A claridade que vinha da janela incomodava meu rosto de maneira que eu não conseguia abri-los direito por não estar acostumada a claridade.

Tampei meu rosto com o travesseiro, querendo dormir mais um pouco, mas sabia que isso seria impossível.

– Hora de acordar, princesa. - A voz de Damon soou levemente divertida.

Tirei o travesseiro do meu rosto enquanto olhava-o abrir as cortinas.Tateei o lado onde Damon tinha dormido e estava gelado. Completamente gelado. Eu sabia que ele não tinha ficado a noite inteira ao meu lado. Na verdade, eu já esperava por isso.

– Você não ficou comigo a noite toda. - Fiz uma carranca, me levantando.

– Eu sei que sou sexy e irresistível, mas sua titia Jenna quase me pegou aqui dentro. Iria pegar mal. - Disse o vampiro com seu famoso tom sarcástico.

– Quando você vai me levar pra te ver caçar? - Perguntei com um brilho nos olhos.

– O QUE?! - Damon se aproximou de mim me olhando com uma expressão que certamente estava dizendo: "Você é louca?"

– É que eu fiquei curiosa pra saber como é, esse lance de vampiros... - Confessei, começando a corar de vergonha.

– Esse lance de vampiros, é sério, Elena! Pare de dizer besteiras e vai se arrumar ok? - O vampiro estava impaciente.

– Tudo bem, senhor irritado. E a propósito, hoje vou falar com minhas amigas sobre mim. Sobre o lance da imortalidade. - Eu queria que ele estivesse ciente de minha decisão.

– VOCÊ O QUE?! - Percebi que hoje Damon estava bem histérico.

– Eu não vou poder esconder isso delas por muito tempo, Damon. Essa cidade é perigosa e eu não tinha me dado conta disso. Mais cedo ou mais tarde, elas irão descobrir. E tenho medo de como será isso. - Agora mais do que nunca, eu temia pela segurança de minhas amigas.

E um segredo tão grande desses, não poderia ficar só para mim por muito tempo.

Eu queria desabafar com as minhas amigas, elas me entendiam e nunca tinham me escondido nada.

Nossa amizade sempre foi repleta de confiança e nunca houve segredos entre a gente.

– Tudo bem, Elena. Mas não venha chorar depois. Você sabe que a família da sua amiguinha loira pertence ao Conselho, não sabe? - Revirei os olhos impaciente.

– Eu sei, Damon. Eu a conheço, ela não vai nos entregar. - Minha relação com o Damon era estranha. Brigávamos mais do que gato e rato e mesmo assim ele me protegia e eu, o amava.

– Não quero nem saber. Se algo acontecer, a culpa é sua. - Respondeu ele, abrindo uma fresta da cortina para olhar a paisagem através da janela, contrariado.

– Eu sei arcar com as consequências dos meus atos. - Falei, indo para o banheiro e ainda pude ouvir uma frase ecoar no ar, assim que eu fechei a porta.

– Espero que saiba mesmo.

Hoje o dia ia ser longo e extressante.

(...)

Damon decidiu me levar para a escola naquele dia para evitar alguma perseguição traumatizante novamente.

Assim que eu desci do carro juntamente com o Damon, as pessoas começaram a nos fitar. Umas meninas me olhavam com raiva e inveja e outras pessoas, me olhavam curiosas.

Quando minhas duas melhores amigas me viram, vieram correndo falar comigo, com seus semblantes carregados de confusão.

– Porque você não veio a escola ontem? Ficamos preocupadas sabia? - Caroline e Bonnie pararam em minha frente e Damon, que estava do meu lado, revirou os olhos quando Caroline cruzou os braços, me fitando carrancuda.

Ela nem me deu tempo de responder, me enchendo de mais perguntas:

– E o que tá fazendo com ele? Ele não é sexy e irritante? - Nessa hora, eu queria cavar um buraco e me esconder eternamente.

Eu nunca falei em voz alta para o Damon que o achava sexy. Nunca. E mesmo que ele saiba que todas as garotas achem isso dele, ouvir isso de alguém só aumentava ainda mais o seu ego de vampiro convencido.

– Caroline! - Falei em tom reprovador.

– Olá meninas, vou deixá-las a vontade. - Ele deu seu sorrisinho debochado e antes de sair, deu uma piscadinha para mim. Legal, agora ele sabe que eu o acho sexy e irritante.

– Desembucha logo menina! - Bonnie se pronunciou pela primeira vez.

– Eu não vim ontem porque tive problemas. E não se preocupem, no final da aula contarei tudo o que me aconteceu a vocês.

– Porque você não pode falar agora? - Perguntou a loira, curiosa.

– Porque é algo que não dá pra conversar na escola. Se vocês puderem almoçar lá me casa hoje... Jeremy estará trabalhando e Jenna também.

– Você está me deixando preocupada e extremamente curiosa! - A loira estava quase quicando de tanta curiosidade.

– Eu também tenho algo a contar para vocês... - Disse Bonnie, um pouco tensa.

– Legal. As duas tem coisas importantes para me contar e a única coisa que eu tenho feito ultimamente é bater a minha cabeça contra a parede e lixar as minhas unhas! Muito legal isso. - Ironizou Caroline.

Confesso que fiquei curiosa para saber o que Bonnie tinha para me contar.

Será que tinha algo sobrenatural no meio? Havia uma possibilidade.

– Gente, eu já venho, vou ver se as peças da decoração do baile da escola já chegaram. Me esperem aqui! - Caroline saiu correndo na direção da sala onde eram guardados os utensílios da escola.

Enquanto eu e Bonnie conversamos banalidades para esperar o sinal tocar.

Caroline narrando:

As pessoas da direção dessa escola me irritavam! Como assim a decoração que eu pedi veio com a cor trocada? Eu pedi cor vinho e eles me trazem vermelho! Como pode isso! Vinho e vermelho são cores totalmente diferentes!

Saí como um foguete da sala do diretor e nem vi quando esbarrei com um menino forte e másculo. Com o baque, nós dois fomos ao chão e eu acabei derrubando seus livros.

– Nossa me desculpa, sou tão distraída! - Levantei meus olhos para o menino em minha frente e vi que era Tyler Lockwood.

Fixei meus olhos em seu rosto e só agora eu tinha percebido no quanto ele era bonito.

– Vê se olha por onde anda, Caroline! - Respondeu ele de forma grosseira, me olhando atravessado.

– Mas eu não... Eu não fiz por mal... - Falei, enquanto o ajudava a pegar seus livros e foi aí que eu vi o convite para a festa que teria hoje a noite, na floresta.

– Festa na floresta, que legal! Você vai? - Nos levantamos ao mesmo tempo enquanto eu fazia a pergunta para ele, totalmente empolgada.

– Mas é claro que não! - Ele continuou carrancudo e eu suspirei frustrada.

– Mas porque? - Porque eu me importava se ele ia ou não? Nunca falei com Tyler. Nunca.

Nós sempre fomos muito diferentes um do outro. Ele sempre teve esse jeito irritadiço de ser que acabava afastando as pessoas.

Ele parecia ter uma aversão incomum por mim. Nas raras vezes que nossos olhares se cruzavam, ele fazia questão de frisar o quanto não ia com a minha cara, lançanco-me olhares nada gentis e que gelavam minha espinha.

– Porque tenho uma coisa melhor para fazer em noite de lua cheia. - Pela primeira vez ele sorriu para mim. Foi um sorriso um pouco debochado, como se deixasse claro que aquela frase era como um tipo de enigma.

– Como assim? - Franzi o cenho diante de sua frase mas já era tarde, ele tinha ido embora.

Fui até onde as meninas estavam, totalmente confusa com o acontecimento anterior.

– Porque está com essa cara amiga? - Bonnie tinha reparado o meu estado. Aquela menina era muito perceptiva!

– Gente, vocês sabem se hoje vai ter Lua Cheia? - Ignorei a pergunta da Bonnie.

– Não sei... Porque? - Elena franziu o cenho diante de minha pergunta.

– Porque o Tyler disse algo estranho... Tenho certeza de que ele não gosta de mim. - Eu estava com essa história empregnada em minha cabeça.

– O que foi que ele disse? - Bonnie estava curiosa.

– Primeiro ele me tratou grosseiramente. Depois, eu vi que ele tinha um convite pra festa da floresta que nós 3 vamos - Dei ênfase no nós 3 vamos - E eu perguntei se ele ia e ele disse que não porque tinha uma coisa melhor pra fazer em noite de lua cheia.

– Vai ver ele estava tirando uma com a sua cara. - Disse Elena divertida.

– Ou ele esteja te cantando sei lá. - Arriscou Bonnie o palpite.

– Me cantando? Ele nem gosta de mim... - Isso estava fora de cogitação.

– Ou então ele é um lobisomen! Lua cheia, essas coisas... - Elena constatou com um tipo de dúvida em seus olhos, como se realmente a idéia poderia ser verdadeira.

– HAHAHAHA. Muito engraçado isso, mas não colou. Até parece que teria um lobisomen andando por aí, até parece que o Tyler é um lobo peludo que se transforma em noite de lua cheia HAHAHAH Se ele fosse mesmo um lobo, iria atrás de mim me devorar. - As meninas se assustaram diante da minha reação.

– Não tem graça, mas faz sentido. - Ouvi Elena sussurrar.

– O que? - Não conseguia acreditar que elas acreditavam nisso.

– Nada, eu disse que comi pão dormido. - Ela deu um sorriso amarelo. Estranho, pude jurar que a ouvi dizer outra coisa.

Depois disso, o sinal tocou para que nós fôssemos para a sala de aula. Ninguém mais falou sobre o Tyler, mas eu continuava pensando na beleza dele.

Isso tudo é tesão reprimido, mais nada! Xô pensamentos! Tenho que pensar no Matt e me concentrar só nele!

Elena narrando:

Eu estava ficando com medo de contar a verdade para as minhas amigas. A Caroline com certeza iria reagir histéricamente depois que eu levantei suspeitas de que o Tyler fosse ser um lobisomen.

Tudo bem, eu sei que talvez lobisomens não existam. Mas se vampiros, Imortais e bruxas existem, porque lobisomens não existiriam também?

Eu não queria acreditar que o Tyler fosse um lobisomen, mesmo sabendo que seu jeito de ser, me fazia desconfiar cada vez mais.

E como se não bastasse, ainda tinha essa festa na floresta. Eu não queria ir, mas Caroline com certeza me faria ir nem que eu fosse arrastada. Essa festa pode ser perigosa.

Estaríamos na floresta em uma noite de lua cheia. Se existirem lobisomens, pra onde eles vão quando se transformam?

Assim que chegou a hora da saída, fui para a casa com as meninas, assegurando ao Damon que eu estaria bem.

Chegamos em casa e fomos direto para o meu quarto. Nos sentamos em minha cama e Caroline quase não parava quieta tamanha a ansiedade de saber o que nós tínhamos pra contar pra ela.

Eu me armei de coragem e comecei a contar toda a história, desde a história dos meus pais, a explosão no Mystic Grill, a perseguição com o híbrido, Damon me salvando, minhas memórias quando voltaram, a visita de Elijah e todos os vampiros originais, a minha imortalidade e meu cordão.

Caroline escutava a tudo boquiaberta, quase não acreditava no que eu tinha acabado de contar. Já Bonnie, não parecia nada surpresa, o que eu achei estranho.

– Então... existem mesmo vampiros em Mystic Falls? Damon e Stefan são vampiros E você... é quase uma Imortal? - Assenti lentamente enquanto a loira absorvia as informações vagarosamente.

– Como se sente sobre isso? Vocês me prometem guardar segredo? - Perguntei, aflita.

– Claro que sim amiga. Pensei que esses boatos eram mentira, mas eu vejo que não são. Você não está tirando onda com a nossa cara, está bem séria e Bonnie... Nem parece surpresa. - As falas de Caroline me deixaram aliviada.

– É que eu fiquei sabendo de tudo recentemente. Elena não me contou, mas a minha avó sim. - Disse Bonnie.

– Como sua avó pode saber de mim?

– Ela é uma bruxa, Elena. Assim como eu sou. - Eu e Caroline a olhamos surpresas.

– Então é você a bruxa que o Elijah me disse! - Sorri empolgada.

– Acho que sou! - Nós demos umas risadas.

Tudo estava resolvido. Não havia mais segredos.

– Nossa que legal... Vocês duas são poderosas e eu sou apenas uma humana inútil! - Caroline bufou fazendo uma carranca.

– Amiga, não há motivos para você ficar assim. Está livre de toda essa confusão do mundo sobrenatural. - Ela realmente era uma sortuda por isso.

– Mas eu queria fazer algo para ajudar, Elena. Você sabe que está correndo perigo...

– Sei, mas por enquanto eu tenho sobrevivido. Acredite, não vai querer lidar com híbridos loucos e vampiros...

– Mas com o Damon você lida muito bem né... - Zombou a loira, me olhando maliciosamente. Joguei meu travesseiro nela.

– Ai gente, para! - Corei furiosamente.

– Fala sério, Elena. Você gosta dele... - Disse Bonnie docemente.

–Tá, eu gosto... Eu o amo, mas ele não demonstra sentir o mesmo por mim. - Falei cabisbaixa.

– Talvez ele seja fechado pra essas coisas. - Arriscou Bonnie.

– É, talvez... - Concordei desanimada.

– Vamos parar com essa tristeza, temos uma festa para ir e temos que nos arrumar. - Caroline se levantou, indo tomar banho enquanto Bonnie ia para o outro banheiro.

Meu celular começou a tocar e eu atendi no terceiro toque, vendo que era o Damon que me ligava.

– Alô.

– Oi Elena. E ai contou para as suas amigas?

– Contei, e elas vão guardar segredo. A Bonnie é uma bruxa sabia?

– Agora que você foi descobrir isso? - Podia imagina-lo dando um sorrisinho debochado.

– Você já sabia?

– Já sim. Ah propósito, você vai naquela festinha na floresta?

– Vou, a nossa turma toda vai.

– Ficou louca? É perigoso, é noite de lua cheia.

– Então os lobisomens existem mesmo...

– É, existem e se você for, será suicídio.

– Mas a Caroline quer a nossa presença lá, e eu vou.

– Você é muito teimosa! - Bufou do outro lado da linha.

– Eu sei. Agora vou desligar. Tchauzinho. - Desliguei o celular indo tomar banho logo em seguida. Damon estava certo sobre a festa mas eu gostava de contraria-lo.

Eu tinha um pressentimento ruim sobre essa festa. Mas fingi não dar importância a isso.

(...)

Eu, Caroline e Bonnie chegamos a festa. Quase toda a nossa turma estava lá, menos o Tyler o que me deixou preocupada e alarmada.

Olhei para Caroline, que parecia procurar alguém. Se estavam todos aqui, ela só podia estar procurando alguém:

Tyler.

– Caroline, está procurando o Tyler? - Perguntei, dando um sorrisinho.

– Er... Estou. É que... Não sei, nunca tinha reparado na beleza dele e logo quando reparo isso descubro que ele pode ser um lobisomen. - Suas mãos suavam, ela estava exitante.

– Então você está tendo uma quedinha pelo Tyler... - Bonnie que prestava atenção em nossa conversa, fez essa óbvia constatação.

– NÃO! Quero dizer, não, ele... Eu não sei, só sei que eu queria me aproximar dele como... amiga. - Ela deu um sorriso amarelo.

– Amiga? Sei... - Falei, dando uma risada.

– Vou pegar uma bebida. - Ela nos deixou para tras, deixando bem claro que queria dar aquele assunto como encerrado.

Nós estávamos na floresta, mas o local onde acontecia a festa, continha apenas algumas folhagens no chão que pertencia as árvores que rodeavam o lugar.

Tinha iluminação, música, comida e bebida.

Enquanto eu e Bonnie nos encolhíamos pelo frio, olhei para o céu, vendo que a lua estava quase chegando ao ápice quando um arrepio percorreu toda a minha espinha.

Aquela noite seria longa.

– Olha lá seu vampirão e o outro vampirão. - Bonnie tirou-me do transe em que eu me encontrava, olhando para a frente, onde eu via Damon e Stefan, bem arrumados.

Stefan deu um aceno de cabeça em nossa direção e Damon deu um pequeno sorriso torto que eu fui incapaz de não retribuir.

Caroline se aproximou de nós acompanhada de Matt.

Eles pareciam estar conversando como amigos e nada demais.

– Gente, porque não vamos dar uma volta pela floresta? Essa festa está um saco! - Eu e Bonnie nos entreolhamos.

Não poderíamos falar na frente do Matt que poderia ter algum lobisomen se manifestando por aí, poderíamos?

– Tem certeza que querem dar uma volta pela floresta essa hora da noite? Querem mesmo sair da festa? - Perguntei tentando fazê-los desistir da idéia.

– Qual é, Elena! Vai ser bem rápido. - Alguma coisa no olhar de Matt me fez ficar um pouco receosa.

Bonnie pareceu notar a mesma coisa. Ele parecia...

Mal intencionado.

– Tá, vamos. - Disse Bonnie resignada.Procurei pelo Damon, mas parecia que ele tinha sido abduzido. Andamos um pouco pela floresta e pude perceber que as luzes onde a festa estava instalada tinham se apagado e a música tinha parado de tocar.

Percebi isso porque enquanto andávamos, a iluminação poderia nos guiar de volta para o local da festa e não nos perderíamos. Mas sem luz e sem festa, não conseguiríamos voltar sozinhas.

Matt tinha sumido.

– Droga, onde o Matt se meteu? - Perguntou Caroline.

– E agora, como vamos voltar? As luzes e a música acabaram! - Bonnie estava a beira do desespero.

Ouvimos um uivo misturado com um grito, rouco e torturante.

– Vocês ouviram isso? Temos que voltar! - Falei, puxando as duas.

– Voltar pra onde? Nós estamos perdidas! - Ralhou Caroline.

O uivo ficou mais próximo de nós e eu ouvi barulhos de passos que ficavam cada vez mais audíveis.

– Temos que correr! - Corri na direção contrária a que estávamos indo e as meninas me seguiam, estávamos igualmente desesperadas.

Minha respiração ficou presa na garganta quando eu vi um lobo enorme em minha frente.

Não era necessariamente um lobo. Era um lobisomen e se eu estivesse certa, se tratava de Tyler Lockwood.

Ele babava e mostrava os dentes, se sentindo ameaçado e talvez faminto.

Olhei para as meninas discretamente. Caroline parecia que iria desmaiar a qualquer momento, Bonnie estava aflita e pensativa e eu, parecia que iria vomitar.

Eu torcia para que o Damon nos achasse logo.

O lobo deu alguns passos a frente e eu disparei, correndo como nunca corri nas aulas de educação física, sendo seguida pelas meninas.

– AAAAAAAAAH - Olhei para tras e Caroline tinha caído no chão.

– CAROLINE! - Gritei, voltando para ajuda-la a se levantar mas o lobo foi mais rápido, pulando em cima da loira.

Bonnie chorava, parecia querer fazer algo para ajudar mas não conseguia pensar em nada.

Caroline o afastava com as mãos enquanto virava o rosto para o lado, não querendo encarar aqueles olhos famintos.

Olhei para um lugar da floresta um pouco mais afastado. Era um quartinho que tinha uma porta de ferro com grades.

– Ei, bichinho! - Ouvi uma voz masculina perto de nós e respirei aliviada vendo Damon e Stefan. O lobo saiu de cima de Caroline e correu pra cima dos dois.

– CORRAM! - Gritou Stefan para nós.

Obedemos, ajudando Caroline a se levantar. Nós corríamos pela mata, desviando dos galhos das árvores.

– Eles tem que tomar cuidado. - Disse Bonnie em meio a arfadas. - Mordida de lobisomen mata os vampiros.

Estagnei quando ouvi a última frase de Bonnie.

– O QUE?

– Elena, não podemos parar! - Bonnie tentou me puxar mas eu me desvencilhei.

– Mordida de lobisomen mata vampiros? Não podemos deixa-los lá! Eles podem ser mordidos, Damon pode ser mordido! - Eu estava quase gritando.

– Eles sabem se cuidar melhor do que nós! - Bonnie estava impaciente.

– Vão sem mim, meninas, eu tenho um plano. - Falei, me lembrando do quartinho que eu vi.

– Nós vamos com você então. Não te deixaremos sozinha. - Caroline estava segura do que dizia e eu me surpreendi com sua atitude.

Voltamos correndo para onde nós estávamos e vi Damon lutando com o bicho.

– Cuidado, Damon! - Ele olhou para mim enfurecido.

– Não mandei vocês correrem? - Damon jogou o lobo longe, vindo até mim irritado.

– Mordida de lobisomen mata um vampiro. Você foi mordido? - Ignorei sua pergunta, fazendo outra, temendo pela resposta.

– Não! - Respondeu impaciente.

– Eu tenho um plano. Está vendo aquele quartinho ali? Eu e as meninas atrairemos o lobo pra lá. Quando ele estiver lá dentro, você e o Stefan fecham a porta.

– Espero que esse seu plano dê certo. - Ele me olhou ainda irritado enquanto ele explicava o plano para o Stefan e corria na direção do quartinho.

Eu, Bonnie e Caroline estávamos posicionadas da seguinte maneira: Bonnie correria até uma árvore onde Caroline estava que por sua vez correria até a mim, que correria até chegar ao quartinho.

Damon e Stefan estavam escondidos, mas já tinham aberto a porta.

Bonnie começou correndo, ela era ágil e logo chegou aonde Caroline assumiria. Eu estava com medo. Logo chegaria a minha vez e eu sabia que não poderia falhar.

Caroline logo veio em minha direção.

Quando chegou a minha vez, reuni todas as minhas forças para correr desesperadamente e quando eu estava prestes a chegar, Tropecei em uma raíz de uma árvore e meu rosto foi ao cão com o impacto.

O lobo saltou sobre mim mas Damon foi mais rápido, atraindo sua atenção para ele. Em velocidade vampírica, ele entrou no quartinho, sendo seguido pelo lobisomen. Stefan estava prestes a fechar a porta quando Damon saiu e o ajudou a tranca-la.

Respiramos aliviados enquanto víamos o lobisomen colocar suas patas enormes para fora, tentando nos alcançar.

Damon e Stefan se afastaram do quartinho.

– É melhor irmos, isso não vai segura-lo por muito tempo. - Damon passou por mim e me surpreendeu quando passou um de seus braços pelo meu ombro. Me senti protegida com aquilo.

Caroline e Bonnie estavam com a expressão assustada. Com certeza eu também estava assim.

Stefan e Damon se encarregaram de nos levar para casa.

Me despedi de Bonnie e Caroline, perguntando se elas ficariam bem e elas disseram que sim.

Assim que chegamos em minha casa, Damon me levou até a porta, me olhando um pouco irritado e surpreso, mas ele disfarçava muito bem esse último.

– Elena, nunca mais faça uma coisa dessas. Lobisomens são perigosos. Sei que Tyler não faria nenhum mal a vocês, mas quando se assume a forma de logo, é como se o descontrole fizesse a maior parte das ações deles.

– Eu sei, mas eu fiquei aflita quando soube que mordida de lobisomen mata vampiros... Temi por sua segurança.

– Obrigado, mas não preciso que se preocupe comigo. - Ele lançou-me um olhar frio em minha direção.

– Mas eu me preocupo assim mesmo, Damon. Não seja turrão!

– Tudo bem. Tenho que confessar que me surpreendi com o seu plano.

– Viu, eu sou bem inteligente. - Sorri, me sentindo a mentora de uma máquina tecnológica.

– Não fique se gabando por favor. - Dei uma risada.

– Você vai ficar bem? - Seu olhar era penetrante.

– Foi um pouco traumatizante essa noite, mas eu tenho certeza de que eu vou ficar bem. Tenho que me acostumar com essas coisas de agora em diante. - Assenti, sabendo que eu com certeza me debulharia em lágrimas no chuveiro.

– Boa noite, Elena. - Quando ele disse essa frase, meu peito encheu-se de dor.

– Damon... Você... me odeia? Me acha chata ou irritante? - Eu tinha medo de sua resposta. Ele me tratava como se me odiasse ou não tivesse paciência comigo.

– Não, Elena. Me desculpe por ser grosseiro com você de vez em quando... Tem atitudes suas que me tiram do sério, como a de hoje mas... te odiar? Não, precisaria de muitos motivos para que eu te odiasse. Fique tranquila. - Suspirei aliviada.

– Me dá um abraço? - Ele franziu o cenho com o meu pedido, mas se inclinou em minha direção e me abraçou.

Seu perfume logo me entorpeceu e mexeu com meus sentidos.

Correntes elétricas percorriam meu corpo e eu pensava frequentemente em como seria a sensação de tocar aqueles lábios que pareciam tão convidativos.

Infelizmente, ele desfez o abraço.

– Boa noite, Elena.

– Boa noite, Damon. - E tão logo, ele se foi, deixando apenas a onda de vazio e solidão novamente em meu peito.

E como eu previa, quando entrei no chuveiro, comecei a chorar. Convicta de que eu nunca mais seria a mesma, que nunca mais eu estaria segura.

Eu temia pelos meus amigos e pela minha família e sempre que eu fechava os olhos eu via a face do lobisomen em minha mente.

Essa imagem não sairia da minha cabeça por um bom tempo

.Saí do chuveiro já vestida e vi que Damon estava sentado na ponta de minha cama e quando me vi naquele estado lastimável, se pôs de pé e me abraçou de uma maneira que ninguém nunca tinha me abraçado antes.

– Eu sabia que você não iria ficar bem. - Ele sussurrou em meu ouvido.

– Eu nunca vou me acostumar com isso, a imagem do lobo está na minha cabeça e não sai, não sai. - Eu soluçava e chorava compulsivamente.

– Shiii, eu estou aqui e não vou te deixar, Elena. Você foi muito corajosa hoje. - Ele passou a acariciar meus cabelos.

– Obrigada Damon, por não me deixar. Obrigada. - Me agarrei a ele. Não queria que ele me soltasse nunca mais.

– Fique calma... Durma um pouco, você precisa descansar. - Relutante, deitei em minha cama, com Damon ao meu lado fazendo cafuné em seus cabelos.

– Não tenha medo, eu vou te proteger Elena, eu prometo. E foi com essa frase em meus pensamentos, que eu adormeci.

Caroline narrando:

Eu não acreditava em tudo que havia acontecido hoje. Descobri que minhas duas melhores amigas são Imortal e uma bruxa e que Tyler, o garoto que mais me odeia, é um lobisomen e quase fez picadinho de mim.

Não sei porque, mas tem algo nos olhos dele que parece ser bem convidativo. Nunca tinha reparado em sua beleza.

Mas hoje eu havia visto uma outra face de Tyler Lockwood.

Desci as escadas para pegar um copo d'agua e ouvi um barulho vindo da sala.

– Mãe? - Chamei, mas ninguém havia me respondido.- Mãaae! - Será que ela deu pra brincar de pique-esconde depois de velha?

Ouvi um barulho de algo caindo no chão e corri para a sala.

Senti um vento passar atrás de mim e me virei instintivamente, vendo um homem bonito, com um olhar gélido em minha direção, não me dando chance de esboçar algum tipo de reação.

– Desculpe, mas sou novo na cidade e estou com fome. - Foi o que ele disse antes de correr em minha direção e cravar suas presas em meu pescoço.

Depois disso, eu não vi mais nada além da escuridão.

Continua...