Everybody Loves The Marauders III escrita por N_blackie


Capítulo 15
Episode XIV


Notas iniciais do capítulo

Só passando pra dizer um grande obrigada pela compreensão de todos/as vocês com o meu último recado :) Já já respondo as reviews, mas muito obrigada :D



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Episode XIV

“Se esse fosse um lugar sério, nada disso acontecia”

Narrado por: Remus Lupin

Camiseta do dia: Se esse fosse um lugar sério, nada disso acontecia!

Ouvindo: O audiobook de Senhor dos Anéis

Pisei os pés no colégio me sentindo outra pessoa. O ano novo tinha sido praticamente igual a todos os outros (talvez menos igual porquê dessa vez tive de esconder um Sirius bêbado dentro da lavanderia depois que ele vomitou o banheiro todo, mas de resto não foi muito diferente mesmo), e mesmo que não tivesse sido eu certamente não conseguiria prestar atenção. A sensação de que estava perdendo o controle da minha vida estava me perseguindo desde aquela tarde com Emmeline, e durante o restante do feriado desabafei com Tonks sobre tudo o que acontecera, e ela só conseguiu me responder uma coisa:

“Cara, dá um jeito na sua vida.”

Realmente, ela tinha razão. Eu precisava ser mais racional, e definitivamente precisava ensinar Tonks que amizade se baseia em dizer mais coisas do que essa frase, mas aquele não era o momento. Logo, assim que cheguei em Stovington, segunda feira, eu sabia o que devia fazer: contar a Emme que eu sabia quem era o admirador secreto dela, e que este admirador era ninguém menos que o covarde e hipócrita do Edgar Bones.

Enquanto passava pelos corredores apinhados de estudantes se jogando uns nos outros (algo que eu continuo sem entender, já que ficamos longe uns dos outros por quase três semanas, e todos se abraçam como se uma guerra mundial os tivesse separado), vi Dorcas e Gideon Prewett conversando, e não pude evitar me sentir feliz por ela. Enquanto minha vida declinava em um espiral de caos e insegurança, ela parecia ter encontrado naquele cara estranho que amava teatro um porto seguro para se manter sã naqueles anos complicados de ensino médio.

E eu aqui, tendo um treco por precisar contar a verdade a Emmeline.

Emme estava no armário dela, tão arrumada quanto sempre, parecendo não ter mudado um fio de cabelo desde o dia em que nos encontramos. Absorvi o máximo de ar que meus pulmões conseguiam, e contei até dez para parar de repetir a palavra “mentiroso” mentalmente, que era tudo o que eu conseguia visualizar que ela diria uma vez que soubesse da verdade. E a verdade era que, sim, eu menti. Sou um mentiroso, um salafrário, um sem vergonha, que dormiu com ela e agora vai tentar jogá-la para outro como se fosse uma boneca sem vontade.

“Ei.” Disse, me aproximando discretamente dela. Emme sorriu.

“Eu vi você chegando, bobo. Está andando igual a um robô, o que foi?”

“Preciso falar com você urgentemente. É muito sério.”

Ela, para a minha surpresa, simplesmente rolou os olhos e fechou o armário, lançando em mim um olhar compreensivo como se eu fosse uma criança que tivesse ido mal na prova e estivesse muito preocupado sobre algo tão estúpido.

“Remie, escuta. Não precisa vir com um ar cavalheiro, ok? Ninguém me obrigou a ficar com você, e eu estava carente, e decidi que era uma boa hora. Você e os meninos são muito preocupados. Não é como se a gente fosse casar agora ou coisa assim, se acalma, fofo.”

Isso é bom? Ela ficou esperando eu responder, e eu ainda estava tentando entender se o que ela tinha acabado de me dizer era algo do tipo “relaxa” ou se eu devia me sentir mal porque ela com certeza ia ficar brava comigo depois do que eu tinha pra dizer. Emme cruzou os braços. Assenti.

“Emmeline. Eu sei quem é seu admirador secreto.”

Subitamente, como eu imaginava, a expressão compreensiva dela foi pras cucuias.

“Como assim?”

“Eu sei, sei faz tempo quem é ele.”

“Remus.” O rosto dela foi ficando vermelho, ao ponto de encobrir o blush que ela tinha aplicado nas bochechas. “Você descobriu quem era ele e mesmo assim não me disse?”

“Isso, isso mesmo. Só que eu posso explicar!”

Emme estava roxa já, e jogou a mochila rosa nas costas antes de arregalar os olhos fazendo bico e sair batendo o pé. Comecei a andar a passos largos para tentar alcança-la.

“Eu posso explicar o que houve! Ei, ei, me escuta, Emme!”

“Eu não consigo acreditar que você escondeu isso de mim!” Ela parou e colocou as mãos no quadril, indignada. Ao fundo, Edgar Bones (AMALDIÇOADO!!!) vinha caminhando com o nariz enfiado num livro de capa preta, e nem percebia que eu estava tentando entrega-lo para Emme. “Sabe como eu estive triste com tudo isso? Ah, você sabe, né. Seu... Seu... AH!” Ela grunhiu e girou nos calcanhares, querendo ir embora, e quase bateu de frente com Bones (MALDITO!!!). “Ah, com licença, Edgar!”

Ele ergueu a cabeça muito vermelha do livro, e assim que Emme encontrou Marlene e Diggory e começou a andar com os dois, ele me olhou discretamente.

“Bom dia, Lupin.”

“Eu odeio você.” Rosnei de frustração e corri para longe.

De certa forma eu não tinha muita razão para estar revoltado, afinal, já tinha antecipado que ela reagiria assim. Na verdade, refleti enquanto me aproximava de James e Peter, eu tinha imaginado que levaria um tapa ou coisa pior, então nesse sentido estava até no lucro, se for parar pra pensar. Ainda assim, a frustração por não ter podido dizer a ela o nome do maldito era pior do que levar um tapa. Como Emme pode ser tão boba ao ponto de ficar brava porque eu não contei, mas não perguntar quem é?!

“Eba, o dia hoje vai ser bom.” Pete riu quando me aproximei, e rolei os olhos para o bom humor dele.

“Estou indignado, me deixa.”

“Indignado, é.” Disse James, “sei como é. Lá vem aquele narigudo de novo.”

Me encostei no armário, e diante de nós passou Snape, que ia se encontrar com Lily na frente da sala. James sorriu timidamente e acenou, e ela acenou de volta, desviando o olhar logo em seguida. “Ué, ela não estava brava com você?”

“Estava, ou está, não sei ainda.” James tinha um sorrisinho muito irritante no rosto. “Esse creepy deve estar enchendo a cabeça dela contra mim, certeza, mas eu vou limpar o meu nome.”

“Você podia mandar bilhetes secretos pra ela, as garotas gostam disso.” Sugeriu Peter, e soltei um rosnado alto.

“Nem pense em fazer isso, ou o Sirius vai ter me visitar na cadeia por ter matado os dois!”

“Eu vou ter que te visitar na cadeia?” Sirius chegou, abriu o armário e tirou um livro de dentro. “Calma, cara.”

“Eu tentei contar pra Emme que eu sabia quem era o admirador secreto dela, e ela ficou brava comigo. E nem me deu a chance de dizer quem era!”

“Ah.” Sirius parecia distraído, e eu sabia que nenhuma ressaca durava uma semana, então supus que fosse outra coisa. “Que chato, cara.”

“E você, qual foi o problema?” Peter perguntou. Sirius franziu a testa.

“Nenhum. Aliás, nunca estive tão bem nos últimos tempos. Duas semanas, Marlene veio puxar papo comigo sobre Planeta dos Macacos, nem sinal da Sum-“

“Sirius!” Como se invocada pelas palavras de Sirius, Summer se projetou pra cima dele, dando distância para que a gente pudesse perceber alguma coisa nela. Eu mesmo demorei um pouco pra perceber que ela tinha tingido o cabelo.

De preto.

“Viu,” ela mexeu nos fios, “agora sou morena que nem você!”

Sirius estava pálido, e eu achei que ele fosse gritar com ela quando Marlene apareceu com Diggory. Amus sorriu.

“Muito bonito o seu cabelo, Summer.”

“Lindo mesmo.” Marlene riu, mas eu tinha a impressão de que ela estava sendo sarcástica. “Igual ao seu, Sirius, que coincidência!”

Mas que sacanagem.

Narrado por: Peter Pettigrew

Primeira Impressão: Summer tem algum problema

Ouvindo: Sirius tendo um piti no banheiro masculino

“Ela precisa me deixar respirar!” disse Sirius, passando por nós com o rosto muito vermelho. Ele estava arfando, e por um segundo pensei em avisá-lo para se acalmar, ou a rinite com certeza ia atacar.

“Cara, você já disse pra ela se mandar?” James sugeriu, e Remus balançou a cabeça incrédulo.

“Ele deve ter dito um milhão de vezes!”

“Deixa ele falar, Rem.” Insisti, e Remus jogou as mãos para cima.

“Tá meio difícil, né!”

“Sirius,” James nos interrompeu e foi até Sirius, que jogava água no rosto repetidamente, “tá tudo bem?”

“Tô.” Ele balançou a cabeça, e fiz uma careta com as gotas que caíram em mim. “Não dormi muito bem, também tem isso. Anda, vamos pra aula. Eu me resolvo com ela, pode deixar.”

Saímos, e graças a Merlin a maioria do pessoal já tinha entrado. Remus parou um pouco atrás para falar com Tonks, mas nós reles mortais sem tantos amigos, entramos. A Professora Bines nos esperava já na mesa, terminando algumas anotações, e assim que viu James, ergueu o polegar confiante.

“Hoje vamos tratar dos projetos de vocês! Portanto, podem formar seus grupos, e vamos trabalhar! James, Jane, June, tudo certo com a M.E.S.A?”

“Operante, professora.” June sorriu empolgada, e os três juntaram as cabeças em volta da mesa e começaram a cochichar, revendo esquemas enquanto o resto de nós (Remus apareceu na sala um pouco depois) nos sentávamos na nossa área para conversar. Eu estava começando a gostar das aulas de discussão, porque quem não tinha projeto podia ficar relaxando enquanto os cientistas trabalhavam.

Sirius estava quieto, e só sossegou quando viu que Summer estava ocupada batendo papo com outra pessoa. Marlene e Amus apareceram logo em seguida, mas notei que não estavam mais de mãos dadas.

“E aí, sabem o que James está planejando dessa vez?” Marlene perguntou. Balancei a cabeça.

“Jim não disse nada, a não ser que você conte a vez que fomos na casa dele dormir e ele ficou cantarolando a noite toda enquanto dormia. Foi estranho.”

“Totalmente estranho.” Remus concordou, e eu lembro muito bem de que tinha sido ele quem acordou no meio da madrugada com Stayin’ Alive na cabeça.

“Ele me pediu pra cantar no projeto, estou com medo do que vai fazer com a minha voz.” Sirius confessou, e Marlene riu.

“Ele me pediu também, não sei se foi sábio aceitar, mas enfim... Sirius, você tá bem?”

Crispei o lábio. Eu sabia que tinha alguma coisa de errado com ele. Sirius tinha parado de arfar como estava fazendo antes, mas tinha ficado mais pálido do que de costume, e parecia cansado.

“Tudo ótimo.” Ele riu nervoso, “não sei porque ela preocupação toda comigo, calma.”

Marlene ficou roxa, e Amus deu uma risadinha. Eu e Remus instantaneamente nos entreolhamos, e para dispersar o clima esquisito que tinha se formado, limpei a garganta alto.

“Bom, que legal, né. Hm, e aí, como vão as coisas?”

“Hã... Bem, eu acho, “Marlene me olhou confusa, “alguma novidade sobre a SF?”

“Ela tem repelido os meus ataques.” Sirius resmungou, e eu sabia que ele ficaria bravo ao falar da SF. Desde o último “ataque” dela, uma série de perfis estavam sendo revelados todos os dias, contando histórias de vida de todo mundo e publicando fotos copiadas dos facebooks alheios e tal. E, após cada publicação, Sirius tentava se infiltrar no blog, que parecia cada vez mais fortificado.

“Sabem, eu tenho uma suspeita.” Ela mordeu o lábio, como se estivesse insegura sobre contar algum segredo muito grande para a gente (minha vontade foi dizer: filha, diz logo.). “Eu acho que Summer é a SF.”

Sirius, que parecia estar divagando em outro canto da galáxia, instantaneamente caiu na gargalhada, e Marlene estreitou os olhos. Mesmo parecendo doente, ele lançou o melhor sorriso sarcástico para ela. “Lene, você já trocou duas palavras com a Summer? A sério. Ela não teria capacidade de competir com as minhas habilidades.”

“Ela é uma fofoqueira de plantão.”

“E daí?” Ele abanou a mão. “É outra pessoa. Eu tenho certeza de que é mulher, mas não sei quem ainda. Remus, o que acha de Emme?”

“Ah, claro que sim, Emmeline colocaria um post com fotos dela mesma de biquíni falando mal de si? E desde quando Emme tem o mínimo interesse em computação? Sirius, eu não gosto de concordar assim com a teoria da Marlene, porque isso significaria que estivemos cegos, mas será que Summer não seria boa opção?”

Meu pescoço estava começando a doer de acompanhar aquela reunião estratégica disfarçada de roda de fofoca.

“Eu só espero que nós tenhamos descoberto isso até Zoe chegar. Ela vem semana que vem, sabiam?”

Claro que eu não estava esperando a chance de avisar sobre Zoe, mas já que o assunto estava ficando chato...

“Eu gosto de Zoe.” Marlene declarou, e Amus a olhou confuso. O que ele está fazendo aqui ainda, eu pergunto. “Mas acho ignorância da sua parte achar que só porque Summer é delicada ela não pode saber programação.”

“Lene.” Sirius ficou sério. “Leninha.”

“Sirius.” Ela o encarou, e minhas costas foram indo pra trás inconscientemente. Os dois pareciam que iam se beijar, ou ela daria um soco nele. Eu pessoalmente estava torcendo pelo soco, ou a situação vai ficar desconfortável demais. Amus, sai daí! “Siriuzinho.”

“Summer é uma boneca.”

“Summer pode estar te enganando.”

“Summer é boba, carente.”

“Ela é uma ótima atriz.”

“Ela me manda mensagens cheias de emoticons de coelho.”

“Ela está se camuflando no grupo de vocês. Ela me difamou, atacou Emmeline, e subitamente parou de falar mal de você.”

“Não acho sua teoria coerente.” Ele desviou o olhar, e Marlene riu de um jeito ácido.

“Ótimo, só não diga depois que eu não avisei!”

O sinal bateu.

“E quem disse que eu ligo?” Sirius estava ofendido demais para aquela discussão. Remus limpou a garganta.

“Gente, acabou a aula.”

“Eu achei que você fosse me ouvir, somos amigos, não somos?”

“Não sei, pergunte ao Amus aí. Amus,” Sirius estava translúcido. “eu e Marlene somos amigos ainda?”

“Não coloque Amus nisso, ele acabou de chegar.”

“E você já foi direto nele, claro.”

“Você é um babaca.” Marlene parecia prestes a chorar, e foi embora batendo os pés.

Sirius grunhiu, e James se aproximou em posição defensiva. “Minha nossa, que foi? Era só uma aula pra conversar, vocês não receberam o memorando?”

“Ah, cala a boca, James.”

Sirius jogou a mochila no ombro de foi embora.

Narrado por: James Potter

Meta Atual: Falar com Lily mais um pouco

Ouvindo: últimas notícias da fofocalândia

“E aí eles começaram a discutir, e eu achei que fossem brigar de vez, e no fim brigaram, e até agora não sei o que houve!” Pete gesticulava de um jeito confuso, mas eu entendi o ponto dele. Estava entretido durante e aula dando os últimos ajustes na apresentação ÉPICA que seria a minha na feira de ciências, quando de repente o sinal bateu e me vi jogado no espiral de climão que tinha se formado na mesa do lado.

Sirius tinha sumido (Pete está achando que ele está ficando doente, e estou começando a concordar), e Remus parou no armário para tirar um boneco paper doll do Tim Burton.

“É muita tensão sexual entre os dois.” Ele explicou, como se ter feito aquilo com Emmeline desse a ele algum tipo de elevação espiritual que eu e Pete não possuíamos.

“Ah, cala a boca, Oprah.”

“É sério, vocês não viram? Emme esqueceu de me tirar do grupo do facebook, Amus e Lene não estão mais juntos.”

“Quê?” Pete parou de mastigar.

“O pai dele é diplomata, certo? Certo. Ele só estava aqui temporariamente, foi realocado. Qual o nome daquela ilha caribenha que quase matou o Peter de rir?”

“Antígua e Barbuda?” Perguntei, e Pete começou a gargalhar, expelindo uma gosma de chocolate bem em cima do casaco dele. Fiz uma careta de arrependimento.

“Essa mesma. Ele vai pra lá, e depois pra Barbados. Pete, não ria ainda.” Remus se protegeu com o caderno. “E então os dois terminaram. Eu pessoalmente acho que ela não gostava muito dele. Pelo menos não tanto assim, sei lá.”

Remus estava se saindo um belo de um fofoqueiro mesmo. “E Sirius não sabe disso?”

“Nope.” Ele deu de ombros, e quando Tonks passou, a parou com um grito. “Eu ia contar, mas esqueci depois que Emme brigou comigo.”

“Cara, você não esquece esse tipo de coisa.” Pete o censurou, tentando limpar as gotas de chocolate babado com um pouco de água do bebedouro.

“Hey, aqui está.” Remus se afastou rápido de nós e entregou o boneco para Tonks, que abriu um sorriso largo e o abraçou. “ah, magina! Beleza, a agente se fala!”

Remus pelo visto não se cansa de colecionar namoradas, né. Quando chegamos perto do pátio, vi Lily e Snape conversando. Ela parecia meio aborrecida com ele, e eu fiquei feliz.

“A gente se vê!” Sorri, e me aproximei. Lily sorriu, e Snape disse alguma coisa e foi embora.

“Ele me adora, né.”

“Sev não tem muitos amigos, dá um desconto, Jim.” Ela colocou as mãos na cintura, e fomos até perto da mini fonte (mini mesmo, é pras crianças bem pequenas). Olhei para os lados, e a beijei.

UOOOOOOUU, você deve estar exclamando enquanto eu aproveito os privilégios de ser o amante da minha ex-namorada. HOHO. Bom, tudo começou no meio do feriado, quando voltamos da casa dos parentes adoráveis de Sirius. Eu e Lily tínhamos voltado a nos falar fazia pouco tempo, tudo o mais, e ela me chamou para passar a tarde lá na casa dela. Segundo a própria insiste em dizer, sem segundas intenções.

E bom, eu cheguei, falei com os pais dela (a julgar pela recepção, só a mãe ficou sabendo do porque nós tínhamos terminado), e fomos pra sala, onde Lily tinha armado uma partida de wii sports. Começamos no boxe, tudo mais, beleza.

“E aí, como está seu segundo ano de Stovington?” perguntei inocentemente (juro!). Lily deu de ombros.

“Acho que bem. Me sinto diferente. Acho que era muito boba.”

“O que mudou?”

“Ah, tenho conversando com Marlene, e Emme... Dorcas é legal, mas ela está curtindo o começo do namoro...Levei uma bronca de todas.”

“Ué, porque?” Desviei o rosto de uma pancada dela, e Lily tentou um soco por baixo.

“Por ter desconfiado de você. Ah, Jim, tanta coisa passou pela minha cabeça... Me sinto uma idiota.”

Ri.

“Tudo bem. Roger sempre diz que todos temos uma licença temporária para agirmos que nem idiotas de vez em quando.”

“É...”

A luta terminou, e ela sorriu para mim. Conversamos, contei sobre o projeto de ciências, sobre Jane e June, sobre os caras, sobre a temporada nova de Bob Esponja...

“Jim.” Lily sorriu, e percebi que estávamos conversando a tarde toda no sofá. Os cabelos dela estavam espalhados no braço do móvel, e ela tinha acabado de secar algumas lágrimas que escorreram enquanto falávamos sobre o dia em que nós fomos assistir Distrito 9 e Sirius quase matou Peter por seu “pensamento negativo”.

“Hm.”

“Eu não devia ter largado você.”

“Não tem problema, eu te perdoo.”

Ela riu, e me jogou uma almofada. “Seu bobo.”

Agora, não me pergunte quem beijou quem, mas o fato é que fui embora contente naquele dia (e com o cheiro dela no meu moletom, o que é de longe o que eu mais sentia falta em ficar com Lily).

VOLTANDO AO TEMPO PRESENTE...

A situação é essa. Um pequeno problema está entre nós, contudo, que tem nome, sobrenome, e só não tem (aparentemente) shampoo em casa. Snape me odeia. Lily acha que é porque quando eles se conheceram ela ainda estava com raiva de mim e disse barbaridades a meu respeito para ele. Eu, entretanto, acho que ele está com ciúmes mesmo, porque eu sou lindo. Mentira, talvez ele esteja com ciúmes porque tenha se apaixonado por Lily (o que é natural, visto que ela é ótima), e esteja com esperanças de que eu caia de um precipício ou seja esmagado por um acidente misterioso em que um lustre despenque de uma mudança na rua e me deixe em coma meio que pra sempre.

No fim das contas, estamos escondendo nossa engatinhante relação para evitar um ataque tipo o louco da machadinha de Snape pra cima de mim. E enquanto isso não acontece, eu me sinto num filme do Bruce Willis.

Narrado por: Sirius Black

Filme do Momento: O médico e o monstro

Ouvindo: Minha própria respiração ofegante

TÁ BOM, EU CONFESSO. Os remédios que o meu amado médico me receitou no ano passado pararam de funcionar. Pronto, mundo cósmico, pode parar de me punir agora. Antes do natal, num dia maravilhoso, acordei sem conseguir respirar. Iríamos viajar no dia seguinte, e James e a Dona Mere iam trazer as malas dali a algumas horas, e o maldito composto do remédio da rinite parou de fazer efeito.

Acordei de supetão, arfando e com o nariz todo trancado, e tateei na escuridão por algum indício do meu antigo inalador portátil, que obviamente não estava lá, visto que FAZ TEMPO QUE EU NÃO USO! Com um pouco mais de calma, pulei da cama e corri para o banheiro, só para bufar de frustração ao ver que estava definitivamente com o nariz acabado. Eu precisava estar em vinte e quatro horas na casa dos meus parentes mais hostis, e de jeito nenhum que eu ia voltar pra lá com o nariz naquele estado.

Voltei para o quarto, e li todas as bulas de todos os remédios que já tinha tomado, e como não achei nada demais em nenhuma delas (ahem, gênio químico aqui), mudei a dose, aumentei um pouco um e troquei outro por umas pílulas que Regulus tomou uma vez para pneumonia.

Agora, neste exato momento, enquanto tento me concentrar para dirigir até em casa na moto, entendo que talvez isso não tenha sido boa ideia. Eu passei o feriado muito bem, obrigado, mas agora sinto como se alguém estivesse tentando esmagar o meu pulmão, ou arrancar o meu nariz com uma pinça.

Tossi, tentando respirar pela boca enquanto o vento forte passava pelo capacete e exercia uma pressão ainda maior nas minhas vias respiratórias, e pensei seriamente em continuar pela rua sem o dito cujo, só pra ver se respirava melhor. Meu corpo estava banhado de um suor frio que eu não sabia identificar de qual remédio podia ter vindo, e eu sentia meu corpo perdendo o equilíbrio cada vez que precisava frear a moto para alguma coisa. Olhei para as minhas mãos. Elas tremiam.

O prédio era dali a duas quadras, e eu tentava me manter acordado para conseguir chegar e contar ao meu pai a cagada que eu tinha feito, mas uma sensação horrível pesava as minhas pálpebras e fazia a minha cabeça parecer leve. Muito leve...


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