-Tudo começou quando estávamos no ensino médio. Seu pai era amigo do tio Talis. E eu também, por isso nós nos conhecemos. Naquela época, eu não sabia tocar violão e o papai já sabia, então ele me ofereceu aulas.

Há muitos anos atrás...

-Virgínia, se você faz tanta questão de aprender a tocar violão, eu posso te ensinar. - Bruno disse com o sorriso malandro que ele sempre tivera.

-Sério, Bruno?Valeu,valeu,valeu!- eu “pulei” nele e dei um abraço apertado.

-Em casa amanhã. Depois da aula. Agora eu vou indo que meu pai chegou. - deu um beijo na minha bochecha e se despediu dos demais.

No outro dia, eu estava parada em frente a casa dele, e o chamei.

-BRUUUNOOO!

-Oi, você que é a Virgínia, certo? Entra, o Bruno ta lá no fundo. Prazer, meu nome é Neide. Sou a mãe dele- Não é que a mãe dele é gente boa?- Só seguir o corredor até o fim, segunda porta a direita.

-Obrigada, Neide.

-Disponha, querida.

Enquanto estava no corredor, vi o case do violão dele e resolvi levar, já que parecia que o mesmo estava lá dentro. Bati na porta.

-ENTRAA!

- Licença, senhor esquecido. – entrei mostrando o violão

-AAAAAAH! Onde ele tava? Procurei ele pela casa toda!- disse arrancando o violão das minhas mãos frias e sem vida (Ok, parei)

-Em todo lugar... menos do lado da sua mochila.

-Eu sempre me esqueço de procurar lá. Valeu, Vi!- me agradeceu, me dando um abraço. - Bem, você trouxe o seu, né? –mostrei a minha relíquia, afinal, o violão tem mais de 20 anos- Ótimo. Você tem alguma noção de alguma coisa?- balancei a cabeça, indicando que não- É, eu desconfiava. Tô brincando. Bem, então a gente vai começar do básico, ou seja, as notas musicais.

Enquanto ele ia me passando as notas mais básicas, reparei que ele não tirava os olhos de mim. Não como se eu fosse a amiga, ou a aluna, mas como se fosse algo a mais, sabe?

No final da aula, combinamos que, dependendo do meu progresso, ele me passaria algumas musicas para que eu fosse treinando

-Bom, Vi... até que você foi bem para alguém que disse não saber de nada- ele disse, um pouco desconfiado- mas eu sei que é porque eu sou um ótimo professor.

- Você nem é convencido!

-Nem um pouquinho!- rimos de nossa ironia- Enfim, vou te passar uma música, já que aprendeu tão rápido. That Girl, do McFly, é bem fácil de tocar, só tem três acordes, C(dó), D(ré) e G(sol).

 -SANTODEEEUS!É UMA DAS MINHAS FAVORITAS DELES!OBRIGADA, SENHOR!- dei um beijo na bochecha dele e um abraço apertado. Fiquei assustada um pouco depois por causa desse contato. Lembrei-me dele, e de como costumávamos rir das coisas mais bestas. Imediatamente soltei o abraço, e assim que fiz isso, a onda de pânico me invadiu.

 Ele, a quem me refiro, é meu ex-namorado, Rafael. Bem, não vou contar aqui a nossa história, pois ela não me faz bem. Mas vou contar como tudo acabou: eu o flagrei na cama com outra, justo ela, que não nos dávamos bem. Desde então eu praticamente não me permiti outro momento de felicidade verdadeira, como esse que eu estava vivendo agora.

-Vi?Você se lembrou dele não foi?Eu te conheço, poxa. Sei que você fica assim quando se lembra do que aconteceu. Hey, olha pra mim- puxou meu queixo para que pudéssemos ficar a mesma altura- Segue em frente,ok? Eu tenho certeza absoluta que ele seguiu. E você não disse que queria se vingar? Então! Ser feliz de novo é a melhor maneira. Melhor ainda que os planos de vingança que eu sei que você e a Carol tramam- ele sorriu, e por algum motivo, que eu desconheço, sorri também- Viu?Consegui até tirar um sorriso seu. Agora me dá um abraço e vai lavar esse rosto.