O Fã Que Moveu Montanhas escrita por shhcarol


Capítulo 1
Capítulo 1: Mauro não morava na Candyfornia


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do primeiro capítulo da minha história.
Nesse capítulo eu explico o contexto social e emocional em que vive Mauro e a tragédia que marcou sua vida.



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Mauro tinha apenas 5 anos. Ele era extremamente ativo, gostava de aprender coisas novas e era ingênuo, como toda criança. Essa sua ingenuidade o fazia acreditar quando a mãe aparecia com machucados e hematomas e dizia que tinha caído na rua.

   - Minha mãe é muito des-desen-desendogongaçada! – dizia ele durante o humilde jantar da família, que se resumia a um frango de padaria dado pela madrinha de Mauro, Elizabeth.

   - Sua mãe não é desengonçada, é burra mesmo! – gritava Sérgio, o pai de Mauro.

   A mãe de Mauro aguentava calada as agressões verbais e físicas que seu marido lhe fazia todos os dias.

   - Ele me ama, só briga comigo quando está tomado pela cachaça! – dizia Dona Lúcia para as vizinhas, que fofocavam todos os dias sobre o que ocorria na casa daquela família.

   Numa noite que até então era uma noite de sexta-feira como tantas outras, Lúcia servia o jantar. Ela havia recebido seu suado salário que ganhava trabalhando como doméstica, e arranjara ingredientes para uma boa canja de galinha, capaz de aquecer até o mais frio dos corações, exceto o de Sérgio.

   - Mulher, que sopa de merda é esta? – Gritava o homem. Logo depois, começou a xingar todos os nomes que conhecia, enquanto a assustada Lúcia tampava os ouvidos do filho com as mãos e segurava o choro.

   - Já que hoje é sexta-feira quis servir uma bela sopa. O Mauro está muito magrinho e a médica disse que ele precisa comer legumes. – respondeu, acuada, a pobre Lúcia.

   - Foda-se! Vou para o bar do Beto, não preciso ficar aguentando você! – disse o marido, enquanto saía batendo a porta.

   Naquela noite, Mauro foi para a cama mais cedo e chorou baixinho em seu quarto, pois se sentia culpado pela briga de seus pais, uma vez que ele tinha pedido que Lúcia fizesse sopa.

   Enquanto Lúcia esperava acordada o marido, Sérgio bebia e festejava com seus amigos.

   - Mulher é tudo assim, Sérgio! Não liga não, vamos beber uma cervejinha bem gelada para aliviar o estresse!

  - E eu lá sou homem de beber “cervejinha”?! Meu negócio é cachaça! Me vê mais uma rodada aí, Beto!

   Depois de umas boas doses de cachaça, um dos amigos de Sérgio acabou falando o que não devia:

   - Sérgio, se eu fosse você eu ficava de olho nessa tua mulher hein? Eu vi ela dando a maior prosa pro Paulo hoje! Ele até levou pra ela uns legumes que ele plantou lá na hortinha da casa dele!

   Ao ouvir aquilo, Sérgio ficou incontrolável. Sua mulher estava dando papo para outros homens na rua! Pior, sua mulher tinha aceitado presentes de outro homem!

   Eram 3 horas da manhã e Dona Lúcia adormecia no sofá, esperando seu marido chegar em casa, bêbado, para ela então lhe dar um banho e colocá-lo para dormir. Ela acordou com o barulho de Sérgio tentando abrir o portão e se levantou. Foi receber o marido na porta de casa e recebeu um tapa na cara, que deixou marcas avermelhadas em sua face.

   - O que é isso, querido? Bebeu de novo? Deixe eu te ajudar, você não está em cond...

   - Sua puta! Vadia! Fica dando pros homens da rua é? Em troca de comida? Sua prostituta! – dizia, enquanto batia na mulher com toda força que tinha.

  - Não é nada disso, querido! O Paulo é só meu amigo, ele pediu para eu experimentar os legumes da plantação dele! Não fique nervoso, vamos conversar!

  - Eu não tenho o que conversar com puta, Lúcia! Você sai para trabalhar e não tem dinheiro para comprar os próprios legumes, precisa aceitar presente de macho? Sua prostituta de quinta!

   Foi então que Lúcia tentou se defender dos tapas do marido e tentou acertar um vaso na cabeça dele. Sérgio caiu no chão, bateu no sofá e sua testa começava a sangrar.

   - Sua vagabunda! Quer matar o próprio marido! – gritava, estirado no chão, enquanto Lúcia chorava e se engasgava com as palavras.

   Aproveitando que o marido estava caído, Lúcia correu para o quarto e pegou o revólver do marido.

   - Shh, querido, calma, por favor, eu não vou atirar! Só quero me defender!

  Vendo a mulher no controle da situação, Sérgio atirou-se sobre Lúcia, tomou o revólver de suas mãos e o barulho de um disparo ecoou pela vizinhança. Na manhã seguinte, Lúcia não estaria lá para dar bom dia a Mauro.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi um pouco sombrio, mas prometo que os outros não serão assim! Espero que tenham gostado! Deixem seus comentários!