Sorri, me sentindo feliz por saber que não era a única imortal em Mystic Falls.

– Existem sim. Não é um número grande, mas a maioria é de bom coração e são meus amigos. Por isso que quero soltá-los. - Ele sorriu e percebi que ele olhava para um outro lugar, se recordando de algo, ou de alguém que estava nesse meio.

– Tem alguém mais em especial? - Sorri e ele me encarou um pouco sério. Então, desconcertada, tratei-me de me desculpar. - Oh, desculpe se estou sendo indelicada...

– Sem problemas, Elena. Tem sim, alguém em especial que está presa lá. Lexi, uma Imortal bastante poderosa e bondosa. Melhor amiga de Stefan e... Foi minha ex-namorada. Ainda sou apaixonado por ela para falar a verdade. - Ele abaixou a cabeça, fitando suas mãos e eu me perguntei como ele poderia ficar tão tímido sendo um vampiro poderoso e determinado.

– Nossa, amiga do irmão do Damon! - Falei, me pegando em coincidências. - Mas... Como vou saber que você não está inventando tudo isso?

– Porque olhando em seus olhos, sei que você acredita em mim e porque, se eu quisesse, poderia ter matado seu irmão, sua tia, ter arrancado o cordão de você e ainda ter te entregue ao meu irmão. E se o seu cordão te protegesse de alguma forma e não me deixasse tirá-lo de você, poderia usar a compulsão. Você entregaria o cordão por livre e espontânea vontade. - Estava óbvio que ele não queria me machucar. Ele realmente estava sendo sincero.

– É acho que agora deu pra perceber que você não quer o meu mal e que não está inventando tudo. - Sorri, aliviada.

– Sou um homem de palavra, Elena.

– Você vai se arriscar bastante dando a liberdade para seus amigos Imortais...

– Eu não tenho medo do Klaus. Ele honra bastante sua família apesar de tudo. - Ele deu de ombros. Acho que eu era a única que tinha que temer o Klaus então...

– Só o que eu não entendo é essa obssessão dele pelos Imortais! Não consigo acreditar que essa richa toda começou por inveja. - Balancei meus braços frenéticamente.

– Klaus se sentiu intimidado quando viu que tinha outros seres que poderiam ser mais fortes do que ele. É difícil ele ser intimidado. É mais fácil ele intimidar as pessoas. - Se um dia eu me encontrasse com o Klaus, não tenho dúvidas de que ele me deixaria intimidada.

– Hm... Entendi. E... Como conheceu minha tia?

– Ah, eu a ajudei no trabalho dela e acabei acompanhando-a até aqui. Achei que era a oportunidade perfeita para vir conversar com você. - Assenti.

– E esse cordão... Se existem outros Imortais, então...

– Não, não, não... Klaus confiscou os cordões dos Imortais assim que os aprisionou, para eles não fugirem. - Elijah disse, me interrompendo.

– Então, acho que isso aqui vai ficar com você por um tempo. - Tirei meu cordão do pescoço e o entreguei a ele. - Por favor, me devolva. Ele significa muito para mim. - Ele foi de minha mãe. A única lembrança que eu tinha de minha mãe além das memórias, era esse cordão.

– Fique tranquila, o devolverei em breve. - Ele sorriu. - Sei o quando esse cordão significa para você. Mas acho que preciso ir agora. Não terá notícias minhas por alguns dias mas logo aparecerei. Em troca, eu te protegerei de Klaus. Junto com Damon, Stefan e a bruxa. E se tudo der certo, meus amigos não exitaram em proteger a especie. Principalmente Lexi. - Elijah se levantou e foi em direção a porta. Sorri quando ele disse que me protegeria e me senti mais segura quando mencionou sobre seus amigos e Lexi. Mas franzi o cenho diante de uma coisa:

– Espera aí: Como assim bruxa? - Perguntei.

– Alguém próximo a você é uma bruxa e descobrirá logo. Ela também não medirá esforços para te proteger. Durma bem, Elena. Até breve. - Ele afagou minha bochecha de leve e logo desapareceu na escuridão. Fechei a porta atrás de mim, tentando descobrir quem seria a bruxa...

Subi as escadas e vi que Jenna já dormia. Jeremy no outro quarto também se encontrava num sono profundo.

Entrei em meu quarto e vi Damon parado me olhando torto.

– O que houve Damon? Aconteceu alguma coisa? - Perguntei alarmada, olhando para os lados a procura de um híbrido enfurecido.

– Eu é que pergunto! O que Elijah, um Original, fazia em sua casa Elena? E porque ele não te entregou ao Klaus? - Os olhos de Damon queimavam de fúria.

– Calminha aí, minha tia e meu irmão estão dormindo! E outra: Elijah é um vampiro bom como você e Stefan! - Ele me encarou incrédulo. Não acreditava em nada que eu dizia.

Só depois de ter explicado umas 323562763276 vezes de que Elijah não tinha segundas intenções com meu cordão e que garantiu que me protegeria e que eu acreditava nele porque de alguma forma ele me dava segurança, é que Damon relaxou um pouco.

Não muito, ele ainda ficou desconfiado e um pouco irredutível mas mesmo assim, não me confrontou mais.

Depois de uns minutos em silêncio, perguntei:

– O que você fazia aqui uma hora dessas?

– Hora da vigília! - Damon deu um sorriso torto. - Assim como Elijah entrou em sua casa, algum híbrido poderia ter entrado ou até mesmo Klaus e você nem desconfiaria! Por isso, vim ver se estava tudo em ordem e foi quando eu vi Elijah saindo de sua casa. Nem deu tempo para alcança-lo e eu estava visivelmente confuso por ver que você estava bem e inteira. - Ele cruzou os braços acima do peito me fitando irritado.

– Você vai ficar irritado para sempre? Eu estou bem! A princípio, eu me assustei sim, mas depois eu vi que ele era bom apesar de tudo. Tenho certeza de que ele não me fará nada.

– Assim espero. E já que você está bem, eu vou indo.

– NÃO! - Tampei a boca e corei ao ouvir o berro que eu dei. Porque Jeremy e Jenna estavam dormindo e porque meu tom de voz estava desesperado, o que fez Damon dar um sorrisinho malicioso e debochado.

- Quero dizer... Pode ficar comigo até eu pegar no sono? - Eu estava com medo de ter outro pesadelo. O rosto de Damon estava indecifrável mas parecia que ele não iria acatar meu pedido.

- Por favor... É que eu tive um pesadelo horrível... Estou com medo... - Sussurrei a última frase, abaixando a cabeça.

Ele suspirou se dando por vencido, deitando ao meu lado.

– Obrigada. - Deitei de frente para ele e dei um sorriso amável.

Ver a face angelical do Damon tão de perto era tão bom... Ele era lindo, parecia um anjo, mesmo que tudo o que ele era denunciava de que ele fosse o contrário.

Ele tinha uma beleza surreal, jamais vista antes por alguém como eu. Eu o amava, tinha total certeza disso.

– Não tem de que, Elena. Agora durma. Eu estarei aqui quando acordar. - Fechei meus olhos, sorrindo com o que Damon havia dito para mim.

Apesar de tudo, eu estava feliz por saber que eu tinha o Damon para me proteger e cuidar de mim.

Abri meus olhos uma última vez e peguei Damon me olhando amávelmente. Seu olhar que muitas vezes destilava sarcasmo, estava tão sereno, que de fato, ele parecia um anjo.

– Boa noite, Damon. - Sussurrei.

– Boa noite, Elena. - Ele sorriu.

A última coisa que eu vi antes de cair na inconsciência foi a face serena e iluminada de Damon, me assegurando de que eu estaria bem assim que eu acordasse.

E eu confiei nele mais uma vez. Certa de que eu estava fazendo a escolha certa.