654 escrita por Dodi


Capítulo 4
Capítulo 4




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Uma semana se passou. Os dias andaram em câmera lenta, como sempre. Às vezes me pegava pensando naqueles olhos azuis, naquele sorriso, no modo como ele me defendeu e se interessou por mim... Isso nunca tinha acontecido comigo antes.

Enfim, desde o começo eu já sabia que o máximo que iria acontecer seria ele não me demitir quando assumir a fábrica, então eu tentei não pensar muito no assunto. Mas o fato dele voltar a visitar não ajudou muito.

Eu tinha acabado de acordar e colocar uma roupa, que é claro que não era o uniforme. Era uma das minhas favoritas: uma blusa bege de ombro a ombro, um corpete marrom com suspensórios, um short preto e uma bota marrom. Abri a porta e me virei em direção ao salão de tijolos, e esbarrei em alguém que estava segurando uma xícara de café. É claro que caiu tudo em cima de mim.

– Ótimo. - disse pra mim mesma, olhando pra minha roupa.

– Ah, não. Foi mal, foi mal mesmo.

– Não, tá tudo... - parei de falar quando vi em quem eu tinha esbarrado. Ele desamarrou o casaco da cintura e me entregou pra que eu secasse minha blusa.

– Não precisa, sério, esse casaco deve ter custado dez vezes mais que minha roupa toda.

– Tem certeza?

– Tenho.

– Então você não me deixa escolha se não lhe comprar roupas novas.

– Você não precisa...

– Preciso sim. - e abriu um sorriso quando viu que eu tinha cedido. - É só me falar qual loja você gosta que eu compro a coleção inteira pra você.

Me deu branco. Como eu iria saber o nome de uma loja? Eu mal saio da fábrica, e todas as minhas roupas são feitas com tecidos velhos e uniformes rejeitados. Ele percebeu que eu não estava falando.

– Claro. Desculpe. Eu só pensei que meu tio comprasse roupas pra você, já que não está usando uniforme.

– Pedro? Ele não me daria uma meia que não fizesse parte do uniforme da fábrica. Eu... Fiz essas roupas.

– Impressionante... - ele me fitou por um segundo e logo desviou o olhar. - E eu manchei elas de café.

– Esquece, tá tudo bem!

– Não. E se você não for me falar uma loja, então vai ter que vir comigo escolher.

– Ah, eu não sei se...

– Vai por mim, eu convenço meu tio a te dar um dia de folga. E depois a gente poderia tomar um café. Acredite, é muito melhor quando não está nas suas roupas. Amanhã? Por favor?

– Está bem.

– Então eu passo aqui às três. E desculpe de novo pelas roupas.

– Imagina... - e vi ele se afastar em direção à saída, mas ele se virou e gritou:

– Eu sou Edward!

– Eva! - vi ele dar um último sorriso e desaparecer na distância. Fui pro meu quarto, fechei a porta e falei sozinha:

– O que acabou de acontecer?


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