Itália. Algum tempo depois.

– Que história é essa de filial em Nova Iorque? – o loiro de olhos azuis disse, ao entrar transtornando no escritório de seu pai.

– Como assim? – seu pai se fez de desentendido, e o loiro revirou os olhos.

– Não se faça de tonto... – o rapaz fora interrompido pelo pai.

– Olha como você fala comigo, moleque. – o homem mais velho disse batendo na mesa, fazendo com que o outro se encolhesse involuntariamente.

O mais novo logo se endireitou para enfrentar o pai.

– O senhor nunca demonstrou interesse em expandir seus negócios na América, porque isso agora? – perguntou ainda revoltado.

O mais velho revirou os olhos e se levantou, para em seguida começar a explicar como se falasse com uma criança:

– Os Estados Unidos é um país próspero se eu montar uma filial lá, logo minha empresa será mundialmente conhecida.

– Mas tinha que ser em Nova Iorque? – o loiro mais novo perguntou se sentando, seu pai o olhou desaprovadoramente.

– Nova Iorque é o pólo industrial dos Estados Unidos, lá será o meu ponto de partida. Achei que soubesse disso, afinal ficou tanto tempo na América. – o sotaque italiano começava a puxar. – Ah, já sei qual é o seu medo. - O homem loiro disse e riu sarcástico. –Está com medo de encontrar aquela garota, não é mesmo? – ele não esperou uma resposta, pois logo completou. - Pois bem, fique tranqüilo, porque eu garanto que ela não ficará no seu pé.

Claro, depois de abandoná-la, seria quase que impossível ela estar me esperando. – o rapaz pensou consigo e de forma sarcástica ao se lembrar do último Natal que passara em Nova Iorque, e de como ele terminara de forma terrível.

Apesar de ter magoado aquela garota, de cachos dourados e olhos cinzentos, o loiro de olhos azuis ainda se sentia conectado à ela de alguma forma, e acha que é o amor que ainda sente pela mesma, mas ele sabe que essa recíproca deixou de ser verdadeira apartir do momento em que ele a abandonara.

– A mamãe sabe que você está indo para lá? – o mais novo perguntou, e viu seu pai baixar a guarda e ficar visivelmente abalado.

– May e eu não temos mais nada haver um com o outro. – o homem logo voltou a pose de Poderoso Chefão, e completou – E você vai junto comigo, precisa aprender a tomar conta dos negócios.

O loiro mais novo sabia que uma hora ou outra teria de voltar a Nova Iorque, e enfrentar as conseqüências de suas escolhas, ele só não esperava que isso fosse acontecer tão rápido.

...

A beca de formatura azul destacava os olhos verdes da ruiva que sentava no meio de milhares de outros estudantes.

O sorriso também a fazia destacar-se no meio da multidão e foi dessa forma que um homem totalmente engravatado a encontrou.

– Filha? – o homem chamou e muitas olharam em sua direção até mesmo a ruiva de olhos verdes.

– Pai? O que o senhor está fazendo aqui? – a garota perguntou surpresa, e seu pai revirou os olhos.

– Eu recebi o seu convite da formatura. – o homem disse, e a abraçou para total surpresa da mesma.

– Eu achei que não fosse vir. – a garota foi sincera, e o homem sentiu seu coração afundar.

– Ultimamente, eu tenho repensado as minhas prioridades e só agora que eu notei que você vem em primeiro lugar. – o homem foi sincero e a garota sorriu com os olhos lacrimejados. – Sem contar de que eu não podia perder a formatura da minha filha, não é mesmo? – a garota assentiu chorosa.

– Eu não acredito que você tenha vindo de Nova Iorque até aqui só para me ver se formando. – a ruiva ainda não acreditava que seu pai, um dos maiores empresários do mundo, e um grande opositor as obras de sua filha estivesse ali para vê-la se formar em Artes Plásticas pela faculdade de Roma.

– É mais pode acreditar, e eu estou muito orgulhoso por você. Mesmo eu sendo contra você lutou por aquilo que acreditava e por isso eu quero te fazer uma proposta. – o homem pediu.

– Que proposta? – a ruiva disse erguendo as sobrancelhas.

– Eu quero que você volte para Nova Iorque comigo e trabalhe... – o homem fora interrompido pela filha.

– Eu não acredito nisso. Você veio me comprar? – a garota perguntou furiosa, e o homem negou com a cabeça. – Pois é o que está parecendo. Na verdade, estava bom demais para ser verdade. – a garota complementou ácida, e o homem a olhou forma triste.

– Não, não é isso. – o homem tentou se redimir. – Eu quero que volte para Nova Iorque, porque eu estou com saudades de ver a minha filha sempre que eu quiser, mas eu também quero que trabalhe na minha empresa porque eu já estou velho e você é a herdeira de tudo aquilo...

– Que parte do eu não quero ser dona da sua empresa você não entende? – a ruiva perguntou com raiva, e o homem abaixou o olhar.

– Eu só quero que você entenda o básico para não ser passada para trás quando eu for embora. – o homem disse e seus olhos lacrimejavam.

A ruiva estava tão nervosa, que não entendeu as entrelinhas, fato este que faria com que ela se arrependesse no final.

– Você está ainda é novo e tem uma saúde de ferro, não precisa de mim. – apontou e o pai revirou os olhos.

– Termine de escutar a minha proposta e depois, quem sabe você pode me crucificar. Está bem? – o homem perguntou e a ruiva assentiu. – Você trabalharia para mim, e em troca eu patrocinaria uma exposição sua no Museu de arte Contemporânea de Nova Iorque, o que você acha?

A ruiva não estava acreditando naquilo. Seu pai estava mesmo propondo aquilo?

– Eu... Eu não sei o que dizer. – a garota disse atônita.

– Diz que aceita, por favor. – o Sr. Dare suplicou e a garota o abraçou, um abraço sincero, um que não era trocado há muito tempo. – Isso significa que você vai voltar para Nova Iorque? – o homem perguntou incerto.

– Se você quiser, ainda hoje. – a ruiva respondeu alegre, e o pai sorriu de volta.

A ruiva tinha adorado a sua estada em Roma, tinha conhecido pessoas maravilhosas, e julga ter encontrado o amor de sua vida, apesar do garoto só pensar em uma certa ex-namorada. Mas agora ela voltaria para o seu país, para a sua cidade, para seus amigos. Com certeza, aquela proposta fora a melhor de sua vida.

Nova Iorque que aguarde, muita coisa vai acontecer e ela será palco dessa grande história.