Passei o resto do dia com dor de cabeça, tentando me fazer acreditar que foi só um sonho. Só pode ter sido! Quer dizer, eu falo com um cara por cinco minutos e ele me chama pra sair? Não, essas coisas não acontecem. Não comigo. Pela primeira vez na vida vivenciei a expressão "bom demais pra ser verdade".

Mas se eu quisesse que Pedro me desse a tarde de folga amanhã, não podia simplesmente falar que estava com dor de cabeça e me trancar no quarto, como eu queria fazer. Eu tinha que trabalhar.

No fim do dia, minha cabeça parecia que ia explodir. Deitei na cama, certa que ia conseguir dormir no mesmo instante, mas não consegui. Mesmo estando muito cansada, minha mente estava muito agitada pra adormecer. Fiquei olhando pro teto, com as estrelas que eu tinha desenhado. Meus olhos foram pesando, aos poucos, até finalmente fecharem, minha mente pensando no mesmo sorriso de sempre.

Acordei cedo no dia seguinte, pra tentar adiantar um pouco do trabalho. Meu rosto iluminou quando Pedro disse que eu poderia tirar a tarde de folga, desde que trabalhasse até mais tarde amanhã. Acho que só a partir desse momento eu me convenci que aquilo estava mesmo acontecendo. 

A manhã passou ainda mais devagar que o normal, não conseguia parar de olhar para o relógio. Comi o almoço correndo, e fui pro meu quarto me arrumar. Tomei banho no cubículo que é meu banheiro e arrumei meu cabelo, o que não foi muito difícil - ele passa só um pouco do ombro, é liso e repicado. A única coisa de diferente nele é uma pequena trança um pouco menor que o resto, que passa despercebida, perto do pescoço, presa com o que Pedro diz ser um pedaço da pulseira que meu pai me deu quando eu era criança, mas que arrebentou.

Coloquei uma blusa bege sem manga, que vai até a cintura, um cinto marrom grosso, uma calça preta e uma sapatilha branca. Fiquei olhando para o espelho por bastante tempo, olhando pros mínimos detalhes, vendo se tudo estava em ordem. Eu não conseguia parar de sorrir, aquilo estava mesmo acontecendo! Eu tinha um encontro!