Tamaran escrita por Nightstar


Capítulo 10
Prisioneiros




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“Onde... onde estou?...” Robin abria os olhos com certa dificuldade, mas não adiantou muito. Só conseguiu ver borrões ao seu redor. Porém, ao tentar aproximar suas mãos do rosto para esfregar as órbitas, percebeu que estava preso a algum tipo de algema fixada no chão.

 

Conforme as pupilas foram se acostumando ao ambiente obscuro, o menino-prodígio ia se lembrando de tudo o que acontecera. A fortaleza, as feras, o sujeito de armadura. Nada fora esquecido, um detalhe sequer.

 

Agora que podia enxergar, viu que estava numa cela enorme, cujas fontes de luz era apenas duas lâmpadas e algumas frestas nas paredes grossas de pedra. As algemas que imobilizavam os antebraços estavam sendo sustentadas por um par de barras de aço, a uns quarenta centímetros do chão. Isso obrigava o prisioneiro a se manter sentado. Principalmente pelos arcos de ferro que prendiam seus calcanhares ao solo.

 

Assim, Robin não podia mover nada além da cabeça e costas.

 

“Robin, você acordou!” Ele reconheceria aquela voz sem fazer o mínimo esforço. Apenas olhou para o lado direito e se deparou com um garoto de pele verde com um sorriso no rosto. Além dele, Ciborgue e Ravena também se encontravam enfileirados na mesma ordem.

 

Mutano estava preso de forma diferente. Três grandes argolas, feitas de um material desconhecido, se posicionavam ao redor dos braços, pernas e uma no pescoço, como uma coleira. Todas possuíam correntes presas à parede logo atrás do garoto.

 

Ciborgue estava estendido numa plataforma perpendicular à mesma parede, mas bem ao lado do menor. Suas mãos e braços estavam imobilizados por fortes algemas que apontavam para direções diferentes.

 

E Ravena. Ela estava apenas com um par de correntes que seguravam as mãos. Porém também possuía uma espécie de tiara tecnológica que a impedia de usar os poderes.

 

“Há quanto tempo vocês estão acordados?” Robin perguntou.

 

“Pouco tempo, deve fazer uns dez minutos... por aí...” Ciborgue Respondeu. “Fala sério... nunca pensei que acordaria assim!”

 

“Isso por que você não tá no meu lugar. To me sentindo como uma minhoca!” Mutano reclamava enquanto tentava se libertar das argolas. Tentativas praticamente inúteis.

 

“Porquê você não se transforma numa coisa menor então?”

 

“Por acaso acha que eu não tentei?! Olha só!”

 

Mutano se transformou num preá, mas as argolas diminuíram junto com a transformação e continuaram prendendo-o. O mesmo quando se transformou num pássaro, um macaco ou até um pequeno peixe. Cansado de tentativas fracassadas, ele voltou à forma humana.

 

“Viu?! Esse cara pensa em tudo!”

 

“Não acho isso...” Robin comentou. “Pra mim, ele conhece nossos pontos fracos, e muito bem. Quando se têm informações como essas não é preciso muito esforço ou dificuldade pra escolher a arma que vai usar... ou o modo de imobilizar a pessoa...”

 

“Então, se ele sabe tanto, já deve ter ficado bem próximo de nós alguma vez. Pode até ser um conhecido nosso e a gente ainda nem se tocou...” Ao dizer isso, a empata lembrou da última vez que os titãs passaram por essa situação. “Como quando conhecemos a Terra...”

 

Todos na sala obscura se calaram por um momento. Mesmo depois de tanto tempo após o ocorrido com ela, o assunto da jovem Terra ainda tocava de modo profundo a alma de cada titã ali presente. Principalmente a de Mutano. Ele ainda sentia tristeza pelo que aconteceu.

 

O silêncio durou alguns minutos, mas duraria ainda mais se não fosse pelo ranger da pesada porta da cela se abrindo lentamente. Logo, o comandante se revelou, dessa vez com uma armadura diferente. Era menor, apresentando menos agressividade e revelando a magreza do sujeito. Sua cor também mudara, agora era azul marinho com alguns detalhes dourados ao longo do corpo.

 

O grande capacete fora substituído por um menor e com lentes escuras. Deixava a região abaixo do nariz à mostra, mas bem ao lado da boca posicionara uma espécie de microfone, servindo para distorcer a voz novamente.

 

“Então quer dizer que já acordaram. Interessante... eu esperava que, com a surra que levaram, teriam dormido por mais umas duas ou três horas...”

 

“Você não vai se safar dessa!” Robin disse, na verdade, parecia ter rugido essas palavras. Mas o sujeito não resistiu àquele comentário e começou a rir de forma cínica.

 

“Sabe, Robin...” Ele voltou a falar enquanto recuperava o fôlego. “Se eu tivesse ganhado por cada idiota que me disse isso, incluindo os guardas do planeta onde fiquei aprisionado, já teria o bastante pra me aposentar dessa vidinha tão parada.”

 

“Já chega! O que você quer da gente?!”

 

“Quem disse que eu quero algo de vocês? Meus assuntos são com aquela menininha ingênua.”

 

“O nome dela é Estelar!”

 

“Tanto faz, é ingênua do mesmo jeito. O que importa é que terei minha vingança e nada vai me impedir de cumpri-la! Muito menos um bando de garotos que mal sabem lidar com meus ‘bichinhos de estimação’.”

 

“Cara, o que a Star te fez pra te deixar tão doido?!” Ciborgue perguntou.

 

“Assuntos pessoais. Muito pessoais...” O soldado já ia se retirar daquela cela para evitar mais perguntas, digamos, estúpidas. Mas antes de cruzar a porta, se virou e voltou a falar com os titãs.“Ah, ia esquecendo. Daqui a duas horas minhas ferinhas estarão com fome, tipo assim, MUITA fome. Então, como não tenho o que fazer com vocês quatro...”

 

“*gasp* N-nós seremos o jantar?” Mutano perguntou, nervoso.

 

“Como adivinhou?...” Ele voltou ao seu tom cínico. “Mais um aviso. Se tentarem fugir nesse meio tempo, só vão antecipar a refeição dos meus bichos...”

 

Os quatro engoliram seco enquanto observavam a figura misteriosa atravessar a porta de aço maciço, que se fechou segundos depois.

 

“Mesmo assim, você não vai obedece-lo, não é, Robin?”

 

Ravena lançou uma pergunta que o fez fitá-la por uns instantes. Se lembrava muito bem de uma outra vez que perguntaram algo parecido para ele, há um bom tempo atrás...

 

Foi quando os titãs se conheceram, bem no meio daquela batalha avassaladora entre eles e uma mera garota alienígena. Após o seu ato inesperado, o de beijar o menino-prodígio, e simplesmente desaparecer nos céus escuros de Jump City.

 

O líder dos gordanianos ordenou para que saíssem do caminho de Estelar e deixassem que seus servidores a capturassem, ou a cidade seria dizimada com um raio. Foi nesse instante que a pergunta foi feita...

 

“...Mas mesmo assim, você vai atrás dela, não vai?” Ela questionou-o.

 

“Vou...”

 

“Legal! Posso ajudar?” Mutano dizia enquanto saltava de felicidade.

 

“Bom... a gente poderia se unir, mas só dessa vez, certo?”

 

Era uma pergunta diferente, mas com o mesmo sentido. Se Robin se rendesse e desistisse de lutar para escapar daquela cela, estaria praticamente abandonando sua melhor amiga. Deixando-a sofrer nas mãos daquele maníaco. Tinha que fugir, tinha que salva-la antes que fosse tarde demais! Do contrário, jamais se perdoaria por ter feito algo assim.

 

“Claro que não...” Ele respondeu após um curto período de tempo. Logo, teve uma idéia para poder fugir daquele lugar sem deixar muitos vestígios. “Mutano. Pode se transformar em qualquer animal ainda, não é?”

 

“Posso, mas vou continuar todo preso com tô agora!”

 

“Isso não importa agora. Pode virar um camaleão e, com a língua, pegar o que tem dentro da quinta abertura do meu cinto?”

 

“Erm... acho que sim... desde que essa coisa não me fure ou algo assim.”

 

“Não se preocupe.”

 

Mutano, vendo que era o único jeito de sair dali no momento, obedeceu ao líder. Mas como era esperado, o camaleão ficou se debatendo no chão com as patas ainda imobilizadas pelas argolas negras.

 

“Vai, Mutano! Não temos muito tempo!”

 

O camaleão continuou se debatendo até se virar numa melhor posição para usar a técnica sugerida pelo amigo. Os outros dois apenas observavam, curiosos. Afinal, o que havia de tão importante naquele cinto?

 

Mutano então parou, tomou bastante fôlego, abriu a boca e lançou a língua incrivelmente longa na direção da cápsula apontada. Em instantes, esta retornou com o objeto. Era pequeno e tinha um formato cilíndrico, bem menor que uma chave de fenda.

 

O rapaz imediatamente voltou à forma humana ainda abocanhando o aparelho.

 

“O que você vai fazer, Robin?” Ciborgue perguntou. Nunca tinha visto aquilo na vida.

 

“Essas algemas são computadorizadas, percebi isso por causa das teclas numa das minhas. Se introduzir essa chave na abertura para fios, poderá captar as informações instaladas e enviar a senha pro programa. Isso deve me soltar.”

 

“Então tá.” Mutano cuspiu o aparelho numa das mãos do rapaz. “Boa sorte pra achar o buraco dos fios...”

 

“Eca, ainda bem que to usando minhas luvas...” Robin murmurou, revirando a mão que segurava a chave eletrônica para tentar encaixar em alguma possível abertura nas bordas da algema escolhida. Nem sempre a abertura se posicionava naquele lugar. Às vezes, até ficava protegida por uma pequena porta. Se a abertura fosse desse modo, Robin não teria como inserir o equipamento e, assim, não poderia escapar daquele lugar tão sombrio...


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