American Idiot escrita por Adrenaline Earthquake


Capítulo 13
Shoplifter


Notas iniciais do capítulo

Hiya!
Ficou maior do que eu achei que ficaria, mas tudo bem '-'
Enjoy!



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Senti o autocontrole (e aquela tal coisa que tinha se esvaído de mim) voltando ao sentir o policial me prendendo e ao ver St. Jimmy rindo no reflexo da vitrine. Fui forçado a entrar no carro da polícia, sentindo olhares curiosos e acusadores sobre mim. Suspirei e simplesmente entrei no carro, sem me importar com o que os policiais falavam comigo. Afinal, eu merecia isso, não merecia? Tentei roubar uma loja e não deu certo. Acho que era melhor desse jeito, quem sabe, eu aprendesse uma lição.

Fui levado até a delegacia e, ao chegar lá, somente um dos policiais me levou para dentro, enquanto o outro foi embora em sua viatura. Dei graças a deus, pois o policial que me levou tinha uma cara muito mais simpática. Seus cabelos tinham um tom loiro e castanho ao mesmo tempo, e seus olhos eram azuis. Tinha um sorriso no rosto, como se tudo aquilo o divertisse.

–Por que fez aquilo, afinal? – indagou ele, enquanto me levava para dentro da delegacia.

–O pior é que eu não sei... – murmurei. Ele franziu a testa, mas não perguntou mais nada. Agradeci mentalmente por isso.

Entramos em uma sala fechada e iluminada por algumas lâmpadas fortes. Uma policial que estava sentada em uma mesa me olhou, curiosa. Ela era bem... Chamativa. Tinha os cabelos vermelhos e vestia o uniforme habitual da polícia. Era baixinha e tinha os olhos verdes mais puxados para cor de avelã.

–Er... Jeremy? Quem é o preso?

–Um preso, dã.

Ela revirou os olhos.

–Sério, porra. Por que foi preso?

–Ladrão de loja. – ele deu de ombros.

A policial franziu a testa.

–Hm. Qual o seu nome?

–Frank Iero.

Ela assentiu e começou a procurar alguma coisa em seu computador.

–Frank Anthony Thomas Iero Jr.?

Fiz que sim com a cabeça.

–Aqui diz que você é de Jingletown. O que está fazendo aqui?

–Minha mãe veio fazer uma entrevista de trabalho aqui. – menti. Sei que a pior coisa que eu poderia ter feito era mentir para a polícia, mas, oras, eu estava desesperado!

A policial suspirou fundo.

–Tá bem, de qualquer forma, você assaltou uma loja de que?

–Roupas.

–O que você roubou?

–Uma jaqueta...

–Uma jaqueta?! Por quê você roubou uma jaqueta?! – ela parecia confusa.

–Ahn... Se importa se eu não responder essa pergunta?

Ela suspirou de novo.

–Claro. De qualquer forma, pela sua ficha, não é a primeira vez que você faz isso.

–Não. – murmurei.

–Sinto dizer, mas você vai ter que passar o dia na cadeia... E suponho que terá que fazer serviço comunitário.

–Sério mesmo? Serviço comunitário? Não tem como mudar isso, policial... ?

–Williams.

–É, não tem como mudar isso, policial Williams?

–Não sei... Tem como, Jeremy?

–Creio que não, Hayles. – disse o policial que havia me levado, dando de ombros – Mas posso tentar achar alguma coisa.

–É, trabalhe nisso. – o policial chamado Jeremy assentiu e se afastou, lançando um último olhar divertido em minha direção. A policial Williams se levantou, com uma chave na mão, e me guiou até a prisão.

Era um lugar...

Aterrorizante.

Os presos me olhavam de um jeito estranho, como se eu fosse mais um bonequinho pra eles brincarem. Eu sabia que minha prisão seria temporária, e seria bem curta, mas eu ainda estremecia ao pensar que eu poderia dar um deslize e... Como dizer... Hmm... “Deixar cair o sabão”.

A policial Williams me guiou até uma cela. Era bem pequena, mas, por alguma razão, parecia mais limpa do que as outras. Soltei um suspiro discreto de alívio ao perceber que era mais afastada das outras.

–Bom, você vai ficar aí por um tempinho... – disse ela, tirando uma chave da cintura e abrindo a porta da cela – Vamos tentar ligar para os seus pais virem te buscar... Mas creio que você vai ter que fazer serviço comunitário mesmo assim. – ela fez uma careta – Mais tarde, eu trago alguma coisa pra você comer. Mas creio que um dos meus parceiros vai ficar aqui, de olho em você. Até mais, Frank. – Hayley saiu da prisão pelo mesmo lado onde viemos.

Gemi. Eles iam ligar para a minha mãe... Imagino o que ela faria. De duas, uma: ou ela surtaria e me levaria pra casa, ou ela não daria a mínima e deixaria eu apodrecer na cadeia.

Suspirei e sentei-me no banquinho que havia em um canto, preparado para passar algumas horas na cadeia.

–Eu sou um imbecil...

–Concordo. – resmungou uma voz atrás de mim. Nem importei em me virar na direção de onde ela veio.

–O que você quer, Jimmy?

–O que eu quero? Eu quero sair daqui! – exclamou ele, visivelmente revoltado. St. Jimmy andou até ficar de frente para mim – Por que deixou ser levado, seu idiota?!

–Porque eu não devia ter feito isso.

–Mas agora eu estou preso aqui!

–Ladrão de lojas, você nunca vai aprender. – falei, em um tom acusatório – Quando você comete um crime, você vai contra todos os seus princípios. Ladrão de lojas, você está queimando e agora vai ter que ficar na cadeia.

St. Jimmy arqueou as sobrancelhas, como se estivesse rindo de minha súbita acusação.

–Ah, meu bem. Acalme-se, eu só estava fazendo o certo! Se não fosse pela sua incompetência, nós não estaríamos aqui.

–A MINHA incompetência? Você acha que é 1, 2, 3 no crime, mas é bem mais complicado do que isso, ok?! Mas eu não vou discutir técnicas de roubo com você.

–Aaaaaaah, então quer dizer que você já tinha feito isso antes? – Jimmy abriu a boca em espanto.

–Claro que já. – respondi, com acidez na voz – Mas aprendi que nem tudo é de graça. E você vai ter que servir à comunidade. É essa a vida de um ladrãozinho insignificante.

–Bom, não é considerado roubo, a não ser que você seja pego. – ele deu de ombros – Portanto, a culpa é toda sua.

–Você que me fez roubar. Se não fosse por você, eu nem estaria aqui!

–Você nunca vai entender que o que existe em suas costas não é um assaltante nem um ladrão de bancos, mas sim um cleptomaníaco. – rosnei.

–Posso até ser um cleptomaníaco, mas a culpa é sua. Você foi pego roubando!

–Não, você foi pego roubando. Eu, Frank, não roubo. Não mais. Jimmy foi pego roubando, não eu. – falei seu nome com desprezo.

–Eu só tentei pegar algo que você não tem. – ele deu de ombros.

–É, a minha dignidade. – rosnei.

–Não só isso. – ele abriu um sorrisinho nojento. Soltei um grito de frustração, esse St. Jimmy já estava me irritando. De repente, a porta se abriu e, por trás das grades, pude ver a policial Williams, acompanhada de um cara alto de cabelos encaracolados. Arregalei os olhos e quase gritei “Ray”, se não fosse pelo fato de ele ter falado primeiro:

–Frank, o que você estava pensando quando roubou aquela loja?! – sua voz transmitia raiva, mas eu sabia que ele estava só fingindo.

–Eu... O que?

–Vamos, vamos logo para casa.

A policial lançou-me um olhar de pena antes de abrir a porta da cela e me deixar sair. Ray me puxou o caminho todo, me dando uma bronca enorme. A policial Williams nos acompanhou em silêncio. Ao chegarmos no pátio de entrada, ela se pronunciou:

–Você deve estar aqui às oito da manhã para começar o seu serviço comunitário.

–O outro policial não achou um jeito de eu me livrar disso? – indaguei, tristemente. Ela fez que não com a cabeça.

–Sinto muito, Frank. – assenti e me afastei, ainda ouvindo uma bronca de Ray. Ao chegarmos do lado de fora, sua voz foi morrendo aos poucos e ele olhou para mim.

–Agora é sério, que merda você estava pensando?!

–Eu... Espera... Você... Como...

–Eu fingi ser seu tio que morava em outra cidade. – respondeu ele, rispidamente – Não sei se a policial é mesmo ingênua ou ela fingiu a ingenuidade só para te ver fora da cadeia. De qualquer forma, me responde: o que você estava pensando quando foi roubar aquela jaqueta, seu idiota?!

–Eu... Eu não sei! Não fui eu!

–Não, imagina. – seu tom era irônico – Então quem foi?

–Foi o St. Jimmy... – sussurrei.

–Que?

–O St. Jimmy já não faz mais parte de mim. – senti vontade de chorar – Eu... Só... Só vamos voltar pra Danger Zone, por favor... Não quero falar sobre isso.

Ray suspirou e assentiu, me levando até um carro que Bob dirigia. Ele fez menção de começar a dar uma bronca em mim, mas Ray murmurou alguma coisa em seu ouvido que o impediu. Agradeci-o mentalmente e sentei-me no banco de trás, cruzando os braços.

–X-

Alguns minutos depois, chegamos na Danger Zone, onde encontrei um Gerard muito pálido e nervoso. Já era um milagre vê-lo fora de sua rua, era ainda mais estranho vê-lo naquele estado. Saí do carro lentamente, entrando em seu campo de visão. Ele estava claramente desconfortável e não sabia se andava em minha direção ou se permanecia ali. Não me importei com isso e corri até ele, beijando-o logo em seguida. Ignorei os olhares de Bob e Ray, esquecendo-me de que eles não sabiam sobre eu e Gerard.

–Gee, me desculpe... Eu sou um imbecil, não devia ter gritado com você...

–Hey, calma, tá tudo bem, sério...

–Não, não está tudo bem! Eu preciso me livrar do St. Jimmy! Urgentemente!

–Já sabe o que fazer, Frankie... – ele suspirou.

–Sei, mas... Mas é muito difícil.

–Não importa o quão difícil seja, é o único jeito de se livrar do St. Jimmy. E você sabe disso.

–Espera, espera! Como assim se livrar do St. Jimmy?! – disse Bob, intrometendo-se na conversa. Gerard franziu a testa.

–Quem... ?

–Bob e Ray. Esse é o Gerard.

Resumi toda a história do St. Jimmy para os dois “recém-chegados”.

–Espera... E aquela vez... Em que você roubou um carro... ? – disse Ray, lentamente – Você... Você ficou bem mal depois de fazer aquilo, não é?

–Fiquei. – admiti.

–Estou com a ligeira sensação de que você é um cleptomaníaco. – comentou Bob.

–Talvez. – dei de ombros.

–De qualquer forma, você podia se arrepender disso... Quer dizer, você se arrepende de verdade, não é?

Fiz que sim com a cabeça, e era verdade. Eu realmente me arrependia disso.

–Hmm... Jimmy? – chamei, um pouco incerto.

–Que é? – ele apareceu na minha frente, com o mesmo sorrisinho estampado no rosto.

–Eu... Já falei pra você que eu roubei um carro uns anos atrás?

–Não. – ele parecia surpreso de verdade – Por quê?

–Porque... – suspirei fundo – Porque eu me arrependo disso.

–Como é?! – vi sua imagem tremeluzir muito fracamente.

–Eu me arrependo de ter roubado um carro. Arrependo-me de ter roubado a jaqueta. Arrependo-me de ter criado você. – minha voz havia virado um rosnado baixo e ameaçador. A imagem de St. Jimmy começou a tremeluzir bem mais, virando uma figura opaca e instável.

–Frank... – ele ria nervosamente – Você não sabe do que está falando... Cala a boca e deixa eu voltar para dentro de você...

–Não. – bloqueei meus sentimentos o máximo que eu pude – Você não pertence ao meu corpo... Eu... Eu me arrependo de ter saído da casa da minha mãe... Arrependo-me por não ter sido uma criança boa...

–ARGH, PARA! – Jimmy parecia extremamente perturbado. Tive que me conter para não dar um sorrisinho ao ver que meu plano estava dando certo – VOCÊ SABE O QUE VOCÊ É, FRANK! VOCÊ SOU EU, NÃO TEM COMO ESCAPAR DE MIM!

–Não, eu não sou você. Eu sou muito melhor que você, Jimmy. Vá embora.

–NÃO!

–Vá embora... Agora. – sussurrei, canalizando todos os meus pensamentos nas coisas ruins que eu havia feito e no quanto eu queria não ter feito aquilo tudo. Ele ainda gritava quando, finalmente, ouvi as seguintes palavras saírem de sua boca:

–EU DESISTO! VOCÊ VENCEU! – dito isso, Jimmy saiu correndo e eu nunca mais o vi.

–Você... Você conseguiu... – um sorriso começou a crescer nos lábios de Ray.

–Consegui mesmo... – por mais incrível que pareça, havia sido mais fácil do que achei que seria. Bob e Ray começaram a fazer uma espécie de dancinha da vitória, enquanto Gerard sorriu e beijou minha testa.

–Você conseguiu, Frankie! Ele não vai mais voltar para te atormentar. – ele sorria muito, mais que eu, aliás. Lancei-lhe um olhar de felicidade e beijei seus lábios.

–Isso quer dizer que... Que nós podemos ficar juntos?

–Mas é claro... Isso é, se você quiser.

Ri um pouco alto demais.

–Mas é óbvio que eu quero. Ah, isso me lembra uma coisa. – andei em direção a Bob e Ray – Obrigado por me tirarem da cadeia... E obrigado por não desistirem de mim, mesmo quando eu desisti de vocês.

–Não foi nada, é isso que melhores amigos fariam. – eles sorriram. Sorri de volta e abracei-os.

Acho que isso podia ser o começo de uma nova vida.


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Notas finais do capítulo

ST. JIMMY ESTÁ MORTO O/
HE BLEW HIS BRAINS OUT INTO THE BAY O/
Ah não, isso é do próximo capítulo -q
Ah cara, me ignorem, eu estou drogada '-'
É, eu enfiei o Paramore aí no meio. Me julguem -q
Ok, deus sabe quando o próximo vai ficar pronto, porque Homecoming é uma música meio complexa. Parece que ela não conta uma história (apesar de contar), então eu vou ter que dar um jeito né.
Bom...
Beijo '-'